tag:blogger.com,1999:blog-42170968220335463692024-03-13T18:22:16.001-03:00PNAC - Parto Normal após CesáreaBlog com informações e relatos de partos após uma, duas ou três cesarianas! Bem-vindos!Unknownnoreply@blogger.comBlogger26125tag:blogger.com,1999:blog-4217096822033546369.post-41243971245176462962014-12-27T15:55:00.002-03:002014-12-27T15:55:38.522-03:00Relato Andrea, nascimento do Murilo<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 0cm 10pt 35.45pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><span style="color: #6aa84f;"><b>Relato</b><span class="apple-converted-space"><b> </b></span><span class="grame"><b>VBA3c</b></span><span class="apple-converted-space"><b> </b></span><b>Andrea</b><span class="apple-converted-space"><b> </b></span></span><span class="spelle"><b><span style="color: #6aa84f;">Fangel e Murilo</span><u><u1:p></u1:p></u></b></span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Nem sei bem por onde eu começo este relato... Talvez seja necessário explicar que, desta vez, eu queria muito mais o parto do que o bebe propriamente dito.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Explico para<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">vcs</span><span class="apple-converted-space"> </span>não surtarem com a polêmica: Eu Amo o bebe desde o momento da concepção, tanto<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">qto</span><span class="apple-converted-space"> </span>o primeiro filho ou o 2o.<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">ou</span><span class="apple-converted-space"> </span>o 3o., e JAMAIS faria nada que pudesse coloca-lo em risco<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">massss</span>, estava num ponto das coisas sem volta. Coloquei isto pra Ana Cris numa<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">1a. conversa</span><span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">qdo</span><span class="apple-converted-space"> </span>eu tinha apenas 12 semanas de gravidez: "Estou num ponto sem volta. É inconcebível pra mim marcar uma cesárea eletiva ou ir <span class="spelle">prum</span><span class="apple-converted-space"> </span>hospital em inicio de TP fazer uma cirurgia depois de TUDO o que eu briguei pelo direito de parir!" A escolha da Vilma como parteira era a mais simples. Eu tinha sonhado na gravidez da Lívia que eu paria um bebe sozinha com mais duas mulheres junto apenas, e resolvi levar a ideia à risca. Fiz algumas consultas de pré-natal com ela e outras tantas com o Gabriel. Em todas, tudo normal, como sempre, e em todas a previsão de um<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">bb</span><span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">muuuuito</span><span class="apple-converted-space"> </span>grande...<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Já em janeiro, beirando as 37 semanas a Vilma veio me visitar aqui em Indaiatuba e levamos um susto: o<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">bb</span><span class="apple-converted-space"> </span>estava tão alto e móvel que parecia pélvico. Eu fiquei muda, em choque,<span class="apple-converted-space"> </span><span class="apple-converted-space">três </span>dias, até um ultrassom mostrar que não, o pequeno continuava cefálico sim, mas bem alto. O que eu teria feito se ele estivesse pélvico? Não<span class="grame"> </span><span class="apple-converted-space"> </span>sei e tenho medo de pensar sobre o assunto e descobrir a resposta!<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">No dia seguinte à consulta comecei a perder o tampão mucoso e foi assim por cerca de<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">5</span><span class="apple-converted-space"> </span>dias, um pouquinho hoje outro tantinho amanhã. Todas as manhãs ele estava lá, meus pés inchados<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">mas</span><span class="apple-converted-space"> </span>sem exagero e as noites variando entre<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">mal-dormidas</span><span class="apple-converted-space"> </span>e capotes de 12h de sono ininterrupto!<span class="spelle">Qdo</span><span class="apple-converted-space"> </span>li na lista o anúncio da festa das veteranas (mais conhecidas como "velhinhas") brinquei com a Ana Cris: "O<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">bb</span><span class="apple-converted-space"> </span>vai nascer no dia do encontro e eu vou estragar o seu barato!!!" Dito e feito: 4h da madrugada do dia 25 de janeiro as contrações vieram de 10 em 10 min, doloridas e diferentes das que eu já conhecia. As contrações do TP da Lívia eram longas, menos doloridas no início e pegavam as costas, estas eram curtas, doídas pra caramba e somente no baixo-ventre. Fiquei deitada até as<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">5:30</span>h<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">qdo</span><span class="apple-converted-space"> </span>elas passaram pra 5 em 5 min. e eu acordei o marido e pedi pra ele se mexer: ligar pra Vilma, pra Ana Cris, levar as meninas pra minha mãe. A Vilma me pediu por<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">tel</span><span class="apple-converted-space"> </span>pra passar no hospital e fazer uma avaliação, acho que ela tinha receio de eu estar ainda no começo, em pródromos ou ter uma dilatação muito lenta. No hospital aqui da cidade, o plantonista me disse ter um dedo de<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">dilatação</span><span class="apple-converted-space"> </span>e o bebe estar alto. Eu pedi pra ir embora e quase fui insultada, tamanha foi<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">a</span><span class="apple-converted-space"> </span>surpresa e depois a revolta deste plantonista (um açougueiro daqui da cidade já meu conhecido de outros carnavais!), meu médico foi chamado e 15 min. Depois avaliou 4 dedos de dilatação e<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">bb</span><span class="apple-converted-space"> </span>no plano +1.O Gabriel, inclusive achou lorota do plantonista um dedo ha 15 min. atrás... Franco TP! Assinei um termo de responsabilidade e o obstetra me liberou conforme havíamos combinado! Ao chegar<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">em</span><span class="apple-converted-space"> </span>casa as coisas se desenrolaram como o descer de uma montanha russa, rápido, muito<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">rápido</span>! Fui para o chuveiro, mas a dor era hipnotizante, eu estava quase em transe. O Cláudio, meu marido,<span class="apple-converted-space"> </span><span class="apple-converted-space">já </span>havia ligado pra Cris e pra Vilma e sabíamos que as duas<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">ja</span><span class="apple-converted-space"> </span>estavam<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">na </span><span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">Bandeirantes</span>. Fui pra cama, fiquei de<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">4</span><span class="apple-converted-space"> </span>pra tentar brecar a rapidez do processo, mas meu corpo estava engrenado, afinadíssimo e obediente as minhas preces, que durante a gravidez, foram pra este TP fosse um pouco mais rápido...<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">De<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">4</span><span class="apple-converted-space"> </span>e de joelhos, deitada de lado, sobre minha cama, hora virando de um lado, hora de outro em 1h e 30 min. fui pra dez<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">cms</span><span class="apple-converted-space"> </span>de dilatação e vi minha bolsa das<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><span class="apple-converted-space">águas </span>sair intacta como uma grande bexiga! Até tiramos uma foto pra eu poder enxergar a tal bexiga que o Cláudio descrevia, horrorizado! Detalhe eu tenho um<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><span class="grame">espelho</span><span class="apple-converted-space"> </span>redondo móvel no quarto que eu poderia ter usado no lugar de tirar a foto... Foi necessário calma pra acalmar meu marido e pensar no que fazer,<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">pois<u1:p></u1:p></span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><span class="grame">ainda</span><span class="apple-converted-space"> </span><span class="apple-converted-space">estávamos </span>sozinhos!!! Lembro de relance deste período de pensar que se fosse<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">5</span><span class="apple-converted-space"> </span>ou 6<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">cms</span><span class="apple-converted-space"> </span>com aquela dor e aquela força que eu fazia, Meu Deus, como<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><span class="grame">seria</span><span class="apple-converted-space"> </span>chegar nos 10 cm???Numa mudança de<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">posiçao</span><span class="apple-converted-space"> </span>a bolsa estourou de vez e o<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">bb</span><span class="apple-converted-space"> </span>coroou! Detalhe<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">hilário de</span><span class="apple-converted-space"> </span>novo: o Cláudio falava "Ai Andrea tem um negócio cinza aqui embaixo agora! Oque<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">qui</span><span class="apple-converted-space"> </span>é isso<span class="grame">???</span>" E eu sei lá! Mas tá<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">ardeeeendo</span>!!!! E<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">urrrghhh</span><span class="apple-converted-space"> </span>faço força! Era<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">INCONTROLÁVEL. Gritei horrores, neste<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">inteirim</span>, minha<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">mae</span><span class="apple-converted-space"> </span>telefona umas duas<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">vezes e mesmo no quintal ouviu</span><span class="apple-converted-space"> </span>os urros e os palavrões - não sei se ela ouviu -<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><span class="grame">mas</span><span class="apple-converted-space"> </span>a praça de frente de casa...Eu gritei<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">muuuuito</span><span class="apple-converted-space"> </span>e ao ver a cabeça do<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">bb</span><span class="apple-converted-space"> </span>pelo espelho pensei que se ele nascer acabaria com a dor então ele nasceria logo e fiz<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">muuuita</span><span class="apple-converted-space"> </span>força! Muita<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">força mesmo</span><span class="grame">!!!</span><span class="apple-converted-space"> </span>Outro detalhe:<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">qdo</span><span class="apple-converted-space"> </span>eu conclui que o<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">bb</span><span class="apple-converted-space"> </span>ia nascer de<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">qq</span><span class="apple-converted-space"> </span>jeito, tentei sentar mais na cama (eu estava<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">estabacada</span><span class="apple-converted-space"> </span>de lado com os pés apoiados<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">na cabeceira</span><span class="apple-converted-space"> </span>da cama), só que nos intervalos das<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">contrações</span><span class="apple-converted-space"> </span>meu corpo<span class="apple-converted-space"> </span><span class="apple-converted-space">não </span>respondia e minha cabeça dava<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">tilte</span><span class="apple-converted-space"> </span>ia pra outro lugar e eu pensava "preciso descansar<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">só um</span><span class="apple-converted-space"> </span>pouquinho, só um pouquinho, preciso tanto..." Aí vinha outra contração e eu<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Foooooorrrça</span>!<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Nao</span><span class="apple-converted-space"> </span>tive muito medo não, eu pensava que se ele nascesse e a<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">dor passasse</span><span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">tava</span><span class="apple-converted-space"> </span>valendo e<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">tava</span><span class="apple-converted-space"> </span>determinada a literalmente espirrar o<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">bb</span><span class="apple-converted-space"> </span>pra fora! Graças Á Deus, Ana Cris e Vima chegaram e segundo elas mesmas tiveram tempo<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">de jogar</span><span class="apple-converted-space"> </span>o carro na calçada, vestir luvas, correndo, e entrar pra me dizer<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">" </span><span class="apple-converted-space"> </span>Calma, respira,<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">ta</span><span class="apple-converted-space"> </span>nascendo!" Que benção ouvir isso! Que delicia olhar nos olhos<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">da Cris </span>e<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">vê-la</span><span class="apple-converted-space"> </span>sorrindo e dizer "<span class="spelle">Ta</span><span class="apple-converted-space"> </span>nascendo!" Eu dizia "<span class="spelle">Viiilma</span><span class="apple-converted-space"> </span>faz alguma coisa" e ouvia alguém responder que eu<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">ja</span><span class="apple-converted-space"> </span>tinha feito tudo, que o<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">bb</span><span class="apple-converted-space"> </span>estava quase<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">pra fora. Eu</span><span class="apple-converted-space"> </span>lembro disso.<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Nao</span><span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">vou esquecer</span><span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">nunca!A</span><span class="apple-converted-space"> </span>Vilma aparou o períneo, que lacerou mesmo assim, e o<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">bb</span><span class="apple-converted-space"> </span>nasceu numa contração só depois que elas chegaram! Uau,<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">qdo</span><span class="apple-converted-space"> </span>a cabeça sai é o ó do<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">borogodó</span>! Eu<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">não</span><span class="apple-converted-space"> </span>vi foi<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">nada. </span>(detalhe continuo sem nunca ter VISTO um parto normal!) Mas eu SENTI, senti um alívio parecido com nada deste mundo a hora em que ele escorregou pra fora!<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">O pequeno veio pro meu colo, do jeitinho que eu sempre sonhei! Quentinho, sujinho, cheirando liquido amniótico<span class="grame">!!</span><span class="apple-converted-space"> </span>Meu marido cortou o cordão, o<span class="grame">bb</span><span class="apple-converted-space"> </span>veio pro meu colo.<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">mamou</span>, chorou, e eu em alfa! Pesou TRÊS QUILOS E SEISCENTOS<span class="grame">!!!</span><span class="apple-converted-space"> </span>Cadê o povo do ultrassom<span class="grame">???</span><span class="apple-converted-space"> </span>Cadê o<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">bb</span><span class="apple-converted-space"> </span>de mais de 4 kg? É isso aí povo! Levei alguns pontos, provavelmente devido<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">a</span><span class="apple-converted-space"> </span>força e a rapidez do expulsivo e 1 hora depois estava sentada comendo um lanche tomando um suco!<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Considerações: esse negócio de parto desassistido é bem<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">romantiquinho</span>, mas QUE DIFERENÇA a hora em que o apoio técnico chegou!<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Putz</span>,<span class="grame"> </span>faz TODA diferença<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">ter alguém</span><span class="apple-converted-space"> </span>que te olhe nos olhos e diga "Se concentra, se acalma, respira ou<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">coisado</span><span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">gênero!"O</span><span class="apple-converted-space"> </span>Murilo é um chuchu! Um chuchu chorão! Mama o dia inteiro, os dois peitos,<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">um de</span><span class="apple-converted-space"> </span>cada vez, um depois do outro, um atrás do outro, o primeiro depois o segundo retornando ao primeiro depois do segundo! Deve estar beirando os 5 kg sem brincadeira! Gente, muito obrigada! Principalmente por<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">vcs </span>existirem.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Ana Cris, nem sei o que te dizer! Não vou dizer é nada! Simplesmente o<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">bb</span><span class="apple-converted-space"> </span>NÃO TERIA NASCIDO EM CASA SE NÃO FOSSE POR VC! E claro graças à Vilma! O maior obrigado é transcrever este trechinho que<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">está público</span><span class="apple-converted-space"> </span>no meu<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">orkut</span><span class="apple-converted-space"> </span>então vou fazer a "arte" de colocar aqui. Espero que a autora me<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">perdoe !</span>Aí vai!<span class="grame">"...</span>eu fiquei feliz, muito feliz mesmo. Emocionadíssima, chorei muito (<span class="spelle">de alegria</span>). Sei que Deus é muito bom,<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">pq</span><span class="apple-converted-space"> </span>eu não conseguia me perdoar. No seu parto nasceu o Murilo e<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">tbm</span><span class="apple-converted-space"> </span>renasceu uma<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Mirka</span><span class="apple-converted-space"> </span>que se perdoou, eu creio que<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">foi vontade</span><span class="apple-converted-space"> </span>de Deus e vocês foram um instrumento. Pode parecer piegas, mas foi assim que entendi. Quando tiver com a Vilma, mande um<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">super</span><span class="apple-converted-space"> </span>beijo pra ela e diga<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">que eu</span><span class="apple-converted-space"> </span>a admiro muito. Muita paz e saúde, para<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">vc</span><span class="apple-converted-space"> </span>e para a linda família que tem. Beijos."<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Autora: a própria!<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt 35.45pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Andrea<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Fangel<u1:p></u1:p></span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt 35.45pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Indaiatuba-SP<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt 35.45pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Ariel, Marina e Lívia (cesáreas mais ou menos necessárias<span class="grame">)<u1:p></u1:p></span><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: center;">
</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="-webkit-text-stroke-width: 0px; color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: medium; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; margin: 0cm 0cm 10pt 35.45pt; orphans: auto; text-align: center; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: auto; word-spacing: 0px;">
<div style="margin: 0px;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Murilo VBA3C DOM.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4217096822033546369.post-89142023488030299732014-12-27T15:54:00.004-03:002014-12-27T15:54:44.623-03:00Relato Petrina, nascimento do Miguel<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: center;">
<b><span style="color: #38761d; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Relato de partos e cesáreas da Petrina – </span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><span style="color: #38761d;"><b>Pedro, Maria Carolina, Isabel, Lívia e</b><span class="apple-converted-space"><b> </b></span></span><span class="grame"><b><span style="color: #38761d;">Miguel</span><u><u1:p></u1:p></u></b></span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Em 03 de junho 1991 eu estava quase completando 18 anos de idade quando nasceu o Pedro. Ele nasceu de um parto normal hospitalar com<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">todos as</span><span class="apple-converted-space"> </span>intervenções a que eu tinha direito e as que eu não tinha. Eu não tinha<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">empoderamento</span><span class="apple-converted-space"> </span>algum, mas tive muita<span class="apple-converted-space"> </span><i>tranqüilidade para esperar</i><span class="apple-converted-space"> </span>as contrações de<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">5</span><span class="apple-converted-space"> </span>em 5 mim para ir para o consultório da GO. Lembro bem da fala dela:<span class="apple-converted-space"> </span><i>Petrina, você aqui, assim? Já está nascendo, vamos para a maternidade agora</i>!<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">No dia 01 de julho 1994 nasceu a Maria Carolina. Eu já estava na maternidade, sem dores, pressão normal, a mesma médica de antes. Eu fui para a maternidade por intuição. Acordei<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">as</span><span class="apple-converted-space"> </span>4hs da manha, um frio de trincar, eu queria correr para a maternidade sem nenhum sinal de trabalho de parto. Liguei para a médica e ela foi pra<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">la</span>. Ela acompanhava as contrações com a dinâmica. Se me<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">lembro</span><span class="apple-converted-space"> </span>bem ela disse que já tinha 7cm de dilatação, ela disse que eu teria um parto sem dor; daí há pouco <span class="apple-converted-space"> </span>ela resolveu romper a bolsa. No que a médica rompeu a bolsa o sangue começou a sair intensamente, a contração vinha e o sangue<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">jorrava,</span><span class="apple-converted-space"> </span>um verdadeiro filme de terror sem exageros. A médica me disse que faria uma cesárea urgente<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">pois</span><span class="apple-converted-space"> </span>a hemorragia estava intensa. Eu me lembro de chegar ao bloco cirúrgico, receber a peridural,<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">lembro de</span><span class="apple-converted-space"> </span>ver as enfermeiras puxando o sangue a rodo.<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">Lembro de</span><span class="apple-converted-space"> </span>deitar e gritar de dor. Nada mais. Eu estava tendo um descolamento total de placenta. A minha filha foi para o CTI e veio<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">a</span><span class="apple-converted-space"> </span>falecer 27 dias após seu nascimento. No dia 28 de julho, no dia de meu aniversario, estava indo embora minha princesinha. A médica disse que eu tive parada cardíaca e a dor que eu me lembro de sentir foi porque ela não esperou a anestesia pegar direito. Quando eu gritei de dor ela já tinha iniciado a cirurgia.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Parto normal pra mim tinha se tornado sinônimo de morte. Gravidez significava que a mulher estava com um pé na cova e outro fora. La estava eu, com os peitos inflamados, a barriga com duas cirurgias em 15 dias, ah!<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">esqueci</span><span class="apple-converted-space"> </span>de dizer que tive infecção hospitalar. <span class="apple-converted-space"> </span>Segundo a comissão de infecção do hospital, o exame deu que a infecção se deu por falta de sangue para combater bactérias da minha própria pele. Eu também não tinha forças para questionar o motivo da infecção. Minhas pernas pareciam pernas de elefante de tão gordas...<span class="grame">disseram</span><span class="apple-converted-space"> </span>que era por causa da falta de sangue...<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">vá</span><span class="apple-converted-space"> </span>se saber! Eu só queria minha filha o resto era resto.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Segundo a médica, ela “rasgou” meu útero de qualquer jeito, pois ela tinha pressa. Então que eu tomasse<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">anti-concepcional</span><span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">pois</span><span class="apple-converted-space"> </span>eu não poderia de forma alguma engravidar num espaço pequeno de tempo. Acredite quem quiser acreditar. Em 1996 estava grávida novamente com o uso de<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">microvlar</span><span class="apple-converted-space"> </span>e naquela época disseram que tinha um lote de comprimidos falsos,<span class="grame"> </span><span class="apple-converted-space"> </span>feitos com farinha, não me lembro ao certo. O certo foi que a Isabel nasceu de uma cesárea antecipada, de 36-37 semanas. <span class="apple-converted-space"> </span>Você acha mesmo que eu questionei tempo de gestação? Gente, aquela cesárea, naquele momento soava como uma sonata de amor. Eu teria minha filha nos braços agora e não daria chances para o azar me tira-la de mim. Eu, não tinha forças nenhuma para topar um parto normal. Eu não queria outra tragédia. Eu odiava com todas as minhas entranhas a hipótese de ter novamente um parto normal.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Coloquei o DIU. Fiquei<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">7</span><span class="apple-converted-space"> </span>anos sem engravidar.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Separei. Divorciei. Voltei a namorar, casei novamente...<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">outra</span><span class="apple-converted-space"> </span>vida, completamente diferente. Brinco que até a cor de pele do marido eu quis diferente.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">A Isabel já estava com 12 anos quando eu engravidei novamente.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><span style="line-height: 16.85pt;">Tinha se passado praticamente 15 anos da morte da Maria Carolina. A dor estava</span><span class="apple-converted-space" style="line-height: 16.85pt;"> </span><span class="grame" style="line-height: 16.85pt;">la</span><span class="apple-converted-space" style="line-height: 16.85pt;"> </span><span style="line-height: 16.85pt;">no coração, mexendo e remexendo no passado. Alguma coisa me dizia que eu podia ter um parto normal. Mas e agora? Eu já tinha duas cesáreas, como poder ter um parto normal? Estava fazendo pré-natal com a mesma medica de 17 anos atrás. Eu perguntava a ela sobre parto e ela dizia que não havia</span><span class="apple-converted-space" style="line-height: 16.85pt;"> </span><span class="grame" style="line-height: 16.85pt;">porquê</span><span class="apple-converted-space" style="line-height: 16.85pt;"> </span><span style="line-height: 16.85pt;">falar de parto no pré-natal. Comecei a procurar, por intuição mesmo se tinha alguma possibilidade de uma mulher ter parto normal após cesáreas.</span><span class="apple-converted-space" style="line-height: 16.85pt;"> </span><span class="grame" style="line-height: 16.85pt;">Fui em</span><span class="apple-converted-space" style="line-height: 16.85pt;"> </span><span style="line-height: 16.85pt;">oito ginecologistas diferentes. Sempre por indicação: fulano é ótimo, beltrano é excelente. Ninguém topava a idéia de um parto normal. Continuei o pré-natal com a Dra Lu até que ela me disse, eu com 35 semanas da</span><span class="apple-converted-space" style="line-height: 16.85pt;"> </span><span class="apple-converted-space"><span style="line-height: 22.466667175293px;">Lívia</span><span style="line-height: 16.85pt;"> </span></span><span style="line-height: 16.85pt;">que semana que vem faríamos a cesárea conforme o resultado de um ultrassom. Ela queria saber se os pulmões</span><span class="apple-converted-space" style="line-height: 16.85pt;"> </span><span class="grame" style="line-height: 16.85pt;">da neném</span><span class="apple-converted-space" style="line-height: 16.85pt;"> </span><span style="line-height: 16.85pt;">estariam bem. Eu disse que não iria. Não sei de onde tirei forças pra isso. Nunca tinha ouvido falar de VBAC ou parto humanizado, doula, parteira, parto domiciliar... Não fui para a maternidade. Detalhe: a médica foi! Ela me ligou e eu disse que não iria</span><span class="apple-converted-space" style="line-height: 16.85pt;"> </span><span class="grame" style="line-height: 16.85pt;">pois</span><span class="apple-converted-space" style="line-height: 16.85pt;"> </span><span style="line-height: 16.85pt;">eu havia dito que não iria...<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Comecei a buscar na internet tudo sobre parto após cesárea. Encontrei um gineco aqui em BH que disse que fulana tinha conseguido um VBA2C, ela tinha saído da Bahia para ser assistida por ele aqui em BH...<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">beltrana</span><span class="apple-converted-space"> </span>também tinha conseguido com a assistência dele...<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">poxa </span>vida! Descobri que na favela próxima a minha casa tem uma maternidade do SUS que tem casa de parto. Tudo perfeito! Exceto a favela, claro sem querer entrar na questão social da coisa... Afinal de contas meu plano de saúde pagaria um Vila da Serra, hotel<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">5</span><span class="apple-converted-space"> </span>estrelas, quis dizer hospital 5 estrelas, oh! Hospital não se classifica com estrelas... Eu tinha acabado de ganhar na loteria! Na reta final, trocar de gineco e mais: existe tudo o que eu imaginava existir.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Em março de 2010 uma colega da lista<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Partonosso</span>, a Joana, postou uma frase em seu relato dizendo que ela havia confiado demais em seu ginecologista. Joana<span class="grame">, faço</span><span class="apple-converted-space"> </span>das suas, as minhas palavras. No dia 23 de maio de 2008, eu tinha consulta marcada eu já estava com um mal estar danado, aquela murrinha de inicio de trabalho de parto, 3-4cm de dilatação, já no consultório do tal “doutor bacana”. Ele disse<span class="grame"> </span>que precisava conversar serio comigo, eu sabia de tudo o que ele acreditava e fazia, estava com 39 semanas, mas infelizmente, o útero estava muito fino – 1,6mm pelo US então ele sugeria a cesárea naquele dia pois eu já iria engrenar um TP nas próximas horas muito provavelmente. Na verdade, a minha maior mágoa foi do terrorismo básico: você já perdeu uma filha, isso lhe deixa mais sensível, não precisamos arriscar mais, você já passou das 39 semanas, com certeza a bebê está bem,<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">no US</span><span class="apple-converted-space"> </span>ela já está com 3,7 kg, vai ser melhor pra você... A babaca aqui não questionou nada. Eu não fiz nada. Eu só chorava, chorava, chorava<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">mas</span><span class="apple-converted-space"> </span>fui para a maternidade assim mesmo. La estava eu ganhando a terceira cesárea. Ainda volto na questão “doutor bacana”.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Em novembro de 2009 estava eu amamentando a Lívia, já uma bezerrinha, quando meu filho de 19 anos me deu um beijo e despediu dizendo que iria para o colégio. Ele havia acabado de tomar banho e passar o perfume que eu tanto gosto... Naquele instante meu estômago deu umas reviravoltas, meu almoço voltou, eu estava eu com aquela sensação:<span class="apple-converted-space"> </span><i>“já senti isso antes”</i>. Imediatamente disse ao meu esposo: “amor, to grávida”. Meu negão ficou branco. Como assim?<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Dito e feito: estava eu grávida novamente.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Pra ser bem sincera eu nem pensei em parto normal, afinal de contas um vba2c não tinha acontecido o que diria um vba3c. Contei para a Rebeca que estava grávida. Ela disse que dessa vez ia dar certo<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">pois</span><span class="apple-converted-space"> </span>ela não me abandonaria nunca. Eu fiz meio atônita com a idéia, mas gostei bem da hipótese de tentar. Ela então me indicou a Odete, e para meu espanto ela disse que ela tinha um vba7c. Sete? Imediatamente eu liguei para essa tal Odete. Marquei encontro com ela e contei minha historia e meus anseios para essa nova gravidez e parto. De verdade eu achei que ela não fosse me acompanhar até o final da gravidez<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">pois</span><span class="apple-converted-space"> </span>ela muito se falou (ainda que carinhosamente) de obesidade gestacional, peso fetal e diabetes em relação obviamente ao VBA3C. Isso tudo me pareceu um verdadeiro obstáculo<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">pois</span>meus filhos foram gordinhos, eu já estava acima do peso e eu sou filha e sobrinha de vários diabéticos. Diabetes em minha família já fez amputação de membros inferiores e superiores em três primos.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Resolvi encarar assim mesmo. Fiz uma dieta radical, a Odete foi me acompanhando e vendo que estava tudo dando certinho. Nesse meio tempo eu fazia pré-natal com o Dr. João e com o<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">dr</span><span class="apple-converted-space"> </span>Lucas. Eu fiz isso para aumentar minhas chances de ter um plantonista que me conhecesse no Sofia. Até que eu vi que isso já era neura. Com todo respeito ao<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">dr.</span><span class="apple-converted-space"> </span>João optei por ficar somente com o<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">dr</span><span class="apple-converted-space"> </span>Lucas, afinal de contas já tínhamos construído um histórico gineco/obstétrico que me deixava mais segura. Ele conhecia meu útero de verdade!<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Já com 26 semanas de gestação fiz um curso preparatório para o parto normal.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Sabe aquele jargão: “bonitinho<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">mas</span><span class="apple-converted-space"> </span>ordinário”? O curso foi lindo! Foi cor de rosa! Meu esposo<span class="grame"> </span><span class="apple-converted-space"> </span>entendeu o porque tantas mulheres desejam um parto domiciliar. Ele viu importância em se ter doula,<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">etc</span><span class="apple-converted-space"> </span>e tal. Mas pra mim o curso ficou entalado na garganta. Vou explicar melhor. Falou se muito da importância pegar o bebê em seus braços no momento do nascimento. Falou se da música que você gostou de ouvir na gravidez. Se for normal agente pode colocar a música, mas se for cesárea a gente também coloca. A gente pode colocar uma meia luz se for normal, mas se for cesárea a gente também coloca, há como se fazer uma cesárea humanizada... <span class="apple-converted-space"> </span>Eu fiquei com essas frases, e outras na cabeça. Se for normal dá<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">mas</span><span class="apple-converted-space"> </span>se for cesárea também dá. Então pra que ser normal, não é mesmo? Eu percebi que todos os profissionais da saúde que estavam ali, estavam apoiando o parto normal<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">mas</span><span class="apple-converted-space"> </span>me pareceu que não tinham muita restrição à cesárea. <span class="apple-converted-space"> </span>Foi então que eu questionei<span class="grame"> </span><span class="apple-converted-space"> </span>se o meu ginecologista pertencia a esse grupo e se ele concordava com aquelas colocações. Eu descobri que eu não preciso de um curso ou de acompanhamento em prol do parto normal, eu quero alguém contra cesáreas. Foi aí que eu<span class="grame"> </span><span class="apple-converted-space"> </span>digo que o curso deu efeito colateral. Por favor, não estou criticando o curso como um todo, estou somente colocando como ele chegou até mim. Acredito que tenha sido de muita valia para muita gente, assim como o foi para meu esposo. Chegando<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">em</span><span class="apple-converted-space"> </span>casa chorei tanto, até dormir, chorei o dia seguinte, liguei para a doula, liguei para a parteira. Só consegui falar com<span class="grame"> </span><span class="apple-converted-space"> </span>a parteira. Coitada, ela ficou desesperada sem saber o que estava acontecendo. Então eu expliquei o ocorrido no curso e disse: Odete, eu não quero ir para maternidade alguma, eu não posso ir. O nosso ginecologista é da mesma turma deles. São muito bonitinhos, muito organizadinhos, muito a favor do parto normal, a favor demais,<span class="grame"> </span><span class="apple-converted-space"> </span>mas a cesárea também serve. (Fica aqui, de antemão meu pedido de desculpas para quem eu julguei erroneamente).<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">A idéia de parto domiciliar nunca tinha sido meu plano A. Afinal de contas,<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">3</span><span class="apple-converted-space"> </span>cesáreas prévias, a bomba relógio que eu havia me tornado diante de todos os médicos humanizados ou não, parto em casa era quase que um homicídio e um suicídio. Só que agora, meu sexto e sétimo e oitavo sentido me diziam que se eu parasse em uma maternidade, a cesárea seria certa.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">A Odete veio conversar comigo na segunda-feira seguinte ao curso. Ela me garantiu que ficaremos em casa enquanto ela ver que poderemos ficar. (Hoje eu sei que ela disse isso para me acalmar, pois conversamos posteriormente sobre o assunto). Estava me sentido um bicho do mato, acuado, com medo de hospital e pior: com pavor de médico.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Quando Ana Cris escreveu sobre o medo ela também disse que o útero é lugar mais seguro para o bebê. Pois é, eu achava que o gineco deveria ser o profissional mais seguro para a mulher gestante e agora bate esse verdadeiro pavor de médicos.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">A partir de agora então o parto domiciliar passou a ser o plano A. Vou lhe ser sincera, não porque eu o tivesse planejado, mas por não querer em hipótese alguma mais uma cesárea. Parto pra mim tinha se tornado OPORTUNIDADE de vida. A oportunidade é única, não posso perdê-la e eu não vou fazer o que eu fiz na outra gestação: eu não vou confiar em quem sabe e pode fazer cesárea.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Com 35-36 semanas ao fazer<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">um US</span><span class="apple-converted-space"> </span>solicitado pelo ginecologista, verificamos que o Miguel estava pélvico. Meu Deus, eu chorei tanto que não me agüentava. Isso foi doeu como uma punhalada<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">pois</span><span class="apple-converted-space"> </span>eu já havia me preparado para enfrentar os desafios de um vbac3, mas; pélvico? Isso era demais pra mim. Liguei para a Odete, minha parteira. Ela não hesitou em vir para minha casa. Ela ficou a tarde toda em minha casa, ficou até anoitecer. Ela perguntou se podia trazer uma amiga chamada Isabel, que também é doula, que trabalha com energia dos minerais e eu disse que não haveria problemas. Odete fez massagens em meus pés, me<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">deitou</span><span class="apple-converted-space"> </span>em minha cama com as pernas pra cima, apoiadas na parede e com o bumbum em cima de algumas almofadas...<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">Daí rezamos</span>, meditamos, relaxei bastante, conversamos sobre que motivos poderiam ter sido favoráveis ao Miguel adotar aquela posição... Ela fez uma massagem bem de leve em minha barriga, quase um carinho somente<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">mas</span><span class="apple-converted-space"> </span>como quem direcionava o bebe na posição cefálica. Confesso que perdi a noção do tempo<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">mas</span><span class="apple-converted-space"> </span>creio que após umas duas horas de massagens ela ouviu com o sonar o coraçãozinho dele bem abaixo do meu umbigo. Tudo nos levava a crer que ele havia virado para a posição cefálica. <span class="apple-converted-space"> </span>Elas foram embora já era noite.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Uma semana se passou e um belo dia a Petrina<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">super ansiosa</span>, racional, matemática, impulsiva resolveu fazer um US para saber a posição do bebê. Eu me sentia diferente, na verdade eu sentia que os cutucões do bebe estavam diferentes. Fiz<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">um US</span><span class="apple-converted-space"> </span>por minha conta, sem pedido médico e sem o médico saber. Resultado: Miguel estava cefálico mesmo. Meu Deus, dia 31 de maio de 2010 foi um dos dias mais felizes de minha vida. <span class="apple-converted-space"> </span>Conversava muito com uma amiga virtual, a Socorro, lembro bem<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">dela dizer</span>: amiga, comemore essa data como se comemora uma grande festa. Agora voltava a minha cabeça toda a possibilidade de ter meu sonho realizado. Não que um bebe pélvico fosse indicação de cesárea, mas naquela fala de ser protagonista da minha historia não estava inserida a idéia de parto pélvico. Eu nunca me imaginei tendo bebes pélvicos e também não queria tê-lo dessa forma. Daí tamanha ansiedade. O fantasma da cabeça derradeira me fazia voltar o fantasma da morte de minha segunda filha no descolamento total da placenta. Quase ninguém soube dessa história, digo quase ninguém<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">pois</span><span class="apple-converted-space"> </span>dividi isso com poucas pessoas da lista<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Parto Nosso</span><span class="apple-converted-space"> </span>mas sempre em<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">pvt</span>, entre elas Larissa e Gisele, a Ana Cris, a Socorro, a Leticia, as Carol(s) e a<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Walesca</span>; essas souberam que o Miguel já estava cefálico. Eu não sabia o que estava acontecendo comigo, eu só sabia que eu tinha começado um processo de recolhimento. Não sei classificar isso, um meio termo entre fuga de energias negativas, pessoas em desarmonia, mas interpretações, opiniões que eu não queria ouvir, eu praticamente só me contactava com minha parteira amada. Nem mãe, nem medico, nem doula,<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">nem amigas, nem parentes</span>, ninguém... <span class="apple-converted-space"> </span>Minto. Confiei muito em uma pessoa conhecida da internet<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">mas</span><span class="apple-converted-space"> </span>desconhecida pessoalmente, minha irmã de net – a Socorro.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Fui ao consultório do<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">dr.</span><span class="apple-converted-space"> </span>Lucas dia 01/06/2010 pois as minhas dores estavam me incomodando demais. Estava tomado buscopan de<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">6</span><span class="apple-converted-space"> </span>em 6 horas e olhe<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">la</span><span class="apple-converted-space"> </span>se esse intervalo não é menor. Estava com<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">2</span><span class="apple-converted-space"> </span>cm de dilatação. Estava feliz por esse lado. Sentia como se já tivesse marcado cabelo e unha no salão com minha cabeleireira e manicure preferidas, meu corpo começara a se aprontar para a festa! Por outro lado o<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">dr.</span><span class="apple-converted-space"> </span>Lucas me avisou que estava com o mês todo de junho marcado com cursos pelo Ministério da Saúde parece que em parceria com o<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">dr.</span><span class="apple-converted-space"> </span>João Marinho. Ele estará em Belo Horizonte somente nos finais de semana 12 e 19. Mais um desafio...<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">estava</span><span class="apple-converted-space"> </span>eu sem ginecologista. Conversamos mais de uma hora para tentarmos um plano B<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">pois</span><span class="apple-converted-space"> </span>mesmo no Sofia Feldman que é uma instituição a favor do parto normal, uma parturiente com 3 cesáreas previas não é permitido um parto normal. Ele tinha protocolos a obedecer. Eu disse a ele que se eu entrasse em trabalho de parto e ele não estivesse em BH eu mentiria, lembrei-me da Larissa. Na verdade contaria que tive<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">2</span>partos normais, que de tudo não era mentira e apenas uma cesárea. Assim eu teria pelo menos a chance de ter meu vba3c. Vocês deveriam ver a cara dele. Não é de rir, mas agora eu posso... Mais ou menos assim: o que eu vou fazer com essa mulher louca varrida? Dr. Lucas,<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">ca</span><span class="apple-converted-space"> </span>pra nós, acho que você desejou se ver livre de mim várias vezes. Mas eu não tinha outra opção, se você não topasse ninguém mais ia fazê-lo. Então eu pedi que se ele não estivesse em BH que eu chegaria<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">no</span><span class="apple-converted-space"> </span>Sofia e ele daria as instruções para que o medico plantonista me deixasse “em paz” com a parteira.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Ele me pediu encarecidamente que não tentasse um parto domiciliar, engraçado que eu nunca havia comentado com ele essa hipótese<span class="grame">mas</span><span class="apple-converted-space"> </span>ele tinha tanta certeza da minha decisão que ele sabia que eu seria “louca” o bastante para tentar um VBA3C em casa. Segundo ele seria arriscar demais. Um risco desnecessário para mim, para meu bebe,<span class="grame"> </span><span class="apple-converted-space"> </span>para meus filhos e para meu esposo. Isso foi falado bem olhando nos olhos. Isso mexeu comigo.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Dia 05 de junho, fui a uma festinha de aniversário do filho de uma amiga. Saí de<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">la</span><span class="apple-converted-space"> </span>suando frio de tão intensas que as contrações estavam. Não comentei nada com ninguém, mas deixei ver se tais contrações ganhariam algum ritmo. Nada de ritmo!<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Daí em diante quase toda noite as contrações viam quase a madrugada toda. Na segunda quinzena eu estava com contrações de<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">5</span><span class="apple-converted-space"> </span>em 5 min só de madrugada. O dia começava a clarear e elas iam dormir. Estava com 38 semanas completas quando tive vontade de jogar a toalha e<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">ir</span><span class="apple-converted-space"> </span>para qualquer hospital fazer uma cesárea. Liguei aos prantos para Rebeca e disse que eu não agüentava mais, eu não suportava mais sentir tanta dor, dor nas costas, dor nos quadris, no assoalho pélvico e agora eu estava com a garganta inflamada e já estava com otite. Acho que o frio das madrugadas contribuiu para esse fim. <span class="apple-converted-space"> </span>Tomei antibiótico por<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">7</span><span class="apple-converted-space"> </span>dias. Não sei o que isso teve a ver<span class="grame">mas</span><span class="apple-converted-space"> </span>aliviou um pouquinho as dores em meu quadril.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Domingo, dia 27 eu pedi meu esposo que me levasse<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">a</span><span class="apple-converted-space"> </span>igreja Nossa Senhora das Graças. Eu implorei a Jesus e Maria que me colocasse em trabalho de parto. Eu tinha muito medo ainda que o Miguel nascesse no mesmo dia da Maria Carolina, no dia 01 de julho.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Assim se fez, na segunda a noite as contrações<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">vieram,</span><span class="apple-converted-space"> </span>como de costume, o dia clareou e elas continuaram, optei por não marcar intervalo de tempo pois eu já estava cansada disso. Algo estava diferente, tinha sol e contrações! Será que ia engrenar? Eu tinha esperanças que sim. Eu tinha estado em pródomos durante 24 dias!<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Amanheceu o dia 28 e eu percebi que havia expelido uma boa parte do tampão mucoso, bem diferente daquele do Pedro (19 anos atrás), esse era em maior em volume e em espessura, como se fosse uma gelatina mais mole, claro, com algumas rajadas de sangue.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Brasil jogava com o Chile, resolvi avisar a Odete, a parteira, que eu tinha tido umas contrações de dia. Avisei também as<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">doulas</span>: a<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Polly</span><span class="apple-converted-space"> </span>e a Rebeca. Quando elas chegaram já era noite. Eu não sei quando é que se marca o inicio de um TP, mas eu diria que<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">la</span><span class="apple-converted-space"> </span>pelas 21hs eu tinha certeza que tinha engrenado. Eu sabia disso<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">mas</span><span class="apple-converted-space"> </span>não quis dizer, pois eu queria ficar mais tempo em casa apesar de saber da vontade e orientação da Odete. Enquanto eu consegui ficar de cara boa ficamos em casa até que eu virei para a Odete e disse que queria ir para a maternidade. Nesse meio tempo ela já sabia que o<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">dr</span><span class="apple-converted-space"> </span>Lucas estava no Sofia. Graças a Deus, o Miguel escolheu nascer exatamente no dia que o<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">dr</span><span class="apple-converted-space"> </span>Lucas estava em BH. Eu nem acreditei.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Aqui eu abro<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">um parênteses</span>: PD seria impossível! A Lívia dois anos de idade pedindo colinho, o Pedro e a Bebel perguntando como eu estava... PD sem chances<span class="grame">!!!</span><span class="apple-converted-space"> </span>Nem se eu quisesse!<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Fomos para<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">o Sofia Feldman</span>, as contrações já estavam começando a me incomodar.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Chegamos<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">la</span><span class="apple-converted-space"> </span>era aproximadamente 1 da manha. Eu fui admitida pelo<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">dr</span><span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Hemmerson</span><span class="apple-converted-space"> </span>e eu já estava com<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">6</span><span class="apple-converted-space"> </span>cm de dilatação foi a primeira vez que ouvi a Odete dizer que eu estava em fase ativa. Assinamos, eu e meu esposo um termo de responsabilidade, e mui carinhosamente o<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">dr</span><span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Hemmerson</span><span class="apple-converted-space"> </span>disse: não lê isso não, bobagem, isso é só protocolo, vai dar tudo certo! Você já está em fase ativa, já esta com<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">6</span><span class="apple-converted-space"> </span>cm e isso é muito bom, tente se concentrar em você e em seu corpo, tente não ouvir o que é dito nos outros biombos da maternidade. Concentre em você.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Eu deveria ter dado maior atenção a essa fala.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">De cara mais um obstáculo, o moço da recepção disse que só entraria uma pessoa comigo, ou marido, ou doula ou parteira. Nem sei quem autorizou a entrada de todos, acho que foi o Hemmerson. Obrigada! Essa escolha seria impossível pra mim.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Logo a<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Polly</span><span class="apple-converted-space"> </span>já me mandou para o chuveiro.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Estou me esquecendo de dizer que toda hora minha Anja, assim que chamo minha parteira, vinha com o sonar para ouvir o coração do Miguel. Até debaixo do chuveiro. O que mais tem é foto dela ouvindo o coraçãozinho do Miguel.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Fiquei um tempão ali. A<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Polly</span><span class="apple-converted-space"> </span>sempre me massageando a cada contração. Ela foi um doce. Senti um<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">ploct</span><span class="apple-converted-space"> </span>na bola de<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">pilates</span>.<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Ploct</span>? Perguntou a Odete. Miguel está fazendo bolinha de chicletes? Como estava debaixo do chuveiro ficou mais difícil perceber se era realmente a bolsa que havia se rompido.<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Polly</span><span class="apple-converted-space"> </span>disse ter visto uma água de cor marrom. Até uma hora que comecei a chorar<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">pois</span><span class="apple-converted-space"> </span>as contrações ficaram mais intensas e eu sai um pouco do jato da ducha do chuveiro e deu para perceber claramente que a bolsa havia se rompido. Eu estava começando a perder a concentração.<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Polly</span><span class="apple-converted-space"> </span>me deu um pedacinho de chocolate, e disse que era um chocolate especial. Eu já estava aos prantos, um mix de alegria e de dor. Odete o tempo todo ouvia o coração do Miguel, tem fotos até desse momento, debaixo do chuveiro.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Odete pediu para me tocar. Voltamos para o Box, ela tocou, estava com<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">7</span><span class="apple-converted-space"> </span>cm mas ela não me disse. Isso não foi bom<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">pois</span><span class="apple-converted-space"> </span>eu fantasiei haver algum problema. Eu repetia: está longe ainda dele<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">nascer ,</span><span class="apple-converted-space"> </span>não está? Ela dizia que não. Eu repetia que estava longe e que ela estava mentindo pra mim...<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">as</span><span class="apple-converted-space"> </span>contrações cada vez mais fortes e mais freqüentes.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">De repente a parturiente no Box ao lado começou a gritar dizendo que ela tinha matado seu bebê. Essa mulher gritava: “<i>Eu matei meu bebe, eu matei ele...</i>” Gente, o pânico se instalou em mim. <span class="apple-converted-space"> </span>Era tudo o que eu não queria e não podia ouvir.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Naquele momento eu enlouqueci. Eu dizia:<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Polly</span><span class="apple-converted-space"> </span>isso não é pra mim, Odete, isso não é pra mim! Na verdade ninguém ouviu da minha boca que eu queria cesárea, eu sabia que eu não queria cesárea, mas não era pra mim tudo aquilo: perder meu filho não era pra mim,<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">cesárea </span>não era pra mim, aquela dor não era pra mim, aquela mulher gritando não era pra mim, eu perder meu foco também não era pra mim... Eu insistia em chamar o<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">dr</span><span class="apple-converted-space"> </span>Lucas, eu passava a mão na cicatriz das cesáreas e como havia uma camada espessa de gordura eu fantasiei que eu estava estrangulando o bebê como se eu estivesse matando meu bebê. Hora nenhuma me passou na mente a idéia de ruptura uterina, por isso eu tenho tanta certeza que estava na partolândia e minha memória psíquica trouxe o “fantasma da culpa da morte da minha Maria Carolina”... O stress se fez! Nesse momento eu coloquei a Odete e a<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Polly</span><span class="apple-converted-space"> </span>no circulo de fogo. Sabe o tal circulo de fogo que precede o expulsivo? Mal sabiam elas que elas estavam<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">la</span><span class="apple-converted-space"> </span>comigo.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Odete e Luiz saíram do<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">box</span><span class="apple-converted-space"> </span>como se tivessem ido chamar o<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">dr</span><span class="apple-converted-space"> </span>Lucas.<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Polly</span><span class="apple-converted-space"> </span>mui carinhosamente me voltou para o chuveiro para que eu não ouvisse aqueles gritos daquela mulher.<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Polly</span><span class="apple-converted-space"> </span>ate cantou pra mim, eu não vou esquecer isso nunca! Numa das contrações quando ela foi me massagear eu dei um grito com ela:<span class="apple-converted-space"> </span><i>“tira as mãos de mim!<span class="grame">”<u1:p></u1:p></span></i><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Meu Deus eu tinha me tornado uma cadela pit Bull enfurecida.<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Polly</span><span class="apple-converted-space"> </span>me perguntou se eu queria que ela saísse do banheiro e eu fiquei calada. Gracinha dela, ela ficou<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">la</span><span class="apple-converted-space"> </span>no canto quietinha.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Chegou um momento que eu definitivamente não agüentava mais. Comecei a chamar meu marido: Tobias, Tobias, vem aqui e nada dele. Tinha sumido todo mundo. Na verdade, hoje eu sei que a Odete tinha ido ajudar a tal mulher, o Luiz tinha ido chamar o<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">dr.</span><span class="apple-converted-space"> </span>Lucas e a<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Polly</span>estava no Box (acho!).<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Estava disposta a sair andando e não esperar mais o<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">dr</span><span class="apple-converted-space"> </span>Lucas chegar, não é de rir<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">mas</span><span class="apple-converted-space"> </span>seria cômico. Até então eu não tinha molhado meus cabelos, tirei o top, entrei com vontade debaixo do chuveiro, molhei a cabeça, saí de<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">la</span>. Vesti meu roupão e voltei ao<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">box</span><span class="apple-converted-space"> </span>para ver se tinha alguém<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">la</span>. Foi ai que eu disse que queria fazer cocô. <span class="apple-converted-space"> </span>A Odete soltou um “Graças a Deus!<span class="grame">”<u1:p></u1:p></span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Sabe quando a gente vê uma cena de um lugar que acabou de passou de passar um furacão? Apesar das coisas ainda todas fora do lugar da uma sensação de paz<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">pois</span><span class="apple-converted-space"> </span>simplesmente passou a tempestade! Foi exatamente assim que eu senti. Aquele “Graças a Deus!” soou aos meus ouvidos assim: “nasceu!<span class="grame">”<u1:p></u1:p></span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><span style="line-height: 16.85pt;">Luiz sentou-se na cama, arrumaram a banqueta de parto (da Rebeca</span><span class="grame" style="line-height: 16.85pt;">!!!</span><span style="line-height: 16.85pt;">) para que eu me sentasse daí veio uma vontade de fazer força incontrolável. Engraçado que eu fiquei tranquilíssima como se ele realmente já tivesse nascido, mas eu ficava pensando agora vem o circulo de fogo, e nada... A</span><span class="apple-converted-space" style="line-height: 16.85pt;"> </span><span class="spelle" style="line-height: 16.85pt;">Polly</span><span class="apple-converted-space" style="line-height: 16.85pt;"> </span><span style="line-height: 16.85pt;">havia se tornado então fotografa oficial daquele VBA3C. De repente ouvi um barulho da minha câmera fotográfica descarregando a bateria, bem na hora do expulsivo.</span><span class="apple-converted-space" style="line-height: 16.85pt;"> </span><i style="line-height: 16.85pt;">Ah!<span class="grame">não</span>!<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">eu</span><span class="apple-converted-space"> </span>disse, eu trouxe o cabo do carregador</i><span style="line-height: 16.85pt;">...</span><span class="apple-converted-space" style="line-height: 16.85pt;"> </span><span class="grame" style="line-height: 16.85pt;">todos</span><span class="apple-converted-space" style="line-height: 16.85pt;"> </span><span style="line-height: 16.85pt;">riram de mim! Mesmo assim eu não foto do nascimento.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Fiz três forças e Miguel já estava em meus braços. Não senti dor alguma no expulsivo, não senti circulo de fogo algum, não senti absolutamente nada, nem ele saindo...<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">O fogo tinha sido antes. Acredito que toda a dor que eu suportaria eu já havia passado por ela, como se eu não suportasse nem mais um pingo.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Miguel nasceu com muito sangue em todo seu corpinho. A bacia que fica abaixo<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">da banquete</span><span class="apple-converted-space"> </span>encheu de sangue. O stress tinha sido muito intenso.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><span class="grame">Passou-se</span><span class="apple-converted-space"> </span>uns minutos, não sei o quanto, não muito, 20-30 talvez e a placenta não saída quando vi o<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">dr.</span><span class="apple-converted-space"> </span>Lucas chegando, tranqüilo como de costume, disse que iria me sedar para retirar a placenta. Eu não tinha forças para questionar nada.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Quando acordei ele disse que não era placenta<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">acreta</span><span class="apple-converted-space"> </span>o colo estava fechado e quando eu fui sedada a placenta saiu facilmente.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Logo em seguida tomei<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">um banho sozinha, e pasmem,</span><span class="apple-converted-space"> </span>fui andando para a casa de parto onde fiquei alojada, mais uma atitude impressionante do<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">dr</span><span class="apple-converted-space"> </span>Lucas. Para quem não conhece, a Casa de Parto é um prédio que fica ao lado do hospital Sofia, é pertinho, somente um jardim os separam<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">mas</span>, para quem tinha acabado de parir, aquele trajeto, sair de um hospital, passar pela recepção como quem vai embora, descer alguns degraus de escada, tudo aquilo, aquela caminhada tinha sido “a caminhada” da vitória. Três cesáreas me fizeram dar um imenso valor a tomar<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">um banho sozinha</span><span class="apple-converted-space"> </span>e poder caminhar.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Miguel ficou o tempo todo comigo!<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Esse é um relato de uma mulher que batalhou muito, muito mesmo para conseguir parir nesse pais cesarista.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Não quero que o meu pânico aqui relatado seja motivo para nenhuma futura mamãe dizer que parto natural é enlouquecedor, por favor! Eu quero sim, que vocês leiam as entrelinhas que mesmo com todo o pânico que a morte me ofereceu, o de perder meu pai em meus braços aos 10 anos de idade, o de perder uma filha que nascia por via vaginal, o de perder<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">o Miguel numa suposta ruptura uterina</span>, mesmo assim eu ouvi o meu coração e meu instinto de mãe, de leoa, <span class="apple-converted-space"> </span>de mulher e sobretudo de um ser humano que é templo do espírito santo de Deus.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Agradeço infinitamente ao<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">dr</span><span class="apple-converted-space"> </span>Lucas<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">pois</span><span class="apple-converted-space"> </span>ele me mostrou, na primeira consulta dessa gestação que eu podia parir, foi o sim dele que me deu certeza que meu útero não romperia fácil. Ele ainda diz que não fez nada. Realmente,<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">dr</span><span class="apple-converted-space"> </span>Lucas, você não fez nada, você SÓ me respeitou. Você SÓ colocou na maternidade uma mulher com três cesáreas<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">previas</span><span class="apple-converted-space"> </span>prestes a ter parto natural, você SÓ deixou a parteira que eu escolhi fazer o serviço dela, você SÓ respeitou minhas vontades mesmo sendo profundo conhecedor de todos os protocolos. SÓ isso. SÓ ISSO TUDO. À maternidade Sofia Feldman e a todos seus funcionários pelo acolhedor aconchego que me ofereceram. Sem palavras! À minha querida parteira que foi muito corajosa, profissional, guerreira e acima de tudo minha eterna companheira. Sem você Odete nada disso teria acontecido, não acredito que aqui em BH eu encontraria outra parteira que fizesse um décimo do que você fez por mim e para o Miguel, e mais, para toda a historia da obstetrícia<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">desse pais</span><span class="apple-converted-space"> </span>nosso. Minha doula<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Polly</span>, nossa história começou<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">la</span><span class="apple-converted-space"> </span>em 2008, foi sendo escrita e por suas mãos, pelo seu toque, pelo seu cuidado eu fui capaz de colocar nesse mundo meu filhote sem nenhuma droga. Pela sua perseverança e por sua confiança nesse VBA3C ele aconteceu. Obrigada.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">As amigas virtuais: cada parto, cada relato que<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">foi me</span><span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">emponderando</span>, são tantos nomes que ate tenho receio de deixar gente de fora: o da Larissa foi “o point”, Andrea<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Fangel</span>,<span class="apple-converted-space"> C</span><span class="spelle">hristiane</span><span class="apple-converted-space"> </span>Galante, Gisele, Joana, Carol(s), Letícia (essa é de BH), a luta da Ana (de Uberlândia), o apoio da Ana Cris, da Dra.<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Melania</span>, da minha querida<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Walesca</span>, da Ingrid, da<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Thayssa</span>, da minha querida Socorro, como você me socorreu nos momentos que mais precisei, vocês foram muito importantes nessa história. Houve quem não confiou também, e me disse que eu não conseguiria, a você, muito obrigada também. Talvez seu cutucão<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">foi</span><span class="apple-converted-space"> </span>uma das coisas que me deu mais força para lutar.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Rebeca. Não tenho palavras para expressar o que você significou em todo esse processo. Só posso dizer: Obrigada.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Ao meu amor, meu negão, que superou seus preconceitos de rede particular e SUS que soube me compreender nesse momento impar de nossas vidas. Que agüentou pacientemente todas as minhas queixas de dor durante tanto tempo: obrigada, te amo mais ainda.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Engraçado que quando eu perguntei ao Luiz como ele agüentou firme todo meu stress da partolândia ele respondeu assim: Petrina, você já havia me dito que ia me<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">bater,</span><span class="apple-converted-space"> </span>que ia pedir anestesia, que ia falar de cesárea, mas que era para eu não lhe dar ouvidos, ou só obedeci.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Gostaria de voltar<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">la</span><span class="apple-converted-space"> </span>no médico que iria assistir o VBA2C e que virou cesárea. Eu não disse nome. Agora vou dizer:<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">dr.</span><span class="apple-converted-space"> </span>Lucas. O que mudou nisso? O médico é o mesmo, entre VBA2C e VBA3C esse seria, teoricamente mais arriscado<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">pois</span><span class="apple-converted-space"> </span>a ultima cesárea era mais recente, a parturiente <span class="apple-converted-space"> </span>será que é a mesma? Eu bato na tecla: não delegue seu parto a médico algum. Não que eles não sabem<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">assisti-lo</span>, muito antes pelo contrário, mas é que para eles também é muito complicado sair do sistema, pois se qualquer coisa der errado eles serão extremamente responsabilizados e ouvirão: você sabia que você não podia fazer isso. O meu VBA3C aconteceu porque eu fui protagonista dele. Quando o VBA2C não aconteceu eu fiquei muito chateada com o<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">dr</span><span class="apple-converted-space"> </span>Lucas, e ele sabe disso, mas hoje eu compreendo que não dava para ELE topar sozinho afinal de contas quem teria que parir deveria ser eu.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Agradeço a Deus por ter colocado tanta gente bacana nesse caminho, a anunciação do Anjo Gabriel que foi meu refugio todas as noites, a<span class="spelle">Samael</span><span class="apple-converted-space"> </span>que me concedeu força, sabedoria e seu magnífico ensinamento.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">A todos, muitíssimo obrigada,<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 32pt 10pt 35.45pt; text-align: center;">
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Petrina<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin-bottom: 10pt; text-align: center;">
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><span style="color: purple;">Email: <a href="mailto:matematicanota10@gmail.com">matematicanota10@gmail.com</a></span><u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.85pt; margin: 0cm 0cm 10pt 35.45pt; text-align: center;">
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
</div>
</div>
Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4217096822033546369.post-52189023532028017282014-12-27T15:53:00.000-03:002014-12-27T15:53:06.900-03:00Relato Kátia, nascimento de Ana Beatriz<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 46.2pt 10pt 2cm; text-align: center;">
<div style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Relato Kátia e Ana</span></b></div>
<div style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">São José dos Campos/ SP</span></b></div>
<div style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;"><br /></span></b></div>
<div style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Queridos da
lista segue meu relato, espero que possa ajudar outras gestantes de mulheres
que sonham como eu sonhei.<o:p></o:p></span></div>
<div style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Beijos:
Kátia<o:p></o:p></span></div>
<div style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;"><br /></span></div>
<div style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Antes de
iniciar o meu relato é bom dizer que desde os 13 anos sonhava e
desejava ser </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">enfermeira obstetra,
eu lia na época tudo o que tinha acesso sobre parto. Ao acompanhar </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">gestantes e
realizar partos sempre sonhei em ter o parto normal. Foi uma enorme frustração </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">quando engravidei
e por causa de um prolápso de colo de útero fui impedida de vivenciar
essa </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">experiência.
Pra ter idéia, com 13 semanas de gravidez, do nada, o colo do meu
útero se </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">projetou pelo
canal da vagina e saiu, eu literalmente dava banho no meu colo. Na época fui </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">intimada a
nem pensar em parto normal, porque se quer poderia entrar em trabalho de parto. Há </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">9 anos não tinha o conhecimento que tenho agora e nem o contato com as listas de </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">discussão.
Acreditei na palavra médica e fui pra cesárea. Na segunda gestação, em
2006, eu </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">já estava
mais confiante, tinha mais conhecimento, mas estava sozinha, não tinha ninguém</span></div>
<div style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">com quem
pudesse contar pra me encorajar e me dar o apóio tão necessário.
Resultado; </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">briguei com
a obstetra e disse que pelo menos iria aguardar entrar em trabalho de parto.
Minha </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">intenção era
ficar sozinha em casa e parir sozinha, eu acreditava que seria capaz. Mas na </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">consulta ela
percebeu que eu estava em TP, fez o maior terrorismo comigo, disse que eu era </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">louca de
insistir na idéia do parto e que eu arrumasse outra obstetra se
insistisse. Então, </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">sozinha e
vulnerável, desisti e lá fui pra mais uma cesárea. </span></div>
<div style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">O tempo
passou, conheci a lista Parto Nosso, conheci a Flávia, tive o privilégio de
amparar sua </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">bebê e
fiquei fascinada pelo parto domiciliar. Na lista eu conheci O Dr. Rodrigo e um
dia </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">descrevi toda
a minha história pra ele, meu segundo filho tinha poucos meses.
Perguntei à ele </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">se conhecia
algum caso como o meu e se era muita loucura pensar em um parto normal. O </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">desejo estava
aqui ardendo no meu peito, eu olhava meu filho e sonhava. Pra minha surpresa </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">o Rodrigo
me respondeu muito gentilmente e não só ele conhecia o caso como tivera uma </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">paciente com
o mesmo problema e que evoluiu para parto normal, sem problemas. Eu vibrei e </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">naquele momento,
desejei com tudo o que tinha de sentimento que engravidaria de novo e </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">teria o
parto normal sonhado. É certo que eu estava movida só pela emoção, a
razão me dizia </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">que não
dava, pois não teria condição de ter mais um filho. Quando meu filho estava
com 1 </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">ano e
dez meses, isso foi em janeiro, eu decidi que era melhor por os pés no chão e
não </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">pensar mais
em outro filho, concordei em meu marido fazer a vasectomia e a essa altura já </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">estava grávida
e não sabia. </span></div>
<div style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Não foi
fácil o início da gestação, foi uma reprovação geral em família e
aqueles olhares </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">de julgamento
por ser o terceiro filho e ter ainda um tão pequeno. Senti na pele o quanto uma </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">mulher pode
ser descriminada por ter três filhos. Mas eu estava em outra situação e fui muito </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">encorajada pelas
amigas que fizera ao acompanhar suas gestações e partos ou amparando </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">seus bebês.
Essas mulheres me encorajaram, me apoiaram quando eu mais precisei e
isso fez </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">toda a
diferença. No dia que soube que estava grávida, senti Deus falar ao meu coração
que o </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">milagre que
eu esperava iria acontecer. Na mesma hora pensei que seria o meu parto normal </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">tão sonhado.
E durante a gravidez, que foi a melhor que já tive, várias vezes essa
mensagem </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">foi reafirmada
e isso me fortalecia e animava. </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Eu preciso
dizer que a Flávia exerceu uma influência muito marcante nesse
processo, aliás </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">durante toda
a gravidez. Nasceu entre nós uma amizade sincera e forte. Entendi com o parto o </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">real sentido
do significado de empatia:" Empatia é estado de espírito no qual uma
pessoa se </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">identifica com
a outra, supondo sentir o que ela está sentindo". Ela acreditou que era
possível</span></div>
<div style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">e me
encorajou o tempo todo. De todos o que me cercavam foi com ela que pensei: Não </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">preciso de
mais outra pessoa, o parto vai rolar com a gente e lá pro final chamo a
enfermeira </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">obstetra.
Ela também me cercou de atenção, me deu colo e carinho. Ouviu meus
medos, meus </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">anseios, eu
era uma grávida e não uma enfermeira obstetra. Tive medo de não entrar em </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">trabalho de
parto, tive medo do colo não dilatar, tive medo da pressão não estabilizar,
enfim, </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">medos existem
e eu estava ali, frágil e a Flávia segurou as pontas, sempre me acalmava, </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">sempre me
fazia lembrar que tudo aconteceria a seu tempo. Eu senti seu amor e dedicação, </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">não tenho
como agradecer por tudo e não há dinheiro que pague.</span></div>
<div style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Devo dizer
que tinha pelo menos 5 justificativas não favoráveis pra ter parto
normal:<o:p></o:p></span></div>
<div style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">1- 39 anos,
que segundo muitos obstetras não humanizados é um absurdo, a mulher
já é </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">velha demais
nessa idade.</span></div>
<div style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">2-
Relaxamento dos ligamentos do útero que me levaram a ter 3 vezes
o prolápso do colo </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">de útero
e que segundo os médicos não me permitiria ter parto normal pelo risco de o
útero ser </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">projetado para
fora.</span></div>
<div style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">3- Duas
cesáreas anteriores, sendo a última a dois anos e 5 meses (Que
"absurdo pensar </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">em parto
normal")</span></div>
<div style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">4-
Hipertensão a 1 mês e meio<o:p></o:p></span></div>
<div style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">5- O peso
do bebê (ainda bem que optei em não fazer outro ultrasson, o último foi
com 31 </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">semanas e
ela nasceu com 40 semanas e dia)</span></div>
<div style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Esqueci de outra,
muito importante:<o:p></o:p></span></div>
<div style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">6- Útero
com vários miomas, alguns até palpáveis.<o:p></o:p></span></div>
<div style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;"><br /></span></div>
<div style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Também não
posso esquecer que a Ana Cris foi fundamental nesse processo, porque até o </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">sexto mês
eu pensava que por causa dos meus problemas com o útero precisava de hospital e </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">num encontro
rápido em São Paulo, com poucas palavras e uma atenção especial essa mulher </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">me fez
acreditar que era possível ter um VBAC em casa, a persuasão dela é tremenda, por </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">isso eu
queria que ela estivesse presente no parto, mas não foi possível. </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">O Ric (Dr.
Ricardo Hebert Jones) também foi muito importante, eu tinha muitas
contrações,</span></div>
<div style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">desde o
sétimo mês e acreditava que ela nasceria muito antes da data provável. Pensava
que </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">já teria
dilatação do colo antes, mandei e-mail pro Ric, com medo de não ter
dilatação e ele, </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">com a
calma e sabedoria que lhe são próprios respondeu, que o colo dilataria quando a
bebê </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">estivesse preparada
para nascer. Aí me tranqüilizei. </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Foi muito
importante também o apoio e mensagens de bênçãos da lista
Parto Nosso; como faz </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">diferença,
ler o encorajamento de quem está distante, nem nos conhece pessoalmente, mas </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">vibra e
torce por nós. Sou muito grata a todos. </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">No dia D,
que foi 1 de outubro, acordei às 4 da manhã com contrações, não dei
importância </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">porque pensei
serem de novo contrações de ensaio e não de trabalho de parto. Já vinha
de 3 </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">dias seguidos
com contrações de pródromos, que hora pareciam de parto e depois, nada</span></div>
<div style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">acontecia.
Mas nesse dia, lá pelas 5h, as contrações começaram a vir com freqüência,
e com </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">uma dor
tipo cólica menstrual, diferente do quê sentira até agora, mais intensa; aí eu
levantei, </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">fiquei andando,
rebolando, fui pro banho e quase 7 horas, liguei pra Patrícia, disse pra ela vir </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">me avaliar
porque sentia que agora ia pra valer. Liguei também pra Flávia, queria
esperar mais </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">pra não
acordá-la cedo, mas não dava, a dor tava ficando pior a cada
contração. Patrícia</span></div>
<div style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">chegou por
volta de 7:30 e Flávia logo a seguir, depois chamaram a Daniela, o anjinho que </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">estimulou pontos
de acupuntura pra eu entrar em TP. As contrações estavam intensas e eu </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">lembrava que
as tinha pedido e falava sempre que elas eram bem vindas. A Flávia trouxe a </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">banheira de
parto inflável, que enorme! Linda e na minha cor predileta: azul. Não imaginava
ser </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">tão grande.
Eu andava e rebolava e tudo o que queria era a água. Meu neurônio técnico dizia </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">que era
cedo, mas meu corpo pedia e segui meus instintos, foi tudo de bom!</span></div>
<div style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Às 8:13h
a bolsa rompeu, a Flávia gritou: Viva! A bolsa estourou! Aí foi um coro de vivas </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">porque a
bolsa TINHA ROMPIDO, eu senti um enorme alívio momentâneo nessa hora e que </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">delícia sentir
aquele líquido quentinho escorrendo pelas pernas. A Daniela chegou logo </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">também, não
tenho noção da hora. E dá-lhe a colocar água quente na banheira, mamãe </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">esquentava água
no fogo, era balde pra lá e pra cá, chuveiro e mangueira; meu marido chegou</span></div>
<div style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">e ajudava
no que podia e eu lá sem me conter pra entrar na banheira, até que perguntei se
não </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">dava pra
eu entrar logo, que eu não estava agüentando esperar. Quando entrei,
que sensação </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">maravilhosa,
deitei no fundo inflável e foi um alívio, aí foi como se eu tivesse entrando em
um </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">lugar do
qual não queria mais sair. Eu pensei com meus botões: Daqui eu não saio nem por
um d</span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">ecreto. Foi instintivo,
eu fechei os olhos e me concentrei, a cada contração sentia mais dor. </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Eu havia
esperado tanto esse momento, e pensava comigo: Vai passar, as
contrações vão </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">dilatar meu
colo e trazer minha filha à luz. Eu clamava, eu orava e pedia ajuda de Deus. Eu </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">pensava também:
Preciso me entregar, vou me entregar, vai dar tudo certo! </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">A Daniela
perguntou se eu conseguia virar de costas pra ela colocar as agulhas da
acupuntura, </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">eu consegui,
ela estimulou os pontos para alívio da dor. Lembro que senti muita
sede, pedi </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">suco de
laranja, que a mamãe fez com muito amor, depois ela trouxe uma toalhinha pra </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">enxugar meu
suor ( ela estava apavorada, mas tentou ajudar). Eu pedi chocolate e depois </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">água. Eu
também falei pras meninas, acho que logo no começo: Se eu pedir
cesárea, não </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">acreditem,
não é verdade. Por volta de 10h, eu estava com muitas
contrações, a acupuntura foi</span></div>
<div style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">ótima porque
eu senti que diminuiu a intensidade, eu pedi pra Patrícia fazer um toque: 4,5cm; </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">que jóia pensei,
mas no meu íntimo achava que tinha que evoluir rápido porque sentia que </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">estava chegando
no meu limite. A partir daí, eu fiquei meio em transe, relaxei mesmo. As </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">meninas dizem
que eu cochilei nos intervalos das contrações, eu só lembro de ter relaxado. Foi </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">pouco tempo,
não lembro quanto, depois começaram a vir contrações muito poderosas, aí eu </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">comecei a
clamar a Deus com mais fôlego, e cada contração a dor foi ficando mais intensa.</span></div>
<div style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Lembro
de ter falado: Deus tem misericórdia, me ajuda a suportar a dor, e a
Flávia veio bem </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">pertinho e
falou: Ele tem Kátia, Ele não dar a dor maior do que você pode suportar! A
Flávia </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">chegou pertinho
e também me falou com ternura: "Aceita a contração, relaxa, deixa a dor vir </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">que ela
passa rápido!. Eu precisava ouvir isso naquele momento de dor
"panque". A Patrícia </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">também me
ajudou muito, não vou esquecer. Fez massagem, jogou água um bom tempo na </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">minha barriga,
como relaxa a gente as mãos de alguém nas costas e a água na barriga.</span></div>
<div style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Eu recebi
muito carinho e massagem, até nos pés. Estava enganada, pensei, eu
precisava das </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">3 comigo,
não daria conta sozinha ou só com a Flávia como pensara antes. Também ouvi as </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">músicas que
queria. Que delícia! Bom, na fase final, que eu não sabia, mas já estava
nela, eu </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">comecei a
"apelar". Foi muito rápido, porque às 10h eu estava com 4,5cm
e 11:04 ela nasceu. </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Na hora da
contração eu falava: "Gente não tô agüentando mais me leva
pro hospital, eu quero </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">analgesia!" Ao
mesmo tempo latejava na minha cabeça: Não! Não posso ir pro hospital, se não </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">vou virar
refém" E aí de novo tinha contração e de novo apelava. Eu ouvia as meninas </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">cochicharem mas
não entendia nada, até que comecei a sentir uma dor com uma sensação de </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">ardência intensa
e senti a cabeça da minha filha empurrando e empurrando pra baixo, então, </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">foi muito
instintivo, eu juntei todas as minhas forças e gritei, gritei não! Eu berrei
mesmo, o </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">mais que
pude: "Eu tô sentindo ela empurrar!" Deus, faz a minha
filha nascer! Tá ardendo!</span></div>
<div style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Fiquei de
lado na banheira, aí a Patrícia me ajudou a colocar uma das pernas na<o:p></o:p></span></div>
<div style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">borda da
banheira. Ela fez outro toque, nem senti. Só ouvi que a
cabeça tava lá embaixo. </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Depois ela
me disse que lembrou-me que essa era a posição lateral que eu tanto
tinha </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">estudado,
na hora eu não lembro, só lembro que fiquei de lado, então veio outra contração </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">muito forte,
berrei de novo: Deus faz nascer minha filha, me ajuda! E gritei o mais que
pude, aí </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">ouvi as
meninas falarem que tava nascendo, não abri os olhos, continuei a
gritar e lembro de </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">ter falado:
- A dor não passou! A Patrícia falou que a cabeça veio bem lenta e que ajudou no</span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;">desprendimento do
ombro, porque ficou meio "</span><span style="font-size: 15px;">entalado</span><span style="font-size: 11pt;">", pudera! Ninguém sabia, até
pesar, a </span></span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">tourinha que tava nascendo:
4.265g. Aí, foi só prazer e alegria, me deram ela nos braços, eu a </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">peguei,
cheirei seu corpinho, acariciei suas costas e falei: Louvado seja Teu Nome
Senhor, </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Louvado
seja o Teu Nome, Obrigada ó Deus! Filha, mamãe te ama, seja bem
vinda, que Deus </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">te abençoe!.
Não lembro tudo o que falei, era tão imensa e intensa minha alegria e emoção,</span></div>
<div style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">era riso
com lágrimas, era tanto prazer, que não dá pra descrever! Eu não olhei,
mas todos </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">choraram muito,
foi uma impregnação de emoção e alegria em todos que estavam ali. </span></div>
<div style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Depois que
o cordão parou de pulsar, o pai o cortou. Sei que essa emoção foi muito profunda </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">pra meu
marido, ele estava meio em estado de choque, meio aéreo, me disseram que chorou </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">de soluçar,
foi lindo, ou melhor foi linda a unidade que fizemos: a Ana Beatriz em meus
braços, </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">as mãos
dele na minha cabeça e na cabeça da filha. </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">As meninas
se revezaram a seguir, uma assumiu os cuidados com a bebê e as outras
me </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">levaram pro
banho, após o descolamento da placenta, que foi rápido.
Eu tava dolorida, mas me </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">sentia bem,
me deram banho, me secaram e me colocaram na cama, secaram meu corpo, me </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">colocaram roupa,
eu me sentia muito cansada. Lembro que estava com muita fome, aí pedi </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">qualquer coisa
pra comer meio consistente, enquanto o almoço não ficava pronto. Lá veio </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">minha mãe
com um mingau de farinha Láctea (era o mais rápido). Depois do almoço
pronto a </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Flávia me
deu a comida na boca. Fui tão cuidada, tão amparada, não tenho como
agradecer a </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">todos por
tudo.</span></div>
<div style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">A equipe
fantástica só foi embora depois de me verem bem, e eu fiquei ali na minha cama, </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">vendo meus
filhos que chegaram e conheceram sua irmãzinha, sendo cercada de muito amor, </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">curtindo minha
filhinha e muito, muito... Tremendamente feliz! Eu nascia de novo como mãe, </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">nascia como
mulher fêmea mamífera capaz de parir; nascia como uma nova mulher sabendo e </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">vivenciando em
mim mesma a dor que eu tanto respeitava e tentava aliviar nas mulheres que </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">assisti; eu
nascia de novo como mulher e um ser humano melhor e mais sensível e madura. </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Se me
perguntarem sobre a dor eu direi a verdade pura e simples, dói, dói muito e </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">intensamente,
mas passa assim que o bebê nasce e ela pode ser tão menos intensa quanto </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">mais recursos
tivermos pra nos ajudar: água, massagem, carinho, apoio. è uma dor
suportável; </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">nunca ouvi
de ninguém que morreu pela dor no parto. O que eu prefiro, tendo passado
pelas 2</span></div>
<div style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">experiências?
Mil vezes o parto normal, não trocaria, a dor e as contrações por
nenhuma das </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">cesáreas que
passei e por nada que possa existir. Estava certa que as contrações e dores </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">trariam minha
filha à luz, e o prazer e emoção que senti não têm comparação com o que senti </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">nas cesáreas.
Por isso sempre acreditei que o parto é algo divino, que transcende o
natural, o </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">normal,
porque ele é capaz de trazer emoções incomparáveis, porque ele contagia quem
está</span></div>
<div style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">perto,
porque ele transforma quem dele participa e vivencia. O parto é um momento
sagrado </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">em que
Deus se faz presente intimamente entre os homens, especialmente naqueles que
Nele </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">crêem.</span></div>
<div style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;"><br /></span></div>
<div style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Kátia Zeny Assumpção<o:p></o:p></span></div>
<div style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: blue; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 11.0pt;">katiazeny@hotmail.com</span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;">
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
</div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
</div>
Unknownnoreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-4217096822033546369.post-34958375420304489902014-12-27T15:42:00.003-03:002014-12-27T15:42:58.366-03:00Relato Gisele, nascimento de Catharina<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div align="center" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt; text-align: justify;"><span style="color: #6aa84f;"><b>Gisele, Campinas/ SP</b></span></span></div>
<div align="center" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt; text-align: justify;"><span style="color: #6aa84f;"><b><br /></b></span></span></div>
<div align="center" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt; text-align: justify;"><a href="http://mulheresempoderadas.wordpress.com/2010/04/23/hello-world/" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt; text-align: justify;" title="Read Relato de Parto – PNA2C (Parto Natural após 2 cesáreas) – Gisele e Catharina – 12/04/2010"><span style="color: #6aa84f;"><b>Relato de Parto – PNA2C (Parto Natural
após 2 cesáreas) – Gisele e Catharina – 12/04/2010</b></span></a></span></div>
<div align="center" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: center;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;"><u2:shapetype coordsize="21600,21600" filled="f" id="_x0000_t75" o:preferrelative="t" o:spt="75" path="m@4@5l@4@11@9@11@9@5xe" stroked="f"><u2:stroke joinstyle="miter"><u2:formulas><u2:f eqn="if lineDrawn pixelLineWidth 0"><u2:f eqn="sum @0 1 0"><u2:f eqn="sum 0 0 @1"><u2:f eqn="prod @2 1 2"><u2:f eqn="prod @3 21600 pixelWidth"><u2:f eqn="prod @3 21600 pixelHeight"><u2:f eqn="sum @0 0 1"><u2:f eqn="prod @6 1 2"><u2:f eqn="prod @7 21600 pixelWidth"><u2:f eqn="sum @8 21600 0"><u2:f eqn="prod @7 21600 pixelHeight"><u2:f eqn="sum @10 21600 0"></u2:f></u2:f></u2:f></u2:f></u2:f></u2:f></u2:f></u2:f></u2:f></u2:f></u2:f></u2:f></u2:formulas><u2:path gradientshapeok="t" o:connecttype="rect" o:extrusionok="f"><u1:lock aspectratio="t" v:ext="edit"></u1:lock></u2:path></u2:stroke></u2:shapetype><u2:shape alt="Descrição: Quantcast" id="Imagem_x0020_17" o:spid="_x0000_i1043" style="height: 0.75pt; visibility: visible; width: 0.75pt;" type="#_x0000_t75"><u2:imagedata o:title="Quantcast" src="vba2c_arquivos/image001.png"></u2:imagedata></u2:shape><u1:p></u1:p><u1:p></u1:p>Este
relato começou no dia 04 de abril de 2010, quando estava grávida da Catharina
ainda, e sofrendo pressão por todos os lados para ir para uma cesárea
devido a diabete gestacional e vários outros fatores, após uma busca
intensa pelo parto normal. Resolvi escrever uma carta de boas vindas à
Catharina, de forma que ela pudesse sentir-se bem vinda, e deixar a casinha tão
especial onde ela habitava a nove meses.. Só que esta carta começou a
ficar grande, ganhar corpo e detalhes e, enquanto eu a escrevia, Catharina
chegou! Foi então, que entendi que muito mais do que uma carta de boas vindas
para minha filha, eu tinha o dever de compartilhar com outras mulheres a árdua
busca, a persistência, e porque não dizer teimosia até os últimos segundos em
resgatar o meu direito de parir. Sim, o direito que me foi tirado por duas
vezes, única e somente por minha responsabilidade. Há um ditado que diz “Quando
não sabemos para onde vamos, qualquer caminho serve.” E é justamente por não
saber, não ter as informações necessárias, não tomar as rédeas da minha
gestação e do meu parto, que acabei caindo em duas “desnecesáreas”. A
primeira há12 anos atrás, quando engravidei pela primeira vez. Era tão
nova e inexperiente, não sabia o que eu queria. Foi uma gestação complicada,
com ameaça de aborto no 3º mês, trabalho de parto prematuro no 5º mês, seguido
de cerclagem, repouso absoluto e
muita inibina e dactil até o 8º mês. Acabou prevalecendo o
desejo do médico, que após todo o estresse emocional que eu havia passado
durante a gravidez, utilizou de um diagnostico de HPV não confirmado, mais
sofrimento fetal e circular de cordão para me enviar ao centro obstétrico mesmo
após eu ter passado por uma cerclagem às 20 semanas de gestação por
incompetência istimocervical, o que provavelmente facilitaria e muito o
trabalho de parto se a cerclagem fosse retirada. Não peguei minha
filha, fui dopada, demorei tanto a ter leite que minha filha teve uma
crise hipoglicemica. O alojamento não era conjunto naquela época, as
enfermeiras apenas traziam o bebê quando elas queriam. Foi uma experiência
angustiante.</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">A segunda
cesárea, há dois anos e meio atrás, quando engravidei pela segunda vez. Tinha
convicção de que teria um parto normal. A convicção era tanta de que parto
normal é normal, ou seja, não precisa de nada – ele deve acontecer
naturalmente, que não me informei, não questionei os 5 obstetras
pelos quais passei, não me preparei. Talvez pela fragilidade da primeira
gravidez, essa segunda foi cheia de cuidados, troquei cinco vezes de obstetra,
porque ao meu ver, nenhum deles dava a devida atenção ao “estado especial”
em que me encontrava. Cada dorzinha, ou suspeita de algo não estava bem, corria
para o hospital, a fim de escutar o meu bebê, ou para o consultório do
médico. Me sentia tão fragilizada, tão ameaçada que obviamente,
acabou prevalecendo novamente a decisão maioral do médico, quando em uma
consulta de rotina às 37 semanas, onde eu me queixava de que a barriga estava
dura e dolorida, me mandou ao hospital no dia seguinte pela manhã para realizar
alguns exames. Um dos exames detectou índice de líquido amniótico muito baixo
(ILA = 2,5), o que colocaria meu filho em sofrimento fetal: “seu filho tem que
nascer hoje”, foi o que ouvi. Então perguntei: “Então o senhor vai induzir o
parto?” – e a resposta: “De jeito nenhum. Seu bebê não agüenta. Não
tem líquido para ele minha filha”. Meu mundo caiu, como diria Maysa. Sentei no
corredor frio do hospital e desabei a chorar. Cinco enfermeiras me cercaram e
me disseram que era melhor assim, pois meu bebê era muito grande! Entrei aos
prantos no centro cirúrgico, passei mal a cirurgia inteira. Meu mal-estar só
passou quando ouvi o choro do meu bebê. Mas não pude pegá-lo. Estava com os
braços amarrados, só senti o seu cheirinho, dei um beijo e o levaram.</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Pelo menos
desta vez, o alojamento foi conjunto. Meu filho foi para o quarto menos de duas
horas depois de ter nascido, meu leite veio mais facilmente. Consegui amamentar
melhor do que da primeira vez. Mas novamente me sentia angustiada. Impotente. A
única certeza que eu tinha era de que não engravidaria outra vez, pois segundo
diziam, após duas cesáreas eu teria que me submeter a uma nova cesárea. Tive
dores horríveis ainda no hospital, fui medicada com Traumal (logo eu,
que odeio remédios). Sofri horrores com uma dor insuportável na barriga devido
à manobra de Kristeller (não sei se é assim que escreve) durante a
cesárea. A minha recuperação da segunda cesárea foi muito pior do que a
primeira. Talvez porque eu tenha me preparado psicologicamente apenas para o
parto normal, talvez porque eu não tenha aceitado a situação, eu não sei. Eu me
sentia impotente e responsável por aquilo, mas não sabia o por que. Eu só
sei que a única certeza que eu tinha naquele momento, era de que não teria
outro filho jamais. Não tinha condições psicológicas e físicas de encarar uma
nova cesárea. Mas faltava algo. Eu sentia a necessidade de passar pela
experiência do parto. Parecia um belo quebra-cabeça, com uma peça faltando, e
que fazia com que toda a imagem perdesse o sentido. Era assim que eu me sentia.</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">O relato a
seguir, faz parte do livro que estou escrevendo. O livro começou com uma carta
de boas vindas para Catharina, eportanto o relato é contado PARA ela.
Talvez vocês estranhem referencias ao “seu pai”, ou “seus irmãos”. Mas para não
reescrever o relato, retirei do livro apenas alguns capítulos, os que retratam
o trabalho de parto <st1:personname productid="em si. O" w:st="on">em
si. O</st1:personname> livro que está quase pronto, contemplatoda a minha
busca pelo VBA2C, as dificuldades, as incertezas, o apoio que recebi de tantas
pessoas, dos integrantes do IshitarSorocaba, das listas de discussão na
internet e comunidades do Orkut, de forma que possa servir de estímulo e talvez
orientação para quem já passou por uma ou mais cesáreas e assim como eu, deseja
parir. Porém, é principalmente um instrumento de divulgação para mulheres que
nunca engravidaram, um instrumento de alerta “Não façam a primeira
cesárea”. Porque depois da primeira, tudo fica mais difícil. Quem ainda não tem
filhos, opte e faça valer a sua opção pelo parto normal, de preferência natural.</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Entrei em
pródromos no dia 29 de março. Tenho certeza. As contrações começaram a vir
regulares, durante 3 horas e depois pararam. Comecei a perder o tampão mucoso
em maior quantidade no dia 02 de abril, sexta-feira santa. Tive muitas
contrações durante todo o final de semana de páscoa, mas nada delas ficarem
regulares. Estava tensa, precisava entrar em trabalho de parto, pois a GO já
estava preocupada e desconfortável em prosseguir com a gestação devido a todos
os fatores de riscos associados: Duas cesáreas anteriores, diabetes gestacional
e baixa movimentação fetal que tinha acontecido na madrugada de 28 para 29 de
março (posso dizer até ausência de movimentos). Parei de trabalhar devido a
todos os exames que a GO pediu, estava então com 39 semanas completas. Foram
dias difíceis, tensos. A pedido da GO eu ia ao hospital, a cada dois
dias para fazer o cardiotoco e monitorar sua movimentação.
Chegava no hospital e sempre “esquecia” o cartão de pré-Natal. Na
ficha de admissão, eu sempre omitia uma cesárea (dizia que tinha um PN feito há
12 anos e uma cesárea por baixo ILA há 2,5). Sempre colocava uma semana a mais
na data da ultima menstruação, e dizia que estava indo ao hospital, a pedido da
GO que era de outra cidade, porque tinha ligado para ela dizendo que o bebê não
estava com boa movimentação. Acabei ficando mais conhecida no hospital que o
próprio porteiro. Eles achavam estranho eu sempre esquecer o cartão
de pré-natal, mas eu dizia “cabeça de grávida… a gente fica muito esquecida,
não é…”. Sempre me recusava a passar pelo exame de toque, dizia que não sentia
nada, cólica nem contrações. Os plantonistas me olhavam torto, mas respeitavam.
E quando me perguntavam para quando estava agendada a cesárea, eu dizia que
queria parto normal, e eles me olhavam como uma ET. Exceto uma plantonista.
A Dra Adriana. Que graça. Me apoiou, disse que eu devia mesmo
tentar, e que era muito melhor para o bebê e para a mãe… Com ela eu falei a
verdade sobre a diabete gestacional, mas não contei das duas cesáreas. Não era
louca, já estava com quase 41 semanas quando passei com ela. Depois dos exames
perguntei se ela se sentia confortável em prosseguir mais uma semana, se eu
fosse paciente dela. Ela disse que pelos exames sim, mas que seria realmente
necessário monitorar no máximo a cada dois dias. E reforçou é claro: Como você
tem “uma” cesárea não pode receber ocitocina. Assim, reze para começar o TP
espontaneamente. Mal sabia ela que na verdade eu tinha eram duas cesáreas.</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Fazia em
casa o mobilograma após as refeições, e isso me deixava muito
mais tranqüila. Você estava bem e respondia bem aos estímulos.</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">A semana do
dia 05 de abril passou lentamente. Fiz sessões de acupuntura diariamente com a
Carla Dante, indicação da Priscila (minha parteira) aqui <st1:personname productid="em Sorocaba. Durante" w:st="on">em
Sorocaba. Durante</st1:personname> as sessões, eu tinha contrações
regulares, que depois sessavam.</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Ainda no dia
08 à noite, liguei para Carla Arruda (foi a primeira pessoa com quem conversei
sobre VBA2C. Ela coordena o Ishtar em Sorocaba, criamos uma relação
de amizade). Perguntei se ela poderia vir em casa para fazer minha barriga de
gesso na 6ª feira….Seria a despedida da barriga!</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Na sexta,
acordei com contrações doloridas, um pouco mais regulares. Liguei para
Carla acupunturista e perguntei se ela podia vir pra casa para fazer
mais uma sessão, pois sentia que algo estava diferente, parecia que iria
engrenar (ou será que era minha ansiedade)? A Carla veio cedo, fez a sessão e
foi embora pois tinha que trabalhar. Fiquei o dia todo com algumas
contrações, mas nada do TP engrenar. Não estavam fortes, mas pelo menos não
pararam igual parou na semana anterior. Fui caminhar com a Val(nossa
vizinha, que apesar de morrer de medo do parto normal, e ter optado pela
cesárea eletiva quando estava grávida da Júlia, comprou a causa, me apoiou o
tempo todo… passava todo dia em casa me chamando para caminhar… foi muito legal!).</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Logo depois
do almoço, a Carla e o Henrique (bebê lindo dela) vieram em casa para
fazermos a barriga de gesso. Foi uma tarde muito agradável, a sua irmãzinha
Beatriz participou, foi muito legal. Barriga moldada, combinamos da Carla
pegar a barriga na 2ª ou 3ª feira para fazer o acabamento.
Enquanto isso iríamos guardá-la em casa…</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;"><u1:p></u1:p> A
sexta-feira acabou e nada de trabalho de parto. Mas era incrível como eu estava
me sentindo mais calma e tranqüila depois da conversa que eu tinha
tido com a GO na 5ª feira (eu tinha dito a ela que assumiria todos os
riscos mas que não faria a cesárea na 6ª feira, dia 09 como ela
queria), com a Leticia, com a Carla e com o seu avô. Seu pai ao contrário,
estava cada vez mais ansioso. Ele já tinha entendido que não adiantava me falar
de cesárea, de riscos, disso e daquilo porque eu estava DECIDIDA. Continuou me
apoiando, mas desta vez sem falar em riscos, em problemas assim como eu tinha
pedido. Foi fundamental. Pedi a ele que confiasse em nós duas. E ele estava
confiando… senão já teria jogado a toalha!</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Sábado, dia
10, foi o primeiro dia em tantos que acordei tranqüila e confiante…
eu tinha certeza que as coisas iriam acontecer. Acordei cedo, logo que fui
tomar café da manhã, vi um torpedinho da Rebeca (doula de BH),
perguntando se estávamos bem e se colocando a disposição para o que fosse
necessário. Ela estava em SP aguardando um
outro arianinho preguiçoso dar o sinal de vida, como ela mesma disse
(risos). Também recebi um torpedinho da
Carla acupunturista e da Lina. Depois do café fui ao Ishitarpara
mais uma reunião. A Priscila faria parte daquela reunião e falaria sobre parto
domiciliar. Seu pai foi trabalhar, levou seus irmãos para casa da sua avó, e a
Carla Arruda (são tantas Carlas, risos) passou em casa para me pegar.
Fomos juntas ao Ishitar. Subi as escadas com o Henrique (bebê da Carla) no
colo, quem sabe assim ajudava a induzir? A reunião foi muito legal, pessoas
novas, uma colega que também tinha tido 2 cesáreas e está grávida
novamente e não sabia que era possível tentar um parto normal após duas
cesáreas. Quando me apresentei, fiz questão de dizer a ela que SIM, é possível!
Ela se sentiu da mesma forma que eu me senti há alguns meses atrás…
enganada.. roubada. Chorou, da mesma forma que eu chorei da
primeira vez que fui aoIshitar. Me senti responsável por aquela
mulher…. não sei explicar, mas tenho a impressão que nossa história
fará toda a diferença para ela, assim como para outras mulheres.</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;"><u1:p></u1:p>Terminada
a reunião, a Priscila ouviu seu coraçãozinho, mediu minha pressão e atestou:
Vocês estão ótimas! Fique tranqüila. A Priscila, sempre incentivando e
acreditando que tudo daria certo!</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;"><u1:p></u1:p>A
Leticia também estava lá. Conversamos bastante. O seu pai chegou, acompanhou o
exame, mas ele estava tenso. Eu morria de dó do seu pai, mas não podia desistir…
Eu sou teimosa mesmo, quando coloco algo na minha cabeça, é difícil tirar… É
claro que não colocaria você ou eu <st1:personname productid="em risco. Mas" w:st="on">em
risco. Mas</st1:personname> todo o monitoramento que estávamos fazendo
mostrava que nós duas estávamos muito bem. Isso era o bastante para me
deixar tranqüila. Já ele coitado, não sentia você dentro da barriga, então
era difícil entender que estava tudo bem, após tudo o que ele tinha ouvido da
GO. Fomos embora do Ishitar, morrendo de fome… Já era tarde, e precisava
me alimentar e alimentar você!<strong> </strong></span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Após a
reunião no Ishitar, onde encontramos várias pessoas queridas, eu me sentia
incrivelmente bem disposta e com energia. Precisávamos comer e pegar seus
irmãos na casa da sua avó. Foi o que fizemos. Fomos para casa, almoçamos e fui
deitar. Seu irmão, depois de tantos dias arredio, aceitou o convite
para dormir comigo depois do almoço. Deitamos na cama da mamãe, abracei e
aconcheguei seu irmãozinho, dormimos abraçadinhos… Que delícia! Deitados de
conchinha, sentindo o cheirinho dele… Ele entregue aos meus braços, como há
dias não fazia.</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Era 14:40 quando
me levantei, seu irmão dormindo gostoso e senti algo descendo pela vagina, a
mesma sensação de quando estamos menstruadas. Como já estava perdendo o tampão
há quase 10 dias, achei que fosse o tampão… Mas a calcinha ficou bem molhada.
Mostrei para seu pai, ele perguntou “não é xixi?”. Eu disse que não, que não
tinha cheiro de xixi, e também eu não tinha “soltado”, simplesmente tinha
“descido”. Liguei para a Priscila (parteira), dizendo que achava que a bolsa tinha
rompido, mas que deveria ser uma ruptura alta, porque havia vazado um pouco e
parado. Ela disse que se fosse uma ruptura alta que o TP poderia ainda demorar
muito para começar, pois rupturas altas não fazem o efeito de uma ruptura
baixa. Mas pediu para eu observar e qualquer coisa ligar para ela. Voltei a
deitar, abraçadinha com seu irmão. Quando acordei, sentei na cama e senti um
“ploft” no colchão. Levantei e um pouco de líquido correu pela
minhas pernas. Chamei seu pai para ver. Fiquei tão eufórica que não
conseguia disfarçar! Isso já devia ser umas 4 horas da tarde…. Mandei
torpedo dizendo que tinha certeza que era a bolsa que tinha rompido e que
não parecia ser ruptura alta para Priscila, para a GO, para a Leticia (doula),
para a Rebeca (Parto Nosso) e para a Joana… Ah! A Joana… esqueci
de mencionar… Ela foi a minha inspiração… É uma pediatra de Campinas, que
tinha tido 2 cesáreas e pariu lindamente em casa a Ana Luiza, acompanhada pela
Priscila…</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">A cada
esforço que eu fazia saía uma quantidade boa de líquido. Tive que colocar uma
fraldinha de pano dobrada entre as pernas, para não ficar pingando pela casa… a
Priscila, a Rebeca e a Leticia sempre me encorajando dizendo “que bom Gi!
Agora você entra em TP…. é só uma questão de tempo!”. Chorei de
emoção… Seu pai me perguntou porque eu estava chorando e eu respondi: “Mesmo
que uma cesárea seja necessária, agora ela já deu o sinal que está pronta para
nascer. Meu corpo está funcionando! Estou feliz!”. Avisei minha
prima Evelim que mora em SP também… o planejamento inicial era levar
seus irmãos para casa dela, assim eles poderiam nos visitar e conhecer você
ainda no hospital.</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Coloquei
até uma notinha na lista Parto Nosso (pelo Black Berry), de que a Bolsa tinha
rompido. Novamente, várias mensagens positivas… A melhor coisa que eu fiz, foi
ter entrado para a lista, mesmo no finalzinho… É tão bom ver que tem
pessoas que a gente nem conhece torcendo para que tudo de certo!!!</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">A GO pediu
para eu fazer um cardiotoco e passar na maternidade de Sorocaba para
ver se era a bolsa mesmo que havia rompido… Não quis ir até lá no sábado, uma
porque não queria que fizessem o exame de toque (eu tinha medo que
contaminasse) e outra porque a Priscila já tinha escutado seu coração
mais cedo e você estava bem. Decidi que faria no domingo caso nada acontecesse
naquele Sábado…</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Resolvemos
sair para fazer umas comprinhas, para abastecer a dispensa, pois não havia
quase nada em casa, e se realmente fossemos viajar, precisaríamos deixar a
geladeira abastecida. Saí com a fralda de pano entre as pernas. A Leticia, toda
hora mandava torpedo para saber como estávamos. Já começava a sentir as
contrações mais doloridas, uma dor diferente, mas
aindamuuuuito irregulares. Ela pediu para mantê-la
informada, e a Priscila também.</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Voltamos
para casa, guardamos a compra e aí, a coisa começou a pegar… Lá pelas 22 horas,
as contrações começaram a doer para valer, e a ter certa regularidade. Coloquei
outra nota no Parto Nosso, dizendo que provavelmente que estava entrando <st1:personname productid="em TP. Comecei" w:st="on">em
TP. Comecei</st1:personname> a tomar o Caulophylum de 20 em 20
minutos conforme o livro de homeopatia sugeria. Fui mandando torpedo para
a Leticia e para a Priscila, até que a Pri me ligou e disse para eu
ligar para Leticia e pedir para que ela viesse para casa. A Leticia já estava a
caminho. Eu não conseguia ficar deitada. As contrações vinham a cada 15 minutos
mais ou menos, mas como a dor era intensa se eu estava deitada, cada vez que
vinha uma contração eu ficava paralisada, não conseguia mudar de posição, o que
tornava a contração mais dolorida ainda…. Pedi ao seu pai para tentar
dormir, porque se caso o TP engrenasse mesmo, ele precisaria dirigir até SP e
precisaria estar bem para isto. Ele preferiu dormir na sala, e me deixou no
quarto. Disse que se eu precisasse usar o banheiro o quarto seria mais
confortável. Então eu fiz uma montanha de almofadas e ficava debruçada sobre
ela… Quando a contração vinha, nesta posição era menos dolorida. A Priscila
havia me dito para tentar descansar o máximo possível, porque iria precisar de
energia quando o TP realmente estivesse na fase ativa… mas como dormir com
aquelas contrações? Descobri que era possível dormir entre as contrações, então
a cada 15 minutos eu acordava com a dor, rebolava, ou agachava, e quando a dor
passava eu voltava a dormir. A Letícia chegou por volta de 01 da manhã.</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">A Leticia
foi A doula. Ela fez chá de framboesa que a minha amiga Raquel trouxe
dos EUA para mim, com canela e gengibre. Preparou o escalda pés, fez
massagem. Cada vez que eu acordava com contração, com dor, ela fazia massagem
na minha lombar. Me incentivava a agachar, acocorar e chamar por
você. “Venha Catharina….”. Me deu o Caulophylum de 15 em 15
minutos (a cada contração) a noite inteira. Hora ou outra chegava um torpedo da
Priscila pedindo notícias, como estava progredindo. Mandei a Priscila ir dormir
umas 3 vezes por torpedo, mas ela não conseguiu. Aliás, só
consigo lembrar dos detalhes por causa dos torpedos. Às 02 da manhã,
a Priscila encanou que “precisava ouvir a Catharina”… eu nem me toquei, mas ela
estava contando as horas de bolsa rota…Sei que ela apareceu em casa devia
ser umas 04 ou 05 da manhã… Adivinhem? As contrações pararam claro… Como eu
estava sensível às mudanças! A Leticia chegou, as contrações desregularam.
A Pri chegou, as contrações pararam. A Pri foi embora, o
bicho pegou novamente. Amanheceu, tomamos café da manhã e a Leticia foi
caminhar comigo. Caminhamos, mas eu estava bem cansada pela noite mal dormida…
Logo perto da hora do almoço, deixamos seus irmãos na casa da vovó e fomos ao
hospital fazer o cardiotoco que a GO pediu. Durante o exame
tive 2 contrações beeeeeem doloridas. Mas como estavam muito
irregulares, a Leticia foi para casa dela. Disse que a chamaria caso apertassem
de novo. Fomos para casa, almoçamos e resolvemos deixar seus irmãos na
casa da sua avó. Assim ficaria mais a vontade para gritar se fosse preciso,
ficar pelada. Ficaríamos mais tranqüilos e seu pai poderia descansar
também. Lá pelas 2 horas da tarde, com quase 24 horas de bolsa rota, as
contrações começaram a pegar mesmo. Como doíam! Mas ainda estavam bem
irregulares. Tomei banho quente, rebolei na bola que a Leticia tinha deixado…
Arranquei toda a roupa… A Leticia enviou um torpedo, perguntando como eu estava
e eu disse que as contrações estavam apertando. Comecei a sentir frio…
Seu pai mediu minha temperatura e ficou preocupado, pois estava com 37,7 –
justo eu, que NUNCA tive febre na vida – nem com pneumonia, nem com
apêndice infeccionado, com nada! Ele resolveu ligar para a Priscila, que pediu
para avisarmos a GO… Mas eu não quis preocupa-la. Seria mais um fator de risco.
Ela sabia da bolsa rota desde sábado, eu havia mandado torpedo falando do cardiotoco e
silêncio total… nenhum torpedo nenhuma ligação pois ela estava num
curso o dia todo. Por volta de 16:30 a Priscila conseguiu falar com
ela… e me ligou. Meu mundo caiu. Seu pai queria ir para o São Luiz. A Priscila
queria ir para o São Luiz. A GO não queria. Disse com todas as letras que se eu
chegasse no São Luiz fora de TP ativo, que ela me faria uma cesárea
sem hesitar. Disse que ela era visada no São Luiz, que não podia internar uma
paciente com duas cesáreas anteriores, diabete gestacional, 40 semanas
e 5 dias, e quase 30 horas de bolsa rota! Ela me ligou no intervalo
do curso, e repetiu a mesma coisa que disse para a Priscila para mim. Disse que
eu sabia desde o começo que se o trabalho de parto não fluísse naturalmente,
que eu sabia que seria cesárea… Eu tentava dizer para ela que estava fluindo e
ela não me ouvia… Comecei a ficar nervosa, acho que comecei até a gritar… No
meio da discussão tive uma contração muito forte, passei o telefone para o seu
pai… Ela repetiu tudo que tinha me dito para o seu pai. Seu pai tentando
negociar. Sugeriu para ela que fossemos para o São Luiz, e que se nada
acontecesse até as 07 da manha ela podia fazer acesárea. Quando a
contração passou, ele voltou o telefone para mim… Ela começou a repetir as mesmas
coisas, eu disse que ela tinha aceitado o caso, que ela não podia me deixar à
deriva assim… Aí veio o mais absurdo. Ela me disse para internar no hospital de
Sorocaba e que quando o trabalho de parto realmente estivesse ativo, para pedir
alta pedido e ir para SP. Eu disse que ela estava louca, que eu não
ia internar <st1:personname productid="em Sorocaba. Que ELA" w:st="on">em
Sorocaba. Que ELA</st1:personname> era minha medica, e que eu ia internar
no nome dela <st1:personname productid="em SP. O" w:st="on">em
SP. O</st1:personname> seu pai disse que eu gritei com ela “quer dizer que
estou sem médica então?”… eu não me lembro disso… sei que disse para ela que
iria desligar e que depois falava com ela… Isso devia ser
umas 5 ou 6 da tarde… Chorei de raiva, de ódio de indignação!
Não tinha chegado até ali, para ouvir que iria ser submetida a uma cesárea!
Embora todo mundo diga que para ter contrações tem que estar “zen”, para
liberar ocitocina, comigo foi exatamente o contrário. Eu estava com tanta raiva
da situação que acho que foi a raiva que desencadeou as contrações… Vieram
muito doloridas… Fui caminhar com a Leticia, nessa altura as contrações estavam muito
fortes, a Priscila já estava em casa, tinha me examinado. O colo estava
anterior e bem mais molinho, o que significava que as contrações estavam
trabalhando o colo. Nada de dilatação ainda, mas bem mais trabalhado. Cada
contração que vinha eu agachava…. Estava difícil não gemer e não fazer
barulho, porque as contrações estavam realmente doendo. Seu pai resolveu ir
buscar seus irmãos e sua avó para ficarem <st1:personname productid="em casa. A Leticia" w:st="on">em
casa. A Leticia</st1:personname> me ajudou a terminar de arrumar as coisas
para levar ao hospital. Não sei em que momento, a GO ligou para a Priscila
novamente, não sei nem para que… Sei que ela me ouviu urrando de dor, e falou
para a Pri que éramos para ir para São Paulo… Nem acreditei…
Continuamos andando, tomando chá, tomando as homeopatias… E seu pai não chegava
nunca… foi uma eternidade… até a Letícia falou: “Tá com pressa de ir pro
hospital? Quanto mais tempo ficarmos aqui é melhor!” Mas eu tinha medo era de
não conseguir ficar sentada no carro se as contrações piorassem…. E elas
estavam piorando.</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Seus irmãos
e sua avó chegaram. Que felicidade ver seus irmãos! Foi uma alegria tão grande
revê-los depois de tantas horas! O Arthur quis colo, estava carinhoso
novamente… A Bia estava com o rostinho preocupado… Expliquei para ela que eles
não iriam, porque eu precisava do banco de trás e precisava que a Leticia fosse
comigo. Disse que se desse alguém iria buscá-los em Sorocaba para nos visitar.
Ela entendeu, ou pelo menos fez que sim… É uma mocinha, e compreendeu que
aquele momento não era para discutir. Chorou quando nos despedimos… Fiquei
morrendo de dó. Acho que ela chorou por não poder participar, não poder ir
junto.</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Saímos de
Sorocaba por volta de 21 horas do domingo, dia 11. Ao
sairmos as contrações deram uma espaçada, mas ainda
vinham muuuuito fortes. Eram, realmente, diferentes de tudo o que eu
tinha sentido nas duas ultimas semanas. Tinha certeza que o TP havia começado.
Era só uma questão de tempo para receber você em meus braços. Em uma hora de
viagem, acho que tive mais ou menos umas 05 contrações fortes.
Chegamos em SP, e seu pai e a Letícia estavam com muita fome. Eu na
verdade também, porque tínhamos apenas almoçado e mais nada além de chá.
Seu pai quis parar no Mcdonalds (para meu desespero e da Letícia!), mas como a
Priscila já tinha liberado para comer (ela tinha certeza que era trabalho de
parto), fomos lá, encarar o tal do Mc gordura. Pedi um lanche de frango
grelhado, de forma que minha consciência pesasse menos… mas estava difícil
comer com dor.</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Terminamos
de comer e seguimos direto para a maternidade São Luiz. Chegamos lá, o carro
uma zona, paramos na frente da maternidade e fomos recebidos pelo porteiro
todo engravatado, com rádio. Aquele hospital é o mundo de caras. Não existe
nada parecido aqui <st1:personname productid="em Sorocaba. Pegamos" w:st="on">em
Sorocaba. Pegamos</st1:personname> um carrinho (igual aos de aeroporto) e
colocamos todas as malas. Foi quando tive uma contração daquelas. O segurança
ficou olhando para mim espantado. Perguntou se eu queria uma cadeira de rodas,
e eu é claro, disse que não! Tudo o que eu NÃO queria era ficar
sentada! Sentada e deitada a dor era muito pior!</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">A Leticia
me acompanhou até a recepção do hospital, enquanto seu pai foi levar o carro
até o estacionamento. Enquanto esperava a recepcionista desligar o telefone,
enviei torpedo para a Priscila e para a GO informando que já havíamos chegado.
A GO respondeu, dizendo para abrirmos uma ficha que a enfermeira ligaria para
ela. Isso era um pouco mais de 22 hs. Assim que terminamos a
admissão, a enfermeira nos encaminhou para uma sala para fazer o exame admissional.</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Mandou que
eu tirasse a roupa, e colocou um cardiotoco. Eu disse que não queria o
exame de toque, que esperaria pela médica para fazer. Ela ligou para a GO, que
pediu que fizessem o toque. Já não gostei do procedimento aí, mas não
estava afim de ficar brigando. Durante o cardiotoco tive
duas contrações bem fortes e outras mais fracas, irregulares. A Priscila e o
seu pai também chegaram e acompanharam o exame. Após terminar
o cardiotoco, a enfermeira fez o toque, constatou <st1:metricconverter productid="3 cm" w:st="on">3 cm</st1:metricconverter> de
dilatação, colo médio e anterior. Já tinha melhorado – em casa estava com <st1:metricconverter productid="1 cm" w:st="on">1 cm</st1:metricconverter> de
dilatação, colo grosso e anterior. Sinal que as contrações estavam surtindo
efeito sobre o colo. Nesta altura eu já estava perdendo bastante líquido
bastante tampão e um pouco de sangue.</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Priscila e
Leticia saíram da sala e o seu pai ficou comigo para respondermos o
questionário. Resolvi omitir algumas informações de forma que a GO se sentisse
menos desconfortável com a situação. Omiti as 30 horas de bolsa rota,
omiti 1 cesárea e omiti a diabete gestacional. A única que tinha que saber de
tudo isso era GO, que seria a responsável pela minha internação e pronto. Essas
informações não iam ajudar em nada se eu colocasse na ficha de admissão do
hospital.</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Saímos da
sala de exames e ficamos na recepção luxuosa do São Luiz esperando pela sala
de Delivery (sala de parto natural). A cada contração eu agachava na
recepção e rebolava. Acho que o pessoal que estava lá deve ter achado que eu
havia fugido do hospício… Mas eu não estava nem aí… Estava feliz por estar
entrando em TP, embora ainda irregular.</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">A Leticia
então sugeriu que fossemos caminhar, e a Priscila mostrou onde havia
uma mega escada. Fomos até a escadaria, e subimos até o quinto andar,
de 2 em 2 degraus. A cada 5 minutos vinha uma contração
pior que a outra e eu agachava em cada uma das contrações e rebolava. Segurava
no corrimão da escada e agachava até a contração parar. A Letícia fazia
massagem na minha lombar até melhorar a dor da contração. Descemos
os 5 andares novamente, fui ao banheiro um pouco de sangue vivo
apareceu no absorvente. Bebi um pouco d’água, prendi o cabelo e descansei uns
10 minutos antes de começar a peregrinar pelas escadarias do São Luiz
novamente. Repetimos esse processo mais duas vezes, sob os olhares curiosos e
porque não dizer, contestadores da ascensorista e do segurança. Comecei a ficar
impaciente, com vontade de arrancar a roupa, e a gente ali na recepção do São
Luiz. Demorou demais para liberarem a sala do Delivery, quando finalmente
veio a noticia, comemoramos. Junto com a liberação da sala, chegou a Eneida. A
Eneida é uma acupunturista maravilhosa que trabalha com os médicos
humanizados<st1:personname productid="em SP. Acho" w:st="on">em
SP. Acho</st1:personname> que a GO havia ligado para ela ir para lá.</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Claro que
eu e a Letícia fomos para a LDR (labor delivery room) de escadas.
Entramos na LDR por volta de meia noite. A Eneida começou a “medir” a energia
do lugar e usar umas sementes de Aguaí para equilibrar pontos desfavoráveis…
Acho que foi isso… a partir daqui não tenho muita certeza da ordem cronológica
dos acontecimentos e para ser sincera, nem dos acontecimentos. Fiquei “bem”
impressionada com a sala. Tinha lido diversos relatos de mulheres que ao
chegar no hospital acabam travando. Comigo foi exatamente o oposto.
Estava em um ambiente que eu não conhecia ninguém, que podia gritar, fazer o
que quisesse que ninguém viria bater na minha porta para perguntar o
que estava acontecendo. Pela primeira vez, agradeci ao seu pai por não ter
apoiado o parto domiciliar. O condomínio onde moramos é muito legal, mas é
pequeno e todo mundo acaba se metendo onde não deve. Lá no hospital, me senti
mais a vontade.</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Uma
enfermeira veio nos receber, colocou uma pulseira amarela no meu pulso (até
agora não sei pra que serve) e logo tratou de me colocar no cardiotoco.
Lembro que pedi para a Leticia fazer o chá de framboesa da Raquel, e para isso
precisávamos de água quente. A Priscila pediu e logo veio uma bandeja com água
mineral e duas garrafas de água quente para fazer o chá.</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">O cardiotoco deu
tudo OK, então a Eneida começou a fazer a aplicação das agulhas. Não sei onde
estavam todos, sei que fiquei por uma hora na sala só com a Eneida. Ela
trabalhou todas as cicatrizes. Disse que era importante restabelecer o fluxo de
energia que normalmente com uma cicatriz fica prejudicado. Impressionante que
as contrações começaram a vir ritmadas de 5 em 5 minutos… e como eram
fortes… Era mais ou menos 1 da manhã. Eu estava deitada recebendo a acupuntura,
e era muito difícil ficar deitada. Ela também ministrou alguns florais… Até que
as pessoas começaram a surgir… Leticia e Priscila chegaram paramentadas,
trouxeram chá, biscoito e maçã eu acho. Mas eu não conseguia comer nada… só
bebia muita água. A Eneida tirou as agulhas, devia ser umas 2 horas da manhã…
acho que as contrações estavam acontecendo a cada 4 minutos, não
tenhocerteza, mas eu lembro que a dor era imensa. Eu não conseguia ficar
parada. Cada vez que vinha uma contração eu rebolava, dançava… estava muito
frio naquela madrugada. Lembro que a Leticia ligou o aquecedor perto da mesa de
exame do bebê recém-nascido. Eu me apoiava na prancha da mesa e rebolava. Não
sei como aquela prancha não quebrou.</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;"><u1:p></u1:p><u1:p></u1:p>Eu
sempre ouvia a Priscila no telefone com a GO. Sempre contando para ela o que
estava acontecendo. Numa dessas vezes, a GO falou que o hospital ligava uma
câmera que tinha na LDR para caso a paciente quisesse que a família
acompanhasse o trabalho de parto. Eu só ouvia a Priscila e o seu pai indignados
com a informação… Eu não estava nem ligando. Estava tão absorvida com tudo
aquilo que não me importei. Depois fiquei sabendo que por via das dúvidas, seu
pai colocou um pano na frente da câmera… Hilário, até agora não sei se filmaram
ou não. Seu pai jura que filmaram, uma vez que segundo ele, como eu parecia uma
leoa rugindo, claro que alguém iria querer ver o que estava acontecendo!</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Eu não me
lembro de muitas coisas, estava na Partolândia… Mas como a Leticia tirou
algumas fotos e fez alguns vídeos, assistindo vem alguns flashs na
minha mente. Eu lembro que a cada contração, seu pai ou a Letícia massageavam
minha lombar. E eu agradecia por meu corpo por estar funcionando e respondendo.</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;"><u1:p></u1:p><u1:p></u1:p>Eu
chorava e ria ao mesmo tempo. A Priscila me perguntou por que eu estava
chorando, se era de dor… e eu disse “é de felicidadePri!</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;"><u1:p></u1:p>Eu
estou tendo as contrações”… dizia isso e chorava, ria e agradecia (olha a
foto ao lado! Rindo!!)</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Eu sei que
me sugeriram o chuveiro e a banheira e eu não quis… tive medo do trabalho de
parto parar por causa da água… mas acho que eu devia estar com muita dor, pois
insistiram demais para eu ir para o chuveiro. Lembro que fui, tentei ficar na
bola embaixo do chuveiro. Sei que o seu pai acabou me tirando de lá e começaram
a falar que eu estava me queimando de tão quente que estava a água…
Briguei com a Priscila e com o seu Pai, porque eu estava com dor, e eles
ficavam me atormentando, dizendo que eu estava com as costas vermelha e
queimada por causa da água muito quente.</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Lembro que
saí do chuveiro quente, e parece que as contrações ficaram piores, mais fortes.
Eu fui pra bola suíça e cada vez que vinha uma contração eu rebolava,
freneticamente sobre a bola, até a contração passar…</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Não sei em
que momento, a tal pulseira amarela começou a me irritar… me
sentia presa, aquela pulseira me apertando… foi uma sensação horrível.
Pedi desesperadamente para tirarem aquilo do meu pulso. Alguém arrumou uma
tesoura e cortou a pulseira… ufa, que alívio… pareciam que estavam tirando uma
algema de mim… É impressionante, como detalhes tão pequenos como esta pulseira,
interferem no momento do parto. O mesmo aconteceu com a camisola… Quando
cheguei na LDR, a enfermeira veio com uma sacola do hospital, com
duas camisolas dentro. Tentaram me fazer vestir a roupa do hospital, mas fiquei
menos de 5 minutos com ela e já arranquei… que tecido estranho, áspero.</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Com relação
à roupa, bom esse é um caso a parte. Como estava frio, foi um tal de
tirar e colocar roupa… uma hora me dava calor eu arrancava toda a roupa… outra
hora me dava frio e eu colocava meu hobbie de malha velhinho. Teve um
momento que a Leticia colocou até uma blusa de lã sobre mim (sei por que vi o
vídeo).</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Lembro
da Leticia fazendo massagem, pedindo para eu relaxar… mas era difícil
relaxar… cada contração que vinha, parece que meu corpo inteiro contraía junto…
tem algumas coisas que não dá para controlar…. Lembro que quando eu estava
sobre a bola, cansada, exausta, o seu pai sentou na poltrona atrás de
mim. Quando a contração passava eu me jogava para trás no colo
dele ainda sobre a bola… cochilava durante uns dois minutos e depois vinha uma
nova contração. Acho que ficamos assim, tentando descansar por uma hora.</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;"> A dor
estava cada vez mais forte, e a Priscila sugeriu a banheira novamente. Eu não
sei exatamente em que momento, mas eu sentia vontade de ir ao banheiro e não
saía nada… a Pri dizia que era você, descendo e fazendo pressão… mas
eu tinha certeza que era vontade de evacuar.</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">De repente
me deu uma vontade louca de vomitar. Vomitei muita água, acho que toda a água
que eu tinha bebido até ali.</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Seu pai me
ajudou a entrar na banheira, como foi difícil entrar… eu já estava com
dificuldades de fazer certos movimentos pelo cansaço. A banheira era alta, e
não tinha onde me apoiar para entrar.</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Estava num
estado que parecia de transe. Eu me deixava levar, tinha noção do que estava
acontecendo, mas não conseguia ter ação sobre nada. Lembro que entrei na
banheira e fiquei por lá durante umas 4 contrações… parece que as
contrações deram uma espaçada, não sei quanto tempo durou a imersão na água quentinha.
Santa banheira… consegui relaxar por um tempo. Depois não conseguia mais ficar,
a dor era muito forte eu precisava me mexer, era como se eu me
mexendo a dor fosse embora mais rápido.</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;"><u1:p></u1:p>Quando
saí da banheira, a Priscila e a Leticia me fizeram agachar em cada
contração…. eu estava exausta, parecia impossível ficar agachando.
Mas eu agachava, eu sabia que isso te traria mais rápido para meus braços. Eu
agachava e rebolava agachava, pulava agachada, é até estranho assistir aos
vídeos… com certeza eu estava na Partolândia em transe…</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">E a música
que estava tocando no aparelho de CD colaborava totalmente para um transe…
Parecia uma música indiana, música de ritual ou algo assim. Colocaram também
uma essência não sei se era de calêndula, mas deixou um cheiro muito bom, um
cheiro de natureza na sala… Tiveram alguns momentos que chamei pela sua avó
Sueli…. Pedi que ela me ajudasse, que medesse forças. Agradeci novamente
por tudo o que meu corpo estava passando. É algo tão intenso, que fica
impossível descrever. Só quem já passou pode entender.</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Nos
momentos em que a dor era tão forte, a Pri dizia: “Gi,’ uma a menos!
Coragem!”… e eu pensava “cheguei até aqui, nada me fará desisitr!”. Eu
consegui…. falta tão pouco agora! Vem Catharina, vem
filha…. ajuda a mamãe…. falta muito pouco”, era só
isso o que eu pensava, e acho que dizia também.</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Sei que
teve um momento que a Pri quis me examinar. Acho que a GO pediu, pois
ela quis porque quis ver a dilatação. A todo o momento ela ouvia o seu
coraçãozinho e tranqüilizava seu pai. Acho que devia ser umas 05 da
manhã e veio a melhor noticia da madrugada inteira: <st1:metricconverter productid="08 cm" w:st="on">08
cm</st1:metricconverter> de dilatação. Quando a Pri disse: <st1:metricconverter productid="08 cm" w:st="on">08
cm</st1:metricconverter>!, parece que o mundo
parou…. quase não acreditei! Faltava tão pouco!!! Aquilo me deu
um gás novo. Cada vez que a Pri ouvia o coração, a posição que ela
colocava o sonar estava mais e mais baixa… Você estava descendo… e cada minuto
que passava era um minuto a menos para te receber em meus braços… entre uma
contração e outra, que já estavam quase emendadas, eu tentava descansar,
respirar e relaxar.</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Sei que fui
novamente ao chuveiro. Pedi para seu pai entrar comigo. Não sei exatamente que
horas foi isso, mas ele entrou no chuveiro comigo, fez massagem na lombar a
cada contração.</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Quando saí
do chuveiro, fui direto para a bola… estava tão cansada que não conseguia mais
agachar a cada contração… também, acho que nessa altura nem precisava mais…
acho que você já tinha descido tudo. Sentei nua, no banquinho de parto
que estava posicionado em frente à cama, onde antes estava a bola, e debrucei
sobre a cama, tentando descansar…</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;"><u1:p></u1:p>Era
pouco mais de 6 horas da manhã quando a GO chegou. Pintou um clima meio
estranho de início, mas ela foi super carinhosa e atenciosa e
quebrou esse clima. Eu lembro dela dizendo para eu relaxar durante as
contrações, fez carinho <st1:personname productid="em mim. Acho" w:st="on">em
mim. Acho</st1:personname> que nessa hora foi a hora em que as
contrações estavam praticamente grudadas uma na outra. Muita dor. O problema
foi que ela quis fazer um novo cardiotoco para ver como você estava,
e era I-M-P-O-S-S-I-V-E-L ficar com aquele troço apertando a barriga… era tão
difícil, que o aparelho não conseguia manter o foco para registrar os seus batimentos
cardíacos. Mesmo assim eu deixei. Deixei porque tudo que fosse importante para
garantir o seu bem estar, eu estava encarando.</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Acho que
foi por volta de umas 6:20 ou 6:30, a GO sugeriu que eu sentasse na
banqueta de parto para que ela pudesse me examinar, para ver com quanto de
dilatação eu estava.</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Eu estava
sentindo os primeiros puxos, não conseguia mais ficar sobre a bola… a cada
contração eu tinha que levantar da bola e apoiava no joelho do seu pai, que
permanecia sentado atrás de mim me dando o apoio, massageando, dizendo palavras
para me fortalecer. Ele o tempo todo me lembrava que era isso o que
eu queria, e que agora faltava muito pouco para termos você em nossos braços.</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Então, a
Priscila e a Leticia posicionaram a banqueta de parto e uma escadinha atrás
dela para seu pai ficar e eu recostar nele. Sentia uma vontade imensa de
evacuar, e a GO e a Priscila diziam que era você quem estava fazendo pressão e
por isso eu sentia aquela vontade. Mas na verdade, eu realmente precisava
evacuar. E elas disseram para eu fazer o que eu precisasse fazer, pois a força
para evacuar ajudaria você a descer.</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Quando a GO
fez o toque, disse que já estava sentindo sua cabecinha. Eu mal acreditei! Mas
eu podia sentir o toque muito raso, quase fora da vagina! Perguntei para elas
se era verdade, se elas não estavam dizendo isso apenas para me animar. A GO
disse: “Coloque a mão. Você vai sentir o cabelinho dela!”. A emoção de colocar
a mão e sentir sua cabecinha, acariciar seu cabelinho eu não consigo descrever.
Foi seu primeiro “cafuné”. Foi a maior emoção que eu senti. Eu já estava no
final do expulsivo! Então a Priscila disse para a GO “A Gisele disse o trabalho
de parto inteiro que queria que eu aparasse a bebê!”. A GO saiu, a Priscila
assumiu a posição, sentou na minha frente com as pernas cruzadas. Colocou o
espelho na frente dela, colocou meus pés sobre os joelhos dela, mandou que eu
segurasse na banqueta de parto e que fizesse força para baixo, quando a
contração viesse. Seu pai, atrás de mim, com os braços passando por baixo
das minhas axilas, me suportando e apoiando o tempo todo! Só que eu não
sei porque, acho que era o êxtase do momento, mas eu já não sentia mais as
contrações… não sentia mais dores. Tive que me concentrar, e quando veio algo
parecido com uma contração, enchi o peito de ar e empurrei. Empurrei para
baixo, com toda a força que eu tinha… mas eu estava muito cansada!
A Pri e a GO me incentivaram: “Isso Gi, está fazendo
certinho. Continua, coragem!” – Mais uma contração e consegui ver sua
cabecinha coroando pelo espelho. Então a Pri disse para eu segurar,
ir devagar. “RespiraGi, não faça a força agora. Respira”. Senti o circulo de
fogo, que tinha lido em tantos relatos. É uma sensação muito diferente de tudo!
Queima, arde e ao mesmo tempo era tão gostoso sentir que você estava
chegando! Foi muito rápido… veio outra contração, a Priscila dizendo para
eu empurrar, fazer força junto com a contração…. uma força bem longa,
o mais longa que eu conseguisse…. e eu consegui. Segurei nas mãos do
seu pai (isso eu sei por que tem o vídeo), e fiz toda a força do mundo. Urrei
para tentar não fazer a força na garganta, para soltar a musculatura e
direcionar a força para o períneo. Fiz uma força longa e sua cabeça saiu. Senti
sua cabecinha saindo, depois senti um ombro e depois o outro…. e você
escorregou inteira para as mãos daPri.</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Só vi
quando você escorregou porque, durante a força, eu fechei os olhos e me
concentrei em fazer a melhor força que eu podia. Vi você toda gordinha,
redondinha, nos braços da Pri e te peguei. Peguei você com aquele
cheirinho gostoso de parto, um cheiro que eu já estava sentindo há dois dias…
tão macia, tão gostosa… Tão grande e ao mesmo tempo tão pequena…
A Pri exclamou “Nossa que meninona! Deve pesar uns <st1:metricconverter productid="4 kg" w:st="on">4
kg</st1:metricconverter>!!!”</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Seu pai,
não disse nada. Apenas chorou. A Leticia me deu uns panos para te aquecer, e eu
fiquei ali, sentada, exausta, feliz, te segurando e olhando nos seus olhinhos…
e você olhava nos meus olhos… Foi um momento só nosso, parecia que ninguém mais
além de nós 3 estava ali. Parece que o ambiente ficou sem som,
estávamos numa bolha, eu, você e seu pai. Você nem chorou. Ficou ali, calminha.
Coloquei você no peito, mas você só deu uns beijinhos, umas lambidinhas…
Ficou ali, sentindo o cheirinho da mamãe.</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Quando o
cordão parou de pulsar, a Pri falou: “olha Gi, pega o cordão. Já
parou de pulsar, viu?” – então pegou a tesoura, entregou para o seu pai, e
explicou para ele como ele tinha que fazer para cortar o cordão. Seu pai cortou
o cordão todo orgulhoso e feliz! (infelizmente só temos o vídeo, não temos
fotos).</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Quando me
dei conta, haviam duas pediatras na sala… acho que já deviam estar lá
mas eu não as tinha visto. Estavam esperando pacientemente eu te
entregar para elas realizarem os procedimentos. A pediatra que a GO tinha
chamado, estava presa no congestionamento de São Paulo, então chamaram as
pediatras de plantão mesmo. Eu disse que não queria nenhuma intervenção em
você, que não queria Vitamina K injetável, que não queria colírio de nitrato de
prata. Elas respeitaram, apenas ouviram seu coraçãozinho e te pesaram.</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Lembro
de ter perguntado seu Apgar, e uma delas respondeu: “Eu não sei. Mas
quando cheguei me disseram que foi 09 e <st1:metricconverter productid="10”" w:st="on">10”</st1:metricconverter>.
Acho que ela não gostou muito de ter sido chamada depois que você tinha
nascido. Seu pai acompanhou todo o exame que fizeram <st1:personname productid="em você. Você" w:st="on">em
você. Você</st1:personname> pesou nada menos do que <st1:metricconverter productid="3,900 kg" w:st="on">3,900
kg</st1:metricconverter>! Uma meninona! Depois que te examinaram você
ficou aconchegadae quentinha no colinho do papai enquanto a Priscila e a
GO cuidavam da mamãe.</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;"><u1:p></u1:p><u2:shape alt="Descrição: papai-orgulhoso" id="Imagem_x0020_6" o:spid="_x0000_i1032" style="height: 168pt; visibility: visible; width: 225pt;" type="#_x0000_t75"><u2:imagedata o:title="papai-orgulhoso" src="vba2c_arquivos/image012.jpg"></u2:imagedata></u2:shape><u1:p></u1:p>Enquanto
você estava sendo cuidada, a Priscila me transferiu para a cama, para ver se
havia alguma laceração no períneo.</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Fui para a
cama, colocaram aqueles apoios de pernas e fiquei lá, na posição mais gostosa
do mundo (risos).</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">A Priscila
ainda falou: Que beleza esse suporte! Suturar períneo em parto domiciliar
ninguém merece!</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Então disse
que eu tive umas laceraçõezinhas bem pequenas, que meu períneo era
ótimo e que ela só ia suturar por causa da forma que lacerou, não pelo tamanho
da laceração. Assim pelo menos não iria arder para fazer xixi (essa Priscila!
Risos)</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Você veio
novamente para meu colo, e ficamos ali namorando…</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Primeiro
esperaram a expulsão da placenta, e verificaram que a placenta estava
inteirinha.</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;"><u1:p></u1:p>Pedi
para guardar a placenta e a enfermeira que estava na sala disse que ia pegar o
saquinho de placenta. Eu achei que era a única maluca que pedia para levar a
placenta embora, mas ela disse que não, e que justamente por isso, existiam as
tais embalagens. A placenta está congelada, pois vamos plantar uma árvore em um
lugar bem bacana, e enterrar a placenta no pé da árvore. Ela que nutriu você
por nove meses, agora servirá de adubo para uma árvore. Queremos fazer isso com
a presença dos amigos queridos e das pessoas que acompanharam toda essa
história!</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Tive uma
sensação muito ruim logo depois que a Pri terminou de suturar a
laceração do períneo… Deve ter sido apenas o cansaço, mas eu tinha a nítida
impressão que ia desmaiar. Conseguia ouvir tudo o que falavam, mas não
conseguia nem falar nem abrir os olhos. Minha pressão estava baixa, talvez pelo
cansaço, falta de alimentação e pelo sangue que perdi. Mas a GO logo colocou um
soro com alguma coisa e eu melhorei. Assim que melhorei já quis sentar, e pegar
você para amamentá-la. Você também precisava repor as energias!!! Nós duas
(aliás, todos ali) estávamos exaustas. Você mamou como quem já sabia mamar…
mamou com gosto… e eu tinha bastante colostro para te dar.</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;"><u1:p></u1:p>Chegou
o meu café da manhã hiper reforçado. Que delícia poder
comer muuuuuuito depois de toda aquela energia gasta! Então, depois
que você acabou de mamar, eu tomei um super café da manhã,
a Pri e a Leticia também foram tomar o café delas e o seu pai ficou
ali comigo. Acho que ele só foi comer depois.</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;"><u1:p></u1:p>Devia
ser quase 10 horas, quando a Neo Ana Paula Caldas chegou. Ela disse
que tinha saído de um parto era de madrugada, e ficou esperando a GO ligar.
Quando a GO ligou, ela saiu, mas teve a falta de sorte de pegar
um super congestionamento na Bandeirantes.</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Chegou, deu
uma olhadinha em você, nos tranqüilizou, disse que você não tinha nenhuma
característica de bebê de mãe com diabete gestacional (exceto o peso, mas como
seus irmãos também nasceram grandes, essa hipótese estava descartada).
Seucapurro foi de 39 + 2. Então, carinhosamente, ela colocou uma roupinha
em você, de forma a evitar os procedimentos do berçário central.
Ah.. o berçário central do São Luiz… É tudo lindo, perfeito, mas eu
não queria que te levassem para lá…. Infelizmente nem todas as regras e
protocolos são possíveis de serem quebrados… e esse, acho que foi o
único que eu não consegui burlar.</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Então,
depois que a Ana Paula te examinou e te trocou, prescreveu alojamento conjunto,
nada de intervenções no berçário central, e retorno à mãe o quanto antes para
amamentação. Retirou a prescrição da pediatra de plantão para fazer o
acompanhamento da glicemia (procedimento de rotina da maternidade, para bebês
que nascem acima de 3,700), graças a Deus! Imagina, ficarem te
furando de hora em hora?</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Fomos para
o quarto, para almoçar e aguardar sua chegada. Passei o dia bastante cansada,
mal conseguia dar 3 passos, que ficava muuuuito cansada.
Achei que fosse pelas 2 noites sem dormir e por toda energia
desprendida no trabalho de parto. Mas fiquei sabendo depois que estava com
anemia, e por isso o cansaço.</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Coloquei
uma nota na lista Parto Nosso (via celular), dizendo que você tinha nascido de
parto natural, e que estávamos bem. Disse que a Priscila e a Leticia me
acompanharam o tempo todo e que a GO chegou apenas para o expulsivo. Para que
eu fui fazer isso? A GO me ligou no inicio da noite, dizendo que estava
magoadíssima com aquela nota, pois tudo que ela fez ou falou foi por
preocupação. Que desde o inicio ela torceu muito para que eu tivesse o parto do
jeito que eu queria. E pediu desculpas se ela não tinha acompanhado o trabalho
de parto, mas que ela estava descansando para poder acompanhar o trabalho de
parto durante o dia. Enfim, desligou dizendo que estava transferindo meu caso
para o plantonista do hospital, e que dali para frente eu seria acompanhada por
ele. Que a minha alta também seria dada pelo plantonista, e que eu não
precisaria pagar nada para ela. Eu não ia colocar nada disso aqui, mas choquei.
Hoje passados dez dias de tudo isso, entendo a posição dela, embora ainda não concorde
com a conduta. Principalmente porque eu estou com uma anemia considerável que
precisa de acompanhamento. Porque hoje sei que embora as coisas não tenham
saído da forma como eu gostaria, ela foi a GO quem eu escolhi para me
acompanhar, e sei também que devido a todos os fatores de riscos associados,
talvez nenhum outro GO tivesse esperado tanto para que eu entrasse em trabalho
de parto. Meu desejo sincero, é que um dia possamos aparar as
arestas que ficaram, pois tenho certeza que assim como eu, ela também
aprendeu muito com toda essa história.</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">E aqui,
Catharina, começa a sua história fora da barriga. Uma história linda que
vamos escrever juntas. Talvez seja o fim da “História da Barriga”, mas é a
história que temos obrigação de divulgar para o mundo. Divulgar que nós mulheres
podemos parir, independente do que nos digam. Basta querermos. Precisamos
divulgar para o mundo que existem profissionais humanizados, comprometidos com
a causa da humanização do parto e do nascimento. Que existem milhões de possibilidades
além daquelas que nos são apresentadas, às vezes por medo, por excesso de
cuidado. Muitas vezes por comodismo ou apenas por ignorar os fatos e dados mais
recentes.</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Aqui começa
uma nova história. A história da mamãe Gisele, mamífera, mulher, nova mãe. Nova
porque vivenciou no seu parto, o parto roubado dos seus irmãos. Nova mulher,
porque hoje entende a magnitude de seu próprio corpo. E nova mamífera, porque
só o parto natural despertou em mim esse poder maravilhoso de
ser mamífera, fêmea.</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;"><u1:p></u1:p>Hoje,
eu sou Mulher, Mãe, Mamífera</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Busquei e
gestei o sonho de parir</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Gestei e
consegui parir</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Mesmo
contra todas as indicações, mesmo contra todos os protocolos que quebrei…</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Pari
em mim segurança, confiança e força</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Pari e
renasci uma nova mulher</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Pari
Catharina, que de casta e pura além do nome, traz a pureza da confiança que
tenho na natureza feminina, no meu corpo, tão perfeitamente projetado por Deus
para fazer o corpo feminino, a mulher trazer vida à Terra.</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4217096822033546369.post-36657863178587734992014-12-27T15:41:00.000-03:002014-12-27T15:41:06.441-03:00Relato Gláucia, nascimento de João Pedro<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: center;">
<b><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;"><span style="color: #38761d;">RELATOS DE
PARTO - GLÁUCIA</span></span></b></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: center;">
<b><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;"><span style="color: #38761d;">Goiânia/ GO</span></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;"><br /></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">MARIA CLARA
- 2006</span></b><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Casei em
Junho/2004. Era autônoma então decidi estudar pra concurso pra poder engravidar
e ter<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">direito à
licença maternidade. Em 2005 passei no concurso, fiz o curso de formação. Em<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Dezembro/2005 decidi parar
de tomar o anticoncepcional. A menstruação não veio mais e também<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">não engravidei
nos primeiros meses. Então em Março/2006 fui no ginecologista (GO) e
fiz exames<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">pré-gestacionais.
Tudo normal, apenas a ecografia acusou ovários policísticos, o que eu já sabia.
Em<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">vista disso,
o GO disse que eu poderia demorar um pouquinho pra engravidar, que até 2 anos
era<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">normal.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Em Março/06
mesmo eu engravidei, mas não descobri logo... Pensava que iria demorar pra<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">engravidar por
causa dos cistos.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Em Abril
foi aniversário do meu esposo, tomei todas, nos dias seguintes passei mal com
vômitos e<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">azia. Fui
no Gastro, que não perguntou nada sobre gravidez, não pediu exame algum, e
passou<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">remédios para
tratar gastrite ou refluxo.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Em Maio
senti minha barriga inchada, cheia de gases. Resolvi fazer o teste de gravidez
de farmácia.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Deu
negativo.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Então fui
numa nutricionista e também comecei a malhar forte pra perder a barriguinha,
de segunda<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">a sábado
na academia e domingo eu corria na rua. Contratei
até personal trainer.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Não via
resultados e meu apetite só aumentava. Decidi tomar remédio pra emagrecer que
minha<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">sobrinha tomava,
mas me deu dor-de-cabeça, então parei.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Em Junho/06
percebi que se não estivesse grávida, estaria com alguma doença. Então decidi
voltar<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">no GO
e fazer o BHCG. O exame deu positivo (88 mil).<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Na semana
seguinte eu fiz a ultra. O médico que fez o exame se espantou: “Nossa, tem
um bebê<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">grandão aqui!” Foi
uma surpresa pra mim também, eu já estava grávida de 15 semanas.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Comecei a
me preparar para o parto por meio de pesquisas na Internet, inscrição em
listas de<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">discussão,
leitura de livros como o “Parto Ativo”, fazia exercícios moderados,
alongamentos.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Depois de
ir em 3 médicos cesaristas, encontrei um GO humanizado que me deu
todo apoio para o<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">parto normal.
Preparei o enxoval com rapidez. Às 30 semanas, já estava com o quarto todo<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">mobiliado e
pintado, roupinhas lavadas, bolsas de maternidade arrumadas. Parecia que eu<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">adivinhava que
Maria Clara poderia nascer antes do tempo.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Com 29
semanas, Maria Clara ficou cefálica (de cabeça para baixo) e eu senti minha
barriga baixar.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Com 32
semanas, após uma relação com meu esposo, tive sangramento e, na sequência, comecei a<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">sentir as
contrações. Liguei pro meu GO que disse para eu tomar Buscopan, repousar e
voltar a ligar<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">em 1
hora. As contrações ficaram ritimadas de 5 em 5 minutos.
Então ele pediu para que eu fosse na<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">emergência de
algum hospital. Chegando no hospital particular mais próximo da minha
residência,<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">a médica
constatou que eu estava em trabalho de parto e com 3 cm de dilatação. Por causa
da idade<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">gestacional,
aplicaram uma injeção para amadurecer o pulmão da bebê.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Meu plano
de saúde só vencia carência para o parto após 10 dias... Então tive que
ir pro hospital que<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">aceitava o
convênio do meu esposo, do qual eu era dependente.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Na
internação o diagnóstico, 5 cm de dilatação. Nas contrações eu ficava
de 4, pois era a posição<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">que mais
me aliviava as dores.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Meu GO
decidiu me indicar Aerolin via soro para segurar o bebê. As
contrações pararam. Fiquei<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">internada a
semana toda. Fui para casa no final de semana, tomando Aerolin em
comprimido.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Na 2ª
feira, dia 30/10/2006, voltei para o hospital em trabalho de parto ativo. 7 cm
de dilatação. Me<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">levaram de
ambulância para um outro hospital pra fazer uma ultrassonografia. Eu já sentia
muita<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">dor e
vomitava horrores. A ultra diagnosticou sofrimento fetal.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Meu GO
decretou a cesárea de emergência. Naquele momento, eu nem pensei em ligar
pra doula<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">que me
acompanharia no parto, já que ia ser cesárea mesmo.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">O motivo da
cesárea eu só fui descobrir 3 anos depois, quando resolvi solicitar
meu prontuário e o<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">laudo da
tal ecografia que havia ficado no hospital: “diástole reversa”.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Foi preciso
reanimar Maria Clara com oxigênio assim que ela nasceu.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Me
trouxeram por alguns segundos para que eu a pudesse ver. Não pude tocá-la,
meus braços<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">estavam amarrados
– Primeiro grande trauma: ninguém me falou que meus braços precisariam ficar<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">amarrados na
cesárea. Não pude tocar minha cria... Eu literalmente implorei
: “encosta ela em<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">mim”. Então
a enfermeira a aproximou do meu rosto quando eu pude dizer: “mamãe te ama
filha”.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">E a levaram
para a UTI-Neonatal.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Por conta
da recuperação da cesárea e dos horários de visita na UTI, só pude ver
minha filha<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">novamente no
dia seguinte. Foi um choque vê-la ligada a aparelhos, com
sonda nasogástrica... A<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">toquei dentro
da encubadora. Foi um momento forte.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">No dia
seguinte, recebi alta, mas Maria Clara não. Então, chorei muito porque estava
indo para casa<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">sem ao
menos ter pego minha filha no colo. A pediatra se compadeceu da situação e
permitiu que<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">eu pegasse
Maria Clara no colo por alguns instantes, com todos os cuidados de higiene
exigidos<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">como touca
e máscara.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Ela era tão
pequenininha. Mas só precisou ficar na UTI porque tinha sido diagnosticada uma<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">infecção inespecífica.
Perguntaram se eu tinha tido alguma infecção na gravidez, eu respondi que<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">não. Bom,
talvez esse tenha sido o motivo do parto prematuro, uma infecção urinária
silenciosa,<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">mas isso
eu nunca vou saber com certeza, não fizeram exame algum em mim na ocasião.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Infelizmente
eu não tive acompanhamento adequado no pós-parto. Acabei não ordenhando direito
o<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">leite pra
minha bebê. E com toda aquela situação e a depressão que tive, meu leite foi
secando cada<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">dia mais.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Apenas no
7º dia de vida de Maria Clara ela mamou no meu peito. E no 10º dia recebeu alta
da UTI<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">para ir
pro quarto. Com 15 dias fomos embora pra casa.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">A
amamentação foi muito difícil, ela perdeu peso no primeiro mês. Tive ajuda do
Banco de Leite e<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">pude complementar
com leite materno via sondinha (relactação). Depois consegui algumas<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">doadoras e
o BL apenas pasteurizava para mim. Isso até o 3º mês de Maria Clara, quando
comecei a<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">introduzir NAN,
depois, no 5º mês as papinhas.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Com tudo
isso, ainda consegui amamentá-la até 1 ano e 9 meses, quando eu mesma
resolvi<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">desmamá-la
por não gostar que ela ficasse puxando minha roupa em público. Por ela,
acho que<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">estaria mamando
até hoje.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">GIOVANA –
2010</span></b><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Quando
Maria Clara estava com 2 anos, em Março/09, comecei a utilizar os
métodos naturais de<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">contracepção –
Método de Ovulação Billings aliado com o Método da Temperatura. Foi um sucesso<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">para mim.
Aprendi a conhecer meu corpo. Eu sabia exatamente o dia que estava fértil pela<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">observação do
muco e pela mudança de temperatura. Eu media minha temperatura toda noite antes<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">de dormir
com um termômetro digital feminino chamado Mini-Sophia, importado do Japão.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Quando
decidimos engravidar novamente, usamos o método ao contrário, ou
melhor, tivemos<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">relação no
dia fértil e dias próximos a ele. Antes
mesmo da menstrução atrasar, o Mini-Sophia já<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">me indicava
que eu estava grávida (talvez pelo aumento da temperatura por muitos dias) e
dizia que<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">minha DPP
era 02/06/10. Incrível, a diferença foi de apenas 1 dia.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Dessa vez
descobri minha gravidez cedo e pude curtir desde o início o processo de gestar.
Também<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">me preparei
para o parto normal. Dessa vez pesquisei muito mais. E não foi fácil encontrar
um GO<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">do convênio
que topasse o parto normal após cesárea. Na ocasião eu não estava com condições<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">financeiras de
bancar um médico particular, pois estávamos ampliando a casa para receber mais<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">uma filha.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Na
preparação para o parto normal, percebi que só teria o parto que eu desejava,
com um<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">nascimento feliz
para Giovana, em minha casa, ou seja, um parto natural domiciliar. Encontrei uma<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">doula e
uma parteira.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Mas
aconteceu algo inesperado. Giovana permaneceu pélvica (sentada). Então a partir
das 33<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">semanas,
comecei a fazer de tudo o que me falavam na tentativa de fazê-la virar:
acupuntura com<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">moxabustão,
homeopatia, exercícios como ponte, plantar bananeira, andar de quatro pela
casa, etc.,<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">cambalhotas na
piscina, terapia com psicóloga, compressas quentes, massagens circulares, rezas,<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">conversas com
a bebê, etc. Nada deu certo. Ela ficou pélvica até o último instante...<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Parteira e
GO não toparam o parto pélvico. Também não aceitaram meu pedido de fazer a
Versão<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Cefálica
Externa (manobra por fora da barriga na tentativa de virar a bebê).<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">O GO disse
que não tinha o fórceps adequado para resolver uma cabeça derradeira, além
disso não<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">tinha muita
experiência com partos pélvicos, que os dois partos pélvicos que ele havia<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">acompanhado foram
os momentos mais angustiantes da vida dela, que o tempo não passava nunca.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Enfim, lá
estava eu com 39 semanas, vendo meu sonho do Parto Domiciliar ir pelo ralo.
Chorei<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">horrores.
Por orientação da psicóloga eu escrevi uma carta de despedida do PD e comecei a
me<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">preparar para
o parto hospitalar.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Na consulta
com 39 semanas e 5 dias, o médico sugeriu a cesárea eletiva. Disse
que na manhã<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">seguinte estaria
tranquilo no hospital, que se eu quisesse poderíamos marcar.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Eu disse
que precisava de mais um dia para me preparar psicologicamente para isso, que
não era o<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">que eu
queria, pedi para marcar para dois dias depois, 02/06/2010. Conversamos sobre o
Plano de<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Parto, com
a idéia da cesárea mesmo, e ficou tudo combinado.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Mas, o
inesperado aconteceu. Entrei em trabalho de parto ainda aquela noite.
Durante a madrugada<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">tive diarréia.
Como eu estava em pródromos (com contrações
dolorosas mas irregulares) já há duas<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">semanas,
não liguei para as contrações. De manhã, eu acordei meu esposo e pedi para
que ele<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">fizesse massagem
nas minhas costas. E que cronometrasse as contrações, porque eu estava sem<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">paciência pra
fazer isso. Eu estava com contrações de 3 em 3 minutos.
Liguei pro médico que<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">orientou ir
pro hospital urgentemente. Tomei um banho, deixamos Maria Clara na casa dos
avós e<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">fomos.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">No caminho,
uma surpresa ingrata: o trânsito estava completamente parado desde a
saída de<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Sobradinho
em direção ao Plano Piloto. Eu fiquei tensa. Havia sonhado que eu paria Giovana
num<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">parto pélvico
no banco de trás do carro, de joelhos. Além disso eu tinha medo de
prolapso de<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">cordão (complicação
na qual o cordão umbilical sai antes do bebê), por ela estar pélvica...<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Então
Cláudio rapidamente ligou para amigos da Polícia Militar que prontamente
enviaram<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">batedores de
moto para nos escoltar até o hospital. Foram abrindo caminho pra gente passar
entre os<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">carros. Nem
sei descrever a bagunça de sentimentos naquele momento.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">As dores
apertaram e eu comecei a vomitar várias vezes dentro carro.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">No meio do
caminho liguei pro GO e perguntei se ele não poderia vir pra um hospital mais<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">próximo.
Ele pediu que eu mantivesse a calma, que ia dar tudo certo, e que ele estava
preparado me<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">esperando no
hospital combinado. Chegamos rápido.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Na
internação ele respirou aliviado, apenas 5 cm de dilatação. Então
seguimos pra cesárea.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Dessa vez
já conversamos antecipadamente com o anestesista que deixou meus braços<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">desamarrados.
O GO não abriu mão do campo, então não pude ver quando ela nasceu.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Inesperamente,
tudo o que havíamos combinado não foi cumprido. Ao invés de colocar a bebê em<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">mim quando
ela nasceu, o GO a entregou para a pediatra que a levou pra sala de cuidados.
Depois<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">ele me
disse que foi pq Giovana havia feito cocô, já fora da minha barriga,
mas enfim, a levaram<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">para limpar.
Um simples cocô causou novo trauma em mim... Mais uma vez me tiraram o direito
de<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">tocar minha
cria na hora do nascimento. Meu esposo até pediu, depois que ela já estava
limpa, para<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">a levarem
pra mim, mas recebeu um não, com a desculpa de que eram normas do hospital.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Ao menos,
na sala de recuperação, pude tê-la em meus braços, ainda na primeira hora de
vida. A<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">coloquei no
meu seio e ela mamou, tão espertinha! Foi um misto de sorriso e lágrimas. Aquele<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">momento foi
restaurador para mim.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">E a
amamentação foi um sucesso! Pude amamentar exclusivamente até 5 meses
e meio quando<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">comecei a
introduzir papinha de sal e me preparar para o retorno ao trabalho. Como era
comilona e<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">introduzi mamadeira,
Giovana foi desmamando aos poucos até largar o peito aos 9 meses. Por ter<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">sido gradual,
consegui lidar bem com o desmame.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Mas... ainda tinha
ficado aquele pontinho de interrogação... Sempre que via uma cena de bebê<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">nascendo e
indo todo melecadinho para o colo da mãe, eu chorava. Levava essa
ferida no meu<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">coração.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">JOÃO PEDRO
– 2011</span></b><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Eu tinha
muita dúvida se queria ter um terceiro filho. Mais por causa da rotina, do
dia-a-dia.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Também por
fatores estéticos; eu pensava em fazer uma cirurgia de mini-abdominoplastia pra<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">melhorar minha
autoestima. Ao mesmo tempo, eu não queria tomar anticoncepcional. Tentei usar o<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">método natural.
Mas, não tive orientação adequada para o uso do método na fase da amamentação,<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">que é
um pouco diferente.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Menstruei
apenas uma vez. E engravidei. 9 meses (9 luas) após o parto.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">A
descoberta da gravidez de João Pedro foi um misto de surpresa e alegria para
nós. Estávamos<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">abertos à
vida, porém, não planejávamos ter um filho tão perto um do outro. Ao mesmo
tempo vi<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">como uma
resposta de Deus. Se eu demorasse para ter outro filho, provavelmente
não teria mais<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">nenhum.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Estávamos
em João Pessoa quando comecei a sentir enjoos. Pensei que fosse uma infecção<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">alimentar.
Mas como não passava, e meu ciclo ainda não estava regular após o parto, na
volta da<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">viagem, eu
resolvi fazer o exame de sangue pra tirar a dúvida.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">O BHCG deu
positivo. Era aniversário do Cláudio, 19/04/2011, havíamos marcado um
terço entre<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">familiares e
amigos. Neste mesmo dia, demos a notícia a todos. Consagrei a minha gestação a<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Nossa
Senhora.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">A gravidez
transcorreu tranquila. Apenas os enjoos nos 3 primeiros meses e as
dores nas costas e<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">nas pernas
que me acompanharam até o final da gestação.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Eu fazia um
tratamento com reumatologista para espondiloartrite, doença que
me fazia sentir dores<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">nas costas
e na região pélvica (sacroileíte e sinfisite púbica) desde que
Giovana tinha uns 2 meses.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Mas com a
descoberta da gravidez, tive que suspender a medicação e prosseguir apenas
com a<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">fisioterapia e
o RPG.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Logo no início
da gestação, pensei que não ia ter coragem suficiente para enfrentar um
parto normal<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">depois de
duas cesáreas (VBA2C). Não só pelos riscos associados ao parto,
mas principalmente<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">pela questão
psicológica. Eu já havia me frustrado nas duas gestações anteriores que
terminaram em<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">cesárea.
Então, marquei as primeiras consultas de pré-natal com um obstetra (GO)
cesarista.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Com 16
semanas, descobrimos o sexo do bebê: um meninão! Que surpresa pra mim! Deus
estava<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">nos mandando
o nosso JOÃO PEDRO!<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Aos
pouquinhos, o desejo pelo parto normal voltou a crescer dentro de mim. A
participação na lista<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">de discussão
ISHTAR foi primordial na busca pelo meu VBA2C, assim como a leitura de relatos
de<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">partos naturais
após duas cesáreas.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Nesse meio
tempo, comentei com o GO sobre VBACs. Ele quis fazer terrorismo: “o
risco de<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">ruptura uterina
é muito grande!”, não só falou como escreveu um percentual na folha sobre a
mesa:<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">“70%. Você
vai querer correr esse risco?”. Bem, eu já havia lido em várias pesquisas que o
risco de<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">ruptura uterina
após duas cesáreas variava de 1 a 3,6% (3,6% no caso de intervalos entre os
partos<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">ser menor
que 18 meses, e o meu seria de exatamente 18 meses). Então, esse comentário
dele foi<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">preponderante para
que eu tomasse a decisão de não voltar mais lá naquele médico desinformado e<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">terrorista.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Mas, onde
encontrar um GO que topasse assistir meu VBA2C? Liguei pra parteira
que iria me<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">acompanhar no
parto da Giovana. Ela disse que viajaria em dezembro, próximo à data
prevista para<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">o meu
parto, e que não poderia me assistir.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Obtive
algumas indicações de obstetras na lista de discussão. Optei por ir a duas
delas.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">A primeira
me pareceu bastante humanizada, tinha um limite alto, disse que teria
assistido meu<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">parto pélvico.
Mas, ela tinha um jeito meio alternativo que não combinava com meu
jeito racional<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">de ser.
Alguns comentários que ela fez me traziam uma ideia de “culpa” que eu não
queria para<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">mim. Por
exemplo, quando eu comentei que Maria Clara havia nascido de 33 semanas, ela<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">questionou:
“mas que pressa era essa que você tinha dela nascer logo?”. Quando falei que
Giovana<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">havia permanecido
sentada até o final da gravidez, ela perguntou que problemas mal resolvidos eu<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">tinha que
impediam que ela virasse... A consulta demorou uma hora e meia, foi como se
eu tivesse<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">saído de
uma terapia com psicóloga. Ela também disse que viajaria no final do ano, que
se eu fosse<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">continuar com
ela, para que tivesse um plano B caso o bebê não nascesse até as 41 semanas.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Fui então
me consultar com a segunda médica, dra Rachel. Gostei do jeito dela
logo de cara. Gentil,<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">educada,
atenciosa, prática e objetiva. Ouviu com emoção meus relatos de parto e fez
comentários<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">que me
fizeram sentir segura e confiante. Enfim, eu havia encontrado a GO que iria
me acompanhar<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">no meu
VBA2C.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Recebi a
indicação de uma doula para me acompanhar no parto: Rafaela. Um amor de pessoa!
Por<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">conta da espondiloartrite e
da inflamação no ciático, eu sabia que teria um trabalho de parto com<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">muita dor
nas costas e o fato dela ser também fisioterapeuta me trouxe ainda mais
segurança.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Eu ainda
desejava um parto domiciliar e cheguei a falar com uma parteira que disse que me<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">assistiria se
a dra. Rachel topasse ficar de sobreaviso. A GO não topou. E meu
marido, Cláudio,<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">também não
se sentia seguro com o PD.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Então, fui
tratando de espantar meus fantasmas com o parto hospitalar. Meus maiores medos
eram<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">de que
João Pedro passasse por intervenções desnecessárias no hospital e de que eu não
pudesse ter<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">contato físico
com ele no momento em que nascesse, assim como ocorreu com as meninas. Cheguei<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">a contactar um
pediatra humanizado, para receber João Pedro e fazer os primeiros procedimentos
na<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">minha presença,
mas ele não aceitou fazer parte da equipe...<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Escrevi um
Plano de Parto grifando esse meu desejo que pegar João Pedro no colo assim que
ele<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">nascesse e
pedindo para que ele não fosse aspirado sem necessidade, nem passasse por
qualquer<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">intervenção médica
sem o meu conhecimento ou do pai. E pedi muito a Deus para que abençoasse e<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">desse um
nascimento saudável e feliz para João Pedro.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Também pedi
a intercessão de Nossa Senhora e do Pe. Henri Caffarel para que
meu desejo pelo<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">parto normal
se realizasse. E, na minha ousadia, pedi que João Pedro nascesse no dia
08 de<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Dezembro,
dia dedicado à Nossa Senhora da Imaculada Conceição, da qual sou
devota.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Durante a
gestação tive que trabalhar muitos medos. Em especial os medos das vivências
dos partos<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">anteriores.
Medo de bebê prematuro, medo de bebê pélvico. Medo de tantas outras coisas que
eu<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">nem sabia
que existiam... Aos poucos, o tempo foi passando e os medos ficando para trás.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Especialmente às
custas de muita leitura e informação. Com 33 semanas fiz a última ecografia<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">gestacional que
mostrou que João Pedro estava cefálico e muito saudável.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Com 35
semanas, comecei a sentir umas contrações ritmadas e doloridas. Era um falso
trabalho de<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">parto.
Pródromos que anunciavam que meu corpo estava trabalhando para o parto normal.
Senti que<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">era hora
de diminuir o ritmo. Parei de trabalhar e de fazer esforço físico. Com 38
semanas mais um<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">falso TP.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Chegaram as
39 semanas. Meu maior medo agora era de desistir do parto normal antes mesmo de<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">entrar em
TP. Principalmente pela proximidade do meu aniversário e do Natal. E pelo fato
de eu ser<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">muito ansiosa.
Meu desejo para que João Pedro nascesse no dia 08/12 só aumentava.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">No dia
07/12, fui com Cláudio aos bancos na parte da manhã. Eu estava sentindo muita
dor na<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">coluna e
nas pernas, praticamente me arrastando pra conseguir caminhar.
Foi a primeira vez na<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">gestação que
a espondiloartrite se tornou quase que insuportável pra mim, também
porque eu estava<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">me sentindo
meio fragilizada. Voltei pra casa chorando de dor. Descansei e a dor aliviou.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Conscientemente
ou não, comecei a me despedir da barriga. Dispensei a secretária mais
cedo, dei<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">uma namorada
com o maridão, fui fazer as unhas, comprar algumas coisas pra casa, lanche,<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">farmácia,
recarregar os créditos do celular... Depois de um dia cansativo, à noite eu
comecei a sentir<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">contrações doloridas
a cada 8 a 10 minutos. A princípio achei que fossem os pródromos. Mas já era<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">o trabalho
de parto se iniciando.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Ainda à
noite, as contrações vinham a cada 3 a 4 minutos. Para ter certeza de que não
era um falso<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">TP,
fui tomar um banho e deitar. O ritmo das contrações passou a ser de 10 a
12 minutos. Então<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">resolvi esperar.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Cláudio
achou melhor levar as meninas pra casa da minha mãe, assim, se o TP
engrenasse, não<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">precisaria sair
com elas apressadamente no meio da madrugada. E eu ainda estava na dúvida se<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">estava em
TP ativo ou não.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Fui dormir,
mas continuei cronometrando as contrações no meio da noite, sempre em torno
de 10<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">minutos de
intervalo. Às 5 da manhã resolvi levantar. Era hora de decidir, ir para o hospital
ou não?<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Afinal, se
eu esperasse amanhecer, poderia pegar trânsito, assim como no TP da Giovana –
olha os<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">medos ressurgindo.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">O ritmo das
contrações aumentou e enfim me toquei que estava realmente em trabalho de parto<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">ativo.
Liguei pra médica e pra doula avisando que estava indo para o hospital.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Eram 05h45
quando saímos de casa. As contrações estavam regulares a cada 3 minutos. No<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">caminho elas
chegaram a vir de minuto em minuto. As dores apertaram. Vomitei algumas vezes.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Cláudio
começou a me perguntar sobre o caminho para chegar ao hospital. Eu não queria
responder,<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">falava “não
sei”, “acho que é”...<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Lembrei
de alguns relatos de parto que falavam sobre emitir mantras ou sons
guturais pra ajudar a<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">suportar a
dor. Eu não tinha nenhum mantra... Pensei em cantar. Lembrei que era dia de
Nossa<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Senhora da
Imaculada Conceição, mas as músicas da Imaculada não me inspiravam naquele<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">momento.
Então comecei a cantar devagar e repetidamente um refrão antigo, da Virgem de
Fátima:<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">“Ave, Ave,
Ave Maria. Ave, Ave, Ave Maria”. Esse foi meu mantra até chegar ao hospital. E
foi<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">uma excelente
ajuda!<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Na chegada
ao hospital, senti ainda mais dor. Mal consegui caminhar até a recepção.
Agachei no<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">chão enquanto
Cláudio ia estacionar o carro. Fui para a sala de triagem. Tive a serenidade
para<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">grampear meu
Plano de Parto junto com meu Cartão de Pré-natal. Era muito importante pra mim<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">que a
equipe médica soubesse dos meus desejos para o parto.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Todos se
espantavam quando eu dizia que queria o parto normal após duas cesáreas. Ainda
mais<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">num hospital
onde mais de 90% dos partos são cesáreas.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">A médica de
plantão me examinou e disse: 8 pra 9 centímetros de dilatação. Eu
disse: “nossa, eu<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">não esperava
que fosse tão rápido!”. E ela: “mas o bebê ainda está alto”. E eu: “tem alguma
coisa<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">que eu
possa fazer pra ele descer mais rápido?”. Ela: “tem, caminhar. Mas é melhor
você não fazer<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">isso,
porque seu bebê pode nascer antes da sua médica chegar”. Então eu pensei: “quem
dera se<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">fosse assim
tão fácil...”.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">A
plantonista conversou com minha médica pelo telefone. Aceitei a cadeira de
rodas para ir pro<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">centro cirúrgico
(é, lá não tem centro obstétrico). O hospital estava lotado e não havia
apartamento<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">disponível.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Ainda bem
que na minha mente eu já havia aceitado parir no centro cirúrgico, porque
até poucos<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">dias minha
ideia era tentar parir no apartamento, quem sabe até debaixo do chuveiro, para
um meiotermo<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">entre o
parto domiciliar e o hospitalar.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">A doula chegou, depois
a GO. Começaram a me preparar e preparar a sala. Parêntese para o grande<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">diferencial de
uma equipe humanizada. Perguntaram se eu queria usar a camisola do hospital ou a<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">minha. Se
eu queria ouvir música. Em que posição eu queria ficar, se eu queria me
movimentar.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Diminuíram
a luz e o ar condicionado.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">A doula
superou todas as minhas expectativas! Fez massagem nas minhas costas o tempo
todo, deu<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">apoio,
respirou comigo, colocou música suave, relembrou as minhas preferências, sugeriu<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">posições...<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">A médica
também foi maravilhosa, respeitou minhas preferências e me questionou o
tempo todo<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">sobre os
procedimentos. As poucas intervenções que houveram foram solicitadas e/ou
aprovadas<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">por mim.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Em
determinado momento, perguntaram se eu estava com vontade de fazer força. “Sim,
não, não<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">sei, acho
que não”. Difícil saber quando começou o expulsivo... Comecei a fazer força
junto com as<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">contrações pra
ajudar o bebê a descer. Vomitei, fiz nº 1 e 2.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Eu pedi pra
doula a banqueta de parto. Eu achava que iria parir na banqueta. Sempre achei.
Mas era<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">cansativo ficar
numa mesma posição e a todo momento eu era estimulada a me movimentar.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Sinceramente,
a dor das contrações não foi o que mais me incomodou. De certa forma eu estava<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">preparada para
ela. O que pegou para mim foi o cansaço na hora de fazer força para o bebê
descer.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Eu pedia
ajuda pra que terminasse logo. Caminhei pela sala, fiz exercícios de
agachamento. Fiquei<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">em posições
que eu nunca havia pensado, como sentar nas pernas do Cláudio de frente pra ele
com<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">minhas pernas
abertas. Foi muito bom também me pendurar no pescoço dele em pé e
descansar no<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">peito dele
sentada na banqueta. E João Pedro ia descendo e girando lentamente, enquanto
eu me<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">movimentava e
fazia força.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">A GO então
sugeriu romper a bolsa. Eu questionei se iria doer mais depois disso. Ela
respondeu que<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">não e
deu algumas explicações sobre o procedimento. Eu aceitei. Então fomos pra maca.
Foi<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">gostoso sentir
aquele líquido quente escorrendo pelas minhas pernas. E realmente não senti a
dor<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">aumentar.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Mas ainda
havia muita força a fazer. Acho que fiquei umas duas horas no expulsivo. Certo<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">momento falei
pra doula: “vontade de desistir...”, e ela me respondeu: “que nada, você está
indo<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">muito bem”.
Esse comentário me deu um novo ânimo, até porque eu tinha falado meio que da
boca<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">pra fora.
Em nenhum momento pensei em pedir analgesia, muito menos a cesárea.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Em vista
dos relatos que eu havia lido, eu achava que em determinado momento eu
entraria na<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">partolândia e
meu estado de consciência mudaria, que eu poderia fazer coisas estranhas,
alheias à<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">minha vontade,
gritar ou sei lá o quê. Mas nada disso aconteceu. Eu fiquei o tempo todo muito<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">consciente e
focada no trabalho de parto, nas contrações e nos esforços do expulsivo.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Após várias
mudanças de posição fomos pra maca. Acabei indo para a posição que eu mais<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">condenava,
de litotomia, com as pernas pra cima, nos estribos; me senti bem assim.
Depois de<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">algumas forças,
a médica comentou que com um empurrãozinho na minha barriga e uma<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">episiotomia,
meu bebê nasceria rapidinho, mas que não era isso que a gente queria.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">O
pediatra neonatologista de plantão entrou na sala. Pude falar com ele
sobre as minhas<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">preferências.
Pedi para que, se João Pedro nascesse bem, eu pudesse pegá-lo no colo e
segurar por<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">alguns minutos,
e que ele não fosse aspirado sem necessidade. Ele concordou. Graças a Deus! Acho<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">que era
isso que faltava pra que eu deixasse João Pedro nascer.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Meu bebê
coroou e eu pude pegar na cabecinha dele, molinha, e sentir seus cabelos.
Comecei a<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">prender a
respiração e fazer força por mais tempo. A doula contava lentamente até 10 e eu
fazia<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">cada vez
mais força... Marido, médica e doula me diziam palavras de incentivo.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">E João
Pedro nasceu! Eu pude vê-lo saindo de mim. E ele veio para meus braços de
imediato, todo<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">melecadinho,
envolto num pano aquecido. Pude sentir o cheirinho do vernix que o
protegia. Ele<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">cheirou meu
seio e ficou calminho no meu colo. Eu disse a ele o quanto o amava. Muita
emoção!<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">A médica
esperou o cordão umbilical parar de pulsar e Cláudio cortou o cordão. O
pediatra esperou<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">pacientemente até
que eu dissesse que ele poderia levar o bebê para a sala de cuidados. Cláudio e<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">doula, a
meu pedido, acompanharam João Pedro. E ele sofreu pouquíssimas intervenções em
vista<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">do que
costumam fazer naquele hospital.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">A doula
voltou pra me contar, João Pedro havia pesado 4.025g e medido 51,5cm.
Que bebezão! Foi<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">uma surpresa
pra mim. Ainda bem que eu não havia feito ecografia no final da gestação,
porque eu<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">poderia ficar
impressionada com esse peso. Por isso, então, que eu precisei fazer tanta força
pra ele<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">nascer! E
tive uma laceração mediana em Y no períneo, levei muitos pontos. Fora
isso, tudo<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">perfeito!!!<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Enfim, Deus
permitiu que eu tivesse um parto natural, maravilhoso e restaurador,
digno e<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">respeitoso,
após duas cesáreas, no dia que eu escolhi, 08/12, dia de Nossa Senhora da
Imaculada<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Conceição,
sob a proteção dela.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Obrigada
meu Deus por esse momento único e inesquecível!!!<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Obrigada a
meu esposo Cláudio, pelo seu apoio e companheirismo!<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">Obrigada à
equipe maravilhosa, dra Rachel e doula Rafaela, por terem topado
vivenciar essa<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">experiência comigo,
com extremo profissionalismo e amor pelo que fazem!<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">E obrigada
a todos os que me apoiaram na conquista do meu VBA2C, em especial
aos participantes<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;">das listas
de discussão Ishtar e Parto Nosso, aos meus familiares e amigos!<o:p></o:p></span></div>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4217096822033546369.post-8811274795611121722014-12-27T15:37:00.004-03:002014-12-27T15:37:47.053-03:00Relato Priscila, nascimento da Rebecca<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 46.2pt 10pt 2cm; text-align: center;">
<b style="font-size: 11pt; text-align: justify;"><u><span style="color: #38761d; font-family: Arial, sans-serif;">Priscila: Nascimento de Rebecca – VBA2C</span></u></b></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 46.2pt 10pt 2cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: Arial, sans-serif;">Minhas cesáreas</span></b><span style="font-family: Arial, sans-serif;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 46.2pt 10pt 2cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Minhas dores... Ainda choro quando me lembro delas... Considero que fui violada. Meus filhos foram violados. Fomos roubados; <span class="GramE">nos roubaram</span> a experiência do nascimento!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 46.2pt 10pt 2cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Eu tinha vinte e poucos aninhos na primeira gravidez. Sempre quis parto normal. O meu GO daquela época falou que acompanharia meu parto normal. No dia em que comecei a sentir as dores fui para o hospital e me examinaram ao chegar, falaram que estava tudo bem, mas que ia demorar um pouco ainda<span class="GramE"> pois</span> era o primeiro filho. Fui para o quarto e me deixaram sozinha. O pai do meu filho estava na Holanda e minha mãe não era autorizada a entrar. Estava <span class="SpellE">tranqüila</span>, fazendo exercícios. Quando as contrações ficaram espaçadas de <span class="GramE">3</span> em 3 minutos, chamei a enfermeira e pedi para alguém vir me examinar só para ver se tudo estava ok. Ela falou que ia ligar para o meu médico e logo depois, veio para me levar para o centro cirúrgico. Eu falei: “mas ainda não está na hora!”, ela respondeu: “está sim”. Levaram-me ao centro cirúrgico, me <span class="GramE">amarraram,</span> me deram anestesia e me fizeram uma “cesárea surpresa”. Não me examinaram, nem abriram minhas pernas, não me consultaram não me respeitaram. Quando tomei a anestesia me dei conta do que estava acontecendo, mas era tarde demais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 46.2pt 10pt 2cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">O médico chegou com uma cara de mau humor e de sono, arrancou o Tomás da minha barriga e só comentou: “às vezes o bebe está em perigo”. Eu chorei o tempo todo. Fui para a recuperação chorando, mal vi meu filho, mostraram sua carinha e o levaram embora. Fui para o quarto chorando e a mesma enfermeira veio me perguntar o porquê eu estava chorando. “Porque me fizeram uma cesárea”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 46.2pt 10pt 2cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Ela respondeu: “Mas você não queria uma cesárea?<span class="GramE">”</span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 46.2pt 10pt 2cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">“É lógico que não!”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 46.2pt 10pt 2cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Aí ela falou: “Nossa que estranho, seu médico mandou fazer a cesárea por telefone!<span class="GramE">”</span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 46.2pt 10pt 2cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">No meu segundo parto queria que as coisas fossem diferentes. <span class="GramE">Me informei</span> sobre parto humanizado, fui nos encontros de parto de cócoras na Unicamp e procurei um médico que se dizia humanizado. Fazia palestras, até trouxe o Michel <span class="SpellE">Odent</span> para Campinas...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 46.2pt 10pt 2cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Tentaram me avisar que ele não era mais o mesmo, que andava fazendo cesáreas demais, principalmente quando o TP caía num dos dias “ocupados” dele. Não acreditei, não quis mudar, não ouvi.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 46.2pt 10pt 2cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Entrei em TP, cheguei <span class="GramE">no</span> hospital com <st1:metricconverter productid="5 cm" w:st="on">5 cm</st1:metricconverter> de dilatação as 8 horas da noite. Por volta das dez horas da noite, com <st1:metricconverter productid="7 cm" w:st="on"><span class="GramE">7</span> cm</st1:metricconverter> e tudo numa boa, eu estava com uma doula querida, fazendo exercícios, o tal médico começou a fazer terrorismo: “o bebê está alto, vou furar sua bolsa. O bebe não desceu, é cesárea agora ou ele vai estar em perigo”. <span class="GramE">As</span> onze da noite Theo nascia de cesárea... Eu fiquei um bom tempo querendo acreditar que essa foi necessária, até levar um <span class="SpellE">chacoalhão</span> na lista <span class="GramE">do materna</span> (<span class="SpellE">yahoo</span> <span class="SpellE">groups</span>). Vi várias mulheres com a mesma situação durante o TP que eu tendo lindos partos naturais... <span class="GramE">Além disso</span> fiquei sabendo que o tal médico fazia igualzinho com várias mulheres, bastava entrar em TP à noite, ou no fim de semana/feriado... <span class="GramE">Me senti</span> uma idiota. Não era possível que me deixei enganar pela segunda vez! Essa, talvez, foi <span class="GramE">a</span> cesárea mais dolorida...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 46.2pt 10pt 2cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: Arial, sans-serif;">Peregrinação para encontrar a equipe certa na Bélgica</span></b><span style="font-family: Arial, sans-serif;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 46.2pt 10pt 2cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Em 2006 nos mudamos para a Bélgica. Engravidei pela terceira vez nas minhas férias de fim de ano no Brasil. Comecei a sentir os sintomas da gravidez já na Bélgica. Fiz o teste, deu positivo. Fiquei radiante... No entanto, tive um sangramento grande, parecia menstruação. Por isso marquei consulta no hospital universitário de <span class="SpellE">Leuven</span>. Fiz <span class="SpellE"><span class="GramE">ultra-som</span></span>, tudo bem com o bebê, mas tive um pequeno descolamento de placenta. Tive que ficar de repouso absoluto por um mês.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 46.2pt 10pt 2cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">No hospital universitário <span class="GramE">queriam</span> me marcar uma cesárea: procedimento do hospital em mulheres que tiveram duas cesáreas prévias. Procedimento desse hospital e de vários outros para o meu desespero<span class="GramE">!!!</span> Na Bélgica fazem cesárea em último caso; uma mulher que teve duas é porque realmente teve problemas nos partos anteriores, geralmente desproporção <span class="SpellE">céfalo</span>- pélvica. Não era meu caso, como fazê-los entender?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 46.2pt 10pt 2cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Dessa vez seria diferente. Eu tomaria as rédeas do meu parto, eu seria a protagonista, eu tomaria as decisões<span class="GramE">!!!</span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 46.2pt 10pt 2cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Eu não aceitei a cesárea que quiseram me dar e depois que tive certeza, por meio dos <span class="SpellE"><span class="GramE">ultra-sons</span></span> seguintes, que o descolamento não aumentou, ao contrário, sumiu, comecei a procurar uma parteira para me acompanhar no parto. Fui procurar as parteiras independentes, estas é que acompanham partos humanizados na Bélgica sem os procedimentos amarrados dos hospitais e suas interferências. Queria em casa ou em casa de parto. As parteiras aqui acompanham apenas partos de baixo risco e embora eu explicasse que minhas cesáreas foram desnecessárias, elas não aceitavam me acompanhar<span class="GramE">..</span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 46.2pt 10pt 2cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Bati em várias portas. Não desanimei. <span class="GramE">Me indicaram</span> as duas parteiras mais experientes da Bélgica. Uma delas falou que havia a possibilidade de tentar um parto natural, mas no hospital com o médico. Eu não quis. A outra, a <span class="SpellE">Kitty</span>, aceitou acompanhar meu parto no hospital. Falou que em casa ou na casa de parto após duas cesáreas não era possível na Bélgica. A <span class="SpellE">Kitty</span> falou que tinha um hospital em Antwerpen em que havia a flexibilidade da parteira independente acompanhar o parto humanizado no quarto do hospital e que se tudo desse certo<span class="GramE">, poderia</span> voltar para casa no mesmo dia com o bebê. O quarto teria bola, banheira, ela levaria a cadeirinha de cócoras eu poderia levar meu som. O médico que trabalha nesse hospital, o <span class="SpellE">Shabam</span>, é uma pessoa bem flexível e adepto do parto natural e humanizado. É um cara de confiança da <span class="SpellE">Kitty</span>. Eu faria as ecografias e alguns exames com ele e ela faria o resto, inclusive o pré-natal. Ele viria durante o parto uma vez para ver se estava tudo ok e entraria em cena apenas se fosse necessário.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 46.2pt 10pt 2cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Simpatizei muito com o <span class="SpellE">Shabam</span>, na primeira consulta ele não titubeou quando falei a ele que queria parto natural após <span class="GramE">2</span> cesáreas. Ele falou, “ok, você pode tentar, semana passada tivemos um caso assim e foi parto natural”. Expliquei a ele que eu ia ser acompanhada pela <span class="SpellE">Kitty</span>, e ele só falou: “você está em boas mãos!<span class="GramE">”</span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 46.2pt 10pt 2cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: Arial, sans-serif;">O parto</span></b><span style="font-family: Arial, sans-serif;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 46.2pt 10pt 2cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">A partir das 38 semanas comecei a sentir as contrações cada vez mais, sem dor, mas vinham com mais <span class="SpellE">freqüência</span>. A <span class="SpellE">Kitty</span>passou a vir me atender <st1:personname productid="em casa. O" w:st="on">em casa. O</st1:personname> bebê não estava encaixado e estava alto, mas a <span class="SpellE">Kitty</span> nunca me fez terrorismo por causa disso. Por sinal, o bebê continuou assim até o dia do trabalho de parto, ele só encaixou na hora. Continuei minha vida normalmente para tentar não ficar ansiosa demais se passasse das 40 semanas. <span class="GramE">Me afastei</span> do <span class="SpellE">orkut</span> , do e-mail, das listas, tudo que pudesse me deixar ansiosa... Minha mãe iria chegar no dia 20 de setembro e eu ficaria mais <span class="SpellE">tranqüila</span>, pois teria com quem deixar as crianças à noite se entrasse em TP durante a madrugada. Tenho uma amiga que se propôs a ficar com os meninos caso isso ocorresse antes da minha mãe chegar, mas mesmo assim, mãe é mãe... Peguei uma virose na escola dos meninos e tive tosse e<span class="SpellE">diarréia</span> e enxaqueca no dia 17 de setembro. Dia 18, fui fazer monitorização no hospital, um saco, mas é o procedimento depois de 40 semanas. Dia 19, comecei a tomar o chá de framboesa com <span class="SpellE">vrouwenmanthel</span> e tomei o banho de banheira com <span class="SpellE">sharlei</span>, ambos receitados pela <span class="SpellE">Kitty</span>. Não é que as contrações aumentaram?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 46.2pt 10pt 2cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">À noite tive um alarme falso, cheguei a pedir para o Ramon cronometrar. Pensei na minha mãe, quem iria buscá-la na Gare <span class="SpellE"><span class="GramE">du</span></span> <span class="SpellE">Midi</span>caso eu entrasse em TP? As contrações amenizaram e eu dormi. Sabia que estava perto.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 46.2pt 10pt 2cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">No dia 20, voltei a tomar chazinho. Minha mãe chegou com duas tias muito queridas às 2 da tarde e eu passei um dia <span class="SpellE"><span class="GramE">super</span></span><span class="GramE">gostoso</span>. Conversamos, matamos a saudade, rimos! E eu sentindo contração sem dor o dia inteiro. Às 7 da noite comecei a sentir contração com uma dorzinha leve. Acho que Rebecca só estava esperando a avó chegar... Às 8 da noite fui numa reunião na escola dos meninos. A dorzinha vinha de 15 em 15 minutos mais ou menos. “Será hoje?”, pensei. No fim da reunião, avisei a professora que se o Theo não viesse na escola amanhã é porque a Rebecca nasceu.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 46.2pt 10pt 2cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Voltei para casa, fiquei conversando mais um pouco com minha mãe e fui tomar o banho de banheira com <span class="SpellE">sharlei</span> novamente. Tão relaxante! Saí de lá sentindo mais dorzinhas...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 46.2pt 10pt 2cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Eram 10 da noite quando liguei para a <span class="SpellE">Kitty</span> avisando que as contrações estavam vindo com <span class="GramE">uma certa</span> <span class="SpellE">freqüência</span> e com dor. Ela falou para eu esperar uma hora, e que se continuasse, para ligar para ela novamente. Depois de uma hora elas continuaram e começaram a ficar cada vez mais fortes. <span class="SpellE">Kitty</span> falou para eu ir para o hospital quando as contrações viessem de <span class="GramE">5</span> em 5 minutos. Avisei minha mãe, acabei de arrumar as coisas; fechei a mala, peguei as almofadas, o salsichão, só esqueci os CDs que tinha separado para levar. Sorte que o Ramon tinha um CD maravilhoso do Bread no carro, sonzinho que lembrava a época que nos conhecemos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 46.2pt 10pt 2cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Saí de casa à uma da manhã, <span class="GramE">xingando</span> por que era um saco ter que ir para o hospital, e estava já bem dolorido, mas nada demais... Minha mãe viu que as contrações estavam próximas e ficou preocupada de eu não chegar a tempo <st1:personname productid="em Antu←rpia. S" w:st="on">em Antuérpia. Só</st1:personname><span class="GramE">falei,</span> “mãe, sossega, se Rebecca nascer no carro é porque ela nasceu bem”, <span class="SpellE">hehehe</span>! Estava muito feliz e <span class="SpellE">tranqüila</span>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 46.2pt 10pt 2cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">No carro fui ouvindo Bread e a cada contração eu rebolava na cadeira e fazia respiração de yoga. Estava tudo muito bem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 46.2pt 10pt 2cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">A <span class="SpellE">Kitty</span> me avisou de tudo o que aconteceria no hospital. Ela me falou que o único procedimento chato seria uma monitorização que eu teria que fazer durante meia hora... <span class="GramE">deitada</span>. No mais, não teria camisola do hospital, nem gente entrando no quarto, nem nada...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 46.2pt 10pt 2cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Cheguei <span class="GramE">no</span> hospital preparada para isso. Era por volta de uma hora da manhã. Fui a pé até o quarto e lá a enfermeira colocou o monitor. A <span class="SpellE">Kitty</span> ainda não tinha chegado. Eu conseguia ver que as contrações estavam altas e próximas uma da outra, mas... Começaram a ficar mais baixas e espaçadas... <span class="GramE">É ...</span>constatei pessoalmente que hospital brocha!!! Se eu pudesse não pensaria duas vezes em fazer em casa...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 46.2pt 10pt 2cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">A <span class="SpellE">Kitty</span> chegou e notou que o batimento que o aparelho estava pegando não era o do bebê e sim o meu... Ela ajeitou o aparelho e pegou o batimento do bebe. Que saco! Fiquei apreensiva em ter que ficar ali por mais meia hora. A <span class="SpellE">Kitty</span> falou que não me deixaria ali por mais meia hora, ela só esperaria mais duas contrações e me liberaria daquilo. As danadas demoraram a vir, estavam realmente espaçando... Ela notou isso na hora, e falou que era normal acontecer isso quando as mulheres chegam <span class="GramE">no</span> hospital. Ela viu que estava tudo ok depois das duas contrações e tirou o aparelho de mim. “Agora acabou, você precisa voltar a se sentir em casa!”. Arrumamos o quarto de modo mais aconchegante, ligamos um som, ela trouxe uma bola. Eu fiquei na bola rebolando durante as contrações e ela me trouxe um chazinho gostoso.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 46.2pt 10pt 2cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Estava feliz, dançava durante as contrações e Ramon só ria! Senti que as contrações voltavam a ser mais intensas. <span class="SpellE">Kitty</span> decidiu fazer o toque. Eram pra lá de duas horas da manhã. Surpresa <span class="GramE">negativa...</span>1cm apenas! Poderia ter entrado <st1:personname productid="em parafuso... Tentei" w:st="on">em parafuso... Tentei</st1:personname>manter a calma<span class="GramE"> mas</span> comecei a pensar: “vai demorar pra cacete, vai demorar dois dias!!! <span class="SpellE">Tô</span> ferrada!!!”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 46.2pt 10pt 2cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Já estava doendo razoavelmente... Ramon falou então: “isso não quer dizer nada, pode abrir tudo de repente.” E a <span class="SpellE">Kitty</span> confirmou “isso mesmo!<span class="GramE">”</span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 46.2pt 10pt 2cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Voltei para a bola, respirei fundo para relaxar e pensei: “vamos lá!<span class="GramE">”</span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 46.2pt 10pt 2cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">A <span class="SpellE">Kitty</span> saia do quarto para me deixar mais à vontade e eu comecei a dançar durante as contrações que ficavam mais doídas. Comecei a chamá-las! “Venham e tragam minha filha para meus braços!” Ramon estava cochilando no sofá e eu falei para ele dormir na cama, eu chamava quando precisasse, não ia usar a cama para nada mesmo! A <span class="SpellE">Kitty</span> voltou e perguntou se eu não queria entrar na banheira. Eu disse que sim, e durante as contrações cada vez mais fortes e próximas eu ficava de cócoras.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 46.2pt 10pt 2cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Comecei a conversar com a <span class="SpellE">Kitty</span> nos intervalos: “Poxa, não entendo, como pode em casa estarem de <span class="GramE">5</span> em 5 minutos, chegar aqui espaçarem e estar só <st1:metricconverter productid="1 cm" w:st="on">1 cm</st1:metricconverter>!!!”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 46.2pt 10pt 2cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">A <span class="SpellE">Kitty</span> respondeu: “<span class="SpellE">Pára</span> de pensar<span class="GramE">!!!</span> <span class="SpellE">Pára</span> de pensar agora! Chama a Rebecca, mentalize as contrações para baixo, para baixo, para baixo”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 46.2pt 10pt 2cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">E foi isso que fiz. Parei de pensar e me entreguei ao trabalho de parto. Deixei de notar as horas, parei de prestar atenção de quanto em quanto tempo <span class="GramE">as</span> contrações vinham. A onda forte do trabalho de parto me pegou, e me deu um baita caixote<span class="GramE">!!!</span> Aquele caixote que parece que você está dentro de um liquidificador, <span class="GramE">rola <span class="SpellE">rola</span></span>, aspira água, se rala e perde o controle do seu corpo, só se dá conta quando esta deitada na areia com o biquíni todo torto! Tomei vários caixotes na infância, quando passar as férias no Rio de Janeiro e adorava entrar no mar para pegar onda quando as estas estavam <span class="SpellE">enooormes</span>! É o melhor modo que posso explicar o que senti durante o trabalho de parto: um caixote!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 46.2pt 10pt 2cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">A <span class="SpellE">Kitty</span> perguntou se eu não queria tomar um remedinho homeopático para ajudar nas contrações, eu aceitei e ela trouxe uma poção mágica misturada com água. Eu tomei aos pouquinhos. As contrações vinham cada vez mais e eu resolvi sair da banheira. O bicho estava pegando... <span class="GramE">Me deu</span> vontade de ir no banheiro. <span class="GramE">Me fechei</span> no banheiro e vomitei. Sabia que era normal vomitar, tinha lido nos relatos de parto que depois disso as mulheres se sentem melhor, e foi o que ocorreu comigo. Depois disso, perdi o tampão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 46.2pt 10pt 2cm; text-align: justify;">
<span class="SpellE"><span style="font-family: Arial, sans-serif;">Aiaiai</span></span><span style="font-family: Arial, sans-serif;">, contrações fortes <span class="SpellE">meeeesmo</span>. Tive uma <span class="SpellE">diarréia</span> e coloquei tudo para fora. A natureza é sábia. Eu sabia que meu corpo estava se limpando para a chegada do bebê. Eu sabia que estava dando certo. Eu sabia! Mais contrações e comecei a subir pelas paredes. Dentro do banheiro andava para lá e para cá, muito rápido, tinha que <span class="GramE">andar,</span> quase correr! Batia na parede e voltava, parecia o carrinho do meu filho... Comecei a gemer alto, precisava soltar aquilo dentro de mim, e gemia, gemia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 46.2pt 10pt 2cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Sai do banheiro e veio mais uma contração bem doída! Começou a doer <span class="GramE">as</span> costas e eu andava muito rápido para lá e para cá o tempo todo, não sei de onde saiu aquela energia toda. Eu não parava quieta. Não imaginava que ia ter vontade de quase correr... Eu tinha que andar e colocar a pélvis para frente<span class="GramE">, deve</span> ter sido uma cena engraçada, por isso a importância de nos sentirmos a vontade, sem ninguém estranho no local do trabalho de parto! Eu não me inibia com a presença daqueles que <span class="GramE">confiava,</span> <span class="SpellE">Kitty</span> e Ramon. Falei para a <span class="SpellE">Kitty</span>: não tem mais posição boa, não tem<span class="GramE">!!!</span> Não tem<span class="GramE">!!!</span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 46.2pt 10pt 2cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Ela notou que estava indo bem rápido, falou para eu voltar para a banheira e falou para o Ramon posicionar a ducha nas minhas costas na hora da contração. Eu berrava mesmo, sem dó. Lembro-me que teve horas que chamei por minha filha, vem Rebecca! Vem!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 46.2pt 10pt 2cm; text-align: justify;">
<span class="SpellE"><span style="font-family: Arial, sans-serif;">Kitty</span></span><span style="font-family: Arial, sans-serif;"> fez o toque <span class="GramE">e...</span>7 cm. Aí eu levantei, fiquei de pé na banheira segurando com uma mão, a mão do Ramon e a outra mão a da<span class="SpellE">Kitty</span>. As contrações vinham entre intervalos muito pequenos... Eu comecei a gingar o corpo para lá e para cá e jogar a cabeça de um lado para o outro. Ramon falou que eu parecia <st1:personname productid="em transe. Eu" w:st="on">em transe. Eu</st1:personname> entrei na <span class="SpellE">partolândia</span>. O Dr. <span class="SpellE">Shaban</span> entrou no quarto nesse momento (não o vi) e <span class="GramE">perguntou,</span> tudo ok? <span class="SpellE">Kitty</span> respondeu: <span class="GramE">7cm</span>. Ele falou: ótimo! Virou as costas e saiu do quarto. Foi muito discreto.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 46.2pt 10pt 2cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Quando eu gingava o corpo a <span class="SpellE">Kitty</span> gingava o corpo dela junto com o meu. Aí comecei querer fazer força. Ela pediu para esperar mais um pouco. Durante mais uma contração eu gritava que precisava fazer força, e fazia realmente um pouco de força, era muito difícil de controlar! Ela fazia a respiração cachorrinho para eu fazer também, eu tentava, mas tinha que fazer força... Ouvi a <span class="SpellE">Kitty</span>falar para o Ramon que o bebê estava muito baixo e que já tinha passado pelo lugar mais difícil da pélvis. Veio mais <span class="GramE">uma contração e eu berrava e reclamava</span> que estava doendo e que precisava fazer força. Aí ouvi a voz suave do Ramon lá longe, pois eu estava longe e a voz dele parecia que vinha do fundo de um poço: “<span class="SpellE">Pri</span> a bebê já passou por aquele lugar mais difícil, está perto, <span class="SpellE">Pri</span>, é o seu sonho, aquilo que você sempre sonhou, está perto! Calma, está pertinho, muito perto.<span class="GramE">”</span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 46.2pt 10pt 2cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">As palavras do Ramon foram uma injeção de ânimo para mim. E durante um pequeno intervalo, abri os olhos e agradeci a <span class="SpellE">Kitty</span>, falei: “Você é maravilhosa, obrigada, e você também Ramon, você é maravilhoso!” E pumba, outra contração e voltei à <span class="SpellE">partolândia</span>! E comecei a falar que precisava ir ao banheiro AGORA! <span class="SpellE">Kitty</span> me falou: não você não pode ir ao banheiro, esse não é um bom lugar... Aí falei que precisava fazer cocô. <span class="GramE">Ouvi ela</span> dizendo para o Ramon: “não é cocô Ramon, é o bebê!!!”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 46.2pt 10pt 2cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">De repente, entrou uma fase de calmaria... <span class="GramE">A dor forte das contrações pararam</span>. Eu sentei na banheira. A <span class="SpellE">Kitty</span> me falou que agora eu podia fazer força. Ela perguntou se eu queria sair, sentar na cadeirinha de cócoras, me perguntou o que eu queria fazer. Eu respondi: “Aqui na banheira está bom. Quero ficar aqui!<span class="GramE">”</span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 46.2pt 10pt 2cm; text-align: justify;">
<span class="GramE"><span style="font-family: Arial, sans-serif;">Me encostei</span></span><span style="font-family: Arial, sans-serif;"> na banheira, respirei e esperei um pouco. Silêncio. Reuni minhas forças e comecei a fazer força. <span class="SpellE">Kitty</span> falou para eu olhar em direção a vagina e fazer a força de “soprar o balão”. E eu fiz. Aí parei, respirei, esperei mais um pouco. Ramon falava: “Lembra, tudo tem seu tempo”. Aí reunia minhas forças e empurrava!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 46.2pt 10pt 2cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Comecei a sentir não exatamente uma dor<span class="GramE"> mas</span> uma ardência na vagina. Era o círculo do fogo que tinha lido tantas vezes nos relatos. Fiz mais uma força e mais uma! A <span class="SpellE">Kitty</span> falou para eu sentir a cabeça da Rebecca. Eu pus a mão e senti sua cabecinha. Acho que fiz mais umas duas forças e a Rebecca saiu <span class="SpellE">pluft</span>, na água, minha <span class="SpellE">peixinha</span>! Veio direto deitar sobre meu peito. Eu não acreditei na hora. Ela veio tão pequenininha e chorando. Rebecca nasceu as <span class="GramE">6:15</span>h do dia 21 de setembro de 2007.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 46.2pt 10pt 2cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">A <span class="SpellE">Kitty</span> esquentou a água e colocou uma toalha para deixar a Rebecca quentinha. Ramon cortou o cordão quando este parou de pulsar. Fiquei abraçadinha com ela, e ouvia o Ramon vibrando ao lado. Ainda sentia uma cólica. Logo a placenta saiu. <span class="SpellE">Dr</span> <span class="SpellE">Shaban</span>veio me desejar os parabéns nessa hora.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 46.2pt 10pt 2cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Sai da água e fui deitar com a Rebecca na cama. <span class="GramE">Nos enrolamos</span> nas cobertas e fiquei olhando minha filha. Ela não quis mamar naquele momento. Eu olhei seu corpinho, olhei se era mesmo uma menina... Aí <span class="GramE">a pior parte, tive</span> que tomar uns pontinhos (no total três). Tomei uma anestesia local, a mesma do dentista, e tenho pavor de injeção.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 46.2pt 10pt 2cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Engraçado... Tenho medo de injeção, mas não do parto, <span class="SpellE">hahaha</span>. Enquanto dava os pontinhos, a <span class="SpellE">Kitty</span> pensava alto: “como podem<span class="GramE">terem</span> feito cesárea em você, você não tem problema nenhum para parir!”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 46.2pt 10pt 2cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Eu fiquei com uma sensação de prazer por dias. Era muita ocitocina junto com a felicidade por minha filha ter nascido. O prazer que senti é realmente algo à parte, algo além... <span class="GramE">Me senti</span> completa, me senti no auge da minha feminilidade, algo ligado com meu instinto animal mesmo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 46.2pt 10pt 2cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Não chorei na hora em que a Rebecca nasceu<span class="GramE"> mas</span> chorei na hora em que a <span class="SpellE">Kitty</span> veio se despedir de mim no hospital, agradeci muito ela ter aceitado me acompanhar, e ela respondeu que ela gostava de acompanhar mulheres que acreditavam em si mesmas, e eu era uma delas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 46.2pt 10pt 2cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Fui para o outro quarto andando e dei de mamar para minha filha. <span class="SpellE">Apgar</span> dela foi <span class="GramE">9</span> no primeiro minuto e o resto tudo <st1:metricconverter productid="10. A" w:st="on">10. A</st1:metricconverter> pediatra passou por lá, deu alta para <span class="GramE">a bebê</span> e no mesmo dia ao meio dia voltamos para nossa casa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 46.2pt 10pt 2cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Na manhã que fiquei no hospital, muitas enfermeiras vieram me dar os parabéns. Todas ficaram sabendo da minha história: duas “<span class="SpellE">desnecesáreas</span>” enterradas com um lindo parto natural.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 46.2pt 10pt 2cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">No dia em que minha filha nasceu, escrevi aos amigos:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 46.2pt 10pt 2cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">“Rebecca nasceu! Rebecca significa “a que une”. Chegou para unir a mulher dentro de mim, despedaçada por duas experiências roubadas. Minha filha veio continuar o ciclo de mulheres fortes na nossa família. <span class="GramE">Me sinto</span> <span class="SpellE">super</span> mulher! Me sinto poderosa. Hoje, pari o Tomás, o Theo e a Rebecca!!!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 46.2pt 10pt 2cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Rebecca nasceu na água, sem anestesia, sem <span class="SpellE">episio</span>, sem interferências, num parto que veio novamente para testar a minha confiança no meu corpo de parir. Eu confiei na natureza, e me deixei levar assim como uma onda forte que te dá um caixote. Minha filha nasceu linda e veio ficar comigo o tempo todo! <span class="GramE">Nasceu</span> hoje as seis da manhã e já estou em casa.”<o:p></o:p></span></div>
<div style="border-bottom-color: windowtext; border-bottom-width: 1.5pt; border-style: none none solid; margin-left: 2cm; margin-right: 46.2pt; padding: 0cm 0cm 1pt;">
<div class="MsoNormal" style="border: none; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 0cm 10pt; padding: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Contato: <a href="mailto:priscilatomas@yahoo.com.br" style="color: purple;">priscilatomas@yahoo.com.br</a></span></div>
</div>
</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4217096822033546369.post-13108992712140606772014-12-27T15:29:00.001-03:002014-12-27T15:29:49.695-03:00Relato Bruna, nascimento da Ana Luiza<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm 46.2pt 10pt 2cm; text-align: center;">
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Sou Bruna da Silva Almeida Dutra, de Fortaleza-CE. Durante
a minha primeira gestação, no ano de 2007, comecei a frequentar sites e fóruns
sobre gravidez e maternidade, procurando me informar ao máximo sobre tudo e por
isso mesmo optei pelo parto normal. Peguei indicação de uma médica em Fortaleza
que me disseram fazer partos normais e fui em frente com o pré-natal. Com 31
semanas minha US indicou placenta grau II/III e o ILA um pouco diminuído, mas
ainda dentro do normal. A médica me mandou fazer repouso e maior ingestão de
líquidos para tentar melhorar o ILA, ultrassons 2 vezes por semana para
verificar se o fluxo do cordão se mantinha normal e injeção para amadurecer os
pulmões do bebê pois provavelmente minha gestação não seria a termo e o
nascimento seria antecipado através de uma cesárea.</span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;"> </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Fiquei apreensiva pela saúde do meu filho e
não questionei em nenhum momento a decisão dela.</span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;"> </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Meu filho João Paulo nasceu às 36 semanas às
19:00, passou a noite na UTI em observação por causa de uma taquipnéia
transitória, que a neonatologista nos informou ser um desconforto respiratório,
comum em bebês que nascem de cesárea, em qualquer</span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;"> </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">tempo de gestação, mas que não era
preocupante. Na manhã seguinte fui amamentá-lo na UTI, ele pegou o peito de
primeira, na manhã seguinte recebemos alta. Minha recuperação da cirurgia não
foi nada agradável. Sentia dores em quase todos os movimentos e achei horrível
aquela cicatriz enorme, visível, exposta...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Na minha 2ª gestação, no ano de 2009 estava convicta na
busca pelo parto normal, pois pelas informações que peguei na net, era possível
tentar um PN após 2 anos da cesárea e pela DPP seriam 2 anos e 2 meses. Num fórum sobre parto humanizado noOrkut , vi
comentarem sobre a Dra. Bárbara Schwermann, uma GO humanizada que atuava em
Fortaleza. Na época eu tinha 2convênios, o do trabalho do meu marido, que era
mais completo, com direito à apartamento, e o do meu trabalho, que dava direito
à internação apenas em enfermaria, mas
somente neste a Dra. Bárbara atendia. Marquei uma consulta, falei sobre minha
cesárea. Ela disse que se eu estivesse com ela, não teria feito a cesárea,
teria apenas feito um monitoramento mais constante e se o Doppler estivesse
sempre ok, não teria porque antecipar o parto. E falou também que era
perfeitamente possível tentar este parto normal. Animei-me bastante, porém na
consulta seguinte com minha GO ela disse que poderia tentar o PN e eu me
agarrei nessa promessa. Até porque essa GO era do convênio do trabalho do meu
marido e eu poderia ficar em apartamento. Ah se eu soubesse o quanto me
custaria a estadia nesse apartamento...
Com 39 semanas, comecei a sentir pequenas cólicas na manhã do dia
13/01/2010. Em seguida vi sair o tampão e passei a contar os intervalos das
contrações. Estavam irregulares e bem espaçadas, algo em torno de 15 minutos.
Eu na minha inocência (ou burrice) liguei pra GO e perguntei se ela achava que
eu devia ir p/ o hospital. Ela disse que eu fosse para ela me avaliar. O
Marcelo (meu marido) e eu também achamos o mais prudente, por causa da minha
cesárea anterior. No exame ela disse que eu não havia dilatado nada ainda e que
o colo estava grosso e posterior, ou seja, nada favorável. Em vez de me mandar
pra casa, ela me internou e disse que na hora do almoço viria novamente me
examinar. Chegou o almoço, 2 cm de dilatação, colo grosso. E assim foi no
decorrer da tarde e começo da noite, pouca evolução, palavras negativas da
médica, as dores aumentando e eu sem nenhuma orientação de como fazer para
aliviá-las. Estava no apartamento com meu marido, minha mãe e minha sogra, que
fez questão de ficar lá o tempo inteiro.
Para minha agonia, porque ela tem um sobrinho cuja filha tem paralisia
cerebral em decorrência de um parto normal malsucedido. Então sempre que a
médica aparecia com seus pareceres negativos (“a dilatação não está evoluindo
bem”, “estamos nos arriscando...”) minha sogra, apesar de não dizer uma
palavra, tinha um semblante de desespero. Pra terminar de ferrar tudo, aquele
era o dia do aniversário de casamento da doutora. Imaginem como ela tava doida
para se livrar de mim... Eu, porém, me mantinha firme e disse que preferia
esperar. Ela saiu para jantar com seu marido. Quando voltou eu estava com 5
para 6 cm. A madrugada foi passando, a dor chegou num nível insuportável, além
do cansaço, pois estava há quase 24 horas sem dormir, sem comer nem beber água,
por orientação da doutora, pois se tivesse que fazer cirurgia, eu deveria estar
em jejum. Às 6 da manhã do dia 14, com 7 cm, eu implorava por uma anestesia,
não tinha mais forças para suportar aquela dor. E a médica dizendo que não
poderia me dar uma epidural, pois se fosse fazer cirurgia, a anestesia seria
outra. Cheguei ao meu limite! Meu limite físico e psicológico. Não aguentei a
pressão e a dor e me entreguei à cesárea. A doutora havia me vencido no
cansaço. Nasceu à 07:00 da manhã a minha Cecília. Nem preciso dizer que o
pós-parto foi uma droga, né? Dor física e dor na alma. Nunca mais voltei a ver
aquela médica, não fui nem pra consulta de revisão da cirurgia. Sei que foi
errado, mas não podia mesmo olhar pra cara dela. Mas também não me entreguei à
tristeza porque tinha uma linda menina para cuidar. Chorei algumas vezes, mas
até que superei rápido.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Bem, agora vamos à melhor parte desta história, que é o meu
VBA2C!!! Confirmei a gravidez em fev/12, já estava com quase 2meses e de
mudança para outra cidade para qual meu marido havia sido transferido. Mas como
queria o parto em Fortaleza, perto do restante da minha família, procurei um GO
em Fortaleza e outro em Juazeiro por precaução. Não procurei a Dra. Bárbara
porque havia saído da empresa que trabalhava por causa da mudança de cidade e
perdi o convênio pelo qual ela atendia. Ainda fiz uma tentativa com uma médica
do meu convênio que havia feito um parto normal numa amiga da minha irmã. Quem
sabe ela me dava uma esperança... Mas na 1ª consulta logo ela foi categórica: “Depois
de 2 cesáreas não se pode tentar PN”. Meus olhos ficaram marejados, mas nada
havia a fazer, a não ser me conformar. A gravidez foi passando, eu já pensando
na melhor data para marcar a cesárea, de acordo com as férias do Marcelo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Em julho, estava em Fortaleza e fui ao chá de bebê de uma
amiga. Ela me perguntou se eu não iria tentar normal dessa vez. Aí eu disse que
não dava, pois já eram 2 cesáreas. Aí ela: “Mas eu li tantos relatos, tem até a
sigla né, VBC... não, VBAC... E tem também VBA2C, VBA3C...” “- Como assim??” Eu
pensei. Só tinha visto relatos de VBAC, como eu nunca tinha lido esses
outros??? Assim que cheguei em casa fui direto pra net e quase virei noite
devorando relatos e mais relatos de VBA2C.
Encontrei inclusive relatos em listas antigas sobre parto humanizado em
Fortaleza no Orkut. Tão antigas que
quase todo mundo que escreveu já havia abandonado o Orkut, só um monte de posts
anônimos... E em quase todos os tópicos só falavam na Dra. Bárbara. Até que vi
comentarem sobre uma tal Dra. Darluce e um tal Dr. Luiz Carlos. Imediatamente
abri a página do meu convênio para ver se um desses dois faziam parte da rede
credenciada e... lá estava, o primeiro nome da lista: Dra. Darluce Brasil.
Fiquei eufórica! Ainda ia passar mais uma semana em Fortaleza, quem sabe eu
conseguia uma consulta com ela. Liguei no dia seguinte e consegui marcar para
meu último dia em Fortaleza, com 33 semanas de gestação. Na consulta ela ouviu
minha história, perguntou quando havia sido a última cesárea (havia sido há 2 anos
e meio) e disse que poderíamos tentar. Disse também que a cada cesárea o
desafio era maior, mas que tentaríamos. Saí de lá feliz e apreensiva ao mesmo
tempo, pois essa expressão “podemos tentar” foi a mesma usada pela outra GO
antes do parto da minha filha. Eu sabia que o melhor a se fazer seria contratar
uma doula, mas por questões financeiras achei melhor não ir adiante com essa
ideia. Afinal agora chegaria mais uma boquinha pra alimentar e eu tão cedo não
volto a trabalhar pois não tenho
familiares em Juazeiro para me ajudar com as crianças.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Fiz uma ultra com 35 semanas em Juazeiro e tudo perfeito:
bebê cefálica, dorso a esquerda, sem circular, aprox. 2,700 kg, Doppler normal.
Por esses dias eu comecei a fazer a novena a Nossa Senhora do Bom Parto e a
cada dia que a rezava eu me enchia de confiança que tudo daria certo. Cheguei
de vez em Fortaleza no dia 25/08/12 com 36 semanas. Vim antes pra não ter
perigo de nascer lá. Para vocês terem
ideia do “nível de cesarismo” da GO que me acompanhava em Juazeiro, ela disse
que meu parto deveria ser marcado com 38 semanas para não ter perigo de entrar
em TP e meu útero arrebentar. Se ela soubesse que eu ia tentar normal... haha,
ia ter um ataque.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Nessa semana que cheguei a Fortaleza ouvi falar do grupo
VBAC no Facebook. Li vários e vários posts e fui me inspirando em cada um
deles. Sempre que podia eu estava indo a
missa além do domingo, que eu já vou sempre. No dia 29/08/12, antes de ir à
missa, estava lendo um post no grupo , da Camila Andrietta, que falava do quanto é inútil se indignar e não
correr atrás de uma equipe confiável, se entregando apenas à sorte nas mãos de
um médico de convênio. A partir dali decidi que precisava mesmo de uma doula.
Não me via passando de novo por um TP estressante, mal orientado, desumano. Na
missa, eu senti uma confiança muito grande à medida que a leitura da liturgia
do dia era proclamada:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">“Naqueles dias, o Senhor dirigiu-me a palavra dizendo: «Tu,
porém, cinge os teus rins, levanta-te e diz-lhes tudo o que Eu te ordenar. Não
temas diante deles; se não, serei Eu a fazer-te temer na sua presença. E eis
que hoje te estabeleço como cidade fortificada, como coluna de ferro e muralha
de bronze, diante de todo este país, dos reis de Judá e de seus chefes, dos
sacerdotes e do povo da terra. Far-te-ão guerra, mas não hão-de vencer, porque
Eu estou contigo para te salvar” Jer 1, 17-19.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Liguei no dia seguinte (30/08/12) para uma enfermeira
obstetriz que é uma das responsáveis pelo Instituto Ishtar em Fortaleza, e
inclusive ela havia sido minha colega nos tempos de escola, a Semírames.
Marcamos uma reunião no dia 04/09/12 com a doula Kelly Brasil, que é a outra
responsável pelo Instituto.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">No fim de semana o Marcelo ainda estava em Juazeiro e a
previsão era chegar aqui no feriado (7/set). Ele me falou que havia feito uma
oração pelo parto e ao tirar uma palavra “aleatoriamente” da Bíblia, Deus havia
dado esta passagem para ele rezar: Jer 1, 17-19 (!!!). Que confirmação do
Senhor! Agora eu não tinha medo que nada desse errado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"> Eis que exatamente
no dia da reunião (04/09/12) eu acordo com um pouco de água encharcando minha
calcinha. Estimei a quantidade em umas 3 a 4 colheres de sopa, devia ser uma
rotura alta da bolsa. Na minha
inexperiência, liguei pro meu marido e falei que era melhor ele vir
imediatamente de Juazeiro, pois eu estava com uma pequena ruptura na bolsa. Fui
à reunião tranquila, lá conheci a Kelly, muito simpática, e ficou combinado que
ela me acompanharia no meu parto. Quanto à rotura, a Semírames me explicou que
não havia motivo para me preocupar, que isso por si só não seria indicação de
cesárea e que as roturas altas muitas vezes acabam por se fechar. Me indicou
tomar 1g de vitamina C a cada 12 horas para prevenir infecções, dobrar a
ingestão de líquidos (de 2 para 4 litros) e que no mais eu poderia manter minha
rotina normalmente. Disse para eu entrar em contato com a Dra. Darluce e que
ela provavelmente solicitaria uma US pra confirmar se o nível do líquido estava
ok. Nessa altura o Marcelo já estava encarando as 7 horas de estrada de
Juazeiro do Norte para Fortaleza.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Combinei com o Marcelo que só contaríamos sobre minha
tentativa de parto normal para meus pais e minhas irmãs e só porque eles teriam
que nos ajudar com as crianças quando eu entrasse em TP. A família dele e os
amigos só saberiam quando eu estivesse no hospital e no expulsivo. Não
queríamos criar expectativas nem preocupações a ninguém.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Nos dias seguintes sempre saíam algumas gotas de líquido
amniótico e eu só pedia a Deus para minha princesa chegar logo, antes que essa
perda ficasse preocupante. E eu já estava com 38 semanas. No sábado fui fazer a
US, o médico que fez disse que o ILA estava baixo e eu gelei. Fiquei nervosa
esperando sair o laudo e quando vi tava 10,7... Totalmente normal. Na noite de
sábado para domingo senti 2 contrações com cólica bem leve. Quando acordei até
achei que pudesse ser impressão minha, de tanta vontade que eu tinha de sentir
logo dor. O domingo (09/09/12) foi passando e apenas algumas contrações
indolores apareceram. À noite na missa eu estava bem indisposta e passei oi
tempo todo sentada. No finalzinho da missa eis que senti algumas colicazinhas.
Depois fui lanchar com o Marcelo e o João Paulo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Cheguei na casa da minha mãe por volta de 23:00 hs e as
cólicas começaram a aparecer em todas as contrações. Arrumei algumas coisas que
faltavam e à meia-noite comecei a contar os intervalos das contrações num
aplicativo que baixei no celular (Contraction Timer, recomendo demais). Estavam
um pouco irregulares, mas a maioria estava dando por volta de 5 minutos. Liguei
para a Semírames e ela me orientou a tentar descansar um pouco e tomar um chá
de camomila para tentar relaxar. Tomei um banho, tomei o chá e fui deitar
sozinha no sofá da sala. Não queria incomodar ninguém. Por volta de 2 horas da manhã
a dor ficou muito forte. A cada contração eu colocava as pernas para cima nos
braços do sofá e ficava balançando e gemendo, não muito alto, para não acordar
ninguém. Umas 5 horas eu comecei a contar os intervalos novamente e estavam com
3 min ou menos. Algumas vinham praticamente em cima das outras. Liguei pra
Kelly e combinamos de nos encontrar no hospital. Liguei também para a
Dra.Darluce e ela estava saindo de um plantão num município vizinho e falou que
iria direto para o hospital. Nessa altura as dores estavam pegando mesmo. Não
via a hora de chegar logo num apartamento e ficar mais à vontade. Mas antes a
Dra. foi me examinar e disse que eu estava com 5 cm, mas com o colo grosso e
por isso achava que o TP iria se prolongar um pouco. Isso eram umas 07:30, eu
acho. Já estava me desanimando para entrar pela tarde e quem sabe pela noite
com essas dores insuportáveis.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">A Dra. saiu da sala de exame para solicitar minha
internação e voltou com a notícia de que teríamos que ir para outro hospital,
porque naquele a UTI neonatal estava sem vagas. O Marcelo ligou para outra
maternidade que ficava próxima e lá tinha vaga. Cheguei na recepção com muita
muita dor e aceitei a cadeira de rodas que o porteiro ofereceu. Quando sentei
sentir escorrer um bocado d’água. Fui levada ao quarto, a Kelly perguntou se eu
queria ir para o chuveiro e ficou enchendo a bola. Quando abri o chuveiro...
surpresa! Não tinha água quente. Informaram-nos que só tinha água quente no 1º
andar e todos os apartamentos de lá estavam ocupados. Só teria numa suíte onde
precisaríamos pagar a diferença de R$ 240,00. No banheiro depois de uma
contração veio um bocado de sangue. A Kelly disse que era bom, era sinal que o
colo estava sendo trabalhado. E a dor forte, forte, forte. Cheguei naquele
ponto de pensar “Pra que fui inventar isso, devia ter feito outra cesárea e
pronto!” Por orientação da Kelly eu tentava respirar ao invés de me debater e
gritar. A respiração ajuda mesmo a manter o equilíbrio, mas confesso que tinha
horas que não conseguia e me contorcia. E a Kelly “Deixa a dor vir, é seu corpo
de abrindo e o bebezinho chegando.” Não tem jeito, é o momento de ficarmos
amigas da dor.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">O Marcelo foi acertar a diferença para irmos pra essa suíte
e em seguida desceu para comprar algo para comermos num supermercado em frente.
Acho que eram umas 8 e meia para 9 horas. Comocei a sentir vontade de fazer
força nas contrações, eram os puxos. Quando colocava força sentia mais água
escorrendo. A Kelly fazia massagens nas minhas costas e colocava compressa
quente. A Dra. Darluce veio me examinar e eu estava com 9cm! E já sentiu a Ana
Luíza também!!! Bendito seja Deus! Em menos de 2 horas eu tinha dilatado quase
todo o resto. Liguei pro Marcelo e ele veio correndo do supermercado.
Desistimos então da transferência para a suíte, agora eu não ia mais precisar
da água quente. Sentei na cama e a Kelly sentou na minha frente com uma faixa
que ela colocou por trás das costas dela e que era para eu segurar e puxar
enquanto fazia força nas contrações. Sugeriram que eu fosse pra banqueta e a
Kelly sentou na minha frente com a faixa para eu puxar também. A luz estava
apagada e elas seguravam uma lanterna. O Marcelo ficou sentado atrás de mim,
segurando minhas costas. Ia ser um parto lindo...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Nesse momento, as coisas começaram a desandar um pouco. As
enfermeiras do hospital começaram a adentrar o quarto e queriam porque queriam
me levar para o centro obstétrico. Além de ser totalmente fora do protocolo ter
a criança no apartamento, elas devem ter ficado desesperadas quando leram na
ficha que eu já tinha uma cesárea. E olha que eu omiti a outra, a mais recente.
Só não omiti as duas porque enfim elas veriam a cicatriz. A Dra. Darluce ainda
tentou contornar, mais elas ficaram pressionando. Enfim, disseram que eu teria
mesmo que ir, que eu teria lá todas as condições do apartamento e blá blá blá.
Claro que eu sabia que jamais seria como no apartamento, mas resolvemos ir
porque já tava complicando pro lado da doutora e eu não queria que ela fosse
impedida de entrar nesse hospital por minha causa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">No centro obstétrico o cenário era um frio danado, uma
iluminação que parecia o sol, um batalhão de enfermeiras e auxiliares e aquela
maquinha com o apoio para as pernas. Me deitei e coloquei minhas pernas no
apoio, aí uma auxiliar amarrou minhas pernas. E eu: “Por que estão me
amarrando, não quero ficar amarrada!”. Aí o Marcelo pediu para me desamarrarem.
Perguntei se não podia aumentar a temperatura, me disseram que não. Depois de
toda a preparação o ritmo voltou ao normal: contrações, dores horríveis, força.
Alguém disse que estava vendo a cabecinha e que no máximo em 2 min ela
chegaria. A Kelly sugeriu que eu ficasse de cócoras e a Dra. concordou. Fiquei
de cócoras na maquinha mesmo, a Kelly segurando um ombro e o Marcelo
outro. A cada contração eu fazia força e
gritava de dor. A Dra. achou melhor fazer um cortinho para ajudar. Depois do
corte, na próxima força que eu fiz, lá veio a Ana Luiza inteirinha!!!!! Que
coisa linda minha filhota!!! A primeira coisa que fiz foi olhar pro Marcelo e
dizer: “Eu consegui!” Ao mesmo tempo que ele dizia: “Conseguiu amor!” E me deu
um beijo, com máscara e tudo. Puseram a maca na posição semi-sentada e
colocaram-na no meu colo. Não deu pra colocar no peito porque o cordão era
curto, não alcançava. Fiquei fazendo carinho nela e quando o cordão parou de
pulsar o Marcelo cortou. Pouco depois saiu a placenta. Daí a pediatra levou a
Ana Luiza com o Marcelo e a Dra. Darluce ficou fazendo os pontos. Eu estava nas
nuvens... Pode não ter sido perfeito, pode ter sido cheio de intervenções, mas
pelo menos foi normal. Tudo que eu queria era apenas um parto normal. Se
pudesse ter sido humanizado, melhor. Mas não me entristeci nem um pouco, foi um
parto muito desejado, batalhado. E eu consegui!!!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">A recuperação não posso dizer que foi maravilhosa. Tive um
pouco de dor nos pontos porque teimei em deitar em rede nos primeiros dias e
pra levantar tinha que fazer força na região e acho que acabou inflamando
alguma coisa. Mas foi só abolir a rede que melhorou. Senti um pouco de dor
muscular pela força, culpa do meu sedentarismo. Mas essa foi bem leve. E senti
também uma dor no cóccix nos primeiros dias e ficou um pouco ruim para sentar.
Mas nada como aquele corte horrível na barriga, onde dói pra levantar, pra
deitar, pra andar, pra tossir, pra rir.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Queria agradecer a todos que fizeram este parto possível. À
Dra. Darluce, que poderia muito bem se render à praticidade e previsibilidade
das cesáreas. À Kelly e à Semírames, que disseminam em Fortaleza a semente do
parto humanizado. Aos familiares (os que sabiam) que torceram e rezaram por
mim. Agradeço muito ao Marcelo, que ficou temeroso no início, mas que depois me
apoiou totalmente e disse que faria o que fosse possível para tornar meu sonho
em realidade. Valeu a pena viver essa experiência principalmente por ter você
ao meu lado. E sou grata eternamente a Deus, que abriu todos os caminhos para
que tudo desse certo. Até às 32 semanas eu estava conformadíssima com a cesárea
e de repente tudo virou do avesso. Quer dizer, estava tudo do avesso e Deus
virou para o lado certo. Hoje sei que “Tudo posso naquele que me fortalece” (Fl
4,13)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Para as outras mamães que sonham com um parto normal, tenho
a dizer que lutem pelo seu sonho, vale a pena. Não acreditem no médico do
convênio que diz que fará seu parto normal. Nas últimas semanas ele vai
inventar uma desculpa qualquer para fazer uma cesárea. Faça uma varredura em
todos os fóruns, listas, grupos e sites de parto humanizado e só confie nos
médicos indicados e referendados pelas outras mães. Contrate uma doula, é
fundamental. Só abra mão se não puder mesmo pagar. E ponha sua confiança no
Senhor, pois Ele nos criou perfeitamente capazes de colocarmos nossos filhos no
mundo.<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4217096822033546369.post-44846962596288238012014-12-27T15:24:00.000-03:002014-12-27T15:26:07.759-03:00Relato Bianca, nascimento de Rudá<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="MsoNormal" style="margin-right: 24.65pt; text-align: center;">
<span style="color: #6aa84f; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 24pt; text-align: justify;"><b>RELATO DE PARTO NATURAL DOMICILIAR APÓS CESÁREA (VBAC OU PNAC) - TRILOGIA</b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; margin-right: 6.2pt; text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Bianca Magdalena- Cananéia/ SP</span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/_wML5GDZEviU/S0YUgSS27kI/AAAAAAAAAS4/_gODB-Fmr1U/s1600/Rud%C3%A1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/_wML5GDZEviU/S0YUgSS27kI/AAAAAAAAAS4/_gODB-Fmr1U/s1600/Rud%C3%A1.jpg" height="213" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<h3 style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: start;">
<span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> </span></span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 22.4pt;">_Na voz da mãe</span></h3>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 22.4pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">"<span class="grame">Há uma semana atrás</span><span class="apple-converted-space"> </span>tinha em meus braços o rebento que tanto aguardei chegar, depois de um processo de 32 horas, aproximadamente, de esforço e resgate que começou na noite de sexta-feira, dia 21 de agosto, às 20h30min quando entrei em trabalho de parto, fase latente, com contrações regulares e dolorosas de aproximadamente 10 em 10 minutos; no início da semana meu tampão mucoso já tinha saído e estava com um dedo de dilatação, o que indicava que meu colo uterino estava amadurecendo, se afinando, para conceber<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Rudá</span><span class="apple-converted-space"> </span>nesse mundão! As últimas semanas foram de muita ansiedade, barrigão grande e pesado; a cada mudança de lua pensava que estava chegando nossa “boa hora”, pois nunca deixei de acreditar e confiar que tudo daria certo e que depois de uma<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">cesária</span><span class="apple-converted-space"> </span>desnecessária de minha primeira gestação, há sete anos atrás, quando<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Ícaro</span><span class="apple-converted-space"> </span>nasceu, nosso tão desejado e clamado parto domiciliar seria vitorioso, já que minha gravidez era de baixo risco, mesmo assim fortalecer o pensamento já era o início desse parir, pois muitas pessoas estavam me desestimulando e me chamando de “louca” por ter feito essa escolha. Nessas 39 semanas me<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">empoderei</span><span class="apple-converted-space"> </span>de muitas informações sobre o parto natural e humanizado em livros de referência ao assunto e nas listas e sites de discussão que circulam na internet, caminhos de descoberta, de lágrimas a cada relato lido, de medos e de um coração que pedia às forças da Mãe Terra que nos provêm e nutre de que<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Rudá</span><span class="apple-converted-space"> </span>seria recebido com amor e respeito, sem intervenções e medicalização, e como nada nessa vida é por acaso encontrei nesse trilhar, através do Blog<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Bebedubem</span>, Flavia Penido que me apresentou (virtualmente, risos) Kátia Z. Assumpção Pedroso, um ser que teve as asas tiradas quando desceu a Terra, mas que não deixou de exercer sua vocação com aquelas lindas mãos pequeninas que amparou meu filhote na madrugada de domingo, dia<span class="apple-converted-space"> <st1:metricconverter productid="23, a" st="on"></st1:metricconverter></span>23, a<span class="apple-converted-space"> </span>ela nossa eterna gratidão, querida parteira! Como narrava acima depois de ter passado a noite toda de sexta-feira com<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">contrações</span><span class="apple-converted-space"> </span>dolorosas recebemos Kátia na manhã de sábado, já que estávamos cerca de<span class="apple-converted-space"> <st1:metricconverter productid="400 quil?metros" st="on"></st1:metricconverter></span>400 quilômetros<span class="apple-converted-space"> </span>de distância, pois moramos em Cananéia, no Vale do Ribeira, uma remota ilha no extremo litoral sul paulista e Kátia no Vale do Paraíba,<span class="apple-converted-space"> <st1:personname productid="em S ̄o Jos←" st="on"></st1:personname></span>em São José<span class="apple-converted-space"> </span>dos Campos, mas como imaginava que esse trabalho de parto poderia ser demorado confiamos em esperar a parteira chegar. Assim que ela chegou me examinou, pressão arterial ok, batimentos fetais também, com dois dedos de dilatação, em seguida me pediu para caminhar, imagina, com tantas dores, mas apesar de ser teimosa fui com meu companheiro Juliano até à padaria, uns quatro quarteirões de casa, o que levou uns 30 minutos daquela manhã chuvosa. Quando retornamos iniciamos os “<span class="spelle">hots</span>”: chazinhos de camomila, bola de<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Pilates</span>, banhos quentes, massagens, posições verticalizadas e em pouco tempo evoluí para cinco dedos de colo dilatado, Kátia disse a Juliano e Silmara, minha comadre que acompanhou meu parto e que mesmo não sendo doula soube me encorajar e acalentar, que até o início da noite<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Rudá</span><span class="apple-converted-space"> </span>nasceria! Oras e a noite passou... Lembro-me que até os sete dedos as dores eram suportáveis, apesar de intensas e que os banhos quentes eram maravilhosos, dado o relaxamento que me permitiam, mas depois disso confesso que era preciso garra para suportá-las e o tempo, que já não existia para mim, não passava! A madrugada já tinha iniciado e o cansaço tomava conta de todos, mesmo assim essa equipe não tardava em ajudar, nesse aspecto não dá para deixar de comentar quanto é importante ter ao lado da<span class="grame">parturiente pessoas</span><span class="apple-converted-space"> </span>especiais nesse momento, que tenham calma, que saibam doar; sempre comentava que imaginava que Juliano fosse ficar nervoso, mesmo porque quando vim com a ideia de ter nosso filho em casa ele logo disse: “Não me venha com essa ideia de antropóloga hein!”, porém sua devoção me espantou, tanto cuidado e zelo que foram primordiais para que eu também me mantivesse confiante! Fortes dores, cansaço de duas noites sem dormir praticamente, contrações bem próximas uma da outra, como ondas que vinham, atingiam seu zênite e iam embora, permitindo que eu respirasse, quase não conseguia gritar nesse estágio, alguns gemidos e pensamento firme,<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">mentalizando</span><span class="apple-converted-space"> </span>que o útero estava se abrindo, permitindo passagem para<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Rudá</span><span class="apple-converted-space"> </span>que no seu tempo se despediria do local que lhe abrigou todos esses meses. No entanto, essas últimas quinze horas de trabalho de parto ativo já estavam me esgotando, pensava comigo: “Porque ele não nasce?” e minha bolsa de águas nem tinha rompido ainda, o que era ótimo, pois o bebê estava protegido, mas caso isso ocorresse o processo também aceleraria. Mas, tudo tem mesmo seu tempo! A bolsa rompeu! Ufa! E as contrações se intensificaram progressivamente. Já estava com o colo todo<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">dilatado,</span>10 dedos, só tínhamos que esperar, foi quando resolvi tomar mais uma chuveirada, pois estava difícil suportar a intensidade da dor, de qualquer maneira penso que vivenciar, sentir essas dores foram um resgate em minha vida, resgate como filha, mãe e mulher, apesar dessa reta final já estar em outro estágio de consciência; me contavam piadas, me perguntavam se eu já havia visto algum animal parir (sim, minha gata!), como meu companheiro e eu tínhamos nos conhecido, como era nossa história, mas já não era eu que estava lá! Depois desse último banho voltei para o colchão que estava no chão de nosso quarto e me pus de quatro, pois era como me sentia melhor, deitada era impossível! Senti uma dor muito forte, fiz uma força instintiva junto com a contração e quando pensei que<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Rudá</span><span class="apple-converted-space"> </span>estava para nascer Kátia me disse que eu havia feito coco, o que me aliviou muito, pois tive muito incômodo no reto, dado que essas fezes deviam estar atrapalhando. Em pouco tempo outras contrações, muito líquido amniótico saindo, como um rio caudaloso e escutava: “<span class="spelle">Rudá</span><span class="apple-converted-space"> </span>está vindo! Olha a cabecinha dele!”, nessa hora os gritos eram guturais, primitivos, vinham de dentro dessa mamífera que como um animal estava para parir, naturalmente, sem<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">drogas alopáticas ou anestésicos</span>.<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Rudá</span><span class="apple-converted-space"> </span>coroou! Círculo de fogo, nossa...<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">como</span>queimava! Depois de sair sua cabecinha o corpo veio rapidamente, pura ocitocina! E nossa cria nasceu! Não dá para descrever esse momento...<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">mágico</span>, divino, abençoado! Kátia o passou pelo meio de minhas pernas, mas eu<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">tremia,</span><span class="apple-converted-space"> </span>assim Juliano o pegou e o deu em meus braços,<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">ahhhhhhhhhhhhhhh</span>, coisa linda! Aquela energia que circulava naquele lugar era cósmica, celestial! Em seguida, ainda com o cordão umbilical pulsando o coloquei em meu seio, depois de uns 20 minutos o pai cortou o cordão e ficamos juntinhos, corpo a corpo, olhos abertos para descobrir a aventura de viver! Minha placenta não<span class="grame">saiu,</span><span class="apple-converted-space"> </span>só pela manhã que consegui expulsá-la no banho, ainda tinha dores como cólicas, Kátia informou que um coágulo poderia ter se formado, por isso que ela não saia, quando finalmente senti a última contração e pude expelir de dentro de mim aquela que protegeu meu filhote, frondosa como uma árvore que surtiu seu<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">fruto!Ah</span>! Parir, partejar, dividir, e ficar na sua cama, com sua família, no seu lar, nem dá para comparar com ter um filho num ambiente hospitalar...<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">inóspito</span>, frio, impessoal. Faria tudo novamente! E naquela Lua Nova um novo trilhar se iniciou em nossos caminhos, um novo ciclo! Nesse feriado de sete de setembro plantaremos a placenta em nosso quintal, com a vinda dos avós de<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Rudá</span><span class="apple-converted-space"> </span>e comemoraremos mais um dia essa sementinha que brotou, devolvendo a terra e a Natureza o que o fortaleceu em meu ventre!<span class="grame">"</span><span class="apple-converted-space"> </span>Bianca C. Magdalena<span class="apple-converted-space"> </span> <u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 22.4pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><u3:p></u3:p>Texto redigido em 30 de agosto de 2009.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 22.4pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">_Na voz da parteira<u3:smarttagtype name="metricconverter" namespaceuri="urn:schemas-microsoft-com:office:smarttags" style="color: #ccffff;"></u3:smarttagtype><u3:smarttagtype name="PersonName" namespaceuri="urn:schemas-microsoft-com:office:smarttags" style="color: #ccffff;"></u3:smarttagtype><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 22.4pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><u3:p></u3:p>Ontem e essa madrugada minha cabeça revivia o tempo com você e seu marido e a<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Sil</span>. De madrugada acordava e agradecia a Deus por tudo o que aconteceu.<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">Sabe</span>, eu quase desisti de ir; pensei: "É muita loucura...", mas não ficava sossegada com o meu não. Então, fiz o que faço sempre: conversei com Deus e pedi que fosse conduzindo tudo, abrindo os caminhos e me mostrando o que era melhor fazer. Na verdade, desde o seu primeiro contato, eu me comprometi. Eu não queria saber a distância, eu queria poder proporcionar a mais uma mãe o direito de ter seu filho naturalmente, sem intervenções. Eu dirigi a madrugada toda pra chegar aí, parei umas três vezes pra checar se estava certa e outras duas pra lavar o rosto. Durante a viagem, sem rádio eu sozinha o que eu fazia, cantarolava e orava a Deus; pedia por você, por<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Rudá</span>, pelo seu marido e por mim. É eu tenho provado e visto o quanto Deus é maravilhoso e o quanto Ele age em minha vida, desde a minha gestação, que foi uma surpresa inesperada e que Ele me prometeu que eu veria o milagre que eu sonhara acontecer e foi assim, você<span class="grame">deve</span><span class="apple-converted-space"> </span>ter lido contrariando todos as razões da lógica eu pari e em casa, e olha, um dia te conto os detalhes, foi mesmo milagre, ou melhor milagres. Eu pedi muito a Deus que me permitisse sentir as dores e as contrações para poder fortalecer as mulheres que pudessem passar por mim, e foi assim com você, eu sabia a intensidade da dor, eu não só imaginava, eu tinha a real experiência do que você sentia e sabia que você seria capaz. Quando eu cheguei pedi a Deus que me abençoasse e que me mostrasse claramente se algo não estivesse indo bem e olha o que aconteceu; o tempo todo o coração de<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Rudá</span><span class="apple-converted-space"> </span>ficou ótimo, ele conversava conosco e dizia que estava tudo bem. Não posso esquecer sua expressão quando te vi e você disse de sua alegria por eu ter ido, por não ter desistido. É...<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">foi</span><span class="apple-converted-space"> </span>um dos partos mais lindos de que já participei, tudo a seu tempo: você foi muito forte, em momento algum chutou o balde e pediu analgesia, a garra de uma guerreira veio à tona e Deus mais uma vez me ouviu: te fortaleceu. Eu vibrei tanto de alegria quando<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Rudá</span><span class="apple-converted-space"> </span>nasceu, veio de novo em mim a mesma emoção de quando pari minha filha, uma explosão de alegria e muita ocitocina. Minha mama já estava cheia, na hora desceu mais leite. Muito lindo<span class="grame">!!!</span>Só pode vir de Deus algo tão perfeito, emocionante e transformador como é o nascimento natural. Eu costumo dizer que cada parto me transforma, e que cada parto me faz renascer; cada parto transforma a mãe em mais mulher e mais mãe e mais ser humano, e cada pai de igual forma<span class="grame">!!!</span>Eu voltei, estava exausta na segunda-feira no estágio, meu corpo dolorido, as pernas doendo do movimento de dirigir tanto em tão pouco tempo, mas a alegria e satisfação recompensaram tudo. Valeu à pena ter conhecido você e ter ido à Cananéia, agora, nossas vidas estão interligadas pelo nascimento tão lindo de<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Rudá</span>. Um grande abraço e parabéns por essa experiência tremenda que é o parto.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 22.4pt; text-align: start;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Kátia Z. A. Pedroso<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 22.4pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">_Na voz da dinda<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 22.4pt;">
<span style="text-align: start;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Quem sou eu para escrever sobre a vinda de um serzinho a este mundo, sendo que eu mesma ainda não exerço o belo papel de mãe? Sou a madrinha, fotógrafa oficial da gravidez e parto, doula amadora e amiga-irmã da mãe da criança. Por isso, aí<span class="grame">vai...</span>Para relatar minha emoção em estar presente no grande momento do nascimento de<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Rudá</span><span class="apple-converted-space"> </span>vou precisar me contextualizar um bocado, relembrar momentos e só então contar como foram os momentos que passei junto ao casal de amigos queridos naqueles 22 e 23 de agosto de 2009.Minha amizade com “os gordinhos”, como são chamados carinhosamente pelos amigos, iniciou-se aos poucos, sem muito alarde ou emoção. Tudo foi acontecendo aos poucos, fomos nos descobrindo, entendo nossas afinidades e mais do que tudo respeitando nossas diferenças que não são poucas. E as coisas foram fluindo... Até que pela primeira vez nos tornamos compadres em meu casamento e de lá para cá somos uma família. Sim, a de sangue está distante, mas a de alma está sempre por perto. E de tão próximos, posso dizer que desde o princípio da amizade eu me lembro da Bianca achando estar grávida em quase todos os meses. Sua menstruação nem atrasava e ela já ficava toda preocupada. E<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">quanto dávamos</span><span class="apple-converted-space"> </span>risada com isso... A preocupação era sempre<span class="apple-converted-space"> <st1:personname productid="em v ̄o. At←" st="on"></st1:personname></span>em vão. Até<span class="apple-converted-space"> </span>que em dezembro de 2008, no mês que ela nem esquentou a cabeça, a menstruação atrasou<span class="grame">!!!</span>Foram dias crendo que em algum momento menstruaria, mas isso não aconteceu e uma tarde eu liguei para ela e recebi a seguinte informação: “é amiga, você vai ser tia”. Meu Deus, que misto de alegria e preocupação... Grana curta,<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Codorninha</span><span class="apple-converted-space"> </span>na faculdade, Bi sem emprego fixo e os amigos tão duros quanto! Como ajudar? Dando apoio, afinal, eu ia ser tia agregada! Nunca me<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">esqueço</span><span class="apple-converted-space"> </span>que na noite do mesmo dia da notícia nos encontramos e ela me disse: “um filho é uma benção, sempre!”. Guerreira! Avesso! Durante sua gravidez não estive muito presente, ela precisou se ausentar da cidade em que vivemos, mas mesmo com a distância os pensamentos eram sempre voltados a ela. Sofri quando ela disse que faria o parto longe daqui por achar mais seguro, já que vivemos numa ilha e o hospital mais próximo fica<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">a</span><span class="apple-converted-space"> </span>40 minutos. E sou grata a ela por ter mudado de ideia. Em maio de 2009 ela voltou para a terra do marzão e das montanhas encantadas e disse que teria o bebê em casa, num parto humanizado. Pirei! Amei! E dei o maior apoio. Desde minha adolescência eu dizia que se um dia fosse mãe, meus filhos nasceriam em casa, mas achava que isso não seria possível, achava que ninguém mais fazia<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">isso...</span>O bom é que quando ela me contou sua escolha eu já estava mais informada sobre a “humanização do parto” por outra amiga que também já tinha feito essa escolha e pude apoiá-la. Enquanto a maioria absoluta a chamava de louca, eu<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">a</span><span class="apple-converted-space"> </span>admirava cada dia mais, ficava ouvindo-a por horas contar sobre suas leituras e pesquisas na internet sobre o assunto.<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">Me preocupava</span><span class="apple-converted-space"> </span>sim, mas quanto mais ela me munia de informações, mais eu acreditava no poder da natureza de Deus. Minha mãe teve seis filhos, todos de parto normal (a primeira nasceu em casa) e sempre se indignou com o número abusivo de cesárias no Brasil. A educação que recebi dela me fez acreditar que a Bianca conseguiria. E assim tudo foi se encaminhando e quando chegou agosto – o possível mês de nascimento do<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Rudá</span>, já que ele poderia também nascer em setembro - eu “falhei” em alguns momentos e espero que a Bi não tenha sofrido demais com minhas falhas de madrinha de primeira viagem. Estava tão ansiosa quanto ela e por várias vezes minha falta de maturidade no assunto não me permitiu ajudá-la corretamente. Eu dizia que sentia (quem era eu pra sentir alguma coisa?) que já estava chegando a hora, que ele ia nascer em breve, enfim, fui infantil! A gota d'água foi um almoço em casa no qual ela achou que a bolsa pudesse ter estourado porque tinha sentido alguma coisa úmida na calcinha... Pronto! Eu já fiquei falando que ela estava com<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">5</span><span class="apple-converted-space"> </span>dedos de dilatação, que ia nascer, que precisávamos ligar para a parteira...<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">mais</span><span class="apple-converted-space"> </span>uma vez, infantil! Fomos para o pronto-socorro da cidade e o médico disse que ela estava com nenhum dedo de dilatação.<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">Me lembro</span><span class="apple-converted-space"> </span>do seu semblante ao sair do hospital, triste e cabisbaixa. Foi naquele momento que percebi que ela precisava que eu me acalmasse. E foi o que eu<span class="spelle">fiz!Tentei</span><span class="apple-converted-space"> </span>levá-la para caminhar algumas vezes, mas só consegui numa segunda-feira 17 de agosto, e nesse dia ela me contou que o tampão havia saído e que estava chegando a<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">hora.</span><span class="spelle">A</span><span class="apple-converted-space"> </span>Silmara de alguns dias atrás faria tudo aquilo novamente, mas eu me comportei como a mulher de quase 30 que sou e não fiz um carnaval com a notícia. Fiquei feliz, mas de uma forma mais comportada. Durante essa semana que o tampão saiu eu não apareci muito, não queria ficar pressionando-a, me<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">lembro</span><span class="apple-converted-space"> </span>só de ter levado o casal ao médico e de ter recebido a notícia do 1 dedo de dilatação.<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Felicidade! E</span><span class="apple-converted-space"> </span>fomos conversando pela internet todos os dias. Até que na sexta-feira, 21 de agosto o Codorna passou em casa, tarde da noite e me disse: “<span class="spelle">Sil</span>, está acontecendo, a Bi tem tido contrações de 10 em 10 minutos e já ligamos para a parteira”. Fiquei parada, sem reação... Esperei tanto aquele momento e não sabia o que fazer. A Bianca já havia me dito que gostaria que eu estivesse presente no momento do parto, mas eu não soube como reagir.<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">O Codorna</span><span class="apple-converted-space"> </span>me disse que achava que ainda demoraria e que qualquer coisa eles me ligavam. Por mim eu já ia pra casa dela naquele momento, mas precisei mais uma vez não agir por impulso. Foi duro pegar no sono aquela noite... Acordei antes das seis e fui correndo para a internet ver se tinha novidades. Que inocência a minha achar que uma mãe prestes a parir vai parar para escrever na internet, mas enfim, eu queria notícias. E fui atrás dela, liguei para<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">o Codorna</span><span class="apple-converted-space"> </span>e ele me disse que estava tudo bem, que a parteira havia chegado e já estava fazendo os exames... Alívio, a parteira chegou! Veio de São José dos Campos especialmente para o nascimento do<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Rudá</span>. Um anjo! Umas duas horas depois a Bianca me ligou avisando que estava com dois dedos de dilatação e que a parteira havia pedido que ela caminhasse um pouco para acelerar as contrações. Mais uma vez vontade absurda de ir até lá, mas com medo de atrapalhar. Toquei meu sábado, fiz várias coisas e chegou uma hora que eu não aguentei e fui para lá. Eram umas duas da tarde. Levei bolsas de água quente e uma vontade imensa de ajudar e estar perto dos amigos. Quando cheguei<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">a</span><span class="apple-converted-space"> </span>parteira estava no computador, o Codorna fazendo comida e um clima que não era de parto. Fiquei meio perdida. Na minha cabeça a Bianca estaria deitada na cama, gritando bastante, nós todos ficaríamos em volta falando faz força, ele está vindo, está vindo, nasceu! Nada a ver... Quando cheguei, a parteira,<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">muuuito</span><span class="apple-converted-space"> </span>fofa, me disse que estava feliz que teria alguém para fotografar. Apaixonei por ela na hora, ela não tinha noção para quem estava falando isso<span class="grame">!!!</span><span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">A Bi</span><span class="apple-converted-space"> </span>estava no chuveiro, aliás, onde passou a maior parte do trabalho de parto e não me viu chegar. Quando saiu foi fazer o exame de toque e já estava com<span class="apple-converted-space"> <st1:metricconverter productid="5 cent■metros" st="on"></st1:metricconverter></span><span class="grame">5</span><span class="apple-converted-space"> </span>centímetros<span class="apple-converted-space"> </span>de dilatação. Alegria geral! Kátia, a parteira, acreditava que<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Rudá</span><span class="apple-converted-space"> </span>nasceria até às 18h do dia 22 de agosto e seria, para pânico da mãe, um leonino, assim como o pai. Mas não, ele queria agradar a mãe e fazer o que ela tanto<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">pediu,</span><span class="apple-converted-space"> </span>nascer um virginiano organizado no primeiro dia do signo aos 23 dias de agosto e foi o que ele fez, mas até lá ainda tem muita história...Esse exame de toque foi feito por volta das três da tarde e o próximo às 17h50. Nesse meio tempo vi a Bianca sofrer muito com as dores...<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">o</span><span class="apple-converted-space"> </span>pai, a parteira e eu fizemos compressas com a bolsa de água quente, chá, massagens, etc. e acreditávamos que o momento estava chegando, mas neste segundo exame foi descoberto que ela ainda estava com 6 dedos e teria chão pela frente. Os amigos que estavam reunidos aguardando notícias me ligavam sem parar, minha família de Itu também e eu conversava com uma grande amiga da Bianca que também tinha optado pelo parto natural, pela internet, ela dava dicas para eu repassar para a mãe em trabalho de parto. Modernidade misturada à tradição, ao natural, ao “antigo<span class="grame">”...</span>E assim foi entrando a noite. O pai visivelmente cansado e a comadre também. Assistir ao sofrimento dela despertava em nós uma espécie de dor solidária. Um cansaço de vê-la<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">sofrer...</span>Certa hora da noite o Codorna olhou pra mim e disse: “Estou cansado de vê-la sofrer assim”...Lindo! E dá-lhe massagens, e dá-lhe pontos de acupuntura para aliviar a dor e para acelerar as contrações... Um trabalho em equipe! Equipe esta composta por mãe, filho, pai, parteira e comadre, movidos pelo amor. A bolsa não estourava e mais uma vez eu vivia um misto de alegria e preocupação... Alegria porque isso queria dizer que<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Rudá</span><span class="apple-converted-space"> </span>estava protegido no útero da mãe e preocupação porque na minha cabeça quanto mais<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">demorasse para</span><span class="apple-converted-space"> </span>estourar, mais tempo duraria. E foi então que às 23h27 a bolsa estourou.<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">Me lembro</span><span class="apple-converted-space"> </span>que a Bi estava em pé, ao lado da cama com as mãos sobre a mesma e disse: “agora estourou”; e foi o que realmente aconteceu. Gritamos viva e abraçamos a mamãe. Nesse momento me emocionei, ela agradeceu nossa presença e disse que só estava conseguindo porque estávamos lá... Tão lindo! Daí pra frente<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">as</span><span class="apple-converted-space"> </span>dores foram mais intensas e posso dizer isso porque vi o sofrimento dela aumentar. Ela pedia muito para o<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Rudá</span><span class="apple-converted-space"> </span>nascer, mas ele ainda esperou mais quatro horas e meia para nascer. E noite<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">a dentro</span><span class="apple-converted-space"> </span>continuei minha função de amiga e comadre: massagem, chá, bolsa de água quente...Em um determinado momento ela estava deitada num colchão no chão, o Codorna estava amparando sua cabeça, a parteira fazendo massagem em seus pés e eu com uma bolsa de água quente em suas costas. Nessa hora eu e meus companheiros já não conversávamos como antes, estávamos cansados e eu pensava até quando ela ficaria sofrendo daquele jeito e mais ou menos nesse momento ela se levantou ficou de joelho no colchão e abraçou meu quadril (eu estava sentada na cama)... Naquele momento eu senti o quanto nossa amizade era verdadeira. Meus olhos se encheram de lágrimas e me pus a fazer massagens em suas costas. Achei que era hora de interceder<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">pela Bi</span><span class="apple-converted-space"> </span>junto ao<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Rudá</span><span class="apple-converted-space"> </span>e comecei a cantar: continue a nadar, continue a nadar, vamos<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Rudá</span>, continue a nadar...Depois disso ela resolveu ir para o chuveiro e lá ficou por poucos minutos, não mais como antes quando ficava por muito tempo. E quando voltou se colocou de quatro no colchão, fiquei novamente com a função da bolsa quente em suas costas e alguns minutos depois a Kátia falou que estava sentindo o cheiro do líquido amniótico, pediu que eu segurasse uma vela e me mostrou a cabeça do<span class="spelle">Rudá</span><span class="apple-converted-space"> </span>se aproximando... Quanta emoção! Corri pegar a máquina fotográfica, pois se tinha um pedido da mãe era que eu fotografasse o momento do “coroamento” e foi o que fiz. Foram várias fotos e ao mesmo tempo ajudando a Kátia e seguindo suas instruções... O pai parecia um bicho, olhava a cria nascendo e voltava correndo consolar a mulher... E às 3h56 do dia 23 de agosto de 2009 ele nasceu! Depois de 32 horas de trabalho de parto. Eu estava tensa, enquanto o<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Rudá</span><span class="apple-converted-space"> </span>não abriu os olhos eu não fiquei bem...<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">Me deu</span><span class="apple-converted-space"> </span>um pavor ele nascer e não abrir os olhos, não chorar, não se mover... Mas quando seus olhos se abriram e um chorinho bem leve tomou conta do quarto, foi só alegria! Ele foi passado por baixo da mãe, o pai amparou-o e enfim ela o pegou em seus braços... E dá-lhe fotos! Nessa hora eu já estava em prantos! Emoção sem igual! Meu sonho de assistir um parto enfim estava realizado e da forma mais natural possível. Logo depois que ele<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">nasceu,</span><span class="apple-converted-space"> </span>que a Bianca levantou do chão, sentou-se, ficou com ele pertinho de si, que enviei mensagens aos amigos avisando do seu nascimento, que o cordão foi cortado pelo pai, comecei a sentir uma cólica muito forte e minha menstruação desceu. Coisa louca esse mundo da natureza, esse mundo de Deus! Acabei não podendo ajudá-la muito depois do parto, pois estava com muita dor, com uma cólica que há tempos eu não sentia. Mas mesmo assim fui até minha casa buscar aveia para que a Kátia pudesse preparar um mingau para ela e nesse momento meu marido foi até lá comigo, com a dor que estava sentindo nem conseguia mais dirigir. Fui sair da casa dela o dia já estava clareando e eu, assim como todos da “equipe”,<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">precisávamos descansar</span>.<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">Me lembro</span><span class="apple-converted-space"> </span>de ter chegado em casa, tomado um banho e ter ido deitar em minha cama pensando em como a vida é mesmo um misto de sentimentos. Mais uma vez eles se mesclavam em mim...<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">alegria</span><span class="apple-converted-space"> </span>e dor. Dor porque a cólica estava realmente forte e alegria<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">porque</span>...<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">ah</span>...<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">eu</span><span class="apple-converted-space"> </span>preciso mesmo explicar a razão da alegria?<span class="apple-converted-space"> </span>Silmara Guerreiro<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-right: 24.65pt; text-align: start;">
<div style="text-align: left;">
<span style="font-size: x-small;"><br /></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; margin-right: 24.65pt; text-align: start;">
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Bianca:<span class="apple-converted-space"> </span><a href="mailto:lunabianka@yahoo.com.br"><span style="color: windowtext;">lunabianka@yahoo.com.br</span></a><u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; margin-right: 24.65pt; text-align: start;">
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Publicado<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">originamente</span><span class="apple-converted-space"> </span>em:<span class="apple-converted-space"> </span><a href="http://partonobrasil.blogspot.com/2010/01/relato-de-parto-natural-domiciliar-apos.html"><span style="color: windowtext;">http://partonobrasil.blogspot.com/2010/01/relato-de-parto-natural-domiciliar-apos.html</span></a><u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; margin-right: 24.65pt; text-align: start;">
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="font-size: x-small;">Mãe de<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Ícaro</span><span class="apple-converted-space"> </span>e<span class="apple-converted-space"> </span></span><span class="spelle"><span style="font-size: x-small;">Rudá</span><b><u1:p></u1:p></b></span><b><o:p></o:p></b></span></div>
<div>
<b><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="spelle"><br /></span></span></b></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><u1:p></u1:p><u1:p></u1:p><u1:p></u1:p><u3:smarttagtype name="metricconverter" namespaceuri="urn:schemas-microsoft-com:office:smarttags" style="line-height: normal; text-align: start;"></u3:smarttagtype><u3:smarttagtype name="PersonName" namespaceuri="urn:schemas-microsoft-com:office:smarttags" style="line-height: normal; text-align: start;"></u3:smarttagtype><u1:p></u1:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
</div>
</div>
</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4217096822033546369.post-40798576076654181232014-12-27T15:22:00.001-03:002020-04-02T19:32:10.131-03:00Relato Rebeca, nascimento de Alice<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; line-height: 32px; text-align: center;">
<b style="line-height: 26pt;"><span style="color: #089ca3; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">NASCIMENTO DE BRENO (CESÁREA) E ALICE (PARTO NA ÁGUA)</span></b></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 32px; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: xx-small;"><b>Rebeca – Divinópolis/MG</b><span style="font-size: large;"><u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: start;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-vcWFUf8KP_A/XO2nn8ib9tI/AAAAAAAAmpI/ridFbwRY6380FooBi2HOHepUNuntxBQmgCLcBGAs/s1600/Parto%2B%252831%2529.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><img border="0" data-original-height="432" data-original-width="576" height="240" src="https://1.bp.blogspot.com/-vcWFUf8KP_A/XO2nn8ib9tI/AAAAAAAAmpI/ridFbwRY6380FooBi2HOHepUNuntxBQmgCLcBGAs/s320/Parto%2B%252831%2529.jpg" width="320" /></span></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; line-height: 32px; text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"></span></div>
<div style="line-height: 32px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;"><o:p></o:p></span><br /></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Quando eu tinha 10 anos uma quiromante me disse que eu teria<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">2</span><span class="apple-converted-space"> </span>filhos, e que seria antes dos 25 anos de idade. Pra mim isso parecia irreal e distante, eu era só uma menina!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 32px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Aos 13 anos dei meu primeiro beijo e aos 15 conheci o homem com quem eu me casaria e teria esses dois filhos que minha mão denunciara.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 32px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><span class="grame">Me casei</span><span class="apple-converted-space"> </span>aos 20 anos e num exame de rotina fui diagnosticada com ovários policísticos. O tratamento não me agradou (hormônios) e nem a postura da médica, pessimista em relação a gestação natural embora eu não sofresse de anovulação. Acabei por decidir não prevenir e engravidei no ciclo seguinte, porém caí nos 15% de seleção natural de primigestas e tive uma perda sem abortamento espontâneo. Passei por uma aspiração uterina após cerca de 8 semanas de espera pela expulsão natural (que não aconteceu) e depois de<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">6</span><span class="apple-converted-space"> </span>meses engravidei novamente. A aspiração manual (AMIU) foi feita em uma maternidade e pude ter ali uma ideia do que não queria para meu futuro trabalho de parto e parto: isolamento, falta de privacidade, falta de posição para conforto, jejum, tricotomia, dentre outras coisas. </span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;">Eu já participava de grupos virtuais de mulheres e assim escrevi meu plano de parto natural: Breno crescia em meu ventre. Quando estava com 21 semanas de gestação nos mudamos de BH para Divinópolis e, munida do plano de parto, visitei todas as maternidades da cidade. Não houve abertura para as coisas que considerava mais importantes no meu processo, como não haver intervenções de rotina, parir fora do bloco cirúrgico, pai presente, liberdade de escolha de posições, não intervir no bebê saudável. Com 36 semanas a doula Alessandra Godinho gentilmente me acompanhou até o Sofia Feldman em BH, assim </span><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;">resolvi parir lá, pois vi na assistência da enfermagem obstétrica e na casa de parto a segurança e acolhimento que procurava.</span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;">Fui para BH com 39 semanas e m</span><span class="grame" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;">e hospedei</span><span class="apple-converted-space" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;"> </span><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;">na casa da minha mãe. Estava bem disposta porém muito ansiosa. A data provável era dia 29/12/2003. Esta ansiedade, o Natal, distância do marido se tornaram grandes inimigos do meu plano de parto original. Percebi que o maior preparo para o parto era mesmo emocional. Estive na maternidade 3 vezes durante meus pródromos achando ser TP! Não tinha doula e a família não sabia nada sobre parto, sogra e mãe não tiveram a oportunidade de parir.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 32px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;">No dia 30/12 tive contrações irregulares o dia todo, era a fase latente. Procurei a maternidade novamente, estava com 3 cm, colo favorável a indução. Não era meu desejo inicial mas se tornou minha preferência diante da situação emocional. Hoje me arrependo muito de não ter contratado uma doula para me ajudar nestes dias finais. Passei o dia caminhando e, tomada pela ansiedade, pedi a indução do parto com 40 semanas e<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">2</span><span class="apple-converted-space"> </span>dias, às 20h do dia 30 de dezembro de 2003. Fui muito bem atendida, consultada sobre todas as opções de indução e condução do trabalho de parto. Sem doula, com marido e mãe, tive dificuldades para relaxar e me entregar ao trabalho de parto, me mantendo tensa, controlando cada centímetro evoluído ou não. Desta forma demorei quase 20h para atingir<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">9 cm</span><span class="apple-converted-space"> </span>de dilatação. Usei ocitocina, analgesia e estas intervenções interferiram no posicionamento do bebê. Às 18h uma cesárea foi indicada e Breno nasceu dia 31 às 19h. </span><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;">Não vi nada do nascimento, chorei todo o tempo. Tive uma boa recuperação física, amamentei com sucesso e a frustração decorrente dessa experiência acabou despertando em mim o desejo de uma nova chance. </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;">Amamentei Breno em livre demanda, de modo que meu ciclo menstrual só recomeçou 15 meses após seu nascimento. En</span><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;">gravidei logo, no terceiro ciclo, quando Breno tinha um ano e cinco meses. </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 32px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Ainda morando em Divinópolis, passei a gravidez procurando um médico para me atender em casa no TP, ou uma parteira, uma opção de parto humanizado e sequer encontrei apoio pra um parto normal na cidade em que moro. Passei por vários médicos e escutei muitas coisas sem fundamento. Um médico chegou a dizer ser possível mas não senti segurança. <o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;">Eu estava então com 24 anos, Alice estava a caminho, nós duas sempre muito saudáveis. </span><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;">Não tive sangramento, dores,</span><span class="apple-converted-space" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;"> </span><span class="grame" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;">azia ou inchaço, engordei</span><span class="apple-converted-space" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;"> </span><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;">5 kg e minha pressão se manteve 10x6.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 32px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;">Consultei a equipe de parto domiciliar de Bh sobre PD mas com cesárea prévia não toparam. Assim, e</span><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;">m janeiro de 2006, com 30 semanas de gestação, decidimos ter o neném em BH, no Sofia novamente. Seria sofrido separar a família, esperar o TP, ficar na casa de parentes, mas era o melhor atendimento que tínhamos disponível.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 32px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Pela DUM minha DPP era 13/3,<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">pelo US</span><span class="apple-converted-space"> </span>22/03. Em 8/3, com 38 semanas, estava com muitas contrações e fui ao posto de saúde me consultar com o GO. Ele fez um toque, informou que eu estava <span class="grame">3</span><span class="apple-converted-space"> </span>cm e descolou as membranas sem me pedir autorização! Eu disse que não era pra fazer<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">mas</span><span class="apple-converted-space"> </span>era tarde. Saí de lá com sangramento leve, cólica forte, chateada com o desrespeito e com muito medo de Alice adiantar e nascer em Divinópolis! Era quarta-feira, liguei pro meu pai e pedi que viesse me buscar no sábado, queria ir logo esperar o TP em BH.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 32px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;">Depois dessa intervenção fiquei mais quieta; o tampão saiu na sexta, dia 10, mas Alice esperou comportadamente. Fui pra BH e n</span><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;">os dias que se seguiram descansei bastante, passeei, vi meus amigos e ri muito. </span><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;">Eu estava com pródromos regulares, todos os dias as contrações ganhavam um ritmo por cerca de 2 horas, mantendo intervalos de 6/6, 7/7 minutos, doíam bem pouco. Passei a semana seguinte caminhando por horas, tomando litros de chá de canela, fiz acupuntura, estava começando a ficar ansiosa.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 32px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">No dia 19 eu estava insegura, chorona, precisando de colo. Resolvi que precisava fazer algo e então fui ao Sofia Feldman, direto na casa de parto,<span class="apple-converted-space"> e c</span>hegando lá conheci a Miriam, enfermeira obstetra que foi meu anjo de guarda nesse processo.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 32px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Ela me acalmou, examinou, me incentivou, me encheu de ânimo, foi uma consulta espiritual! Conversamos demoradamente, trocamos telefones, e-mails, ela se prontificou a me atender em TP em casa antes de seguirmos pro Sofia, e o melhor:<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">me esclareceu</span><span class="apple-converted-space"> </span>sobre a possibilidade (até então remota pra mim) de ter neném na casa de parto, o meu sonho! Ela conversou com colegas sobre meu caso. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 32px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">No dia 21 eu acordei com a sensação de que estava chegando a hora. Animada, arrumei as malas, fiz um bolo, brinquei bastante com Breno. À noite um passarinho amarelo entrou na casa da minha mãe, onde eu estava, era um sinal!<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 32px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Fui dormir e de madrugada acordei com a calcinha molhada. Coloquei um protetor e resolvi que se fosse<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">a</span><span class="apple-converted-space"> </span>bolsa eu saberia de manhã, que por hora o melhor era descansar.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 32px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Acordei às 7h e o<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">ping</span><span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">ping</span><span class="apple-converted-space"> </span>continuava: era uma ruptura alta na bolsa, não tinha dúvida. Comecei a tentar falar com a Miriam, deixá-la avisada, mas o celular estava desligado. Depois das 9h liguei pra<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Keylla</span>, minha amiga-comadre-doula e ela veio ficar comigo, fosse pra ficarmos quietas em casa, fosse pra ir pro Sofia. Minha mãe saiu com Breno, ficamos sozinhas umas 3 horas. Ao meio-dia fui ao banheiro e ao me levantar saiu muita água da bolsa, gritei a<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Keylla</span>, comecei a chorar, a tremer, era chegada minha hora!!! Ela me acalmou, riu, ligou pro meu marido Marco pra que ele viesse se juntar a nós nessa espera.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 32px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Eu não queria ir pro Sofia muito cedo, até por que a Miriam havia me dito que o sucesso de meu VBAC dependia em grande parte de já chegar lá na fase ativa. Liguei pra ela e fui orientada a <span class="grame">ir lá na</span><span class="apple-converted-space"> </span>casa de parto, avisar o plantonista da bolsa rota, avisar que queria ter neném lá, pra ser examinada se necessário, pra monitorar o coração de Alice.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 32px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;">Fui com<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Keylla</span><span class="apple-converted-space"> </span>às 15h, entramos pela casa de parto porém a enfermeira do plantão não concordou em me assistir lá. Novamente em contato com a Míriam tentei outra possibilidade: conversar com o Dr. João. </span><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;">Bom, fui atrás do João e me apresentei, disse o que queria entre uma contração e outra. Ele disse que o risco de ruptura era de meio por cento, como eu já sabia, que o risco era menor do que de ele ser atropelado na rua,</span><span class="apple-converted-space" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;"> </span><span class="spelle" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;">hehe</span><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;">! Disse que se o enfermeiro me aceitasse eu poderia ficar no Centro de Parto Normal, que se qualquer coisa acontecesse na casa de parto eu poderia ser transferida pra maternidade e operada a tempo de salvar o bebê. Tocou minha barriga durante uma contração e disse pra eu não ir embora, que meu TP estava começando, e eu respondi que ia ficar por ali caminhando.</span><span class="apple-converted-space" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;"> </span><span class="grame" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;">Me desejou</span><span class="apple-converted-space" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;"> </span><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;">boa sorte e me deu o aval que eu precisava.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 32px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;">Marco chegou, a enfermeira me examinou, estava com <span class="grame">4cm, </span>depois saí pra caminhar, andar, ajudar.<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Keylla</span><span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">foi em</span><span class="apple-converted-space"> </span>casa amamentar o pequeno Dudu. </span><span class="spelle" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;">Edvam</span><span class="apple-converted-space" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;"> </span><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;">assumiu o plantão às 19h, fiquei caminhando, a dor estava gostosinha, era só inclinar pra frente que mal sentia. O tempo foi passando e eu ficando nervosa, Marco marcava as contrações, que duravam em média 45 segundos e tinham intervalo de 4 minutos.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 32px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><span class="grame">Eu continuava caminhando e, num certo momento, senti necessidade de me afastar </span>de todos chorar. Pus para fora o que sentia! Dor, frio, solidão, medo. Foi ótimo, me senti mais leve depois.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 32px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><span class="spelle">Edvam</span><span class="apple-converted-space"> </span>me examinou às<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">22:30</span>h, 5cm e colo 60%, permiti terminar de romper a bolsa e as contrações imediatamente se intensificaram, o intervalo diminuiu. Era quase 23h,<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Keylla</span><span class="apple-converted-space"> </span>chegou, lanchei um pão com leite, nada de jejum!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 32px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><span class="spelle">Keylla</span><span class="apple-converted-space"> </span>e eu conversando, caminhando, as dores estavam bastante fortes<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">mas</span><span class="apple-converted-space"> </span>suportáveis. O novo toque seria lá pelas 2h, eu não sentia evolução e comentei isso com o<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Edvam</span>. Ele disse que se de fato não evoluísse poderíamos tentar outras opções. Caminhei, rebolei, gemi, tomei banho, recebi massagem até 2h da manhã, quando foi feito novo toque:<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">5cm</span>!!!!! Puxa vida, eu estava certa, não tinha evoluído.<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Edvam </span>disse pra eu caminhar bastante antes de novo toque. Saí do quarto com<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Keylla</span>, nas contrações me pendurava nela, gemia, acocorava.<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">Daí em diante perdi</span><span class="apple-converted-space"> </span>a noção das horas, só sei que<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Edvam</span><span class="apple-converted-space"> </span>fez novo toque e tinha 6cm, devia ser umas 4h. Pelo tempo de bolsa rota ele sugeriu que eu caminhasse muito para não precisar de<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">ocitócito</span>, e que às 6 da manhã ia me dar antibiótico (por tempo de bolsa rota).<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 32px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Eu não<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">aguentava</span><span class="apple-converted-space"> </span>mais andar, minhas coxas doíam como se um nervo estivesse sendo comprimido. Conversei com Marco e decidimos tentar o soro<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">mas</span><span class="apple-converted-space"> </span>monitorando mais o coração Alice, uma possível ruptura, essas coisas. <u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 32px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;">Assim que ele colocou o soro eu não mais pensava; fui para a partolândia!!!!! </span><span class="grame" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Me sentei</span><span class="apple-converted-space" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> </span><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">no colo do Marco de costas, de pernas abertas, cobri as pernas pra ver se a dor nas coxas melhorava, durante as contrações mordia uma toalha e apertava as mãos de</span><span class="apple-converted-space" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> </span><span class="spelle" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Keylla</span><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 32px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;">Às 5 da manhã falei com a técnica de enfermagem que queria subir pra maternidade, que o sucesso do meu PN dependia de uma anestesia, que eu queria parir<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">mas</span><span class="apple-converted-space"> </span>com alívio pra dor. Conheci minha mulher selvagem e ela foi acolhida com muito carinho por meus acompanhantes, respeitando meu plano de parto e me dando forças para continuar. </span><span class="spelle" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;">Edvam</span><span class="apple-converted-space" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;"> chegou depois de um tempo e me examinou antes de ir tomar anestesia, que era meu desejo. </span><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;">Pedi pra tirar o soro e recolocar lá em cima, na maternidade, mas ele disse não ser possível, teria que ir com ele. Agora sei que ele disse isso e me examinou pra me animar a continuar, que estava perto. E estava:</span><span class="apple-converted-space" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;"> </span><span class="grame" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;">8</span><span class="apple-converted-space" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;"> </span><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;">cm.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 32px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><span class="spelle" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;">Eu estava deitada e quando me levantei Keylla</span><span class="apple-converted-space" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;"> </span><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;">perguntou se já sentia vontade de empurrar e eu disse “50%”. Pouco depois me levantei e gritei que estava empurrando, mas era involuntário, puxos loucos!</span><span class="apple-converted-space" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;"> </span><span class="spelle" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;">Edvam</span><span class="apple-converted-space" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;"> </span><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;">perguntou se eu queria parir na água ou na cama, apontei a banheira. Ele disse que seria o primeiro VBAC na água!</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 32px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><span class="grame">Me acocorei</span><span class="apple-converted-space"> </span>na beirada da banheira enquanto ele a enchia de água, perguntei se podia fazer força, se ainda tinha colo, se não ia inchar e doer, aí ele disse que o colo que tinha não atrapalhava mais nada.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 32px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Nessa hora eu não sabia se podia empurrar, se podia ser entre as contrações, se ia dar tempo de esperar a banheira encher. Marco achava mesmo que não ia dar tempo, mas deu.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 32px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><span class="spelle">Edvam</span><span class="apple-converted-space"> </span>saiu do quarto pra buscar o kit de parto e eu passei óleo no períneo, massageei, senti a cabecinha da minha filha dentro do canal, chorei de alegria.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 32px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;">Entrei na banheira, Marco me dando suporte físico do lado de fora,<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Keylla</span><span class="apple-converted-space"> </span>fotografando,<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Edvam</span><span class="apple-converted-space"> </span>me orientando a esperar as contrações. </span><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;">Eu queria não empurrar, queria deixar a neném sair naturalmente pra não lacerar, mas a dor era intensa e eu sentia que estava empurrando a dor pra fora junto com Alice. Era involuntário!</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 32px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Comecei a chamá-la, disse pra vir descansar comigo. Senti a cabecinha descendo, senti uma desproporção, a sensação de que não passaria nunca!<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 32px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">As contrações não davam trégua, eram cerca de<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">4</span><span class="apple-converted-space"> </span>em 10 minutos, e eu empurrava Alice pra fora, pra mim, pros meus braços, a cada uma delas.<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Keylla</span><span class="apple-converted-space"> </span>e Marco dizendo palavras de incentivo,<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Keylla</span><span class="apple-converted-space"> </span>tirando fotos e comentando!<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><span style="line-height: 32px;">Senti queimar na parte de cima: era a cabecinha já saindo, o círculo de fogo! Eu dizendo “anda, Alice, escorrega pra fora!” Mas foram necessárias várias contrações pra ela nascer: uma pra terminar de sair</span><span class="apple-converted-space" style="line-height: 32px;"> </span><span class="grame" style="line-height: 32px;">a</span><span class="apple-converted-space" style="line-height: 32px;"> </span><span style="line-height: 32px;">cabeça, outra pros ombros e na última saiu o corpinho. Engraçado como dá pra sentir cada parte do corpo!<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 32px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Alice nasceu de costas pra mim,<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">direto</span><span class="apple-converted-space"> </span>pra água.<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Edvam</span><span class="apple-converted-space"> </span>a pegou e colocou direto no meu colo, ela gemia baixinho, eu idem,<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">hehe</span>! Eu disse algumas coisas pra ela como “Deus te abençoe”,<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Edvam</span><span class="apple-converted-space"> </span>deu as boas vindas,<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Keylla</span><span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">ria,</span><span class="apple-converted-space"> </span>Marco eu não lembro o que disse,<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">hehe</span>. Eu sentia o cordão pulsando! As dores desapareceram, eu estava exaurida <span class="grame">mas</span><span class="apple-converted-space"> </span>me sentia vitoriosa.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 32px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Perguntei as horas:<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">6:03</span>h de 23 de março. O sol estava nascendo e ver a transição de escuro para claro parecia uma metáfora para o nascimento. Esperamos mais uns instantes, Alice já respirava sozinha e o cordão me cutucava! Marco cortou o cordão, tive uma contração forte e achei que a placenta estava saindo, toquei meu períneo e senti que havia lacerado; sai da banheira.<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">Me deitei</span><span class="apple-converted-space"> </span>e a placenta saiu sozinha, <span class="spelle">Keylla</span><span class="apple-converted-space"> </span>fotografou.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 32px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><span class="spelle">Edvam</span><span class="apple-converted-space"> </span>deu uma anestesia local e suturou a laceração de 2º grau. Marco pesou e mediu Alice enquanto isso: 3.145 kg e 51 cm. Eles voltaram e minha sogra ligou; eu atendi radiante, sem dor, realizada! Ela ficou boba em saber, mais tarde, que eu estava sendo costurada e falando ao<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">telefone risonha daquele jeito</span>,<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">hehehe</span>!<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 32px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Eu agradeci o<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Edvam</span><span class="apple-converted-space"> </span>e à sua auxiliar, disse que não ia me desculpar por nada<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">pois</span><span class="apple-converted-space"> </span>sabia que eles estavam acostumados àquilo tudo, à dor, medo, à mulheres que não querem mais PN na hora de parir, à pedidos de anestesia, enfim, e eles riram.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 32px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;">Os incômodos do meu</span><span class="apple-converted-space" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;"> </span><span class="grame" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;">pós parto</span><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;"> mas não duraram nem 4 dias. Recuperação total, sem alteração na musculatura vaginal, sem incontinência, tudo perfeito!</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 32px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Permanecemos na casa de parto 24h e nesse tempo Alice só saiu de perto de mim com o pai, pra ser pesada. Ela não tomou banho (preferi dar em casa), não teve colírio nem vitamina K. Não precisei brigar, estava no meu plano de parto e foi respeitado.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 32px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Alice foi um bebê muito mais calmo em relação ao irmão, fez logo um ritmo de mamadas, era mais atenta e mais risonha. </span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;">Com esse parto eu aprendi muito sobre mim, sobre limites, escolhas. Parir não é fácil</span><span class="apple-converted-space" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;"> </span><span class="grame" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;">mas</span><span class="apple-converted-space" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;"> </span><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;">é recompensador!!! Foi muito bom experimentar o que eu defendo... O direito e a opção de parir de forma respeitosa, o acesso a informação de qualidade, o suporte contínuo! </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 32px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;">Meu agradecimento aos amigos da lista Parto Nosso da qual participava na época, às bênçãos que recebi, às</span><span class="apple-converted-space" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;"> </span><span class="spelle" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;">doulas</span><span class="apple-converted-space" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;"> </span><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;">virtuais, à Pata,</span><span class="apple-converted-space" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;"> </span><span class="spelle" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;">Keylla</span><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;">, Ana Cris e ao Rodrigo,</span><span class="apple-converted-space" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;"> </span><span class="grame" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;">à</span><span class="apple-converted-space" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;"> </span><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;">todos que acreditaram em mim!</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 32px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Contato: </span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><a href="mailto:rebecadoula@gmail.com" style="line-height: 24pt; text-align: left;">rebecadoula@gmail.com</a>
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 32px; text-align: center;">
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Doula, mãe de Breno e Alice</span></div>
</div>
</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4217096822033546369.post-7159189784099374432014-12-27T14:40:00.003-03:002014-12-27T14:40:30.207-03:00Relato Patrícia - Nascimento da Luiza<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 24.65pt; text-align: center;">
<b style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: small; line-height: 24pt;"><span style="color: #089ca3;">NASCIMENTO DA LUIZA (24/07/2008)</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; margin-left: 6.2pt; text-align: justify;">
<div class="MsoNormal" style="text-align: start;">
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Patrícia Merlin – Maringá/ PR<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: start;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.dendimim.com.br/pata/parto_arquivos/image032.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><img border="0" src="http://www.dendimim.com.br/pata/parto_arquivos/image032.jpg" /></span></a></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Ela completou um mês...<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">e</span><span class="apple-converted-space"> </span>eu comemoro com o relato do parto...<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Sobre a gestação e o parto.<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Esta gestação foi esperada muito mais do que qualquer outra coisa na minha vida.<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Durante muito tempo eu esperei pela vontade de ter outro filho, por que desde que o Pedro nasceu eu tinha a vontade de ter outro parto. O trabalho de parto dele acabou em uma cesárea desnecessária que por muito tempo assombrou meus pensamentos.<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Só<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">quem enxerga o parto e nascimento como eu, pode entender</span><span class="apple-converted-space"> </span>do que estou falando. Para as outras pessoas (a maioria) minha frustração não tem lugar, nem sentido. É só um capricho.<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Depois do nascimento do Pedro, eu questionei tudo o que eu sabia sobre o assunto, eu quis desistir de aconselhar outras mulheres, quis abrir mão de ser doula, quis ser como as pessoas "comuns". Mas felizmente, este universo é maior do que nossos medos e anseios<span class="grame">, é</span><span class="apple-converted-space"> </span>maior do que a cultura que se apresenta "lá fora". Então eu me mantive neste caminho.<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Não foi fácil. Foram anos de elaboração.<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><span class="spelle">Doular</span><span class="apple-converted-space"> </span>voluntariamente foi como um bálsamo. Todas as semanas apoiando outras mulheres no momento do parto, podendo ver com meus próprios olhos que as coisas acontecem sim (quando o sistema permite), o parto é possível e pode ser bom (diferente do que vemos na mídia e das histórias pavorosas que ouvimos), que a informação é o caminho para partos dignos, que manter-se ativa durante o trabalho de parto faz muita diferença e que ter apoio (da equipe, do marido, da família) durante a gestação e principalmente no parto, pode ser fundamental.<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Quando finalmente decidi engravidar, apareceu um acompanhamento particular atrás do outro (como doula). Por algum motivo ainda não era a hora de ela vir... Os planos foram adiados por mais um ano.<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Fizemos como da outra vez, atentos ao período fértil, tentando ajudar a natureza a nos dar uma menina e assim foi. No fim das contas, ela foi concebida justamente no dia em que nós demos menos atenção pra<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">brincadeira...</span><span class="spelle">rs</span><span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Esta gestação foi diferente da do Pedro em alguns aspectos. Eu me senti muito mal até 12 semanas e muito cansada também. Tendo um filho em casa não dá pra descansar a qualquer momento. Foi meio complicado no começo, mas eu sempre mantive o pensamento positivo. Gosto de estar grávida!<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Comecei o pré-natal com o GO, mas burlava o sistema dele. Não por desrespeito ou falta de confiança, mas por que não era o tipo de assistência que eu queria. Mesmo assim, achava importante ter um nome como referência, alguém que me conhecia e sabia o que eu queria, caso eu decidisse por ou precisasse de atendimento hospitalar.<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Depois comecei a fazer o pré-natal no hospital universitário também. Lá as consultas são realizadas por enfermeiras e estudantes de enfermagem (hospital escola), os exames são feitos trimestralmente e qualquer exame complementar só é realizado se houver necessidade e não por excesso de zelo.<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Aos poucos fui percebendo que a expectativa do médico em assistir o parto de uma doula, de uma mulher que sabia o suficiente sobre o processo para não aceitar certas condutas, era grande demais.<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Então comecei a preparar o terreno com a enfermeira que fazia meu pré-natal. Eu sabia que ela tinha acompanhado um parto domiciliar poucos meses antes. A mulher em questão me procurou pra saber da realidade de Maringá e estava<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">decidida que teria um parto</span><span class="apple-converted-space"> </span>domiciliar, mesmo sem assistência. Mas na última hora, ela chamou a Deise e ela<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">foi,</span><span class="apple-converted-space"> </span>com a cara e a coragem.<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Pra mim isso foi muito significativo. Ninguém que não estivesse com intenção de mudar, de iniciar um novo caminho na carreira, aceitaria assistir um PD assim, de última hora...<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Propus pra Deise que me acompanhasse no PD, ela não disse nem sim nem não. Mas falou do outro atendimento, de como foi bacana, que ela acreditava no parto e na mulher, etc.<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Até que eu voltasse pra próxima consulta, quase um mês depois, morri de angústia! Queria uma definição...<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Em casa a certeza era definitiva. Nem eu nem Caco tínhamos dúvidas de como a Luiza viria ao mundo. Para ele era importante apenas saber quem estaria comigo, muito mais do que onde ou como ela ia nascer. Caco foi um grande companheiro nesta caminhada, não foi contra o meu desejo, não colocou qualquer obstáculo no meu caminho... Tudo bem que eu não trabalhei isso com ele só quando engravidei, a "aporrinhação" começou logo após o nascimento do Pedro... Mas ele não aceitou simplesmente, ele realmente estava ao meu lado.<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">As dúvidas que surgiram serviram pra colocar à prova o meu desejo, meu conhecimento, a minha confiança. Eu precisava saber que queria o parto desta forma não por capricho ou modinha, mas por que era assim que faria sentido, que corresponderia à minha crença, aos meus princípios,<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">à</span><span class="apple-converted-space"> </span>tudo aquilo em que eu acreditava.<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Tive sonhos ruins, questionei a necessidade de enfrentar o sistema, fiquei imaginando a<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">encheção</span><span class="apple-converted-space"> </span>de saco da família e a cara de descrença das pessoas ao redor e concluí que isso tudo era pequeno demais pra ser determinante na minha decisão.<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Mais do que o parto domiciliar e quem seria a assistência, tomava meu pensamento se ela nasceria aqui em Maringá ou se eu teria que me deslocar até São Paulo. Sem definir isso, não dava pra definir quem seria a assistência e vice-versa.<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Meu plano inicial era trazer a Ana Cris de São Paulo, mas sabia que a distância seria um grande empecilho. Foram muitos <span class="spelle">emails</span><span class="apple-converted-space"> </span>trocados com Socorro, Rebeca e AC, até eu definitivamente abrir mão de ter a AC comigo (prioritariamente) e focar minha energia no atendimento local.<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">A confirmação definitiva da enfermeira veio quando eu estava com 31 semanas de gestação. A Deise queria apenas que tivesse outro profissional com ela, pra que ela pudesse cuidar de mim e a outra pessoa da Luiza, caso a gente precisasse de uma atenção mais efetiva no pós-parto imediato. Deixei que ela escolhesse entre uma amiga enfermeira dela, uma pediatra e a AC. Ela ficou de pensar...<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Neste dia saí do<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">HUM</span><span class="apple-converted-space"> </span>com um sorriso de orelha a orelha. Sentei no banco do ônibus, olhando pra fora e rindo, com vontade de chorar. Eu sabia que ia dar certo, sentia no fundo da minha alma que não existia outro caminho pra mim, mas foi muito bom ouvir que ela topava!<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Deste dia em diante eu fiquei muito mais<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">tranqüila</span>. Não me preocupei mais com o parto. O único<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">porém</span><span class="apple-converted-space"> </span>que rondava minha cabeça, era que a Luiza estava posicionada do lado direito do útero. Mas após algumas trocas com as<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">doulas</span><span class="apple-converted-space"> </span>amadas (do Brasil e as Radicais) e "ler" várias e várias vezes que isso não faria a menor diferença, desencanei de vez.<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Tive mais uma consulta com o GO e fiquei desapontada com a conduta dele. Então abri o jogo sobre os meus planos, mas disse que só abriria mão de tê-lo como referência, se ele não quisesse mais me acompanhar. E ele não quis. Disse que ficaria apenas na torcida. Eu teria gostado se fosse com ele, por que é uma pessoa que eu respeito e confio. Queria que ele tivesse entrado nesse caminho comigo. Paciência...<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Em algum ponto no meio disso tudo, a Rebeca, minha doula, deu sinais de que não tinha certeza se conseguiria vir (de Minas<span class="grame">) ,</span><span class="apple-converted-space"> </span>por que não teria com quem deixar seus filhos. Passei uma noite de cão, pensando e chorando e no fim tive a sensação de que esta dúvida foi como um ponto definitivo. Serviu pra eu ter certeza absoluta de que faria o que fosse preciso pra ter ela comigo, e por<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">conseqüência</span>, conseguir qualquer outra coisa com relação ao parto. Também serviu pra aliviar as tensões, pra me permitir viver um pouco a fragilidade do momento, já que tamanho foi meu empenho pra ajeitar todas as coisas, que não vivi este outro lado da gravidez...<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Nos dois últimos meses, acompanhei dois partos que foram muito inspiradores e me encheram de uma nova esperança, de confiança, de certeza. Aparei um bebê e ajudei o outro a nascer na água. Foram partos lindos! Obrigada<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Edi</span><span class="apple-converted-space"> </span>e Kelly por permitirem que eu estivesse junto com vocês nestes momentos inesquecíveis!<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">A esta altura, o quarto da Luiza estava pronto, faltava colocar as prateleiras na parede e as roupas só precisavam ser lavadas.<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Chegou um momento em que eu só tinha que esperar por ela. Pelos primeiros sinais do meu corpo. E eu o fiz sem nenhuma ansiedade. Pelo contrário, ficava até triste quando pensava que a gestação ia acabar...<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Dia 07/07 tive as primeiras contrações de início de pródromos. Durante a madrugada, doloridas, com intervalo de 40 minutos, durando 10/20 segundos.<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Não fiz nada pra estimular, já que Rebeca só chegaria<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">no</span><span class="apple-converted-space"> </span>domingo.<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Rebeca chegou 12 dias antes de Luiza nascer. Falamos muito sobre tudo, mas muito mais sobre partos: o meu e os das listas e de nossas<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">doulandas</span><span class="apple-converted-space"> </span>e voluntariados.<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Ela cuidou de mim mesmo quando não precisava, dando atenção ao Pedro, lavando a louça ou fazendo nossa comida. Durante a noite, quando chegavam contrações doloridas de ensaio, ela massageava meu pé ou fazia chazinhos. Compramos ervas para escalda pés, fizemos pão de queijo, depilação em casa... Bem<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">divertido...</span><span class="spelle">rs</span><span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Uma semana antes do nascimento, no dia em que a gente achava que seria o dia dela, fiquei o dia todo batendo perna, assistimos "Nascendo no Brasil" e "Comadres e Madrinhas".<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Logo depois, as minhas parteiras vieram aqui (trouxeram uma rosa), Caco chegou com alguns materiais comprados (gaze,<span class="spelle">polvedine</span><span class="apple-converted-space"> </span>e afins), nós demos uma<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">escutadinha</span><span class="apple-converted-space"> </span>na Luiza e elas foram embora.<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Jantamos, tomamos vinho, Rebeca fez um escalda pés cheiroso e um chá de canela, cravo e gengibre delicioso.<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">A lua estava cheíssima no céu... Não lembro se foi neste dia que nós três (eu, Caco e Rebeca) ficamos no quintal, cantando rimas ridículas pra lua e morrendo de rir: ó lua, lua ó, faça começar logo esse<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">borogodó</span>, ó lua, cadê você<span class="grame">?,</span><span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">faça</span><span class="apple-converted-space"> </span>começar logo esse TP...<span class="spelle">rs</span><span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Então às 3h da manhã tive que pular da cama, por que estava impossível administrar as contrações deitada. Andei, rebolei, acocorei. Acordei o Caco:<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">5</span><span class="apple-converted-space"> </span>em 5 minutos, durando 1 min...<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Fiquei assim até<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">4:30</span>h, decidi tomar banho. Fiquei lá quase meia hora, a sensação de dor diminuiu bem, mas as contrações não pararam. Saí, Caco dormia. Sentei na cama e tentei relaxar. Acabei cochilando, decidi deitar, tive mais algumas contrações e dormi! Acordei às 7h.<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Rebeca e Pedro dormiam, nem suspeitavam do que tinha acontecido e eu fiquei na expectativa pra ver se começava tudo de novo. Mas não começou...<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Segui com pródromos diários até o dia 22, terça feira, dois dias antes do dia P. Neste dia, madruguei com contrações doloridas e ritmadas, seguiram doloridas e descompassadas, no decorrer das tarefas domésticas seguiram presentes, suportáveis e<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">aleatórias...</span><span class="spelle">rs</span><span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><span class="spelle">Tava</span><span class="apple-converted-space"> </span>aqui limpando o chão e senti um quentinho, líquido, não deu pra saber se era água ou xixi... Lavei quintal (o dia estava lindo, mas fechou e choveu em menos de meia hora), tomei banho, aqueci os pés, deitei e cochilei por 20 minutos acho.<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Almocei, descansei um tico e fui andando até o correio... Nesse tempo, umas<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">3</span><span class="apple-converted-space"> </span>contrações doloridas, curtas. Dormi com Pedro por uma hora, quando acordei, senti uma contração dolorida. Ficamos em alerta. Liquido limpo, não saiu mais. Nenhum outro sinal, além de discreta perda de tampão ainda.<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Minhas parteiras estavam "ligadas", embora eu não tenha dito nada disso pra elas... Rebeca achava que elas temiam que nós não as chamássemos...<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Quarta, dia 23...<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Eu tive uma noite danada.<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Tava</span><span class="apple-converted-space"> </span>com contrações de 10 em 10 minutos, durando um minuto, durante 6 horas<span class="grame">....</span><span class="apple-converted-space"> </span>Claro, diminuíram pra 8, 6, voltaram pra 10... E de repente, parou de um jeito que eu dormi mais de uma hora. Acordei<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">assustada, tipo</span>: cadê meu TP que<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">tava</span><span class="apple-converted-space"> </span>aqui? Levantei, tive mais algumas contrações, deitei e dormi de novo.<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Desde as 6h da manhã eu estava com contrações ritmadas, mas muito curtas. Não saiu mais líquido,<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">bcf</span><span class="apple-converted-space"> </span>120, perda de muco 'sanguinolento'... Ligamos pra parteira e ela disse que viria aqui de manhã, mas que estava tranquila, por que nós estávamos tb...<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Eu não temia o desenrolar lento do TP. Mas por causa do rompimento da bolsa, que nem tive certeza se era mesmo, tive um pequeno surto, um ataque de insegurança. Todo TP tem seus fantasmas e o meu era a bolsa rota, por que foi assim que o TP do Pedro começou. Escrevi pra Ana Cris e Socorro Moreira, pedindo um apoio moral e levei uma sacudida da Ana, coisa que só quem a gente confia muito pode fazer mesmo!<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">E<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">dali em diante tomei</span><span class="apple-converted-space"> </span>o processo pra mim de verdade. Decidi que não ia mais pensar em tempo, bolsa rota e conduta de parteira. Eu estava preocupada que ela tivesse essa limitação de tempo com bolsa rota, que teoricamente completava 15 horas... Mas a verdade é que desde ontem às 20h não senti mais descer liquido nenhum. E ela mesma se convenceu de que não era a bolsa e que eu estava em pródromos e que por isso não tínhamos com o quê nos preocupar.<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Questionei o Caco, ele disse que a gente tinha que ter confiança no que sabe, por que se a gente vacilasse, ela vacilaria. Que tínhamos que agir com ela da mesma forma como agíamos com os<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">GOs</span><span class="apple-converted-space"> </span>das nossas<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">doulandas</span>. Ele disse: cadê o<span class="spelle">empoderamento</span><span class="apple-converted-space"> </span>de vocês?<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">rs</span><span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">E eu perguntei objetivamente se ele confiava que eu fizesse o que achava certo e ele disse que sim...<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Antes do almoço, eu decidi sair pra bater perna. Enquanto Pedro brincava no parquinho de areia, eu andava. Tive mais contrações em uma hora de parquinho do que na manhã toda em casa. Depois saímos pra almoçar e pra resolver uns problemas no<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">Detran</span>... Contrações mais fortes, cheguei a ter<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">3</span><span class="apple-converted-space"> </span>em 10 minutos. Sentada no carro<span class="grame">!!</span><span class="apple-converted-space"> </span>Que coisa horrenda!<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">De volta pra casa, decidi tomar um banho. As contrações não paravam, mas ficavam mais doces no chuveiro. Conversei com a Luiza de novo, disse pra ela<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">ir no</span><span class="apple-converted-space"> </span>tempo dela, que podia ser vários dias, dilatação lenta, desde que ela encontrasse o caminho pra sair e que eu queria mesmo isso, curtir meu TP, cada contração, cada variada...<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Recebi a parteira. BCF ok, não fez toque, demonstrou absoluta tranquilidade e confiança na nossa experiência (eu e Rebeca, enquanto<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">doulas</span>) e ficou combinado que agora ela só viria quando a gente chamasse. A gente apelidou a Deise de "espanta contração" (alusão ao desenho espanta tubarão), por que a dinâmica caia bem quando ela aparecia... Coitada! Tão gente boa... Ficamos encantadas com o atendimento dela e da Samira, muito respeitoso.<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Esperávamos que a noite fosse de novos trabalhos, mas estávamos<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">tranqüilos</span>, se tivéssemos que esperar mais uns dias assim...<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">devagar</span><span class="apple-converted-space"> </span>e sempre.<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><b><u>Finalmente: TP!<span class="apple-converted-space"> </span></u></b></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">A noite foi como esperávamos mesmo.<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">Muitas contrações, muita mudança de posição, conversa</span><span class="apple-converted-space"> </span>jogada fora, hora pra rir, hora pra esbravejar... Bola, chuveiro, colo do marido, apoio da doula. Mas ainda era fase latente, que seguiu até a hora do almoço.<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Pedimos comida, por que estávamos envolvidos com o TP, Caco nem foi trabalhar, Pedro tinha ido pra casa de uma amiga.<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Depois de comer, eu quis (ou um dos dois sugeriu) sair pra andar na rua, mas não consegui chegar<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">no</span><span class="apple-converted-space"> </span>portão. Fiquei no quintal contraindo e gemendo... Era impossível fazer aquilo na rua.<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">O TP foi tranquilo, apesar de "demorado". Fase ativa mesmo foram umas 7h. Eu me revezava entre chuveiro, cama e Caco. O bicho pegou mesmo depois das 17h, quando as contrações ficaram muito fortes e próximas, sempre no mesmo ponto durante todos esses dias...<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">e</span><span class="apple-converted-space"> </span>eu sem dormir, exausta.<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Às 18h eu<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">tava</span><span class="apple-converted-space"> </span>com<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">7cm</span><span class="apple-converted-space"> </span>(nossa, nem acreditei quando soube...<span class="spelle">rs</span>), mas a cada contração eu JÁ SENTIA os puxos, não tinha como não fazer força, por mais que eu tentasse me controlar. E no tempo que durava a "dor", o primeiro um terço desse tempo, fazer força fazia doer mais, e depois fazer força fazia passar, aliviava como se nem fosse comigo. Então eu tinha "medo" de fazer força, mas não conseguia não fazer... Que maluquice.<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Deste ponto pra frente foi<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">tsunâmico</span><span class="apple-converted-space"> </span>(com licença Cátia<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Chuba</span>), beirando o desespero. Mas NINGUÉM cedeu, nem Caco, nem Rebeca, nem Deise e Samira (as parteiras) e eu IMPLORAVA que alguém fizesse algo pra me ajudar... Como se tivesse algo a ser feito.<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Doía no lugar da contração (um pedaço mínimo da minha barriga, logo abaixo do umbigo, perto da cicatriz), doía no períneo e no ânus. Não tinha posição que aliviasse. De vez em quando eu conseguia relaxar entre uma e outra.<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Mas a transição é igual pra todas as mulheres pelo visto e eu cheguei à conclusão que o pior tipo de parturiente, é a<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">doula...</span><span class="spelle">rs</span><span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><b><u>Parto<span class="apple-converted-space"> </span></u></b></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Dilatei e avancei no expulsivo em 2h e meia, fazendo força "fora de hora" e arrancando o resto de colo na marra.<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Minutos antes de ela nascer (coisa de umas<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">6</span><span class="apple-converted-space"> </span>contrações), senti a cabeça no canal de parto. Senti mesmo, uma coisa enorme no meio das pernas, abrindo espaço. Coloquei a mão e toquei a cabeça dela ainda lá dentro, meio longe. Pedi pra Deise colocar a mão e dizer se era<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">ela mesmo</span>, e era. Na próxima contração, fiz força com o dedo dentro da vagina e senti a cabeça dela vindo rápido. Eu não queria fazer aquele tanto de força, tinha medo de rasgar tudo...<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">mas</span><span class="apple-converted-space"> </span>como eu disse: era impossível controlar. E<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">sentir ela</span><span class="apple-converted-space"> </span>ganhando espaço, me fazia sentir o contrário: mais vontade de fazer força.<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Depois disso, apesar de sentir doer mais, eu não desistia de fazer força, porque ela<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">tava</span><span class="apple-converted-space"> </span>vindo... Mas eu gritei, nossa, como gritei e senti queimar tudo, tinha certeza que estava me rasgando toda. Tinha vontade de gritar: tá lacerando no<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">clitóóóóris</span>(que é o tipo de laceração mais ferrada que tem), mas no lugar de clitóris saía<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">períneo...</span><span class="spelle">rs</span><span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Colocaram um espelho embaixo pra eu ver (eu estava de joelhos no chão, apoiada na cama), quando senti a cabeça dela apontando, inclinei mais pra frente, parei de olhar e fiz mais umas três<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">mega</span><span class="apple-converted-space"> </span>forças. Senti a cabeça passar, depois o ombro e depois o resto do corpo, com um "<span class="spelle">blupt</span>"... E em seguida um alívio enorme. E logo depois uma ardência imensa.<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">O Pedro estava no quarto, mal conseguia ver o que acontecia, por que eu me enfiei num canto "entre a cama e guarda roupa". E ele pedia:<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">deixa eu</span><span class="apple-converted-space"> </span>ver!<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Rebeca não se conteve, animou-se como líder de torcida! Fundamental a amiga doula animadíssima, me colocando onde eu sempre quis estar: presente no meu parto!<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Caco segurava minhas mãos, deitado na cama na minha frente e eu só<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">ouvi ele</span><span class="apple-converted-space"> </span>dizer: Ô meu Deus...<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">e</span><span class="apple-converted-space"> </span>desabar em choro. E ele nem ao menos tinha visto ela, já que eu estava no chão...<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">A Deise ficou emocionada, dá pra perceber o tom de voz dela no vídeo... Acho que não esperava ser pega desta forma.<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">A Samira aparou Luiza e cuidou muito tranquilamente, falando baixo e pausadamente.<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">O ambiente ficou animado. Nada de silêncio respeitoso. E pra mim tudo bem, por que era isso que eu queria: a liberdade de ações e emoções, que só o PD pode dar.<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><span class="grame">Passaram</span><span class="apple-converted-space"> </span>ela pra mim pelo meio das pernas, ergui o corpo, limpei o rosto e as secreções que saíram do nariz e boca. Ela estava enrolada em panos, mas o quarto estava aquecido (com aquecedor também). Deitei com ela, toda rosa, quietinha, melecada de mecônio. As parteiras ficaram por ali, esperando pra cortar cordão, sair placenta, etc. O períneo ardia horrores, as contrações pra expulsar a placenta eram fortes, depois que cortaram o cordão (Caco e Pedro juntos), pedi pra tirarem, não esperei sair sozinha.<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Avaliação do períneo: nenhuma laceração, uma ou duas<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">fissurinhas</span><span class="apple-converted-space"> </span>e uma mãe<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">incrédula...</span><span class="spelle">rs</span><span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Incrédula e mau humorada! Claro, eu estava feliz por que ela tinha nascido, por que eu tinha enfim conseguido, ninguém se colocou no meu caminho, que máximo! Mas eu só conseguia pensar em como<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">tava</span><span class="apple-converted-space"> </span>ardendo tudo lá embaixo. E em como aquela força descontrolada tomou conta de mim! Eu pensava que ia chorar, viver a maior alegria, ficar em êxtase,<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">sei</span><span class="apple-converted-space"> </span>lá. Mas só conseguia pensar: PQP, o que foi isso<span class="grame">??<u1:p></u1:p></span><o:p></o:p></span><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; text-align: start;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Parir dói! E no meu caso doeu MUITO (não consigo imaginar o que seja parir sem sentir dor), por que eu queria desesperadamente espremer a Luiza pra fora. Não dá pra pensar em outra forma de explicar os puxos... E eu estava fora de foco, mas ao mesmo tempo consciente, pensando na possibilidade de edemaciar o colo e ela não conseguir sair... Fazia força ou não fazia? Fazia! Não tinha escolha... Mas a dor do parto passa e o que fica é muito bom!<span class="apple-converted-space"> </span><br />O Caco pegou a Luiza e foi ligar (chorando) pras pessoas com ela no colo. Depois a Rebeca vestiu a pequena e Pedro tirou a primeira foto segurando a irmã. Rebeca me deu canjica na boca, fui muito mimada! Ela e as parteiras limparam e arrumaram tudo, enquanto eu tomava banho, acho. Nem vi!<span class="apple-converted-space"> </span><br />Logo recebi torpedo<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">da Socorro</span>, da<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Dydy</span><span class="apple-converted-space"> </span>e um telefonema feliz, feliz da Ana Cris! Eu me sentia a tal e em comunhão com todas as mulheres que me inspiraram.<span class="apple-converted-space"> </span><br />Pra fechar com<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">chave de ouro</span>, uma pizza! Como boa paulistana...<span class="apple-converted-space"> </span><br />Sento no sofá: no<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">SUPER POP</span><span class="apple-converted-space"> </span>Ana Cris, Márcia, Débora, Silvia e Cia, falando sobre parto humanizado, PDS e bebês pélvicos! Nossa, que máximo! Assisti só uma parte e fui dormir tranquila com a<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Bilula</span><span class="apple-converted-space"> </span>enfiada embaixo do meu braço...<span class="apple-converted-space"> </span><br />No dia seguinte já não ardia pra fazer xixi. Mas eu tinha a sensação de que tinha passado algo mais que uma cabeça por ali... Coisa que<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">aliás</span>, deixa Caco abismado ainda...<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">rs</span><span class="apple-converted-space"> </span><br />Eu olho para os cantos da casa e dou risada sozinha, principalmente no chuveiro. Não preciso dizer como esta experiência mexeu comigo, com minha relação com o Caco, e certamente que vai afetar meu trabalho daqui pra frente.<span class="apple-converted-space"> </span><br />Disse pro<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Ric</span><span class="apple-converted-space"> </span>uns dias depois: como tem mulher que escolhe outra coisa<span class="grame">??</span><span class="apple-converted-space"> </span>Acho que nunca vou ter uma resposta que me satisfaça...<span class="apple-converted-space"> </span><br />Resumindo: foram muitos dias de pródromos,<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">2</span><span class="apple-converted-space"> </span>dias de TP latente, 57h de bolsa rota, 7h de TP ativo, um expulsivo relativamente rápido, nenhuma laceração. E parece que passou muito rápido. Eu faria tudo de novo.<span class="apple-converted-space"> </span><br />Agradeço<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">à</span><span class="apple-converted-space"> </span>todas as pessoas que participaram do meu caminho de alguma forma. Desde os primeiros<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">emails</span><span class="apple-converted-space"> </span>na lista<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">Amigas </span>do Parto (por que este desejo começou lá atrás com a minha indignação ao ler um relato da<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Roselene</span>), passando pelos cursos e encontros, pelas reuniões do Gesta Maringá, pelas discussões na Mães<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Empoderadas</span><span class="apple-converted-space"> </span>e incentivos das<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">MA's</span>, pelos trabalhos de parto que acompanhei, sobretudo os particulares, por que pude ajudar a escrever estas histórias também.<span class="apple-converted-space"> </span><br />Ao Caco, à Rebeca, à Ana Cris e à Socorro...<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">nem</span><span class="apple-converted-space"> </span>tenho palavras.<span class="apple-converted-space"> </span><br />À turminha da humanização que orientou, respondeu<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">emails</span><span class="apple-converted-space"> </span>com dúvidas, apoiou minha decisão e minha parteira. E claro, agradeço às minhas parteiras! Espero do fundo do coração, que elas tenham tomado um caminho sem volta!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; text-align: start;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Contato: patimerlin@gmail.com</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; text-align: start;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Mãe de Pedro, Luiza e Beatriz, também nascida em casa em 2012.</span></div>
</div>
</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4217096822033546369.post-26843261539539386552014-12-27T14:33:00.003-03:002014-12-27T14:33:58.286-03:00Relato Helena - Nascimento da Carolina<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 24.65pt; text-align: center;">
<b style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: small; text-align: left;"><span style="color: #089ca3;">NASCIMENTO DOS MEUS FILHOS, MEU PARTO E SUAS LIÇÕES.</span></b></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; margin-left: 6.2pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><b>Helena Villas Boas – Parto em Curitiba/ PR</b><o:p></o:p></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://pnac.com.br/relatos/helena_arquivos/image002.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><img border="0" src="http://pnac.com.br/relatos/helena_arquivos/image002.jpg" /></span></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; margin-left: 6.2pt; text-align: center;">
<b><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></b></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; margin-left: 6.2pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; margin-left: 6.2pt; text-align: justify; text-indent: 21.05pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Estamos em 2010, três anos após meu VBAC, e sinto necessidade de escrever um novo relato, com uma reflexão maior. Vai ser longo porque vou contar a história toda...<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; margin-left: 6.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"> <span class="apple-converted-space"> </span>Tudo começou quando engravidei pela primeira vez, em 2001. Eu e o Guilherme éramos namorados, eu tinha ovários policísticos e fiz tratamento com homeopatia, que se mostrou muito bem sucedido! Não foi planejado, mas hoje sei que foi inconscientemente desejado. Eu estava grávida e não queria admitir nem para mim mesma. Só fui descobrir com 12 semanas, em uma ecografia para investigar por que eu não estava menstruando,<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">rsrsrs</span>...<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; margin-left: 6.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"> <span class="apple-converted-space"> </span>Eu queria parto normal porque achava que era assim que os bebês<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">nasciam,</span><span class="apple-converted-space"> </span>ainda não sabia da realidade obstétrica do nosso país. Minha mãe ficava preocupada porque teve dois partos cheios de intervenções, sofreu bastante e eu e meu marido somos grandes, então ela dizia: “vai com calma, vamos ver o tamanho desse bebê primeiro...” Instintivamente, eu achava que não tinha nada disso, que ele nasceria normalmente e pronto. Eu lia sobre parto, treinava respiração, fazia hidroginástica, mas não encontrei a informação que precisava para conseguir parir.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; margin-left: 6.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"> <span class="apple-converted-space"> </span>Minha médica era cesarista. Nunca atrasava ou desmarcava uma consulta, consultório cheio de mães recentes para tirar os pontos, consultas rápidas. Perguntou se eu queria normal ou cesárea e não fez nenhum comentário quando eu disse: normal. Mas com 31 semanas, ele estava sentado e ela já sentenciou: vai ter que ser cesárea. Confesso que me senti até aliviada, na verdade tinha muito medo do parto.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; margin-left: 6.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"> <span class="apple-converted-space"> </span>Acho que o fato dele estar pélvico não era suficiente, pois ainda poderia virar (eu é que não sabia), então quando completei 33 semanas ela disse que o bebê não estava crescendo como deveria e pediu uma ecografia com Doppler para verificar a circulação entre a placenta e o Luiz Gustavo. Eu quase surtei. Fiquei realmente preocupada que algo estivesse errado e talvez isso até tenha contribuído para que eu entrasse em trabalho de parto prematuro com 34 semanas.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; margin-left: 6.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"> <span class="apple-converted-space"> </span>Foi<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">super</span><span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">engraçado</span>. A família toda reunida na pizzaria, meus pais, sogros, irmãos e cunhados, numa comemoração. Eu comecei a sentir umas cólicas, fui ao banheiro, não passou, percebi que eram regulares, voltei para a mesa e, disfarçadamente, pedi para o Guilherme marcar o tempo. Eu falava: agora. Depois dizia: agora. E ele respondia: sete minutos. Depois seis. E cinco. A coisa estava evoluindo rápido. A médica já tinha feito terrorismo sobre ele começar a nascer de bumbum e ter algum problema. Saí para ligar para a médica e o Guilherme ficou na mesa explicando o que estava acontecendo. Ela disse para eu ir rápido para o hospital que a GO de plantão ia me atender, que ainda não estava na hora de nascer.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; margin-left: 6.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"> <span class="apple-converted-space"> </span>Chegando lá foi feito um toque: 2,5 cm de dilatação. A médica me colocou no soro com o medicamento para inibir o trabalho de parto e disse que se as contrações não parassem em não sei quanto tempo, não iria segurar. Aplicaram<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">corticóide</span><span class="apple-converted-space"> </span>para “amadurecer” os pulmões dele.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; margin-left: 6.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"> <span class="apple-converted-space"> </span>Fiquei lá a noite toda e mais dois dias, as contrações pararam, fui para casa, ficar de repouso absoluto, tomando inibidor, deitada o tempo inteiro, me movimentando com cuidado para não romper a bolsa. Fiquei quatro semanas de repouso. Toda sexta ia à médica, meu único passeio... Na quarta quinta-feira tive algumas contrações à noite e, chegando ao consultório na sexta pela manhã estava com<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">5</span><span class="apple-converted-space"> </span>cm de dilatação. Aí a médica virou para mim, bem calma: já pode ir direto daqui para o hospital que logo eu chego lá para fazer<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">a</span><span class="apple-converted-space"> </span>cesárea. Eu estava com a minha mãe, ligamos para o meu pai e o Guilherme, pedimos para eles levarem as malinhas e nos encontrarem lá.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; margin-left: 6.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"> <span class="apple-converted-space"> </span>No hospital rasparam meus pelos com gilete e me levaram para o centro cirúrgico. O Guilherme também<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">entrou,</span><span class="apple-converted-space"> </span>toda a família esperando do lado de fora. Amarram meus braços, judiaram para colocar o soro (a menina estava aprendendo, ui!), tomei anestesia, senti o sangue sair quando a médica fez o corte. Senti que estava difícil tirar o Luiz Gustavo porque o bumbum escorregava, ela não conseguia segurar firme, eu sentia os puxões. O anestesista colocou as mãos na minha cabeça, me acalmou, fez um carinho (o Guilherme estava deslocado, só observando, não sabia o que fazer). Aí senti puxar forte, disseram que não era dor, mas para mim era sim! Falei um “Ai!” bem forte e ele nasceu! Não ouvi<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">ele</span><span class="apple-converted-space"> </span>chorar, levaram embora, mas logo trouxeram, embrulhado, colocaram do lado do meu rosto e eu pensei: tão branquinho...<span class="grame">será</span><span class="apple-converted-space"> </span>que era ele mesmo que estava ali dentro da minha barriga? Para mim não existia conexão entre a minha barriga grávida e aquele bebê ali.<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">Ficou um “</span>?”, como diz aquela comunidade do Orkut. O médico falou: “beijinho no nenê” e eu dei um beijinho, aí levaram para o berçário. Eu fiquei ali, sendo costurada, santa paciência, como demora...<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; margin-left: 6.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"> <span class="apple-converted-space"> </span>Depois de muito tempo levaram meu filhote para o quarto, meus pais e sogros disseram que ele ficou com os olhinhos abertos, olhando para eles pelo vidro do berçário. Eu estava acabada. Destruída. Parecia que um caminhão tinha me atropelado. A amamentação foi um suplício. Não tinha bico no meu peito, as enfermeiras ameaçavam que ele teria que ficar nos hospital, tomando soro se não mamasse.<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">Deram</span><span class="apple-converted-space"> </span>uma seringa cortada para eu puxar o bico do seio, o que só fez machucar. O calor estava insuportável, as visitas iam e vinham em comitiva, eu não tinha um momento de privacidade para amamentar meu bebê! Depois de não sei quanto tempo, talvez só no dia seguinte, o colostro saiu e ele começou a sugar.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; margin-left: 6.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"> <span class="apple-converted-space"> </span>Não tive reações desagradáveis à anestesia, mas não conseguia fazer xixi. Tiveram que colocar sonda três vezes. Foi um suplício. Quando cheguei<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">em</span><span class="apple-converted-space"> </span>casa estava muito cansada e as visitas continuavam. A pele onde os pelos foram raspados ficou<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">super</span><span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">irritada</span>, coçava, ardia, o desconforto foi terrível.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; margin-left: 6.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"> <span class="apple-converted-space"> </span>A amamentação acabou sendo um sucesso, ele mamava dia e noite de duas em duas horas, meia hora em cada peito. Cresceu e engordou assustadoramente rápido. No começo os bicos do seio racharam, tive mastite, tratei só com homeopatia, sarou e amamentei até ele completar um ano. O vínculo entre nós era algo mágico, eu estava apaixonada pelo meu filho e ele por<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">mim :</span>o)<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; margin-left: 6.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"> <span class="apple-converted-space"> </span>Quando<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">resolvemos</span><span class="apple-converted-space"> </span>engravidar pela segunda vez, no final de 2005, eu fiz exames com a minha médica (a mesma), parei com a pílula e ficamos usando camisinha por uns dois meses. Eu não me<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">lembro</span><span class="apple-converted-space"> </span>se engravidei primeiro ou se ainda não estava grávida quando fui procurar uma comunidade sobre o assunto no Orkut. Acabei encontrando a “gravidez, parto e maternidade”, da<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Drika</span>, doula. Eu nunca tinha ouvido falar em nada daquilo. Descobri amigas do parto, parto do princípio, devorava os relatos, era aquilo que eu queria<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">prá</span><span class="apple-converted-space"> </span>mim! Um parto natural, sem intervenções, um nascimento suave para o meu bebê. Pensei: preciso achar um médico que me assista, a que eu tenho decididamente não serve. Comecei a procurar e descobri apenas uma médica, Rose Fischer, que atendia parto domiciliar, mas não aceitava plano de saúde. Quando falei com o Guilherme que queria parir em casa, com a médica particular, ele vetou na hora. Achou absurdo pagarmos plano de saúde e termos que desembolsar um valor daqueles, ficou aterrorizado com a ideia de um parto domiciliar (ele tinha muito medo que eu morresse no parto, mas só fui descobrir mais tarde). Eu, que não estava tão segura da minha ideia, desisti fácil.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; margin-left: 6.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"> <span class="apple-converted-space"> </span>Fiquei desesperada tentando achar um médico do plano, do jeito que eu queria. Acho que foi aí que a Vanessa Rosa criou<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">a comunidade “grávidas de Curitiba” no Orkut</span><span class="apple-converted-space"> </span>e eu fiquei sabendo de uma mulher que tinha acabado de parir com o Carlos Miner Navarro, que atendia meu plano. Ufa, eu estava salva! Marquei a consulta, conversamos muito, gostei dele, mas cometi um grande erro: achei que tudo já estava resolvido. Perguntei sobre<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">doulas</span>, ele só conhecia a Juracy Ayres, já trabalhava com ela.<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">A Felicitas</span><span class="apple-converted-space"> </span>tinha feito o curso, mas estava trabalhando muito e não garantiu sua presença no dia do parto (ainda bem, porque ela acabou parindo quinze dias antes de mim!). Marquei entrevista com a doula Juracy, gostei dela, ela foi fundamental na “conversão” do Guilherme, fizemos um encontro com molde da barriga em gesso, ela mostrou o vídeo do parto da<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Naolí</span><span class="apple-converted-space"> </span>e<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">um outro</span>, ele adorou.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; margin-left: 6.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"> <span class="apple-converted-space"> </span>Combinei com a doula que ela iria numa consulta comigo, para combinarmos os detalhes do parto com o médico, mais no final da gravidez. Eu marquei uma consulta com o pediatra da maternidade para tentar negociar os protocolos de atendimento ao recém-nascido com ele. Só que todos nós descuidamos de um detalhe que não devíamos ter desprezado: na primeira gravidez eu tinha entrado em TP com 34 semanas, por causas desconhecidas. E dessa vez não foi muito diferente.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; margin-left: 6.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"> <span class="apple-converted-space"> </span>Eu tinha deixado tudo para a última hora, não tirei fotos, não fiz plano de parto (só para a Carolina, escrevi as coisas que não queria que fizessem com ela). Era sábado, eu estava completando 35 semanas e a consulta com o pediatra seria na quarta. Acho que a doula iria comigo no GO na mesma semana. Fiz meu chá de bebê e não parei um minuto. Só no final do dia percebi como estava cansada, não tinha sentado, minha barriga pesava. Eu já estava pensando em começar a licença logo, não aguentava mais trabalhar, queria curtir um pouco a barriga, me poupar mais...<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; margin-left: 6.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"> <span class="apple-converted-space"> </span>No domingo de manhã fomos ao parque, Guilherme acompanhando Luiz Gustavo na bicicleta, eu andando devagar, atrás deles. Cansei demais, precisei sentar e esperá-los. À tarde, sentei na poltrona do quartinho dela e fiz uma lista de tudo que ainda faltava fazer! Aí comecei a sentir umas cólicas. Achei que fossem gases, não queria nem pensar em outra possibilidade...<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; margin-left: 6.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"> <span class="apple-converted-space"> </span>Fomos ao<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">MacDonalds</span><span class="apple-converted-space"> </span>lanchar, já era noite, eu estava animada, ignorei um pouco o que estava sentindo. Estávamos lá e eu percebi que os gases estavam ritmados,<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">rsrsrs</span>... Contei no meu relógio: 10 em 10 minutos. Eram 21h00. Comentei com o Guilherme, fomos para casa e eu já vendo que o intervalo estava diminuindo. Chegando lá liguei para o Carlos que orientou a tomar<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">Buscopam</span><span class="apple-converted-space"> </span>e ficar deitada. Se não passasse,<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">ir</span><span class="apple-converted-space"> </span>para a maternidade ser examinada pelo GO de plantão. Pensei: não, por favor, de novo não!<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; margin-left: 6.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"> <span class="apple-converted-space"> </span> Fiz o que ele falou e de nada adiantou. As contrações continuavam. Fui ao banheiro, esvaziei o intestino e lembrei que isso também era sinal de TP. Olhei no espelho e vi que minha barriga estava bem mais baixa!<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; margin-left: 6.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"> <span class="apple-converted-space"> </span>Chegamos à maternidade à 01h30 da manhã. O médico me examinou:<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">3</span><span class="apple-converted-space"> </span>cm de dilatação. Ligou para o Carlos e comentou do TP de parto inibido na primeira gravidez, acharam que valia a pena tentar. Era tudo que eu não queria, já imaginei ficar mais quatro semanas deitada.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; margin-left: 6.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"> <span class="apple-converted-space"> </span>A enfermeira já queria raspar meus pelos, foi levantando a camisola e perguntando se eu estava depilada! Eu falei que meu médico não exigia e ela não insistiu.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; margin-left: 6.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"> <span class="apple-converted-space"> </span>Ficamos no corredor esperando o internamento. As contrações ficaram mais doloridas,<span class="grame">lembro de</span><span class="apple-converted-space"> </span>ter pensado que da primeira vez não cheguei a sentir isso, a coisa estava apertando, falei para o Gui que se demorasse muito ela ia nascer...<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; margin-left: 6.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Fui para o mesmo quarto que eu tinha visitado. Fiquei feliz porque o parto ia ser no quarto e, se tivesse que nascer naquele dia, seria ali onde eu imaginei.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; margin-left: 6.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Fiquei naquele soro horrível, tendo falta de ar e taquicardia até de madrugada. Deitada de lado, conversando com a Carolina que não era hora de nascer, que se acalmasse. E as contrações bem fortinhas... Em<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">um certo</span><span class="apple-converted-space"> </span>momento parou porque eu dormi. De manhã a enfermeira veio perguntar e eu disse que tinha passado, não estava mais sentindo nada.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; margin-left: 6.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Mas de repente comecei a sentir. Uma contração. Meia hora depois, outra. Mais meia hora e outra. O Carlos chegou às 11h00 para me examinar e eu tive uma contração bem na hora. Ele disse: “não precisa nem falar, acabou de ter uma, né?”. Ele fez o toque, olhou calmo para nós (eu e minha mãe, o Gui tinha passado a noite lá e saído cedo para o trabalho): “é, não deu certo, está com<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">7</span><span class="apple-converted-space"> </span>cm de dilatação, vai nascer hoje”.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; margin-left: 6.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Levei um grande susto. Como assim, vai nascer? Eu estava totalmente comprometida com a missão de não deixá-la nascer! Fiquei lá deitada sem saber o que fazer. Liguei para o Gui: “volta, vai nascer!” e para a Juracy: “venha rápido, já estou com<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">7</span><span class="apple-converted-space"> </span>cm!”.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; margin-left: 6.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">O médico falou que íamos esperar a dilatação total para ir para o centro obstétrico. Eu perguntei: “ué, mas não dá para ser no quarto?”. Ele respondeu que não, que a maternidade estava lotada, não tinha ninguém para ajudá-lo no quarto, a Carolina poderia precisar de algum atendimento imediato, lá já estaria perto da UTI...<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; margin-left: 6.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Fiquei arrasada. Pensei pronto, tudo está perdido. Não vai ser nada do jeito que eu queria. Fiquei lá deitada, ele foi procurar uma sala para mim no CO (as cesarianas agendadas ocupavam todos os horários).<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; margin-left: 6.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Era mais ou menos meio dia quando fomos para o CO. O Gui tinha chegado e a doula ainda não. Eu não queria minha mãe no parto, sabia que ela iria ficar com pena de mim e atrapalhar, ela ficou no quarto nos esperando.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; margin-left: 6.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Quando entrei naquele centro cirúrgico, com aquela camisola de hospital fechada na frente e aberta atrás, vi aquela maca estreita, as paredes azulejadas, tudo tão frio...<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">quase</span><span class="apple-converted-space"> </span>chorei. Entrou uma enfermeira e falou que já ia chamar o anestesista. Aí eu respondi que não ia tomar anestesia. Ela quase caiu para trás, disse: “Mas vai ter filho assim, sem nada?”. Fiquei pensando se eu era tão louca assim, se a dor seria mesmo insuportável. Foi quando a doula chegou, animada, me levou para andar, buscou um copo de água para mim, tudo clareou, me senti mais relaxada, mais à vontade.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; margin-left: 6.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Fiquei por lá caminhando, gemendo, me apoiando na Juracy, na maca, quando vinha contração. O Carlos perguntou se eu já estava sentindo a Carolina mais baixa e eu respondi que não sabia. Ele pediu para deitar, escutar o coraçãozinho dela, eu deitei e comecei a sentir vontade de fazer força. A partir daí o bicho pegou, foi uma atrás da outra e fazer força era tão gostoso! Ele sugeriu que eu virasse de lado, alguém ficou segurando minha perna para cima. Num dado<span class="grame">momento achei</span><span class="apple-converted-space"> </span>que precisava abrir mais as pernas e deitei de barriga para cima. Ficou o Gui de um lado, segurando uma perna dobrada para trás, e do outro lado a Juracy fazendo a mesma coisa. Eu fazia força e as contrações estavam<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame"><i>punk</i></span>, como uma cólica muito forte que durava um tempão. Era como se uma mão gigante apertasse minha barriga.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; margin-left: 6.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Tinha uma menina auxiliando, ela não sabia o que fazer. Estava desesperada, tentava ajudar de qualquer jeito. Desligou o ar condicionado porque estava gelado. Ficou me abanando porque estava calor. Teve uma hora em que ela perguntou se eu queria que ligasse o ar de novo, só respondi que não, estava na<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">partolândia</span>, sorte dela que não conseguia falar mais, senão a teria<span class="grame">xingado</span>...<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; margin-left: 6.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">O Carlos perguntou se podia furar a bolsa, explicou que estava atrapalhando a evolução e mostrou um palito comprido. Eu disse tudo bem e ele estourou, foi um grande alívio, como se tirasse uma pressão.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; margin-left: 6.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">A Juracy falou que já estava vendo o cabelinho, ficou toda emocionada, achei que ela ia nascer<span class="grame">rápido</span>. Eu fazia muita força e nada, comecei a ficar<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">aflita, o que estava errado</span>, por que ela não nascia. Nunca tinha chamado o Carlos de doutor e comecei a dizer: “Doutor, doutor, por que ela não nasce?”. O Guilherme me olhou nos olhos e disse: “calma, está tudo bem, você está indo muito bem”. Um verdadeiro<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">doulo</span>! Acreditei nele e me acalmei.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; margin-left: 6.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">O Carlos disse que ela não estava passando por baixo do osso e perguntou se podia usar o vácuo-extrator, eu concordei. Da primeira vez escapou, esguichou sangue. Da segunda vez deu certo e a cabecinha passou por debaixo do meu osso.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; margin-left: 6.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Eu queria descer dali, me deu um desespero, mas todo mundo foi contra, não me deixaram. O Carlos disse que ia precisar fazer<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">episiotomia</span>, que estava tudo esticado demais, eu respondi: “fazer o que, se é necessário faça”.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; margin-left: 6.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Aí ele colocou um pano na minha barriga, disse que era para eu pegar debaixo dos bracinhos dela e puxar<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">prá</span><span class="apple-converted-space"> </span>mim, cobrindo e enxugando com o pano.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; margin-left: 6.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Senti que se eu não parasse de tentar controlar ela não ia nascer (como um orgasmo que, se a gente não se solta, não se entrega, não acontece). Pensei: seja o que Deus quiser, aconteça o que tiver que acontecer lá embaixo!<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; margin-left: 6.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Dei um grito do fundo da garganta e ela nasceu! Senti o círculo de fogo, depois um alívio imenso, muito gostoso. Quando os bracinhos saíram, segurei por baixo dos ombros e a puxei. Olhei<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">prá</span><span class="apple-converted-space"> </span>ela, tão linda: minha filha! Era só isso que eu conseguia pensar: minha filha! Eu estava eufórica. Por mim levantava na hora e saía com elas nos braços.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; margin-left: 6.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><span class="grame">O Carlos</span><span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">clampeou</span><span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">o cordão e o Gui cortou</span>, o pediatra da UTI estava na sala e levaram ela. O Gui foi junto, acompanhar os procedimentos (<span class="spelle">argh</span>!). Ela nasceu ótima, estava prontinha. Só sabemos que estava mesmo prematura por causa dos sinais (orelhinhas moles, falta de marca dos mamilos...).<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; margin-left: 6.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Fiquei lá levando pontos (cinco, de acordo com o médico). Depois ficamos eu e a Juracy em uma<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">mini sala</span><span class="apple-converted-space"> </span>com mais duas mulheres que tinham feito cesárea e estava lá tremendo horrores por causa da anestesia (elas pareciam realmente mal, doentes e sozinhas – foi o que pensei na hora, graças a Deus que não sou eu!). A Juracy até deu um apoio<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">prá</span><span class="apple-converted-space"> </span>elas. Eu não entendia por que tinha que ficar lá, em observação, eu estava ótima, animada, querendo pegar logo a Carolina.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; margin-left: 6.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Fui para o quarto e pouco tempo depois<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">trouxeram ela</span>, vermelhinha de tanto esfregarem, toda enroladinha. Mamou bem logo de cara, eu estava muito feliz.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; margin-left: 6.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">O parto foi uma experiência maravilhosa. Doeu? Bastante. Logo depois eu tinha minhas dúvidas se gostaria de experimentar aquilo de novo. Depois esqueci. Não me<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">lembro</span>exatamente de como era essa dor. A natureza é mágica. Eu teria dez filhos de parto normal sem anestesia.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; margin-left: 6.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">As coisas não saíram como eu desejava, acho que diversos fatores contribuíram, mas um foi fundamental: eu não assumi o parto como meu. Não ocupei meu lugar de protagonista. Entreguei nas mãos do médico, fiquei na posição de paciente, não fiz meu plano de parto, não acertei os detalhes com ele e a doula, superestimei o tempo que faltava para o nascimento. Não fiz valer qualquer uma das minhas vontades, a não ser não tomar anestesia, que é o meu ponto de honra.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; margin-left: 6.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Eu pari minha filha e isso não tem preço. Fui eu quem a trouxe ao mundo. Fui a primeira a pegá-la no colo, sujinha, sentir seu cheirinho. Embriaguei-me dos hormônios do parto. Foi intenso, emocionante, poderoso.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; margin-left: 6.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Pena que existiram intervenções que eu acredito que não teriam sido necessárias se eu pudesse ter<span class="apple-converted-space"> </span><span class="grame">levantado,</span><span class="apple-converted-space"> </span>escolhido minhas posições. Tudo começou com a inibição. Penso que teria sido melhor deixá-la vir, quem sabe de madrugada, aí a maternidade estaria vazia e a liberdade seria maior. Acho que até minha postura seria diferente, fazendo tudo para ajudá-la a nascer, ao invés de segurar. Depois foi o ambiente hostil do CO. A restrição de posição que acabou acontecendo por tão pouco (até tinha um banquinho baixo lá por perto, a Juracy comentou que poderíamos ter usado), até um pano no chão servia! As intervenções foram ocorrendo em cascata como sabemos que acontece rotineiramente. <span class="apple-converted-space"> </span>Ficaram cicatrizes. Muito maiores que a da<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">episio</span>. Tive que digerir tudo que não foi bom no meu parto e só estou chegando ao fim do processo agora. Tive uma longa fase de tristeza, de culpa, do “se”. Culpei os outros, culpei a mim mesma, senti como se fosse uma perda. Mas hoje sei que o “se” não existe.<span class="apple-converted-space"> </span><span class="spelle">È</span><span class="apple-converted-space"> </span>importante entender e perdoar. Perdoar-se. Aceitar não significa se conformar, eu queria diferente. Mas tudo que acontece tem uma razão de ser, oferece uma lição, um aprendizado necessário. As mulheres estão em diferentes fases do processo de descobrir-se, de entrar em contato com seu feminino, com seu poder. Acho que eu até consegui bastante. Pelos meus medos, minhas travas, minhas inibições. Hoje sou mais confiante, mais segura, mais mulher. Tenho certeza que daria conta do parto dos meus sonhos. Infelizmente não pretendo ter outro filho, por isso estou aqui, participando do movimento pelo parto humanizado, querendo ser doula, ajudar outras mulheres a descobrirem seu caminho. Assim eu curo as minhas feridas. Assim quem sabe eu faça diferença nesse mundo de superficialidade, de não me toques, de não quero sentir nada. Espero que logo toda mulher possa escolher, de forma consciente e esclarecida, como quer que seu filho venha ao mundo. E que não faltem pessoas para dar assistência nessa jornada.<u1:p></u1:p><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; margin-left: 6.2pt; text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><b>Contato: <a href="mailto:helenalvb@gmail.com">helenalvb@gmail.com</a><u1:p></u1:p><o:p></o:p></b></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24pt; margin-left: 6.2pt; text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><b>Mãe de Luiz Gustavo e Carolina</b></span></div>
</div>
</div>
</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4217096822033546369.post-46252712181305329092014-12-27T14:31:00.002-03:002014-12-27T14:31:28.182-03:00Relato Eva - Nascimento da Júlia<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="MsoNormal" style="margin-right: 24.65pt; text-align: center;">
<div class="MsoNormal" style="margin-right: 24.65pt;">
<b><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Eva – Anápolis/ Goiás</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-right: 24.65pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><b><span style="color: #089ca3;">RELATO DO NASCIMENTO DA JÚLIA – PARTO NORMAL APÓS CESÁREA<u><u1:p></u1:p></u></span></b><o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><b><span style="color: #089ca3;"><br /></span></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-right: 24.65pt; text-align: left;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both;">
<a href="http://pnac.com.br/relatos/eva_arquivos/image002.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><img border="0" src="http://pnac.com.br/relatos/eva_arquivos/image002.jpg" /></span></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-right: 24.65pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-right: 35pt; text-align: left;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Hoje Júlia virou de bruços sozinha! Enquanto eu acompanhava sua descoberta em virar de bruços é que percebi o quanto o tempo passou rápido nestes quatro meses e cinco dias, cento e vinte e cinco dias desde o seu nascimento e vi que já era hora de sentar e redigir o relato do seu nascimento.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Entretanto é impossível falar do parto da minha filha Júlia desconsiderando as minhas outras gestações porque uma história está ligada a outra e todas<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">fazem parte do ser humano que sou hoje. Assim sendo o relato do parto da Júlia é na verdade um memorial da minha pequena experiência com a<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">maternidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Em janeiro de 2006, sem nunca tomar anticoncepcional neste intervalo, eu descobri que estava grávida e foi o período mais feliz da minha vida: sonhos, enxoval, certeza inocente de que nada dá errado na vida, busca por um parto normal e muito entusiasmo. A bolsa desta gestação rompeu com 29 semanas e infelizmente perdi este bebê que se chamava Rafael em um parto estúpido, violento que aconteceu 4 dias após a rotura das membranas. Tenho certeza que não perdi este bebê como consequência do parto, não foi o parto que o matou, mas talvez a imensa quantidade de intervenções utilizadas no processo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Após este parto fiquei realmente muito traumatizada, assumi toda a culpa pela perda do bebê, me sentia desnorteada e sem coragem de engravidar<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">novamente. Fiquei doente de verdade, medo de hospital, de médico, de gravidez, de quase tudo, quase parei de trabalhar, não consegui terminar meu<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">trabalho de conclusão e perdi o mestrado que estava fazendo... em suma, me sentia um fracasso.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Em Agosto de 2008 descobri que estava grávida e começou então a busca por um nascimento que NÃO lembrasse a experiência anterior. Resolvi ter meu bebê em um hospital de referencia em parto normal da cidade de Ceres, a 150km da minha cidade, mas em nenhum momento eu me preparei para que este nascimento fosse uma cesariana. Mais uma vez a bolsa rompeu sem trabalho de parto algum e fui para o hospital onde induziram o parto através de prostaglandinas mas ao final de 24h de bolsa rota sem tp espontâneo o obstetra indicou a cesariana e eu segui pro centro cirúrgico muito a contragosto, me sentindo literalmente um animal indo pro abate e assim Fernando nasceu sem que eu o visse na hora do nascimento.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">A experiência da cesariana foi devastadora pra mim. Achei tudo ruim, o antes, o durante (é horrível ficar amarrada e inerte esperando ser cortada)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">e o depois foi caótico porque se com o bebê natimorto eu havia ficado doente com a cesariana eu dava mostras de ter perdido boa parte da sanidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">O que me doía muito era ver que para a maioria das mulheres com quem eu conversava a experiência de ter um filho por meio cirúrgico não havia lhes<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">causado tanto dano! Me sentia um fracasso : ” todo mundo hoje em dia passa por cesariana, por que eu tenho que ficar doente deste jeito?” – era o que<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">pensava.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Eu fiquei amarga e ressentida, achava que havia sido punida com algum tipo de castigo, eu era incapaz de parir um filho. Mas o pior de tudo era o medo e as sensações de reviver a hora da cirurgia, passei a sentir tanto medo que não conseguia nem assistir a uma cena de cirurgia em TV, filme, nada, tinha que mudar de canal, virar o rosto pq começava a me sentir muito mal. Sentia a cabeça arder, passei a esquecer as coisas, quase perdi o emprego, comecei a errar no trabalho, perder prova de aluno, sentia várias vezes ao dia o cheiro do hospital, a sensação da criança sendo arrancada e não conseguia ter alegria pra brincar com meu lindo bebê Fernando.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Tudo isso me levou a decidir nunca mais engravidar porque a simples ideia da possibilidade de viver outra cirurgia e outra dolorosa e lenta recuperação eram insuportável pra mim, mas como eu estava muito mal, esquecida e confusa eu me esquecia de tomar o anticoncepcional, coisa que durante anos nunca havia tomado e como consequência não tive ciclo menstrual em dezembro de 2009, o que me deixou VERDADEIRAMENTE desesperada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Em dezembro de 2009 fiz um teste de farmácia e confirmei o que já sabia: estava grávida novamente. Grávida, doente e com um bebê de oito meses! Foi demais pra mim, chorei copiosamente todos os dias durante pelo menos duas semanas. Meu marido me encontrava chorando pelos cômodos da casa, falando sozinha e chorando, chorando, chorando. Olhava pro Fernando e desabava a chorar pensando: eu não consigo passar por tudo aquilo de novo, eu vou morrer.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Comecei o pré-natal com uma medica daqui que disse não recomendar parto normal pela proximidade da cesariana e o risco de ruptura uterina e procurei uma nutricionista porque eu estava muito, muito gorda mesmo, aproximadamente 88 kilos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Quando a minha bebê completou 12 semanas de gestação fiz a primeira usg e quando vi seus bracinhos, suas perninhas mexendo, sua cabecinha<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">virando...senti aquecer uma ternura tão boa dentro de mim que imaginei que talvez aquilo tudo pudesse se transformar em algo muito bom. Foi quando<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">contei para minha família que estava grávida, procurei uma nutricionista pra controlar o peso e comecei a buscar ajuda na internet tendo duas coisas em mente: 1) tentar um parto normal – 2) me preparar pra não sucumbir a uma nova cesariana.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Neste período tive uma seria conversa com meu marido e disse que iria fazer meu pré natal em Goiânia porque aqui em Anápolis não acharia nem quem me deixasse TENTAR o parto e eu queria pelo menos TENTAR porque se eu fosse pra uma cesariana com hora marcada, sem nem entrar em tp com certeza eu iria ficar doida de vez e propus ir a Goiânia de ônibus e pagar um taxi pra me levar na hora do BB nascer, mas que eu precisava ir. Diante da minha convicção ele cedeu e como não sabia dirigir em Goiânia imprimiu mapas do Google maps pra aprender a chegar ao consultório medico.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Minha amiga Michelle Guirado havia tido um bebê em Janeiro em um parto normal muito respeitoso com Dr. Julio Porto e sido acompanhada por sua esposa, Karen Leverger, que é obstetriz e com quem eu já trocava e-mails desde a gravidez de Rafael e isso tudo me fez marcar uma consulta. (Quando eu havia estado grávida do Fernando quis ir fazer o pré-natal com ele mas acabei indo pro hospital Pio X de Ceres.)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Na consulta fui recebida por um médico bem humorado, que ouvia e eu perguntei se ele aceitava me deixar tentar um parto normal e quando ouvi que SIM senti meus olhos marejarem! Aí desaguei falar: se a bolsa romper, podemos esperar mais de 24h? Posso ter meu marido comigo? Bla, bla,bla, bla.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Bem, toda mulher sabe o quanto uma gravidez passa rápido! Quase não dá tempo de fazer nada e já estamos no nono mês. Foi assim comigo também, os meses voaram e o do pré natal quero ressaltar o acordo que eu fiz com o medico que<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">ele só me indicaria uma cesariana se houvesse risco pra nenê, fora isso não, e se eu não aguentasse a dor e pedisse uma cesariana ele falaria que NÃO. Este foi nosso acordo. Por fim cheguei às 38 semanas pesando 91,5 kg, havia emagrecido 3 kilos nos 4 primeiros meses da gravidez e engordado por volta de 4 quilos apenas do meu peso inicial.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Sentia-me muito tranqüila com Dr. Júlio, a cada consulta eu ia delineando como gostaria que fosse o parto e como gostaria de ser tratada caso fosse uma cesariana e ia administrando meu medo. Eu trocava email com sua esposa Karen e com várias pessoas ma-ra-vi-lho-sas que me carregaram no colo nesta gestação como Denise Ahrends, Rebeca, Michelle e as mulheres das listas Parto Nosso e Ciranda de Mulheres. Acertei com o médico até a forma de pagar já que ele não atendia pelo meu convenio e eu fui sincera, pedi pra parcelar e ele parcelou numa boa e me cobrou pela tabela do meu convenio que é mais em conta que a tabela da UNIMED que ele atende.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Júlia era esperada pro fim de julho/2010,eu havia combinado com Denise (Ahrends) que ela viria do Rio ficar comigo a partir do dia 30/07 já que a dpp podia ir ate dia 10/08, 42 semanas mas mal imaginávamos a surpresa que essa menina sapeca nos faria! Dia 02/07 fiz a ultima usg e ela estava encaixada, quietinha, cefálica e era só esperar...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Bem, na manha de sábado do dia 17 de julho quando eu abri os olhos e fui virar na cama senti o dilúvio escorrendo nas minhas pernas, ou seja, a bolsa havia rompido! Levantei e fui tomar banho sem chamar ninguém mas logo meu marido chegou atrás e eu disse que havia chegado o dia. Por dentro senti muito medo pois do Rafael a bolsa rompeu e levei 3 dias pra entrar em tp e do Fernando a bolsa rompeu e em 24h não tive uma contração espontânea. Sentia que eu havia entrado num torvelinho, agora não tinha mais jeito, era ir pra frente.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Após o banho, já usando fraldão (de verdade) eu liguei pro médico e tenho certeza que o acordei. Contei que a bolsa havia rompido e ele disse pra ficar calma, perguntou a cor e o cheiro do liquido e disse que eu ficasse calma, desse uma volta dentro de casa e tornasse a ligar em 4h pq ele não queria me internar muito cedo. Eram 7h30min da manhã quando desliguei o telefone e fui tomar café.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Saímos, fomos ao caixa eletrônico pegar dinheiro, fui andando devagarzinho e quando voltei e fui trocar a super fralda vi que agora o liquido estava esverdeado, meio verde e gelei de medo, pensei: ”mecônio, que droga, agora lascou tudo”. Fiquei no banheiro pensando: “ posso não falar nada do mecônio e esperar o tp...mas e se não falar e isso causar algo e eu perder a bebê pq fiquei calada? E agora?” Nisso comecei a ter leves contrações e liguei pra Karen, avisei das contrações, liguei pra Michele, disse que ia precisar da banheira emprestada e liguei pra Denise falando que não ia dar tempo dela chegar e contei apenas pra ela do mecônio e disse pra ela torcer pq eu não sabia o que fazer.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">As contrações ficaram regulares e eu fiquei sentada quietinha no meu quarto queimando a cabeça pensando se contava ou não do mecônio. Nisso já eram umas 10h30 quando meu marido veio falar comigo alguma coisa e ele percebeu que no<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">meio da sua fala eu tive duas contrações com intervalo de cinco minutos entre uma e a outra e ele me deu um ultimato: não vamos esperar mais, vamos pro hospital agora! Pegamos bolsas, malas, esquecemos a câmera fotográfica e<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">eu nem pude tomar o prato de sopa que minha sogra (ela estava lá em casa) fez pra mim, foi dar um beijo nos que ficam, abraçar o Fernando e sair rumo a Goiânia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Na estrada as contrações ficaram muito, muito fortes mesmo e eu me agarrava na porta do carro me retorcendo a cada contração mas não falava nada, tinha medo de atrapalhar o motorista, mordia a boca e ficava calada. A cada contração eu expirava, fechava os olhos e pensava que era uma a menos, menos uma, menos uma.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Internei ao meio dia na Maternidade Modelo e fui direto pra debaixo do chuveiro, eu coloquei um sunquíni e fiquei lá acocorada com a água caindo no quadril e pensando no mecônio que agora estava bem mais grosso e manchava a<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">fralda q eu havia tirado. Eu estava assim quando Michelle chegou e entrou no banheiro, foi quando eu disse: “Amiga, no que a gente se mete!” - ao que ela respondeu: “Não amiga, é por que é que a gente mete?!” o que me fez dar uma gargalhada mesmo com as contrações me moendo. Aí eu contei pra ela do mecônio e comecei a querer chorar, ela disse pra ficar calma, que o medico já vinha e a cada contração ela me dizia: “menos uma” e eu dizia “antes isso” pensando na cesariana.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Quero deixar claro aqui que parto dói, não vou dourar a pílula, dói e dói mesmo mas afirmo que antes aquela dor toda e toda aquela sensação de “não agüento mais” “não vou dar conta” do que uma cesariana. Por que a gente ACHA que não dá conta mas na verdade a gente consegue sim e nosso corpo é preparado pra cada uma das contrações.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Nisso chegou Karen, toda bonita, com uma blusa azul e pediu pra fazer o exame de toque. Ao fazer o exame foi o choque, ela disse que a Júlia estava pélvica, ou seja, sentadinha e daí em diante eu fui ficando nervosa, perdendo o controle e confesso, fui realmente me enchendo de medo porque o meu bebê Rafael que nasceu sem vida também estava sentadinho.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Algo que me deixou muito decepcionada foi a forma como eu agi, porque eu imaginava que eu seria uma parturiente controlada, respirando, seguindo as contrações e na verdade eu fiquei muito a mercê da dor, fiquei muito nervosa, perdi o controle e comecei a gritar quando as contrações vinham, enfim, em nada eu me parecia com os vídeos de “home birth” ou “orgasmic birth” que havia assistido. Quando vinha uma contração eu gritava : “Jesus me ajuda”, gritava o nome do meu marido, que sempre estava ali do meu lado e torcia a camisa do pobre nas mãos até quase rasgar tudo...a sensação que eu tinha era mesmo de que não ia conseguir, que era demais pra mim e que a dor aumentava a cada contração e ainda mais sabendo da posição da Júlia aí é que eu “desci a ladeira” mesmo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Nisso a piscina inflável da Michelle encheu e eu entrei dentro e a maravilhosa Michelle ficou jogando a água nas minhas costas (compramos 7 metros de mangueirinha de chuveiro pra a água ir do banheiro pra parte do quarto onde cabia a piscina) e eu perguntei pra Karen como seria já que ela estava sentada no que ela respondeu que o Júlio já vinha e ele iria me examinar, mas eu comecei a chorar, me lamentar e a dizer: “Ai meu Deus, tudo em vão, chegar até aqui e ir pra faca” “ô Julinha, pq vc virou?” e os pedacinhos de mecônio iam se misturando à água, parecendo lodo flutuando e<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">eu pensava no mecônio, pensava na posição da Júlia e pensava que não ia agüentar, pensava em pedir uma cesariana logo já que não ia ter jeito mesmo, pensava em esperar só mais uma contração, pensava que ela ia nascer morta como o Rafael, pensava em esperar só mais uma contração, só mais essa, só mais essa...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Quando o médico chegou me olhou com a carinha tão boa, disse que ia examinar e eu só consegui falar que não agüentava mais. Ele fez o toque, fez uma cara que eu não gostei de jeito nenhum, fez outro toque e falou: Você <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">está com 4cm, a Júlia está sentada mas ela desceu um pezinho, não está pélvica completa, o pezinho está na frente, pra baixo do bumbum, o que dificulta muito. Ai, que desespero, aí comeceia falar um monte de bobagem, a dizer que não adiantava mais nada mesmo, que a gente já podia ir procentro cirúrgico, afinal de contas não ia ter jeito e ele pediu pra esperar pelo menos mais meia hora e me pediu pra ficar de cócoras, eu obedeci mas me sentia muito desolada, absolutamente desolada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Eu gritava “gente, me ajuda!”, olhava na cara do médico todo pensativo e gritava “Júlio, me ajuda!” e numa dessas ele perguntou que ajuda eu queria, se eu queria uma cesariana ou se eu queria uma analgesia e eu lembrei o que é uma cesariana e pedi uma analgesia. Eu pensava mesmo que se a dor estava daquele jeito com 4 cm eu ia morrer quando chegasse aos 10 cm.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Numa hora que eu fiquei de cabeça baixa na banheira ouvi uma das duas (Karen ou Michelle) perguntar pro médico: “Mas a nenê não pode subir o pezinho e ficar em posição pélvica completa?” ao que ele respondeu: “Pode, pode tudo, mas eu nunca ví” e senti que era o fim mesmo, que ia pra faca. O meu marido ficava agachado do lado de fora da banheira e qd vinha acontração eu enfiava o rosto na camisa dele, quase rasgava tudo e ficava gritando “Weliton, Weliton!” como se ele respondendo diminuísse o medo e a dor.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Num relance eu vi que a Karen estava rezando, vi os seus lábios sussurrando alguma coisa e pensei: “quando a enfermeira começa a rezar é pq a coisa tá feia” e fui sentindo a dor cada vez maior e eu cada vez menor...eu pedia a Karen pra me ajudar a respirar e ela foi fantástica, foi fantástica mesmo! Aliás não sei como seria sem estas duas mulheres maravilhosas que ficaram ali e em nenhum momento me falaram que não tinha mais jeito.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Quando tinha mais ou menos uma hora que o médico havia chegado no quarto ele pediu pra fazer novo toque e pediu a Karen pra falar pro anestesista esperar mais um pouco (depois eu soube que já havia médico até se prontificando pra auxiliar na cesariana) e ao fazer o toque me falou com a cara mais boa do mundo, “Você dilatou tudo, 10cm e a Júlia desceu a bundinha, subiu o pezinho e está com a bundinha aqui em baixo, podemos ter um parto normal”. Fomos de 4cm pra 10cm em uns 40, 50 minutos!</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Então eu disse que não aguentava mais e perguntei se podia ter algo pra ajudar com a dor e então ele me disse que sim, mas não no quarto e sim no centro cirúrgico, e se fosse pro centro cirúrgico só sairia depois da nenê nascer, ficaria lá o expulsivo todo. Mas eu tava tão descontrolada que não pensei que pudesse ser capaz de suportar e ter a bebê no quarto, só pensava em algo pra aliviar a dor e pedi pra ficar de pé e ir pro CC. Quando saí da banheira veio uma contração tão forte que perdi as forças das pernas e a Karen me segurou me abraçando senão eu caia no chão e eu falei: “Meu Deus,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Karen, o que é isso?” e ela respondeu: “Você esta parindo, é assim mesmo, é a hora da loba”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Não consegui andar mais, não conseguia mudar a perna porque as contrações não tinham inicio e fim, era tudo uma coisa só e por isso fui de cadeira de rodas pro CC. Lá encontrei um anestesista que nunca soube o nome mas muito educado que disse que não poderia dar uma analgesia muito forte por causa da posição da bebê mas que daria um alívio. Hoje olhando pra traz eu vejo que consegui me controlar pra tomar analgesia eu conseguiria me controlar pra ter a bebê no quarto mas na hora eu estava absolutamente descontrolada.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Então, eu que esperava um efeito que tirasse toda a dor fiquei brava com o anestesista porque a dor não havia passado (que vergonha!) e a Karen me disse: Eva, o que você quer? Um parto sem dor alguma? É apenas uma ajuda pra você se controlar melhor. E confesso que na hora senti vergonha e decidi parar de reclamar a fazer o que era necessário pra Júlia nascer. Meu marido estava na cabeceira da mesa, o anestesista a esquerda, segurando minha mão, Karen segurava minha perna flexionada e o medico estava lá pedindo pra eu fazer força e eu pensei: Como que é isso? Ouvi a Karen<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">dizendo pra por o queixo no peito e fazer uma força comprida e obedeci...entao o medico disse pra descansar, pra só fazer força na contração, pra não fazer força desnecessária e ao chegar outra contração eu fechei os olhos e “hummmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm” força comprida que deve ter dado certo pois ganhei um ”parabéns, muito bem Eva” da equipe. Entao eu disse que aquilo não ia terminar quando o medico disse que a Júlia estava metade de fora, que era só mais uma força e perguntou se eu queria por a mão e eu não quis...mas meu marido foi ver e disse que era verdade. Então próxima contração, força, força, vi que o médico fez umas manobras e que a Karen estava ajudando e então ouvi um “uén, uén” e joguei a cabeça pra traz!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Júlio falou que ela veio com duas circulares de cordão e um nó verdadeiro no cordão e perguntou ao Weliton se ele queria cortar o cordão e ele foi todo faceiro cortar o cordão umbilical e ouvi o medico brincando que o próximo queria um parto mais tranqüilo sem tantas surpresas! Karen tirou umas fotos com o seu celular porque havíamos esquecido a câmera e senti um clima de alivio e felicidade no ar. A carinha de todos ali transbordava alegria.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Então a pediatra pegou e encostou aquela cabecinha vermelha e sujinha em mim e eu beijei e ouvi o resmungadinho mais bonitinho do mundo...ela disse que ia ter que levar pra aspirar pq ela havia aspirado um pouco de mecônio e eu<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">ainda pedi pra deixá-la em cima de mim porque estava apaixonada por aquela carinha inchada tão linda e dei mais um beijinho antes que ela fosse levada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Aí foi a hora da placenta sair, eu fiquei meio tensa, lembrei do parto do Rafael, pedi pra não tracionar a placenta ao que ouvi o Júlio dizer: “claro que não, Eva” como se eu tivesse pedido a coisa mais boba do mundo e ele me disse que havia tido uma laceração onde eu levaria DOIS pontos ao que eu respondi que pra quem havia levado tanto ponto antes aquilo era nada!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Eu estava radiante, cansada, exausta e extremamente feliz. Então o médico chegou perto de mim, disse que eu seria levada pro quarto, a Karen perguntou se podia dar a noticia na lista Parto Nosso, eu disse que sim e então fui levada pro quarto com a recomendação de ficar deitada porque havia perdido muito sangue.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Dormi como uma pedra por duas horas, cansadíssima e acordei roendo de fome. Acordei, pedi algo pra comer e Weliton me deu um Toddynho q eu tomei quase em um gole só, sentia uma fome medonha e estava encantada com o fato de poder<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">me virar na cama SEM SENTIR DOR ALGUMA. Logo veio uma enfermeira pra me ajudar com o banho, disse que havia a recomendação de tomar banho sentada e me ajudou a levantar e ir ao banheiro e eu ficava o tempo todo pasma<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">observando QUE NÃO HAVIA DOR , QUE EU CONSEGUIA ME VIRAR, ME MEXER SEM DOR ALGUMA!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Logo após o meu banho a Júlia chegou! A pediatra havia recomendado que ela ficasse em observação por seis horas, até as 9h da noite mas as 6h da tarde, como ela estava ótima trouxeram a minha nenê pra mim e eu fiquei maravilhada em poder segura-la sem dor alguma, sem estar entorpecida, sem efeito de sedação, era eu, inteira, completa, alerta, acordada segurando a minha filha e conversando com ela. Pude pegá-la, oferecer o peito que ela pegou e ficou lá sugando devagarinho e eu namorando cada pedacinho dela. As enfermeiras do berçário disseram que ela era uma menininha muito valente por ter nascido daquela forma e eu me senti orgulhosa daquilo tudo.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Júlia nasceu as 3h da tarde, por volta de 7h Michelle veio me ver com seu filho Vítor e estávamos as duas eufóricas por tudo! Michelle trouxe uma manta pra eu embrulhar a Júlia e uns presentinhos e ficou comigo um pouco, nossa, enquanto eu viver serei grata a ela! As 8h da noite recebemos visita do Padrinho do meu esposo e todos ficaram pasmos em me ver sentada no sofá do quarto com Júlia no colo, eu de pernas cruzadas, absolutamente recuperada e ainda com um sorriso de orelha a orelha!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">No dia seguinte Júlio e Karen vieram me dar alta e trouxeram suas duas meninas de 8 e 6 anos, uma a cara da mãe e a outra a cara do pai. Quando Karem me viu, me deu um abraço e falou como um parto era outra coisa porque eu já estava até de batom vermelho e rímel! Dr. Júlio perguntou se eu lembrava que ele havia dito que todo bebê pélvico faz mecônio pq tem a barriguinha apertada e eu disse que não, e ele me deu parabéns e alta. Recebi alta, abracei este casal maravilhoso a quem devoto toda gratidão e saí do hospital 18h após o parto andando normalmente, de óculos escuro,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">batom, toda arrumada e segurando minha querida Júlia no colo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Na saída uma recepcionista brincou comigo: até o próximo! E eu respondi: Por que não?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Terminando tudo, estou aqui sorrindo e chorando ao lembrar todas estas coisas e faria tudo de novo. Ir pra outra cidade, pagar parcelado, contar as moedinhas das economias pra pagar hospital ( deixamos ate de comprar todas as coisas da Júlia e usamos nela todo o enxoval azul do Fernando pra pagarmos o parto) e principalmente enfrentar o risco de um parto após uma cesariana, faria tudo de novo porque o parto me fez só bem. São quatro meses como uma mãe normal, sem depressão, sem stress pós traumático, brincando e cuidando dos meus dois filhotes. Aquele momento de sentir algo se abrindo dentro de você e a criança saindo não tem preço que pague, não tem sacrifício que não valha, tudo o que for preciso fazer pra alcançar um parto, vale a pena.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Hoje fico cansada, nervosa, Fernando está sapeca, ele sobe no carrinho da Júlia, etc, etc, etc, mas não sou uma mulher DOENTE. Hoje eu mesma me pego dando gargalhada cuidando dos dois, me pego falando tatibitate com a Júlia e<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">vivendo coisas que eu não vivi antes! E o mais incrível de tudo, que pra mim é a prova cabal de que todo sacrifício pra ter um parto digno e respeitoso vale a pena é que eu hoje penso em ter mais um filho, penso em ter mais um parto porque o pavor se foi.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Que bom seria que partos respeitosos e humanizados não fossem minoria e que os partos hospitalares não fossem uma sucessão de intervenções e de violência contra a parturiente. Toda mulher deve ser uma ativista em favor da humanização do nascimento para que parturientes sejam tratadas com respeito e dignidade em uma hora tão especial de suas vidas independente da sua classe social ou do hospital onde estão indo ganhar seu bebê. Mulheres devem ser respeitadas em seus partos, mulheres devem ser respeitadas na hora de suas cesarianas necessárias e que cada um de nós seja um disseminador da cultura de que parto normal é algo natural e de que o nascimento deve ser um momento de respeito e carinho.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Infelizmente em nosso país um parto respeitoso é quase tão difícil quanto uma medalha olímpica e eu sou eternamente grata aos que me ampararam e me ajudaram nessa travessia:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Meu marido Weliton, que não achou que eu estava delirando e foi comigo até o fim sem pedir o médico pra fazer uma intervenção, obrigada pra sempre.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Michelle, que me apoiou com amor e coragem em todo o tempo sem nunca desanimar e dizer que não era possível, reverencias sem fim!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Karen Leverger que me apoiou com emails, carinho e suporte físico e emocional durante a gestação e o trabalho de parto, beijos nas mãos e nos pés sempre.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Denise Ahrends que esteve comigo toda a gestação e se dispôs a viajar mais de mil km pra estar comigo quando a hora chegasse sempre acreditando que seria possível, minha eterna amizade e gratidão. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Dr. Júlio Porto que aceitou me acompanhar e tentar um parto normal 16 meses após uma cesariana e em nenhum momento fugiu do nosso plano de parto de só indicar a cesariana se houvesse risco de vida para a bebezinha, mesmo<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">quando a encontrou em posição pélvica. Acredito que com outro médico teríamos outro final. Salve, salve, salve!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">A todos os que acreditaram, que me ajudaram quando perdi meu primeiro filho, que me explicaram o que era stress pos traumático quando tive o Fernando, que me apoiaram na gestação da Júlia e que acreditaram num parto normal, muito obrigada, esta vitória é de todos nós.</span><br />
<b style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: small; text-align: left;">Contato: <a href="mailto:evacordeirosantos@hotmail.com">evacordeirosantos@hotmail.com</a></b></div>
</div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: left;">
<b style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: small;">Mãe de Fernando e Júlia</b></div>
</div>
</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4217096822033546369.post-37879375817484681422014-12-27T14:25:00.003-03:002014-12-27T14:25:57.796-03:00VBAC: Parto Vaginal Após Cesariana. Mitos e Medos.<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="clearfix" style="background-color: white; line-height: 15.3599996566772px; zoom: 1;">
<h3 style="line-height: 28px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: small;">Em <a class="uiLinkSubtle" href="https://www.facebook.com/notes/carla-andreucci-polido/vbac-parto-vaginal-ap%C3%B3s-cesariana-mitos-e-medos/10200663029857799" style="cursor: pointer; line-height: 15.3599996566772px; text-decoration: none;">21 de março de 2014 às 11:44</a></span></h3>
</div>
<div class="mts _50f8" style="background-color: white; color: #9197a3; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 15.3599996566772px; margin-top: 5px;">
<span class="timelineUnitContainer" style="position: relative;"><a aria-label="Público" class="passiveImg fbAudienceHover timelineAudienceSelector" data-hover="tooltip" href="https://www.facebook.com/notes/10200663029857799/#" role="button" style="color: #3b5998; cursor: pointer; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; margin-left: 5px; margin-top: -3px; position: relative; text-decoration: none; top: 2px;"><i class="img sp_dnitUJgnDGj sx_fe9774" style="background-image: url(https://fbstatic-a.akamaihd.net/rsrc.php/v2/yc/r/mOOoNocb2jG.png); background-position: -13px 0px; background-repeat: no-repeat; background-size: auto; display: inline-block; height: 12px; width: 12px;"></i></a></span></div>
<div class="_5k3v _5k3w clearfix" style="background-color: white; color: #141823; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px; margin-top: 16px; word-wrap: break-word; zoom: 1;">
Por Carla Andreucci Polido, médica obstetra<br />
<br />
Durante grande parte do século 20, a maioria das pessoas acreditava que uma mulher que já havia passado por uma cesariana deveria ser submetida a cesarianas de repetição em futuras gestações. A partir de estudos feitos depois de 1960 (suuuuper recentes, sqn), soubemos que o ditado "uma vez cesárea, sempre cesárea” não se aplica. Muitas mulheres que foram submetidas a cesarianas podem tentar com segurança um trabalho de parto em gestações subseqüentes.<br />
<br />
Chamamos de “prova de trabalho de parto após cesariana” (em inglês “trial of labor after cesarean section”-TOLAC) a tentativa planejada de trabalho de parto por uma mulher que já passou por uma cesariana, e deseja um parto vaginal na sequência.<br />
<br />
Chamamos de “VBAC” (“vaginal birth after cesarean section”) o sucesso do TOLAC, resultando em um parto vaginal. Tenho orgulho em dizer que já escrevi sobre isso durante minha residência médica, há 17 anos atrás, sob a batuta de meu eterno orientador, Professor Dr José Guilherme Cecatti, da UNICAMP. Chamamos os VBAC na ocasião de PNAC (“parto normal após cesariana”), mas o termo em inglês foi o que “pegou”.<br />
<br />
Os benefícios de um TOLAC que resulta em um parto vaginal após cesárea (VBAC) incluem:<br />
<br />
<ul style="list-style-type: square; margin: 10px 0px; padding: 0px 10px 0px 25px;">
<li>Menor tempo de internação e recuperação pós-parto (na maioria dos casos)</li>
<li>Menor incidência de complicações, como febre pós-parto, infecção da ferida ou infecção uterina, tromboembolismo (desprendimento de coágulos de sangue que podem atingir membros ou pulmão), necessidade de transfusão de sangue.</li>
<li>Menor incidência de problemas respiratórios neonatais</li>
</ul>
<br />
Os riscos de uma tentativa de VBAC ou TOLAC incluem:<br />
<br />
<ul style="list-style-type: square; margin: 10px 0px; padding: 0px 10px 0px 25px;">
<li>Tentativa fracassada de trabalho após cesariana (TOLAC) sem um parto vaginal após cesárea (VBAC), resultando em cesárea de repetição (varia entre 20% a 40%).</li>
<li><strong>Risco de ruptura do útero</strong>, resultando em uma cesariana de emergência. O risco de ruptura uterina pode ser relacionado, em parte, ao tipo de incisão uterina durante a primeira cesariana. A incisão uterina transversal anterior tem o menor risco de ruptura (0,2% a 1,5%). Incisões uterinas verticais ou em forma de “T” têm um maior risco de ruptura uterina (4% até 9%). É importante lembrar que a direção da incisão na pele não indica o tipo ou a direção da incisão uterina. Uma mulher com uma incisão transversal na pele pode ter uma incisão uterina vertical.</li>
</ul>
<br />
Tanto o Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas (ACOG) como os Institutos Nacionais de Saúde (NIH), sugerem que a prova de trabalho de parto após cesariana (TOLAC) para parto vaginal após cesárea (VBAC) é uma opção aceitável para uma mulher que foi submetida a uma cesárea anteriormente, com uma incisão uterina transversal baixa, assumindo que não haja outras condições que normalmente requerem uma cesariana (placenta prévia).<br />
<br />
O ACOG sugere ainda que <strong>uma mulher com duas incisões uterinas transversais baixas anteriores</strong>, ou uma mulher com uma gravidez de gêmeos, ou uma mulher que requeira indução de parto, também podem ser consideradas candidatas para VBAC, com aconselhamento apropriado.<br />
<br />
Há muito terrorismo sobre risco aumentado de rotura uterina após duas ou mais cesarianas (VBAC2). O grande estudo de Tahssen, metanálise de 21 estudos observacionais de qualidade (publicação de 2010) demonstrou que, apesar de aumento do<strong>risco relativo</strong>, quando comparado ao risco de mulheres sem cesarianas prévias ou com apenas uma cesariana anterior, o <strong>risco absoluto</strong> é baixo, e as chances de sucesso de um VBAC após 2 cesarianas pode ultrapassar 70%. Estamos falando em chance de 1,59% de rotura após duas cesarianas, contra 0,72% em VBAC1. Traduzindo em miúdos, em 100 mulheres submetidas à TOLAC, menos de duas teriam uma rotura uterina, e mais de 70 delas teriam um parto vaginal.<br />
<br />
<br />
Uma mulher considerando um VBAC deve discutir com seu cuidador de saúde os riscos e benefícios de uma TOLAC, e a discussão deve incluir planos de intervenção em caso de emergências. A segunda, terceira ou quarta cesarianas tem riscos de complicações semelhantes à TOLAC; portanto, parturiente e obstetra devem discutir todas as possibilidades antes da decisão final.<br />
<br />
Uma mulher que se submete a uma prova de trabalho de parto após cesarianas deve ter seu parto conduzido de forma semelhante à de primigestas. A ausculta fetal na fase ativa do trabalho de parto, bem como a monitorização eletrônica fetal, podem e devem ser utilizados. Os medicamentos para induzir o parto ou melhorar as contrações (ocitocina) são usados com cautela, uma vez que podem aumentar o risco de ruptura uterina. Se ocorrerem problemas durante o parto, uma cesariana pode ser indicada a qualquer momento. No caso de necessidade de indução fora de trabalho de parto, a literatura recomenda a utilização de métodos mecânicos, como sondas foley ou balões especialmente confeccionados para colos de útero, uma vez que prostaglandinas estão contra-indicadas para preparo cervical (misoprostol, dinoprostone).<br />
<br />
Melhoram as chances de sucesso de uma TOLAC (embora não sejam condições essenciais):<br />
<ul style="list-style-type: square; margin: 10px 0px; padding: 0px 10px 0px 25px;">
<li>Um parto vaginal anterior, especialmente um VBAC </li>
<li>Início espontâneo do trabalho</li>
<li>Andamento normal do trabalho de parto, incluindo dilatação e esvaecimento do colo do útero</li>
<li>Cesariana prévia realizada por posição anômala do bebê </li>
<li>Apenas uma cesariana prévia</li>
<li>A cesariana prévia foi realizada no início do trabalho de parto, e não após a dilatação cervical completa</li>
</ul>
<br />
Outro mito perpetuado é o intervalo interpartal e o risco de rotura uterina. É preciso que se diga que o famoso "mínimo intervalo de dois anos entre uma cesariana e uma futura prova de trabalho de parto" é mais uma afirmação empírica, que carece de fundamento em evidências. O maior trabalho que avalia intervalo interpartal conclui que, se este for maior que 18 meses, a chance de sucesso de um VBAC também aumenta. O risco de rotura uterina não foi avaliado.<br />
<br />
Não existem, portanto, recomendações baseadas em ciência de qualidade determinando qual o melhor intervalo interpartal. Portanto, é lógico concluir que qualquer mulher com uma ou mais cesarianas prévias podem ser submetidas a uma TOLAC, independentemente do intervalo entre os nascimentos.<br />
<br />
<br />
Todos os consensos internacionais apontam na direção de que a prova de trabalho de parto é uma alternativa factível e segura para todas as mulheres com cesarianas anteriores, incluindo em quem já teve mais de uma cesariana. Essa constatação é especialmente digna de nota em nosso país, onde, segundo o Ministério da Saúde, 55% por cento das brasileiras foram submetidas a cesariana em 2013. Na Saúde Suplementar, a taxa de cesariana superou 90%, no ano passado_ou seja, é cada vez mais provável que mulheres já cheguem aos obstetras com cicatrizes uterinas anteriores.<br />
<br />
<br />
Cabe a cada obstetra conhecer os reais riscos e benefícios de cada escolha, e não simplesmente aderir ao medo geral ligado aos mitos da "uma vez cesárea, sempre cesárea".<br />
<br />
Façamos obstetrícia baseada em evidência, e não em experiência, vivência ou temerência.<br />
<br />
Informe-se.<br />
Atualize-se.<br />
Prepare-se.<br />
<br />
REFERÊNCIAS<br />
<ol style="padding: 0px 10px 0px 25px;">
<li>American College of Obstetricians and Gynecologists. ACOG Practice bulletin no. 115: Vaginal birth after previous cesarean delivery. Obstet Gynecol 2010; 116:450.</li>
<li>National Institutes of Health. National Institutes of Health Consensus Development Conference Statement vaginal birth after cesarean: new insights March 8-10, 2010. Semin Perinatol 2010; 34:351.</li>
<li>Mozurkewich EL, Hutton EK. Elective repeat cesarean delivery versus trial of labor: a meta-analysis of the literature from 1989 to 1999. Am J Obstet Gynecol 2000; 183:1187.</li>
<li>Macones GA, Peipert J, Nelson DB, et al. Maternal complications with vaginal birth after cesarean delivery: a multicenter study. Am J Obstet Gynecol 2005; 193:1656.</li>
<li>ACOG Practice Bulletin #54: vaginal birth after previous cesarean. Obstet Gynecol 2004; 104:203.</li>
<li>Montgomery AA, Emmett CL, Fahey T, et al. Two decision aids for mode of delivery among women with previous caesarean section: randomised controlled trial. BMJ 2007; 334:1305.</li>
<li>Tahseen S, Griffiths M. Vaginal birth after two caesarean sections (VBAC-2)—A systematic review with meta-analysis of success rate and adverse outcomes of VBAC-2 versus VBAC-1 and repeat (third) caesarean sections. BJOG 2010;117:5–19.</li>
<li><a href="http://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fwww.uptodate.com%2Fcontents%2Fvaginal-birth-after-cesarean-delivery-vbac-beyond-the-basics%3Fsource%3Dsearch_result%26search%3DVBAC%26selectedTitle%3D2%257E17&h=XAQESzHCY&s=1" rel="nofollow" style="color: #3b5998; cursor: pointer; text-decoration: none;" target="_blank">http://www.uptodate.com/contents/vaginal-birth-after-cesarean-delivery-vbac-beyond-the-basics?source=search_result&search=VBAC&selectedTitle=2~17</a></li>
</ol>
<br />
<br />
<span class="photo " style="padding: 0px;"><img alt="Risco de rotura uterina após uma ou duas cesarianas, em 100 mulheres" class="photo_img img" src="https://fbcdn-sphotos-c-a.akamaihd.net/hphotos-ak-xfa1/v/t1.0-9/1959495_10200663035297935_310710845_n.jpg?oh=8198c855c56ffee89fd7db8faefbc892&oe=552BF103&__gda__=1430479628_b80eb0e124cdca947b0ae8840b971c59" style="border: 0px; margin: 0px; max-width: 100%; padding: 0px;" title="Risco de rotura uterina após uma ou duas cesarianas, em 100 mulheres" /><span class="caption" style="border: 0px; color: #333333; font-size: 9px; line-height: 12px; padding: 2px 0px 0px;">Risco de rotura uterina após uma ou duas cesarianas, em 100 mulheres</span></span></div>
</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4217096822033546369.post-40151607917972765682014-07-26T17:53:00.000-03:002014-07-26T17:53:14.453-03:00Impedida de lutar pelo VBAC<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://ghostwritermummy.co.uk/wp/wp-content/uploads/2014/07/vbac-not-just-an-experience-Ghostwritermummy.co_.uk_.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://ghostwritermummy.co.uk/wp/wp-content/uploads/2014/07/vbac-not-just-an-experience-Ghostwritermummy.co_.uk_.jpg" height="320" width="240" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
Parto após cesárea não é só um modo de nascer.</div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A gestante Jennifer Goodall foi ameaçada pelo hospital Bayfront Health Port Charlotte, na Flórida, onde ela mora e pretende dar a luz, de ser submetida a uma cesariana "com ou sem o seu consentimento" assim que for internada. A razão? Ter três cesáreas anteriores. Para piorar o juiz negou a medida preventida solicitada pelos advogados dela para evitar que as ameaças se cumpram alegando que que não tem o "direito de obrigar um médico ou centro médico a realizar um procedimento da maneira que ela deseja contra o seu melhor julgamento". </span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Jennifer disse:</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">"Minha decisão de iniciar o trabalho antes de consentir uma intervenção cirúrgica é baseada em anos de pesquisa, de uma análise cuidadosa dos riscos para mim e meu bebê, e as necessidades da minha família. Tudo que eu quero é ser capaz de ir para o hospital quando estiver em trabalho de parto e ter minhas decisões médicas respeitadas - e minha decisão é prosseguir com um processo de trabalho de parto e não uma cirurgia cesariana, a menos que surja alguma complicação médica que torne a cirurgia cesariana necessária para a minha saúde ou de meu meu bebê. Em vez de respeitar os meus desejos como eles fariam para qualquer outro paciente, meu médico me fez temer pela minha segurança e custódia dos meus filhos. As pessoas que deveriam estar cuidando de mim e do meu bebê me colocam em uma situação ainda mais perigosa. Eu sei que não sou a única a passar por isso. Eu estou falando porque as mulheres grávidas merecem mais!"</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O médico </span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Roger W. Harms, obstetra na Clínica Mayo, em Rochester, Minnesota, e editor-chefe médico da MayoClinic.com pondera: </span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">"Os riscos associados a um parto normal são menores do que os riscos associados a uma cesariana em geral, desde que se possa fazer uma cesariana de emergência em caso de necessidade", e isto TODAS as maternidades PRECISAM ter condições de fazer, com ou sem cesarianas anteriores.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Leia mais aqui: <a href="http://advocatesforpregnantwomen.org/blog/2014/07/press_release_florida_hospital.php">http://advocatesforpregnantwomen.org/blog/2014/07/press_release_florida_hospital.php</a></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> e aqui, em inglês:</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><a href="http://rhrealitycheck.org/article/2014/07/25/florida-hospital-demands-woman-undergo-forced-c-section">http://rhrealitycheck.org/article/2014/07/25/florida-hospital-demands-woman-undergo-forced-c-section</a>/</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Evento de apoio: https://www.facebook.com/events/736954949675354/?fref=ts </span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Assine a petição!</span><br />
<br /></div>
Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4217096822033546369.post-79122170569254444852014-06-24T19:57:00.000-03:002014-06-24T20:01:22.702-03:00Nasce de parto normal segundo filho de Wanessa Camargo<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="text-align: justify;">POR GIOVANNA BALOGH</span><br /><span style="text-align: justify;">19/06/14 08:56</span><br /><span style="text-align: justify;"> </span><br /><br /><span style="text-align: justify;">A cantora Wanessa Camargo conseguiu o seu tão sonhado parto normal. Depois de ter o primeiro filho por meio de uma cesárea, João Francisco nasceu na madrugada desta quinta-feira (19) no hospital Albert Einstein, no Morumbi (zona oeste de SP).</span><br /><br /><span style="text-align: justify;">Mãe e bebê passam bem. O menino nasceu às 3h37 pesando 3,025 quilos. Procurado, o hospital informou que não estava autorizado a passar informações sobre a paciente e o bebê. Wanessa é casada com o empresário Marcus Buaiz, com quem já tem um menino, José Marcus, de dois anos. “Estamos muito felizes e emocionados com a chegada de João Francisco. Aguardávamos este momento com muita ansiedade, ele chegou para trazer ainda mais alegria para nossa família. Todos estão muito felizes com esta benção” disse Buaiz.</span><br /><br /><span style="text-align: justify;">A cantora postou na tarde desta quinta-feira uma foto do enfeite de porta da maternidade. “Meu pequeno nasceu essa madrugada com 3,025 kg por parto normal.João Francisco Godói Camargo Buaiz é o nome do meu novo amor. Mais um amor que entra na minha vida, na minha família! Seja bem vindo meu filho! Obrigada a todos pelas mensagens de carinho. Estamos muito bem!”, escreveu a cantora.</span><br /><br /><span style="text-align: justify;">A filha do cantor sertanejo Zezé Di Camargo e de Zilu Godoi, entrou em trabalho de parto na noite desta quarta-feira (18). Durante a madrugada, Zilu postou no Instagram uma foto onde desejava um bom parto para a filha enquanto aguardava a chegada do neto no hospital.</span><br /><br /><span style="text-align: justify;">Assim como Wanessa, cada dia mais mulheres têm se informado e buscado um parto normal. Não apenas as mamães de primeira viagem, mas aquelas que já tiveram uma cesárea anterior. Sim, é possível ter um parto normal após uma cesárea. É o chamado VBAC, uma sigla em inglês que significa Vaginal Birth After Cesarean, ou parto vaginal após cesárea.</span><br /><br /><span style="text-align: justify;">O parto normal após cesárea é, inclusive, uma recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde). Segundo obstetras, muitas mulheres desistem de um parto normal após a cesárea por conta do alarde que é feito sobre a rotura uterina, mas esse risco é de 0,5% a 1%. A obstetra Leila Katz diz que é mais seguro para uma mulher que teve cesárea ter o próximo filho de parto normal do que por meio de outra cirurgia.</span><br /><br /><span style="text-align: justify;">“Se não fosse seguro, eu não teria meu terceiro filho de parto normal após duas cesáreas”, comenta. “Outra cesárea pode ocasionar lesão de órgãos, como bexiga e intestino, hemorragia, histerectomia e infecção nas mulheres”, comenta. </span><br /><br /><span style="text-align: justify;">Wanessa ficará os próximos meses totalmente dedicada à família e em outubro a cantora retorna aos palcos.</span></span></div>
<div style="text-align: left;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><img alt="Dias antes de dar à luz, Wanezza postou foto com o barrigão e o enxoval (Foto: Reprodução/Instagram/Wanessaoficial)" src="http://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2014/06/wanessa-1.jpg" height="320" style="text-align: justify;" width="320" /></span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
Fonte: http://maternar.blogfolha.uol.com.br/2014/06/19/nasce-de-parto-normal-segundo-filho-de-wanessa-camargo/</div>
</span>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4217096822033546369.post-68023333853552842502013-09-13T20:01:00.004-03:002013-09-13T20:04:09.252-03:00Parto normal após cesárea. Sim, você pode…<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Saiu na mídia</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="http://maternar.blogfolha.uol.com.br/2013/09/12/parto-normal-apos-cesarea-sim-voce-pode/"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">http://maternar.blogfolha.uol.com.br/2013/09/12/parto-normal-apos-cesarea-sim-voce-pode/</span></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<br />
<div class="entry-meta" style="color: #999999; font-weight: bold; margin: 18px 0px; text-transform: uppercase;">
<div style="text-align: justify;">
<span class="timestamp" style="background-image: url(http://f.i.uol.com.br/folha/blogs/furniture/images/icn-timestamp-11x11.gif); background-position: 0px 1px; background-repeat: no-repeat no-repeat; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; padding: 0px 0px 0px 16px;">2/09/13 - 04:00</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">POR GIOVANNA BALOGH</span></div>
</div>
<div class="entry-content" style="margin-bottom: 25px;">
<div style="color: #333333; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Cada dia mais mulheres têm se informado e buscado um parto normal. Não apenas as mamães de primeira viagem, mas aquelas que já tiveram uma cesárea anterior. Sim, é possível ter um parto normal após uma cesárea. É o chamado VBAC, uma sigla em inglês que significa Vaginal Birth After Cesarean, ou parto vaginal após cesárea.</span></div>
<div style="color: #333333; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">No domingo passado (8), a bordadeira Amanda Maria Gomes Lima, 31, surpreendeu médicos e até ativistas de partos humanizados ao ter seu quarto filho de parto natural, em casa, após ter tido três cesáreas. O parto de Thomas, de apenas quatro dias, foi tão rápido que não deu tempo nem da obstetriz chegar para auxiliar no nascimento, ocorrido em Sorocaba, no interior de São Paulo. O nascimento foi acompanhado por uma enfermeira obstétrica e por uma doula – mulher que dá suporte para a gestante antes, durante e após o parto.</span></div>
<div style="color: #333333; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">“Sei que no nascimento dos meus outros filhos tive cesáreas desnecessárias pois foram dadas desculpas como sofrimento fetal e circular de cordão no pescoço. Hoje sei que não precisava passar por isso”, relata Amanda, que é mãe de Juan, 11, Miguel, 7 e Heitor, 3.</span></div>
<div style="color: #333333; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Amanda conta que decidiu se informar mais e buscar o parto que considerava ideal para o seu caçula. “Apesar de tantos médicos me alertarem dos riscos, sabia que conseguiria parir. Meu corpo estava pronto para isso”, relata Amanda. Ela conta que nunca esteve satisfeita com as outras cesáreas e que nota que a recuperação no pós-parto foi bem mais rápida e melhor desta vez.</span></div>
<div class="wp-caption aligncenter" id="attachment_25" style="background-color: #f9f9f9; clear: both; color: #333333; line-height: 18px; margin-bottom: 20px; margin-left: auto; margin-right: auto; max-width: 632px !important; padding: 4px; text-align: center; width: 645px;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2013/09/parto1.jpg" style="color: #666666; margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-decoration: none; width: auto;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><img alt="" class="size-full wp-image-25" height="320" src="http://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2013/09/parto1.jpg" style="background-image: none !important; border: none; display: block; margin: 5px 5px 0px; max-width: 100%; text-align: justify;" width="212" /></span></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
</div>
<div class="wp-caption-text" style="color: #888888; margin: 5px;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Amanda Maria Gomes Lima, 31, e o marido durante o parto ocorrido em casa no último domingo</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">(Foto: Carla Raiter Fotografia)</span></div>
</div>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Casos como esse têm sido cada vez mais comuns.Em seu consultório, a obstetra Andrea Campos tem notado que mais pacientes querem fugir das cesáreas agendadas. A maioria dos casos, conta ela, são de mães que tiveram até duas cesáreas e agora querem parir naturalmente.</span></div>
<br />
<div style="color: #333333; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Segundo a médica, dos oito VBA2C (o número siginifica quantas cesáreas que a mulher teve anteriormente) que ela atendeu nos últimos sete anos, quatro foram apenas neste ano. Dessas oito pacientes, sete tiveram parto natural.</span></div>
<div style="color: #333333; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A obtestra explica que o parto após cesárea é uma recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde). “Os benefícios do parto normal mesmo após uma cesárea são maiores que os riscos de uma outra cesariana”, explica a médica.</span></div>
<div style="color: #333333; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A obstetra diz que muitas mulheres desistem de um parto normal após a cesárea por conta do alarde que é feito sobre o risco de rotura uterina, mas ela explica que esse risco é de 0,5% a 1%. “Como esse risco é baixíssimo, não justifica fazer outra cesárea”, avalia. Ela conta que das 720 pacientes que já acompanhou, 91 já haviam tido uma ou duas cesáreas. E o melhor: a chance da mulher ter um parto normal tendo uma cesárea anterior é o mesmo de uma mulher que nunca pariu. Mulheres, acreditem! Sim, vocês podem parir…</span></div>
</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4217096822033546369.post-46644806203174719162013-09-10T00:06:00.000-03:002013-09-13T20:00:51.728-03:00Parto em casa após 3 cesáreas<h1 class="postitle" style="background-color: white; color: #333333; font-family: YanoneKaffeesatzRegular; font-size: 30px; font-weight: normal !important; letter-spacing: 0.05em;">
Nós sabemos parir!</h1>
<div class="thn_post_wrap" style="background-color: white; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; margin-top: 30px;">
<div style="line-height: 19px;">
Esse é daqueles posts que a gente escreve ainda emocionada. E emoção é a melhor palavra pra descrever um VBA3C – um parto normal após 3 cesáreas. De brinde, natural e humanizado. E – mais um brinde – em casa. Se eu contar que foi super rápido, então, o que será que vão pensar?</div>
<div style="line-height: 19px;">
E enquanto eu escrevo aqui pra compartilhar uma única imagem desse parto lindo que aconteceu ontem, no meio do silêncio de um bairro tranquilo de Sorocaba, muitas outras fotos lindas, fortes e emocionantes me aguardam em outra janela.</div>
<div style="line-height: 19px;">
Eu volto depois pra contar mais. Por enquanto, mulheres, acreditem: nós sabemos parir!</div>
<div style="line-height: 19px; text-align: center;">
<img alt="vba3c domiciliar" class="aligncenter wp-image-644" height="737" src="http://carlaraiter.com/wp-content/uploads/2013/09/289.jpg" style="border: none; display: block; height: auto; margin: 5px auto; max-width: 940px;" width="491" /></div>
<div style="line-height: 19px; text-align: center;">
<br /></div>
<div style="line-height: 19px; text-align: center;">
<a href="http://carlaraiter.com/nos-sabemos-parir/">http://carlaraiter.com/nos-sabemos-parir/</a></div>
<div style="line-height: 19px;">
<br /></div>
</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4217096822033546369.post-48629289154249730452013-07-08T16:32:00.000-03:002013-07-08T16:33:13.914-03:00Relato de VBA2C - Bianca e Maria<div style="background-color: white; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Primeira Cesárea<br /><br />Eu sempre quis ter parto normal, desde pequena quando me dei conta de como os bebês nasciam. Cresci ouvindo a minha mãe contando maravilhas sobre o meu parto, que foi assistido por uma parteira escocesa em uma maternidade alternativa nos EUA. Quando engravidei do meu primeiro filho procurei uma obstetra famosa indicada pela minha cunhada, que tinha fama de "fazer parto normal". Ela me disse que só fazia parto com analgesia e que um trabalho de parto não podia durar mais que 8 horas, mas por acomodação ou ingenuidade eu não questionei nada disso. Quando chegamos a 40 semanas sem sinal de trabalho de parto, ela quis agendar a cesárea pra data em que eu completava 41 semanas. Eu questionei, fiz uma ultra que mostrou que o bebê estava ótimo e ela aceitou esperar mais uns dias. Com 41 semanas, ainda sem sentir nada, perdi o tampão mucoso. Com 41 semanas e 1 dia, acordei de madrugada com contrações leves mas ritmadas. Começaram de 15 em 15 minutos e o intervalo foi diminuindo até que ficaram de 5 em 5 minutos. Perto de meio dia, liguei pra ela que me falou pra almoçar, arrumar as malas da maternidade e ir ao seu consultório. Fomos eu e Roberto (meu marido), ela fez um exame de toque e disse: você está em trabalho de parto, pode ir para a maternidade, eu vou atender mais algumas pacientes e vou pra lá. Eu super ansiosa, ainda com contrações ritmadas mas totalmente suportáveis, acreditei nela. Ligamos para família e fotógrafo, e fomos pra Perinatal. Chegando lá, fomos eu e Roberto pra sala de parto humanizado, eram umas 3 da tarde e eu continuava com contrações, agora com um intervalo um pouco menor. Mas estavam ainda leves, eu fiquei deitada na cama, conversando com meu marido. Lá pelas 7 da noite, a médica chegou, me examinou de novo e disse: o bebê está alto, a dilatação não mudou nada. Como ele está com duas circulares, elas devem estar impedindo ele de encostar o queixo no peito e por isso ele não está conseguindo encaixar. Como ele não encaixa, não faz pressão pra dilatar o colo. Vai ser impossível ele nascer de parto normal, vamos para a cesárea. E aí eu fui, chorando na maca, mas fui. No fundo eu sabia que não fazia sentido mas na hora não tive forças pra fazer outra coisa. Antônio nasceu ótimo, eu tive muito leite e facilidade pra amamentá-lo, curti muito meu bebê e não fiquei deprimida por causa da cesárea. Mas mesmo assim não me conformei com ela, comecei a pesquisar na internet e encontrei grupos sobre parto humanizado. Conheci o mundo do ativismo pelo parto e descobri que a minha cesárea tinha sido realmente desnecessária.<br /><br />Segunda cesárea<br /><br />Quando engravidei do meu segundo filho, já sabia como funcionava o sistema no Brasil e que eu tinha que correr muito atrás pra conseguir o meu tão sonhado parto normal. Conheci pela internet muita gente ligada ao movimento, mas quase ninguém dos grupos de que eu participava era do Rio. Lia muitos relatos de cesáreas desnecessárias feitas pelos únicos médicos humanizados do Rio. Sabia que tinha a opção de ter um parto domiciliar, mas mesmo assim não me sentia preparada, nem realmente desejava parir em casa. Conheci algumas doulas e até fiz acompanhamento com uma delas, mas não me senti<br />a vontade com nenhuma. Eu estava realmente aflita por não conseguir confiar em ninguém pra me acompanhar, nem doula, nem médico. Decidi por um dos médicos humanizados, que me parecia o mais baseado em evidências científicas, mas quando estava com 25 semanas ele me disse que estaria viajando próximo a data prevista para o parto e por isso eu teria que mudar de médico. Mudei pra outro humanizado, mas diante de tantas dúvidas resolvi também ir atrás de uma parteira (enfermeira obstétrica) e perguntar se ela podia ficar comigo em casa até o trabalho de parto estar bem avançado e então ir para o hospital. Ela topou o esquema e com ela eu finalmente consegui formar um vínculo. No final da minha gravidez tive notícia de várias cesáreas com o médico que acompanharia o meu parto, mas não mudei, achei que estaria garantida por conta da parteira. Aí aconteceu o impensável pra mim. Cheguei a 42 semanas e nada do meu bebê nascer. Fiz uma ultra, estava tudo bem e resolvemos esperar. Mas cada dia se tornou um martírio, quando eu acordava de manhã e me via grávida, era desesperador. E pra completar dessa vez eu tive pródromos, contrações todos os dias à noite que paravam quando eu ia dormir. Com 42 semanas e 4 dias eu comecei a ter contrações mais fortes. A parteira veio pra minha casa e passou a noite comigo. Eu deitava pra dormir, mas levantava a cada contração, de 10 em 10 minutos. De manhã, pedi pra ela fazer um toque e estava só com 2cm. Ela decidiu ir pra casa e falou pra ligar pra dar notícias se alguma coisa mudasse. As contrações pararam e eu resolvi dormir. Acordei com contrações mais fortes e fui para a banheira. Até que eu achei que já estavam muito fortes e contrariando meu plano pedi pro meu marido ligar pra parteira e pro médico e falar que eu iria direto pra maternidade. Fiz isso por ansiedade, com 42 semanas e 5 dias queria que meu filho nascesse naquele dia de qualquer maneira. Chegando lá, o médico fez o toque e disse que eu estava ainda com 2cm. Falou que se não evoluísse rápido teria que ser cesárea porque eu tinha uma cesárea anterior e não podia ficar muitas horas em trabalho de parto. A partir daí se iniciou uma "corrida" com muitas metas de dilatação e toques. A parteira fazia muitas massagens pra eu suportar as dores e o médico fazia os toques e media os batimentos do bebê. Por incrível que pareça, eu fui "cumprindo as metas" e cheguei até 6-7cm de dilatação. Aí estacionei por algumas horas e o médico sugeriu fazer uma analgesia. Fizemos a analgesia e eu pude descansar, parecia que tinha voltado à Terra, vinda de um outro planeta (a famosa "partolândia"). A dilatação evoluiu com a analgesia, cheguei a 9cm e o efeito da analgesia passou. As contrações voltaram com tudo e a parteira e o médico começaram a me sugerir posições pra ajudar o bebê a descer. Até que um toque revelou que eu estava com um edema no colo e o bebê continuava alto. Colocaram gelo, sugeriram posições, o edema diminuiu um pouco, mas os batimentos do bebê começaram a cair durante as contrações e não recuperar totalmente depois. O médico falou que não dava pra esperar mais e lá fui pra segunda cesárea. João nasceu com apgar 6, mas logo subiu pra 8 ele veio pro meu colo e mamou naquela hora. Já passou a noite mamando e mais uma vez eu curti o meu bebê e o amamentei sem dificuldades. Não fiquei deprimida por conta da cesárea e dessa vez fiquei orgulhosa de ter passado por um longo trabalho de parto, que me ensinou muito.<br />Aprendi que eu estava romanceando muito o parto, que parir não é um mar de rosas, que temos que fazer um sacrifício pelo bebê e pela gente. Pra conseguir temos que ter o objetivo em mente e deixar o corpo trabalhar, sem ansiedade nem expectativas, e no<br />final vem a recompensa que é o bebê. Algumas mulheres tem prazer com o trabalho de parto em si, mas essa não pode ser a meta principal, é apenas uma possível consequência da entrega, mas não é o mais importante. Refletindo muito, eu conclui que estava querendo ser como a minha mãe, que tinha tido partos fáceis mas eu precisava encontrar o meu próprio caminho e fazer o meu próprio parto.<br /><br />O parto (VBA2C)<br /><br />E então eu engravidei pela terceira vez. Dessa vez, diferente das outras eu engravidei sem planejar. E dessa vez já existia aqui no Rio de Janeiro, o grupo Ishtar de apoio ao parto e eu tinha amigas que faziam parte desse grupo. Uma delas, a Maíra, enfermeira obstétrica e uma das coordenadoras do grupo, estava começando a atender alguns partos domiciliares. Assim que engravidei já tinha certeza que queria um parto domiciliar, porque um dos aprendizados que o meu trabalho de parto me trouxe foi de que o hospital não é um ambiente agradável pra estar em trabalho de parto e isso tinha me atrapalhado muito. Eu queria espaço, queria liberdade, queria privacidade, queria tempo e isso eu sabia que não teria no hospital. Além disso, eu queria estar cercada de pessoas que me apoiassem, que acreditassem que eu podia parir e que sorrissem pra mim ao invés de fazer cara de preocupação.<br /><br />Logo no início da gravidez fiz uma oficina da Claudia Rodrigues, "Gravidez, parto e simbiose". Nessa oficina, perguntada sobre quem seria minha doula respondi sem pensar muito que seria a Ingrid, que estava lá. Lá tive uma crise de choro falando sobre as cesáreas e coloquei muitos fantasmas pra fora. Também fizemos vários exercícios e vivências que me ajudaram a ver que era possível entender os meus sentimentos e concretizar os meus desejos. Durante a gravidez, frequentei o Ishtar e tive muito apoio das minhas amigas "ativistas". Fiz o pré-natal (maravilhoso!) com a Maíra e também com uma médica que seria a backup caso eu precisasse ser transferida para o hospital. Tudo corria bem e eu optei por fazer poucas ultras, fiz somente uma no início pra determinar a idade gestacional e a morfológica do segundo trimestre, quando descobri pra minha enorme felicidade que teria uma menina.<br /><br />Contei pra minha família que tentaria novamente ter um parto normal, mas omiti que seria domiciliar. Um dia, minha mãe me ligou dizendo que tinha falado com vários médicos (uma era inclusive sua tia) e que eu não podia entrar de jeito nenhum em trabalho de parto, que era um risco enorme. Nesse momento eu tive que peitar minha mãe, dizer que sabia o que eu estava fazendo, que conhecia os riscos de um parto depois de duas cesáreas e também de uma terceira cesárea, e que achava o parto a melhor opção pra mim e pra minha filha. Ela não se convenceu, mas desistiu de tentar me convencer e não falamos mais no assunto.<br /><br />Com 30 semanas decidi fazer mais uma ultra 3D, como tinha feito dos meninos, pra ver o rostinho da bebê. Fiz com o Baião, o bam-bam-bam das ultras no Rio. Para a minha enorme surpresa, a minha bebê estava sentada e o Baião me disse que seria muito difícil ela virar a essa altura da gestação. Fiquei meio desesperada com essa notícia, sabia que não era verdade, que muitos bebês ainda viravam até em trabalho de parto. Pesquisei e descobri que cerca de 20% dos bebês estão sentados com 30 semanas e menos de 5% estão sentados a termo, então as chances eram grandes de ela ainda virar. Fomos viajar para o EUA e Canadá, eu, Roberto e os meninos. Eu resolvi nem pensar no assunto até eu voltar, mas uma noite eu acordei sentindo a bebê mexendo muito e pensei que ela podia estar virando. Na volta tive uma consulta com a Maíra e ela me garantiu que a bebê já estava com a cabeça pra baixo!<br /><br />Além da Ingrid, decidi escolhar mais duas amigas "trainees" de doula (Gabi e Renata) para participarem do parto, já que teria meus dois filhos em casa e queria alguém pra cuidar deles, tirar fotos e filmar. Com 38 semanas minhas amigas, parteira e doulas fizeram um "chá de bençãos" pra mim, com direito a pintura de barriga, escalda-pés, poema e muito carinho. Também fiz uma sensação de fotos grávida, resolvi fazer todos os rituais que podia pra me despedir da gravidez e não ficar nada pendente. Com 39 semanas, recebi o "colo" no Ishtar, um ritual em que todas as mulheres presentes passam energia e boas vibrações para a grávida prestes a parir. Desde as 38/39 semanas comecei a ter pródromos. Muitas vezes no trabalho tinha algumas contrações mais fortes e eu já me imaginava tendo que ir pra casa. Mas logo elas passavam. Como as minhas outras gestações foram prolongadas, eu já imaginava que essa seria também e decidi trabalhar até completar 41 semanas. Chegando a 41 semanas, a Maíra me ofereceu fazer um descolamento de membranas, um tipo de indução leve para o parto que aumenta as chances (a partir de 41 semanas) da mulher conseguir um parto normal. Fizemos o descolamento e também comecei a tomar um remédio fitoterápico que supostamente ajuda a entrar em trabalho de parto. A boa notícia foi que o meu colo estava bem favorável e já com alguma dilatação. Nos dias seguintes acordei à noite com contrações fortes que passavam de manhã.<br /><br />Com 41 semanas e 4 dias acordei com contrações já ritmadas mas bem espaçadas. A Maíra já tinha combinado de vir pra fazer um novo descolamento e fizemos. Ela também me deu uma homeopatia. Como já estava com contrações, ela resolvei ir embora mas ficar por perto. Já tinha combinado também com a Gabi de ela vir nesse dia fazer uma massagem. Ela chegou aqui de tarde e nessa hora eu já estava com contrações mais fortes, a ponto de não conseguir conversar nem ficar sentada durante uma contração, mas elas ainda estavam bem espaçadas. Ela fez algumas massagens e ficou na minha sala, enquanto eu andava pela casa inteira e pela varanda encontrando posições pra cada contração. Em algum momento ela me sugeriu dar uma volta na rua mas eu não quis, pensei que não me sentiria a vontade tendo essas contrações na rua. Tentei ficar na bola e na banqueta durante as contrações, mas não me ajudaram. O que me ajudou muito foi ficar com as costas encostadas na parede e agachar a cada contração. Nunca tinha visto ninguém fazendo isso, mas eu tinha muita dor na lombar e isso me aliviava, muito mais do que alguém fazendo uma massagem. A Maíra voltou mas a presença dela era tão sutil que eu quase não lembro dela nessa parte do trabalho de parto. Sei que ela media os batimentos mas não tenho registro disso. Fui para o chuveiro e logo chegaram a Ingrid, a Renata e o Roberto com meus dois filhos que vieram da escola. Eu sabia que eles tinham chegado mas não me desconcentrei e perdi completamente a noção do tempo. Fiquei horas no chuveiro e a cada contração eu me agachava segurando na janela. De vez em quando alguém vinha me ver. O Roberto veio tocar violão e eu pedi pra ele tocar uma música do Paulinho da Viola que estava na minha cabeça: "Eu sou assim, quem quiser gostar de mim, eu sou assim. Meu mundo é hoje, não existe amanhã pra mim, eu sou assim, assim morrerei um dia, não levarei arrependimentos, nem o peso da hipocrisia". Essa música fazia sentido porque eu tinha que me aceitar, eu tinha que aceitar o meu trabalho de parto, do jeito que fosse, não para agradar os outros, mas por saber que eu estava fazendo o certo. Mais tarde a Ingrid perguntou se eu queria que alguém ficasse lá e eu não sabia o que responder, respondi "tanto faz", e aí eles me deixaram mais um tempo sozinha, pediram pizza e fizeram uma festa na sala enquanto eu continuava no chuveiro.<br /><br />Lá pelas 10 da noite eu saí do chuveiro e eles resolveram montar a piscina inflável. Decidiram montar no meu quarto porque eu já estava lá e preferiram não me mudar de ambiente (eu tinha imaginado que a piscina ficaria na sala que tem mais espaço). Foi uma mega operação porque pela mangueira eles só conseguiram colocar água bem quente ou bem fria, então tiveram que ajustar a temperatura com panelas. Eu entrei na piscina e realmente tive alívio. Nessa hora os meninos já estavam dormindo e as doulas, parteira e Roberto ficaram ao redor da piscina. Eu me segurava neles e ficava em diversas posições durante as contrações. Mas a coisa começou a apertar quando entrei na chamada transição, gritava, pedia socorro, falava que não ia aguentar, que aquilo não era normal. Nessa hora o apoio de todos foi importantíssimo. De repente senti a bolsa rompendo e uma sensação boa. Tive uma pausa nas contrações e sabia que o expulsivo estava por começar. Fiquei pensando que o pior já tinha passado. Começaram as contrações do expulsivo e eu fiquei abismada com a força que o meu corpo fazia a cada contração. A Maria começou a coroar e a Maíra me disse pra colocar a mão e sentir os cabelinhos dela. Fiz isso e foi muito bom, principalmente por saber que o nascimento estava próximo. Mas eu tinha necessidade de firmar os meus pés e como a piscina era muito grande e fofa não conseguia firmá-los direito, estando semi-deitada com a barriga pra cima. Então mudei de posição e fiquei em pé na piscina inclinada pra frente, apoiando no meu marido.<br /><br />E foi nessa posição que a Maria nasceu, às 2:50 da manhã do dia 6/6/12, com 41 semanas e 5 dias de gestação. Por causa da posição, a Maíra teve que pular na piscina pra pegar ela. E aí quando me viro, olho para baixo e vejo o cordão umbilical cortado. Olho para o lado e vejo a Maria no colo da Maíra com cara de preocupada. Ela me pede pra segurar a Maria junto ao meu corpo e pede os equipamentos dela. Como ela ainda não respirava, a Maíra tirou ela de mim e colocou ela na cama pra fazer os procedimentos de reanimação. Eu começo a gritar desesperada: "minha filha morreu!". A Maíra fala pra me tirarem da banheira e me levarem pra outro cômodo, e ficar sentada aguardando a saída da placenta. Os piores pensamentos vieram à minha cabeça, mas felizmente logo começamos a ouvir os miados dela. Nisso o Antônio (meu filho mais velho) acordou, viu a irmã e voltou a dormir. Eu em pouquíssimo tempo pari a placenta, sem nem sentir nada. Fiquei sentada na poltrona com a Maria no colo, vendo como ela era linda e ainda me recuperando do susto. Logo depois chegou a pediatra (Fernanda) e ela percebeu que a Maria estava com a respiração acelerada e por isso não conseguia mamar. Ficamos algumas horas aguardando pra ver se a respiração normalizava. A Fernanda me explicou que o que ela tinha (taquipnéia transitória) não tinha nada a ver com o parto, inclusive é mais comum em bebês nascidos de cesárea eletiva, porque os pulmões ainda não estão preparados pra respirar. Era uma condição benigna que passaria sozinha, mas poderia demorar tanto horas quanto dias pra passar e se demorasse muito seria necessário internar na UTI-neo, já que ela não conseguiria mamar e precisaria receber soro e tomar o meu leite por sonda pra não desidratar. Em algum momento dessas horas de espera, a Maíra me examinou e viu que eu precisava levar 3 pontinhos por causa de uma pequena laceração, foi muito tranquilo. Às 9h da manhã, como a respiração da Maria continuou acelerada, decidimos levá-la para UTI-neo da Perinatal. Antes disso eu tomei um banho, abismada de como o meu corpo podia estar inteiro e um bebê ter nascido de mim. Pra quem já teve cesárea, a recuperação de um parto normal é algo espantoso.<br /><br />Chegando na Perinatal, a enfermeira que fez a internação fez uma mega entrevista comigo e com a Maíra pra saber como tinha sido o parto. Chegaram à conclusão que o Apgar dela tinha sido 4/8. Ela foi internada e só então ligamos para a família pra avisar do nascimento dela. Avisamos que ela tinha nascido em casa, precisou ir para o hospital, mas estava tudo bem. Para o meu espanto, minha mãe e minha avó ficaram muito felizes com a notícia do parto e nem me recriminaram por ter sido em casa. Logo estavam todos no hospital e foram conhecer a Maria (por sorte naquele dia a visita de avós estava liberada). Também recebi a visita da minha amiga Bianca Balassiano, psicóloga e consultora de amamentação, que conversou comigo e me mostrou como fazer a ordenha do leite. A Maria acabou ficando 4 dias no hospital, mas não teve que fazer nenhum procedimento e só tomou o meu leite através da sonda.<br /><br />Apesar do susto e dos dias no hospital, eu fiquei muito satisfeita de ter realizado o meu sonho de ter um parto natural. Eu confirmei que posso, sim, parir, como fizeram a minha mãe, minha avó, minha bisavó...E como disse a Gabi, a Maria nasceu no melhor lugar em que poderia nascer, pois tivemos a chance de passar as primeiras horas juntas antes de ela ser internada, o que provavelmente não aconteceria no hospital. Passei alguns meses digerindo o parto e questionei a Maíra, principalmente por ter cortado o cordão tão rápido, pois cortar o cordão cedo é ruim, e ainda mais no caso da Maria (pelo cordão ela receberia oxigênio até começar a respirar). A Maíra concordou comigo, mas o problema foi que o cordão era curto e pela minha posição, dentro da piscina, ela teve que cortar pra poder colocar a bebê no meu colo e começar a reanimação. Enfim, se eu fosse parir novamente pensaria um pouco mais sobre onde o bebê ficaria em caso de precisar ser reanimado (apesar de saber que isso é raríssimo em um parto natural sem intercorrências).<br /><br />Queria agradecer a todas mulheres que tiveram VBA2C antes de mim, escreveram relatos, e me inspiraram muitíssimo, em especial, Priscila Teixeira, Leiliane Conde, Joana Marini, Gisele Leal, Leila Katz e Gláucia (de Brasília).<br /><br />E pra finalizar, deixo aqui o poema que a Maribel Barreto escreveu, que resume lindamente esse relato:<br /><br />Assim nasceu Maria!<br />Disseram Maria ainda no ventre<br />e Maria se fez.<br />Chegou, olhou a vida e tomou um susto!<br />Sustou-se porque era vida demais pra ser vivida.<br />Pensou: será?<br />Será Maria?<br />Maria será!<br />Assim nasceu Maria<br />e é de toda Maria trazer Marias consigo<br />Maria que é Maria é Eva<br />é Mãe Divina<br />Nasceu Maria e trouxe na palma a história do mundo<br />em seus pés o lótus do amor<br />em sua testa brilha a estrela matutina<br />Chegou transformando o ventre<br />trazendo mais vida pra contar<br />só porque é Maria<br />Maria É!</span></div>
<div style="background-color: white; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="background-color: white; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Este texto possui uma licença Creative Commons BY-NC-SA 3.0. Você pode copiar e redistribuir este texto na rede. Porém, pedimos que o nome da autora e o link para o post original sejam informados claramente. Disseminar informação na internet também significa informar a seus leitores quem a produziu.</span></div>
<div style="background-color: white; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="background-color: white; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Postagem original: <a href="http://www.minhacasatemquintal.blogspot.com.br/search/label/VBA2C" style="background-color: transparent;">http://www.minhacasatemquintal.blogspot.com.br/search/label/VBA2C</a></span></div>
Unknownnoreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4217096822033546369.post-87557747345715190342013-06-28T12:45:00.000-03:002013-06-28T12:45:02.739-03:0013 mitos sobre VBAC (traduzindo)<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">Muitas mulheres acreditam que a única escolha segura depois de uma
cesariana é outra cesariana. A pressão social desempenha um grande papel na
decisão da mulher, e os mitos persistem. A maioria das mulheres são candidatas a VBAC e a maioria VBACs são bem sucedidos.
Vamos traçar uma linha clara entre o mito e a realidade.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;"><span style="color: #274e13;"><b>Mito: Uma vez que uma cesárea, sempre cesárea.</b></span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">De acordo com o National Institutes of Health (NIH), "VBAC é uma
escolha razoável e segura para a maioria das mulheres com cesariana anterior."
(2) O Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas (ACOG) concordaram quando
disseram que "a maioria das mulheres" com uma cesariana anterior e
"algumas" mulheres com duas cesáreas anteriores são candidatas a
VBAC. (3)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;"><b><span style="color: #274e13;">Mito: VBAC após uma cesariana tem um risco de 60-70% de ruptura uterina.</span></b><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">O risco de ruptura uterina após um corte baixo transversal (abaixo do biquíni) é de cerca de 0,5% - 1%, dependendo de alguns fatores. (2) Nas mães de primeira viagem correm o mesmo risco que aquelas que têm uma cesárea anterior, tais como a ruptura
uterina, o descolamento prematuro da
placenta (4), prolapso de cordão, (5) e distócia de ombro. (6)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;"><b><span style="color: #274e13;">Mito: Hospitais (médicos no caso do Brasil) proíbem VBAC por ser uma complicação tão grave e
incomum que não pode ser controlada adequadamente.</span></b><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">Hospitais com maternidade têm estrutura para atender às emergências obstétricas. As diretrizes utilizadas para
gerir as complicações de mães primíparas, ou seja, que terão seu primeiro parto, e mães que passam por cesarianas são também usadas para tratar complicações de mães que terão VBACs.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;"><b><span style="color: #274e13;">Mito: Anestesias são sempre utilizadas de modo a permitir uma cesariana de emergência.</span></b></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;"><b><span style="color: #274e13;">Ou</span></b></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;"><b><span style="color: #274e13;">Não é possível usar anestesia em VBAC porque ela pode esconder a dor da ruptura uterina.</span></b><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">Segundo o ACOG as analgesias podem ser utilizadas <st1:personname productid="em um VBAC" w:st="on">em um VBAC</st1:personname> (3) e as
evidências sugerem que peridurais não mascaram a dor relacionada com a ruptura
uterina. (7, 8) No entanto, apenas 26% das mulheres que passam por uma ruptura efetivamente sente dor abdominal, então este é um sintoma inconsistente e pouco confiável. (9)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;"><b><span style="color: #274e13;">Mito: Há um risco de 25% de morte durante
um parto vaginal após cesárea seja para mãe ou bebê.</span></b><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">O risco de mortalidade materna é muito baixa se uma mulher planeja um
VBAC (0,0038%) ou uma cesariana eletiva de repetição (0,0134%). (2) A evidência sugere que há um risco de 2,8 - 6,2% de mortalidade infantil depois de
uma ruptura uterina. (2, 10)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;"><b><span style="color: #274e13;">Mito: Não existem riscos associados a cesariana além dos habituais de uma cirurgia.</span></b></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">Quanto mais cesáreas, mais riscos e mais graves. </span><span style="font-family: Arial;">(11) Estas complicações
incluem anormalidades placentárias como placenta acreta que acarreta uma taxa
de mortalidade materna de 7% (12) e uma taxa de 71% de histerectomia. (13) Depois
de duas cesarianas o risco de acretismo é de 0,57%, (11), ou seja, semelhante ao risco de
ruptura uterina após uma cesariana.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;"><b><span style="color: #274e13;">Mito: Parto normal após cesariana é ilegal.*</span></b><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">O Ministério da Saúde recomenda:</span></div>
<div class="MsoNormal">
<a href="http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cd04_13.pdf">http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cd04_13.pdf</a></div>
<div class="MsoNormal">
Páginas 117 e 118</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">5. Cesárea anterior</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">A presença de antecedentes de uma cesárea anterior não contraindica </span><span style="font-family: Arial;">a ocorrência de trabalho de parto na gestação subseqüente. O </span><span style="font-family: Arial;">incentivo à realização de prova de trabalho de parto nestas mulheres é </span><span style="font-family: Arial;">uma das medidas mais importantes para a redução das taxas de</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">cesárea no Brasil. O risco de complicações maternas (rotura uterina, </span><span style="font-family: Arial;">deiscência de cicatriz, etc.), assim como de complicações fetais </span><span style="font-family: Arial;">(sofrimento) é muito baixo, desde que haja adequada vigilância do </span><span style="font-family: Arial;">trabalho de parto e da vitalidade fetal.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">Não existem limites de intervalo interpartal que contra-indiquem o </span><span style="font-family: Arial;">trabalho de parto em gestante corn cesárea anterior, desde que a </span><span style="font-family: Arial;">incisão da primeira cesárea tenha sido segmentar. O índice de sucesso </span><span style="font-family: Arial;">para parto vaginal nas mulheres submetidas a uma prova de trabalho de </span><span style="font-family: Arial;">parto é de, no mínimo, 50%; alguns trabalhos mostram cifras de até 70 a </span><span style="font-family: Arial;">80%.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;"><b><span style="color: #274e13;">Mito: O meu médico vai perder sua licença médica se eu tiver uma ruptura
uterina.</span></b><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">Farah Diaz-Tello, dos advogados Nacional de Mulheres grávidas esclarece:
"Eu nunca ouvi falar de uma situação em que um médico perdeu sua licença
para aderir aos desejos de uma mulher depois de fornecer-lhes vontade
consentimento informado completo, e atendê-los de uma maneira que é consistente
com o padrão de atendimento. Mesmo os médicos que, apesar de condenados por
negligência médica não perderá automaticamente sua licença. "<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;"><b><span style="color: #274e13;">Mito: VBACs não podem, ou não devem, ser induzido.</span></b><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">Quando a mãe ou o bebê desenvolve uma complicação que requer que o bebê
nascer, mais cedo ou mais tarde, mas não necessariamente nos próximos dez
minutos, a indução pode fazer a diferença entre um parto vaginal após cesárea e
uma cesariana de repetição. É por isso que ACOG afirma que clinicamente
indicado oxitocina e / ou indução cateter Foley "continua a ser uma
opção", durante um parto vaginal após cesárea. (3, 14)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">Mito: Hospitais proibição VBAC porque eles não podem cumprir a exigência
do ACOG "imediatamente disponível".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">Alguns hospitais interpretar a recomendação do ACOG "imediatamente
disponível" para ser um mandato que o anestesiologista deve estar no
hospital 24/7. Alguns hospitais que não podem fornecer esse nível de cobertura
proibiram VBAC. No entanto, "imediatamente disponível" não tem uma
definição padrão e vários hospitais implementar a diretriz de maneiras
diferentes. (15)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">Mito: Os hospitais que não têm 24/7 anestesia cobertura proibição VBAC.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">Há hospitais que oferecem motivados VBAC sem 24/7 anestesia. Os
hospitais rurais que servem à Nação Navajo são um exemplo e eles relatam uma
taxa de parto vaginal após cesárea de 38%. (16) A taxa de VBAC <st1:personname productid="em LA County" w:st="on">em LA County</st1:personname> é de 7,9%.
(17)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">Mito: A evidência mostra que a cobertura de 24/7 a anestesia cria um
ambiente mais seguro para VBAC.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">ACOG confirma que os dados não estão disponíveis: "Embora não haja
razão para pensar que mais rápida disponibilidade de cesariana pode fornecer um
benefício adicional em segurança, dados comparativos ... não estão
disponíveis." (3, 15) Assim, o "imediatamente disponível"
recomendação baseia-se no menor nível de evidência que é "consenso".
(3) Hospitais sem 24/7 anestesia implementar uma série de políticas para tornar
mais seguro VBAC incluindo simulações de incêndio e de cesariana sob anestesia
local. (15)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">Mito: Se o seu hospital não oferece VBAC, você tem que ter uma cesariana
de repetição.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">Como Howard Minkoff MD disse no NIH Conferência VBAC 2010, "A
autonomia é um direito irrestrito negativo, o que significa uma mulher, uma
pessoa, qualquer pessoa, tem o direito de recusar qualquer cirurgia a qualquer
momento." (16) ACOG afirma que "VBAC restritiva políticas não deve
ser utilizada para forçar as mulheres sofrem uma cesariana repetida contra a
sua vontade. "(3)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<span style="font-family: Arial; font-size: 12pt;">Há riscos e benefícios reais à cesariana eletiva VBAC e repetição. Tomar
a decisão certa para si mesmo: compreender as suas opções, discernir a verdade
da ficção, conheça os seus direitos.</span><br />
<span style="font-family: Arial; font-size: 12pt;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial; font-size: 12pt;">Extraído de: </span><a href="http://vbacfacts.com/13-myths-about-vbac/">http://vbacfacts.com/13-myths-about-vbac/</a><br />
*adaptadoUnknownnoreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-4217096822033546369.post-21410913595321154332013-01-19T14:10:00.002-03:002016-11-26T15:01:09.529-03:00Cesarianas no Brasil: uma preferência das gestantes ou dos médicos?<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div class="tituloMateria" style="color: #3d3d3d; font-size: 25px; margin-bottom: 15px; padding: 0px;">
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: 12px;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Publicado em: 26/12/2012 10:36:00</span></span></div>
</div>
<div style="font-size: 12px; margin-bottom: 15px; padding: 0px;">
</div>
<span class="conteudoMateria" style="color: #3d3d3d; float: left; font-size: 13px; line-height: 5.5mm; margin: 0px 0px 5px; padding: 0px; text-align: justify;"><span class="imgMateria" style="clear: left; float: left; margin: 0px 10px 0px 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"></span></span></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span class="conteudoMateria" style="color: #3d3d3d; float: left; font-size: 13px; line-height: 5.5mm; margin: 0px 0px 5px; padding: 0px; text-align: justify;"><a href="https://3.bp.blogspot.com/-G_q-QjOC598/WDnNvng7ebI/AAAAAAAAP_k/y-0z76ULpWERgGpp-Na0nlW_4kCMS4SAQCLcB/s1600/Fiotec.Fiocruz-300x201.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="214" src="https://3.bp.blogspot.com/-G_q-QjOC598/WDnNvng7ebI/AAAAAAAAP_k/y-0z76ULpWERgGpp-Na0nlW_4kCMS4SAQCLcB/s320/Fiotec.Fiocruz-300x201.jpg" width="320" /></a></span></div>
<span class="conteudoMateria" style="color: #3d3d3d; float: left; font-size: 13px; line-height: 5.5mm; margin: 0px 0px 5px; padding: 0px; text-align: justify;"><span style="border: 0px solid red; clear: left; float: left; font-size: 10px; margin: 0px 4px 5px 0px; padding: 0px; text-align: center; width: 318.5px;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></span><span style="border: 0px solid red; clear: left; float: left; font-size: 10px; margin: 0px 4px 5px 0px; padding: 0px; text-align: center; width: 318.5px;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Créditos: Fiotec Fiocruz</span></span></span><br />
<div style="padding: 0px;">
</div>
<span class="conteudoMateria" style="color: #3d3d3d; float: left; font-size: 13px; line-height: 5.5mm; margin: 0px 0px 5px; padding: 0px; text-align: justify;">
<div style="margin-bottom: 15px; padding: 0px;">
<div style="text-align: center;">
<em style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Por Gabriela Lamarca e Mario Vettore</span></em></div>
</div>
<div style="margin-bottom: 15px; padding: 0px;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Em geral, o parto deveria ser um evento essencialmente fisiológico, e segundo a Organização Mundial de Saúde não existem motivos que justifiquem uma taxa de cesariana superior a 15,0% em nenhum lugar do mundo. No entanto, essa taxa tem crescido em muitos países nos últimos 30 anos e o Brasil já foi conhecido por ter a maior taxa de cesáreas do mundo. Dados do Ministério da Saúde indicam que, em 2010, 52% dos partos no país foram cirúrgicos.</span></div>
<div style="margin-bottom: 15px; padding: 0px;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Na rede privada o índice nacional chega a 82%, e na rede pública, onde ocorre ¾ de todos os partos, a 37%. O Ministério da Saúde do Brasil considera que as elevadas taxas de cesarianas são fatores determinantes da morbimortalidade materna e perinatal (Brasil, 2001). Além disso, a cesariana tem se associado a condições indesejáveis como o retardo na recuperação puerperal, tempo aumentado de internação, início tardio da amamentação e elevação de gastos para o sistema de saúde.<br style="margin: 0px; padding: 0px;" /><br style="margin: 0px; padding: 0px;" />Existem fatores demográficos, socioeconômicos e relacionados ao risco gestacional, além do acesso e uso do pré-natal, que podem estar associados ao tipo de parto das mulheres brasileiras. Dentre eles se destacam a idade, a cor da pele, o estado nutricional, a diabetes, a hipertensão, a escolaridade, a situação de domicílio, o local do pré-natal e do parto. Esses fatores se dispõem em diferentes níveis de influência e apresentam, possivelmente, algum grau de interação capaz de determinar a via de nascimento do bebê.</span></div>
<div style="margin-bottom: 15px; padding: 0px;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">No caso do parto cesáreo, a decisão é definida por um conjunto de ‘causas’ e está relacionada a uma cadeia de assistência ao parto que envolve vários atores que influenciam todo o processo. São os médicos, seguradoras, hospitais, governo, por meio de políticas de saúde, e a própria gestante, quando omite sua opinião ou quando interfere na decisão. Isso dificulta a identificação da motivação de cada ator e seu efeito no desfecho (Patah & Malik, 2011).<br style="margin: 0px; padding: 0px;" /><br style="margin: 0px; padding: 0px;" />A escolha do tipo de parto é motivo de grande discussão. A maioria das mulheres mostra uma preferência por partos vaginais, mas existe uma crença generalizada de que as cesarianas são preferíveis por serem menos dolorosas (Victora et al. 2011). No entanto, a maioria das gestantes, não participa dessa discussão, sendo simplesmente informada sobre a decisão médica final. A sua aceitação ou não em relação à conduta médica, e a associação entre a sua aceitação e os possíveis resultados perinatais, não são levados em consideração na grande maioria das vezes (Meller & Schäfer, 2011).</span></div>
<div style="margin-bottom: 15px; padding: 0px;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Além disso, há uma desvinculação entre médico e paciente, que ocorre porque no serviço público não é o mesmo profissional que faz o pré-natal e o parto. Essa desconexão resulta em falta de informações sobre a gestação atual e as anteriores no momento do parto, e o parto cesáreo acaba sendo uma opção onde o obstetra ‘tem maior controle’ sob a situação (Patah & Malik, 2011), até porque em alguns casos nem pode deixar que a gestante que entrou em trabalho de parto em seu plantão termine no plantão seguinte.<br style="margin: 0px; padding: 0px;" /><br style="margin: 0px; padding: 0px;" />Especialistas defendem que a cesariana tem indicações clínicas precisas como eclampsia ou nos casos da mãe sensibilizada pelo tipo sanguíneo (fator RH) do bebê. Entretanto, além da falta de consideração em relação à opinião da gestante, é possível encontrar o oposto a essa situação, onde mulheres que nem sequer entraram em trabalho de parto e já negociam a data do parto com o obstetra, marcando a cesárea previamente.</span></div>
<div style="margin-bottom: 15px; padding: 0px;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Essa situação é comum e ocorre possivelmente devido a uma predisposição intervencionista dos médicos, que não seguem as recomendações para o parto cesáreo. Além disso, alguns agem de acordo com a sua própria conveniência, já que é possível constatar que cesarianas são realizadas com mais frequência em horários diurnos e em dias úteis (Nagahama & Santiago, 2011).<br style="margin: 0px; padding: 0px;" /><br style="margin: 0px; padding: 0px;" />Segundo Fernanda Meller e Antônio Schäfer, da Universidade Federal de Pelotas, das mulheres brasileiras com idade entre 15 e 49 anos avaliadas pela Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (2006), a maioria (57,1%) teve parto normal. Entre as que fizeram o parto cesáreo, prevaleceram as mulheres mais velhas (acima de 30 anos), as obesas, e as de cor da pele branca.<br style="margin: 0px; padding: 0px;" /><br style="margin: 0px; padding: 0px;" />Apesar de ser forte a associação entre as características biológicas e o parto cesáreo, alguns determinantes sociais se revelam como uma influência importante sobre nesse desfecho. No que diz respeito à escolaridade, por exemplo, enquanto algumas pesquisas não encontraram associação entre o nível educacional e o tipo de parto (D’orsi et al., 2006; Silveira et al., 2004), outras têm relatado maior ocorrência de partos por cesariana entre mulheres com melhor nível educacional e entre aquelas de grupos socioeconômicos mais privilegiados (Freitas et al., 2005; Althabe & Belizan, 2006). Nas mulheres estudadas pelos pesquisadores da Universidade de Pelotas não foi evidenciada diferença significativa entre tipo de parto e escolaridade.<br style="margin: 0px; padding: 0px;" /><br style="margin: 0px; padding: 0px;" />Segundo o pesquisador Paulo Freitas, da Universidade Federal de Santa Catarina, uma estratégia frequentemente utilizada pelas mulheres com melhores condições socioeconômicas para conseguir cesariana no setor público é negociá-la durante o pré-natal conveniado ou privado. Nesse sentido, a escolaridade parece aumentar a chance de cesariana, não apenas pela diferenciação econômica, mas também pela maior capacidade de negociação com o obstetra (Freitas & Behague, 1995).</span></div>
<div style="margin-bottom: 15px; padding: 0px;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Ao contrário das gestantes com acesso a convênios médicos ou serviços particulares, aquelas que realizam o pré-natal pelo SUS frequentemente não têm a chance de escolher o médico que irá assisti-las e, provavelmente, não terão poder de negociação sobre o tipo de parto de sua preferência ou a forma de atendimento que desejam (Patah & Malik, 2011). Sendo assim, de maneira geral, as mulheres que não interferem na decisão sobre o tipo de parto, ou simplesmente não são consultadas sobre sua opinião, são oriundas de classe social baixa e possuem menor nível de escolaridade.<br style="margin: 0px; padding: 0px;" /><br style="margin: 0px; padding: 0px;" />Por outro lado, os pesquisadores de Pelotas (Meller e Schäfer) apontam que o tipo e qualidade de informação e sugestões transmitidas pelos serviços de saúde durante o pré-natal podem influenciar na via de nascimento do bebê. Nesse caso, a realização de consultas pré-natais aumentaria a probabilidade para a opção pela cesariana. Os autores revelaram que houve uma maior prevalência de parto cesariano entre as mulheres que utilizaram o serviço particular para a realização da consulta pré-natal, indicando uma possível influência dos profissionais de saúde dos serviços privados para a realização desse tipo de parto.</span></div>
<div style="margin-bottom: 15px; padding: 0px;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Além disso, entre as mulheres que realizaram o parto em hospital particular foi observado maior prevalência de parto cesáreo. Nesse caso, é interessante notar que, possivelmente, essas mulheres que utilizaram o serviço particular para o pré-natal e realizaram o parto em hospital particular foram as mais escolarizadas e de maior renda, o que reduziria a potencial influência do serviço e dos profissionais de saúde do setor privado na decisão do parto cesáreo.<br style="margin: 0px; padding: 0px;" /><br style="margin: 0px; padding: 0px;" />Em relação às macrorregiões, a região Sudeste foi a que apresentou maior prevalência de parto cesariano (51,7%), em contrapartida, as menores taxas foram encontradas nas regiões Norte (30,8%) e Nordeste (30,9%), onde uma grande proporção dos partos são feitos por enfermeiras obstétricas. Segundo Victora e colaboradores, em apenas oito anos (2001–08), as cesarianas aumentaram de 38,0% para 48,8%, e em várias Unidades da Federação (UF) os partos cesáreos passaram a ser mais numerosos que os vaginais (Victora et al. 2011).</span></div>
<div style="margin-bottom: 15px; padding: 0px;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Para Luciano Patah e Ana Malik, da Fundação Getúlio Vargas, a cobertura de planos de saúde também é um fator relevante, pois nas regiões em que a cobertura de planos de saúde é maior, as taxas de cesárea também o são. Em relação às macrorregiões e à situação de domicílio, o estudo de Meller e Schäfer observou uma maior prevalência desse tipo de parto entre as mulheres que residiam na região Sudeste e na zona urbana do país.<br style="margin: 0px; padding: 0px;" /><br style="margin: 0px; padding: 0px;" />Podemos considerar uma iniquidade social no cuidado em saúde o fato de que mulheres com piores condições socioeconômicas e, consequentemente, maior risco de complicações no parto tenham menor probabilidade de cesariana do que aquelas com baixo risco obstétrico, alto poder aquisitivo e maior acesso à tecnologia médica (Freitas & Behague, 1995), o que nos remete mais uma vez a lei do cuidado inverso. A cesariana é indicada com a intenção de preservar a vida da mãe e do filho em situação de risco, e não deve ser decidida em função do desejo da grávida nem de acordo com a conveniência do médico. Além disso, é preciso reduzir ainda mais as disparidades regionais, socioeconômicas e étnicas que persistem apesar do progresso alcançado, de maneira que interfiram cada vez menos na decisão sobre o tipo de parto.</span></div>
<div style="margin-bottom: 15px; padding: 0px;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">-- </span></div>
<div style="margin-bottom: 15px; padding: 0px;">
<em style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Gabriela de A. Lamarca é Odontóloga, Mestre em Psicologia Social, Doutoranda em Epidemiologia em Saúde Pública.</span></em></div>
<div style="margin-bottom: 15px; padding: 0px;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><em style="margin: 0px; padding: 0px;">Mario Vianna Vettore é Odontólogo, Mestre em Odontologia, Doutor em Saúde Pública. </em></span></div>
<div style="margin-bottom: 15px; padding: 0px;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><em style="margin: 0px; padding: 0px;">Fonte:</em> <a href="http://dssbr.org/site/2012/12/cesarianas-no-brasil-uma-preferencia-das-gestantes-ou-dos-medicos/" style="color: #d25c67; margin: 0px; padding: 0px;">Portal Determinantes Sociais da Saúde</a> - 13/12/12</span></div>
<div style="margin-bottom: 15px; padding: 0px;">
<strong style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">--</span></strong></div>
<div style="margin-bottom: 15px; padding: 0px;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong style="margin: 0px; padding: 0px;">Referências Bibliográficas</strong><br style="margin: 0px; padding: 0px;" /><br style="margin: 0px; padding: 0px;" />Althabe F, Belizan JM. Caesarean section: the paradox. Lancet [periódico na internet]. 2006 [acesso em 27 set 2012]; 368(9546):1472-1473. Disponível em: http://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(06)69616-5/fulltext<br style="margin: 0px; padding: 0px;" /><br style="margin: 0px; padding: 0px;" />Amorim MMR, Souza ASR, Porto AMF. Indicações de cesariana baseadas em evidências: parte I. Femina [periódico na internet]. 2010 Ago [acesso em 01 out 2012];38(8):415-422. Disponível em: http://www.febrasgo.org.br/arquivos/femina/Femina2010/fevereiro/Femina_v38n8/Femina-v38n8_pg415-422.pdf<br style="margin: 0px; padding: 0px;" /><br style="margin: 0px; padding: 0px;" />D’orsi E, Chor D, Giffin K, Ângulo-Tuesta A, Barbosa GP, Gama AS, Reis AC. Factors associated with cesarean sections in a public hospital in Rio de Janeiro, Brazil. Cad Saúde Pública [periódico na internet] 2006 [acesso em 27 set 2012];22(10): 2067-2078. Disponível em: http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2006001000012&lng=en&nrm=iso&tlng=en. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2006001000012.<br style="margin: 0px; padding: 0px;" /><br style="margin: 0px; padding: 0px;" />Freitas PF, Behague D. Brazil’s culture of caesarean births. Health Exchange. 1995;10:8-9.<br style="margin: 0px; padding: 0px;" /><br style="margin: 0px; padding: 0px;" />Freitas PF, Drachler ML, Leite JCC, Grassi PR. Desigualdade social nas taxas de cesariana em primíparas no Rio Grande do Sul. Rev Saúde Pública [periódico na internet]. 2005 [acesso em 27 set 2012];39(5):761-67. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102005000500010. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102005000500010.<br style="margin: 0px; padding: 0px;" /><br style="margin: 0px; padding: 0px;" />Meller FO, Schäfer AA. Fatores associados ao tipo de parto em mulheres brasileiras: PNDS 2006. Ciên Saúde Colet [periódico na internet]. 2011 Set [acesso em 27 set 2012];16(9):3829-35. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232011001000018&lng=en&nrm=iso&tlng=en. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232011001000018.<br style="margin: 0px; padding: 0px;" /><br style="margin: 0px; padding: 0px;" />Ministério da Saúde, Secretaria de Políticos de Saúde, Área Técnica de Saúde da Mulher. Parto, aborto e puerpério, assistência humanizada à mulher. Brasília: Ministério da Saúde; 2001 [acesso em 27 set 2012]. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/parto_aborto_puerperio.pdf<br style="margin: 0px; padding: 0px;" /><br style="margin: 0px; padding: 0px;" />Nagahama EEI, Santiago SM. Parto humanizado e tipo de parto: avaliação da assistência oferecida pelo Sistema Único de Saúde em uma cidade do sul do Brasil. Rev Bras Saúde Mater Infant [periódico na internet] 2011 [acesso em 27 set 2012];11(4):415-425. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1519-38292011000400008&script=sci_arttext. http://dx.doi.org/10.1590/S1519-38292011000400008.<br style="margin: 0px; padding: 0px;" /><br style="margin: 0px; padding: 0px;" />Patah LEM, Malik AM. Modelos de assistência ao parto e taxa de cesárea em diferentes países. Rev Saúde Pública [periódico na internet]. 2011 [acesso em 27 set 2012];45(1): 185-94. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-89102011000100021&script=sci_arttext. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102011000100021.<br style="margin: 0px; padding: 0px;" /><br style="margin: 0px; padding: 0px;" />Silveira DS, Santos IS. Factors associated with cesarean sections among low-income women in Pelotas, Rio Grande do Sul, Brazil. Cad Saúde Pública [periódico na internet]. 2004 [acesso em 27 set 2012];20 Suppl 2:S231-41. Disponível em: http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2004000800018&lng=en&nrm=iso&tlng=en. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2004000800018.<br style="margin: 0px; padding: 0px;" /><br style="margin: 0px; padding: 0px;" />Victora CG, Aquino EML, Leal MC, Monteiro CA, Barros FC, Szwarcwald CL. Saúde de mães e crianças no Brasil: progressos e desafios. Lancet [periódico na internet]. 2011 maio 9 [acesso em 27 set 2012];32-46. (Séries Saúde no Brasil 2). Disponível em: http://download.thelancet.com/flatcontentassets/pdfs/brazil/brazilpor2.pdf<br style="margin: 0px; padding: 0px;" /> <br style="margin: 0px; padding: 0px;" /><strong style="margin: 0px; padding: 0px;">Citação Bibliográfica</strong><br style="margin: 0px; padding: 0px;" /><br style="margin: 0px; padding: 0px;" />Lamarca G, Vettore M. Cesarianas no Brasil: uma preferência das gestantes ou dos médicos? [Internet]. Rio de Janeiro: Portal DSS Brasil; 2012 Dez 13 [acesso em]. Disponível em: http://dssbr.org/site/?p=11526&preview=true<br style="margin: 0px; padding: 0px;" />Gabriela Lamarca e Mario Vettore<br style="margin: 0px; padding: 0px;" /><br style="margin: 0px; padding: 0px;" />Gabriela de A. Lamarca. Odontóloga, Mestre em Psicologia Social, Doutoranda em Epidemiologia em Saúde Pública.<br style="margin: 0px; padding: 0px;" />Mario Vianna Vettore. Odontólogo, Mestre em Odontologia, Doutor em Saúde Pública.</span></div>
<div style="margin-bottom: 15px; padding: 0px;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="margin-bottom: 15px; padding: 0px;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="margin-bottom: 15px; padding: 0px;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Fonte: <a href="http://www.cebes.org.br/verBlog.asp?idConteudo=3986&idSubCategoria=56">CEBES - Centro Brasileiro de Estudos em Saúde</a></span></div>
</span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4217096822033546369.post-29626599273116267212012-10-07T18:26:00.003-03:002012-10-08T14:04:38.155-03:00Parto em casa após 3 cesáreas<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-9QRmyno5q6Y/UHHzVnzTgyI/AAAAAAAAE9M/aUzVzydFH0c/s1600/hba3c.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-9QRmyno5q6Y/UHHzVnzTgyI/AAAAAAAAE9M/aUzVzydFH0c/s320/hba3c.jpg" width="320" /></span></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">https://www.facebook.com/luciafernanda.citto</span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 18px;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 18px;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">"Esta hermosa experiencia fue posible gracias a mis sabias y bellas parteras!!! Gracias!!! "Por el derecho a parir donde quieras y como quieras con parteras." TENEMOS DERECHOS!!!"</span></span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4217096822033546369.post-53702996443353547892012-10-04T08:41:00.000-03:002012-10-08T14:05:58.690-03:00VBA2C no SUS<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/_3RXhwYXmgVQ/TNIuZ8jKzTI/AAAAAAAAD7E/RwgWQW-HTt4/s1600/parto67.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><img border="0" height="212" src="http://1.bp.blogspot.com/_3RXhwYXmgVQ/TNIuZ8jKzTI/AAAAAAAAD7E/RwgWQW-HTt4/s320/parto67.jpg" width="320" /></span></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 17px;"><br /></span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 17px;">"Ela chegou gritando e esperneando como se estivesse sendo torturada... A conheci hoje, no plantão de retaguarda da maternidade que tem 98% de cesáreas pelo SUS, restanto os 2% de PN dos dias que estou de plantão, isso mesmo que ouviram 98% de cesáreas pelo SUS! Ela com 23 anos, terceira gestação, 2 cesáreas anteriores, 38 semanas, bolsa rota e 5cm de dilatação, colo finíssimo, apresentação baixa. A mãe chorando e as duas juntas pedindo "PELO AMOR DE DEU DOUTOR, FAÇA UMA CESÁREA". Sentei ao seu lado no pré-parto, apaguei as luzes, pedi pra enfermagem sair (nesse hospital elas não tem a mínima prática com PN). Entre as contrações ela acalmou-se porém durante elas virava bicho e não ouvia nada, se contorcendo e gritando ...que o...médico do pré-natal falou que ela não podia ter parto normal de jeito nenhum pois no caso dela era impossível! Perguntei se ela já quis algum dia ter PN e ela </span></span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 17px;">...disse que sempre quis mas os médicos sempre falaram que ela não podia. No primeiro bacia estreita, no segundo não dilatou e agora pois já tinha 2 cesáreas. Insisti mais um pouco em tentar acalmá-la e explicar os possíveis benefícios do bebê nascer natural, mas foi em vão naquele momento. A enfermagem e a pediatra me olhando com olhos de "oque vc está esperando pra chamar o anestesista pra cesárea?". Falei em voz baixa PARA O BEBÊ NÃO OUVIR: "Liga pro anestesista e diga que teremos uma cesárea!" Percebi que contentei a todos nesse momento. A paciente, a mãe, a enfermagem e a pediatra. Chegou o anestesista que não viria para uma analgesia de parto se eu chamasse, mas... pedi que fizesse uma dose menor apenas para tirar a dor mas que não seria cesárea! Todos se assustaram "Como assim? Com 2 cesáreas anteriores? Aquele olhar de "ele deve estar louco!". Anestesia feita, a dor passa, suficiente pra EU CONSEGUIR CONVERSAR COM ELA: "E agora, está bom pra vc assim? A dor melhorou? Seu problema está resolvido? Vamos resolver o do bebê agora. O bebê está super bem, e me disse que está querendo muito nascer de parto normal. Ele não sabe ainda que vai ser cesárea. Ele está na posição e quase saindo e vc tem a passagem ótima pra ele, vamos tentar ou se preferir ainda posso fazer a cesárea". Ela me olhou, arregalou os olhos ao mesmo tempo que veio um puxo e começou a fazer força...Ela sorriu e percebeu que podia... Fez mais força e se empolgou! Na terceira ele nasceu perfeito e com nota 10 do pediatra. Foi ao colo da mãe que o beijou muito dizendo: Sempre me falaram que eu não ia conseguir! Não acredito que consegui fazer isso!... Caros cesaristas de plantão: elas pedem ajuda e não cesárea!!"</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 17px;">Braulio Zorzella, Jaú- SP (médico)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 17px;">VBA2C = PNA2C: Parto Normal após duas cesáreas</span></div>
Unknownnoreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-4217096822033546369.post-72740863755941764482012-05-30T14:52:00.001-03:002012-10-08T14:06:49.956-03:00O Arcanjo Sentado - Relato de um VBAC pélvico<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://fbcdn-sphotos-a.akamaihd.net/hphotos-ak-ash3/560191_10150800032127084_717752083_9292415_974178474_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><img border="0" height="320" src="https://fbcdn-sphotos-a.akamaihd.net/hphotos-ak-ash3/560191_10150800032127084_717752083_9292415_974178474_n.jpg" width="213" /></span></a></div>
<span style="background-color: white; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 18px; text-align: left;"><br /></span>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 18px; text-align: left;">O parto de Miguel foi um processo que exigiu uma dedicação intensa de todo meu ser. E o vislumbre dessa experiência que viveria se anunciou ainda em 2007 na gravidez de minha primeira filha, Luna, e se fortaleceu na segunda gravidez daquela que seria chamada Maria. Vivia eu no mundo sonolento das cesáreas agendadas, e apesar de ter uma mãe que pariu nove, estava imersa no modelo obstétrico vigente e jamais tinha me questionado como seria o nascimento de um filho, até começar a vivenciar a transformação fisiológica e emocional de gerar um ser. E tudo ia acontecendo, as informações sendo buscadas, o véu de Maya aos poucos deixando ver o que o desejo pedia... Parir. A descoberta de que podia parir, prazerosa e naturalmente era encantadora, fui seguindo essa aventura, construindo um plano ceifado abruptamente às 35 semanas de gravidez, com o rompimento prematuro da bolsa amniótica. E para aquela mulher o sonho acabou ali, no líquido que jorrava e em um bebê sentado em seu ventre. Veio o corte na carne e na alma e a frustração do não parir. O curso do tempo seguiu, e com ele a boa nova de mais uma gravidez anunciou-se. Alegria, alegria! A vida em formação, outra filha, amor que se expande, esperanças renovadas, expectativa de agora sim, junto com esse nenenzinho terei outra chance. Eu já não era mais a mesma, tinha informações, a minha história anterior, e o desejo agora acrescido de uma paixão ideológica pelo parto ativo e pelo nascer com respeito. Sem perda de tempo, comecei a frequentar as reuniões do Ishtar, a trocar ideias, aprender, ter orientação, me sentir entre iguais, tudo aquilo lá falava de algo que instintivamente sempre esteve em mim, era bom se reconhecer nas outras barrigas e abraçar com cumplicidade aquelas mulheres. A gravidez avançou e com 30 semanas a obstetra estranhou a medição do meu ventre, fato que se repetiu à noite, no encontro do grupo de parteiras que assitiriam meu parto domiciliar. Uma ultrassonografia posterior confirmou a restrição severa de crescimento do bebê por uma insuficiência placentária, também desenvolvi uma pré-eclâmpsia. Um turbilhão me engoliu e ante a orientação de retirar a neném de pronto, optei por seguir amadurecendo-a um pouco mais em mim. Fiquei internada com uma junta médica me acompanhando e apesar de todo aparato, a Vida escolheu outro desfecho, minha pequena se foi. O brilho vazio na tela do exame confirmava apenas o que eu já sabia, talvez sensibilidade emocional, física, espiritual, ou todas juntas, nada posso afirmar, o fato é que senti precisamente quando ela me deixou. Maria, minha luz, estrelinha que pisca no céu! Troquei de hospital, liguei às 3 horas da madrugada para uma médica da junta, que conheci no dia anterior, e ela veio. Também veio a indução, seguida de um improvável trabalho de parto de apenas 4 horas, e muito, muito, muito doído, a dor emocional potencializava a dor física e viceversa. E aconteceu! Na primeira vez houve um nascimento, nessa apenas um parto, o vazio interior, e um par de mamas cheias do precioso líquido que fiz questão de doar, terapeuticamente, vivenciando meu luto. Um acontecimento desse porte não passa displicentemente por nós, é impossível, e o que não está firmado pode vir a ruir com sua força. Passados quase 2 meses, meu companheiro voltou a sua cidade de origem. O que não sabíamos é que além das lágrimas e saudades, deixou uma semente no meu ventre, que germinava silenciosa. Eu tentava retomar minha rotina, mas sentia que algo acontecia em mim, eu me sentia grávida e creditava a sensação ao trauma da perda abrupta, tentava proteger a barriga quando minha filhinha pulava no meu colo e andava nauseada com os cheiros e sabores. Resolvi dar ouvidos ao apelo da intuição, e vi duas listras se formarem no teste que se faz em casa, arregalei os olhos, fiz outro para confirmar, “bobagem é hormônio remanescente”, e mais um para não restar dúvidas... ai, ai, agora um sanguíneo para maior precisão, não é possível esse percentual, ou estou doente, ou supergrávida de quadrigêmeos. A ultrassonografia mostrava um pequeno e agitado feto de 8 semanas, e a dúvida deu lugar a estupefação! Como assim? Mas então foi naquela única vez, vinte e três dias após... Se milagre é um acontecimento que nos deixa com cara de boba, sorriso amarelo e falta de ar, eu estava diante de um. Era meu milagrinho que se apresentava trazendo uma promessa de vida e felicidade. Iniciei o acompanhamento com a mesma médica, que se tornou efetivamente minha obstetra e por conta do histórico recente, optamos por fazer medicação profilática anticoagulante enquanto durasse a gestação e nas semanas seguintes ao parto. Eram injeções abdominais diárias que eu mesma aplicava com disciplina, mesmo sentindo que tudo seguiria bem até o final. As semanas passaram, e o pequeno feto agora tinha sexo e um nome, Miguel, me dizendo quem era em sonho, antes mesmo de me saber grávida. Tudo estava bem e navegávamos em águas mansas, saboreando as delícias do gestar, lendo e relendo livros e sites, frequentando os encontros do grupo e ativamente participando dos debates virtuais. Fazia caminhadas e andava na piscininha do prédio à noite para aliviar as dores e o cansaço. Ah! Como era bom sentir aqueles movimentos fetais. Por volta da 28º semana eu senti meu maior temor se tornar real, o bebê virou e estava pélvico. A ultrassonografia confirmou a posição e revelou um septo no fundo do meu útero, possível causa para essa condição de todos meus bebês ficarem sentados. A minha confiança em um parto natural estremeceu, chorei, me senti injustiçada, revoltada, triste, irada, e oscilei da apatia ao desespero, por uma noite. Na manhã seguinte estava convicta que, estando ele de bunda ou de cabeça, eu iria parir meu filho, e ao trabalho de autodescoberta, superação de medos, resgate de valores e experiências perdidas no profundo do meu ser, acrescentei a aceitação e lucidez para um parto pélvico. Fui atrás de informações para entender o mecanismo de um parto tão singular, contei com o apoio de algumas pessoas que selecionei para compartilhar minha opção, e principalmente confiei na capacidade da minha assistência. Confiei também no meu corpo, que tinha parido um nenenzinho pélvico recentemente, mesmo que estivesse já sem vida. Em paralelo, comecei com exercícios, posições, florais, homeopatia, conversas com a barriga, cambalhotas na água e qualquer artimanha que estimulasse uma possível virada, tudo que não funcionou na primeira gravidez. Em um estranho paradoxo, praticar essas atividades me dava segurança para apoderar-me do meu parto pélvico. As flutuações de humor e emoções de uma grávida tangem a bipolaridade, acrescente o fantasma de uma perda recentíssima, a solidão de um companheiro ausente, duas centenas de picadas na barriga, e as reticências, até mesmo de ativistas do parto, sobre parir um neném de bunda. Em muitos momentos eu me sentia andando em uma ponte suspensa no meio do temporal. E foi numa dessas travessias que meu filhote escolheu chegar, quase às 37 semanas. Nos dias que antecederam o parto eu tinha conversado com a amiga que também seria minha doula, e que foi meu esteio, junto com outra amiga e também doula, nesses momentos de insegurança, e confessei que se meu percentual de entrega não fosse total eu não seguiria em frente, não queria o medo infiltrado no meu trabalho de parto. A receita para um parto pélvico dar certo é entrega irrestrita da mulher e experiência do obstetra, não há lugar para dúvidas, não há espaço para temores. Combinamos que ela tentaria organizar uma manobra para virar o bebê com uma obstetra amiga em último recurso. Era uma sexta-feira, e depois dessa conversa, caminhei longamente para aliviar a tensão. O sábado passou sem nenhum sinal aparente fui deitar por volta de uma da manhã e como fazia sempre, ergui o quadril, apoiando as pernas na parede. Domingo, acordei por volta das sete da manhã e senti uma pontada dolorosa no baixo ventre, ui xixi! Esvaziei e voltei a dormir para despertar às nove, com outra pontada, ainda mais dolorida, o trabalho de parto tão desejado, imaginado, adiado, buscado, estava acontecendo, eu sorri, fechei os olhos e senti os movimentos agitados do bebê se preparando para chegar. As contrações já chegaram em pequenos intervalos, intensas e doídas. Me despedi da barrigona e falei para ele que viesse, muito amor o esperava do lado cá. Liguei para a médica, que estava voltando de uma praia perto, para a doula e chamei minha prima que morava no mesmo prédio, para me ajudar. Llevantei e pus um mantra pra tocar, respirei fundo e uma calma profunda me tomou, senti que não teria nada com que me preocupar. Tomei meio copo de leite de soja entre uma contração e outra, que já me faziam perder o fôlego, eu sentia o colo do meu útero se abrindo, e nem adianta a Medicina dizer que não é possível, simplesmente eu sentia meu interior expandir. Arrumamos as coisas e fomos para maternidade, eu, Luna e a prima Nathalia, minha tenda vermelha começava a ser formada. Fui direto para a emergência ser avaliada com o plantonista que ao me examinar constatou dilatação completa, mas não percebeu que tocara a bundinha e não a cabeça do Miguel. P-p-p-poker face, p-p-poker face! Não doutor, muito obrigada mas não vou aceitar a cesárea instantânea com a qual o senhor me brindará caso descubra em que posição Miguelito está. E ouvi ao longe uma vozinha me dizendo que seria encaminhada ao centro obstétrico, respondi que apenas sairia de onde estava quando a minha médica chegasse e me calei para todo sempre. Ele tentava continuar a anamnese, e às suas perguntas e as da enfermeira sobre possíveis dores e sintomas eu apenas vocalizava os sons da minha partolândia intensa. Antes de passar a ignorá-los eu notei que estavam bastante desconfortáveis. Uma mulher entregue as suas sensações de parto é força com a qual certamente não costumam lidar e tentavam tratar com “normalidade” uma fêmea arisca que se agachava e gemia alto em cada contração. Chegaram as doulas, e permanecemos lá na salinha do consultório a espera da Dra. Querida chegar, enquanto Nathalia tomando o papel de pai, foi resolver a internação e encaminhar Luna, que só voltaria para cortar o cordão umbilical, enquanto eu tentava encontrar alguma posição que me desse conforto, sem resultado. A grandiosidade daqueles movimentos, a força que eu sentia no ventre perpassava todo meu ser, as poéticas ondas eram na verdade caixotes, que quebravam com estrondo na arrebentação. Senti necessidade de gritar e berrei alto três vezes, equalizei e retomei os gemidos. E ela chegou, a contraparte da ciência, a parceira que sempre acolheu minhas necessidades e desejos, que sempre percebeu a mulher, e não um procedimento obstétrico. “Dr. Plantão” apressou-se em passar o útero-bomba adiante, e engasgou quando soube que eu estava prestes a parir um bebê pélvico, agradeceu sua vinda e possivelmente ainda deve engolir em seco quando lembra do “enorme perigo” que correu. Subimos sem demora para o apartamento, não sem antes ser assediada moralmente no elevador pelo técnico de enfermagem que conduzia uma cadeira na qual eu tentava me equilibrar na posição menos desconfortável, já que não conseguia sentar. É imperdoavelmente desrespeitoso o modo como a sociedade percebe uma mulher parindo, ignoram sua sensibilidade potencializada, o estado alterado de consciência, a avalanche de sensações que está atravessando. Alguns fingem não perceber, outros assediam com jocosidade ou violência, reprimindo, menoscabando, comandando, punindo. O fato é que, mesmo eu estando em um dos melhores hospitais da cidade, fui vítima de uma piadinha infame, não percebida por mim no momento porém captada no registro em vídeo que a doulamiga fazia, e respondida prontamente por Ivana, outra prima que se juntou à tenda para fotografar. Adentrei no quarto arrancando as roupas e indo para o chuveiro, a nudez era libertadora e relaxante. O tampão mucoso saiu, tentei acariciar minha barriga, mas ela contraiu em resposta, pedi desculpas pela intromissão. Vieram então os puxos, fui para o quarto e a Dra.Querida fez um toque quase insuportável, certamente a única dor desagradável que senti em todo o processo, achou que ainda estava alto e foi trocar de roupa. Eu fiquei de joelhos e me apoiei no encosto dos pés, alguém colocou um travesseiro, era a posição que escolhi para parir, a doula tentou me massagear, recusei, a essas alturas qualquer toque ou tentativa de fazer contato com o mundo me era desagradável. Fechei os olhos e senti que estava chegando a hora, fiz força, a Dra.auscultou os batimentos, e disse que ia visitar uma outra paciente, enquanto a equipe do hospital ainda no entra e sai com todas as “máquinas de fazer ping”, tentando paramentar o quarto, ergui-me falei que ia sair. E senti Miguel escorregando de mim, com um leve ardor. Ouvi alguém sussurrar que era a bolsa e de repente uma fala emocionada: “Meu Deus, doutora! É ele, vem Miguel, Miguel!” Meu coração acelerou e pedi para cuidarem da cabeça dele, mas ninguém me tocou. Olhei pra baixo e vi uma trouxinha apoiada na cama e ainda dentro de mim, meu bebê pélvico e empelicado sentou na cama, e estava calmamente abaixando os bracinhos, e então saiu inteiro rompendo a bolsa e caindo na cama num choro forte. Eu prontamente o ergui e trouxe pro meu peito, não queria que nenhuma outra mão o pegasse, e de fato a única intervenção que recebi foi um abraço cúmplice da minha obstetra. A alegria explodiu em vivas, palmas e muitas lágrimas emocionadas, todas celebravam comigo esse lindo e especial nascimento. As palavras não serão suficientes nem fiéis as emoções, igualmente nunca sentirei nada tão arrebatador. Eu abracei meu neném, cheirei seu corpinho e aquele rostinho inchado, provei o gosto do vérnix e pra sempre terei na memória seu perfume. Depois de percorrer um longo e por vezes cansativo caminho, cheio de surpresas, nem sempre felizes, eu tinha meu filho parido e nascido de mim! Meu milagrinho estava ali nos meu braços, e me fitava com olhinhos que ainda se acostumavam a luz. E nesse instante, eu era apenas Gratidão! E de fato ninguém o tocou, envolvi-o em campos, e a neonatologista de plantão o avaliou entre minhas pernas, sugeriu passar uma sonda para testar se o “caminho do leite” era normal - Como assim, caminho do que mesmo? Retornei por alguns instantes da minha viagem por mares ocitocinados para responder ao jaleco branco que me chamava - Mas esse tal de modelo tecnocrático não perde oportunidade de se infiltrar! Recusei polidamente, e apenas permiti a aplicação da vitamina K e nos 2 dias que passamos internados, ele sempre foi cuidado por mim mesma no apartamento. Fiquei lambendo minha cria e ele lambendo meu seio, o cordão só foi cortado cerca de quarenta minutos após o parto, que aconteceu às 12:22 do dia 29 de maio de 2011, pela Dra. Querida e o auxílio luxuoso de Luna, a irmã. Após nos desconectarmos me levantei e a placenta nasceu no banheiro, peguei a árvore da vida nas mãos e a beijei, agradecendo seu cuidado em nutrir meu filho e sua vigilante proteção. E essa aventura prazerosa fez tudo valer a pena, pois nem a alma nem o sentimento é pequeno. Agradeço a Felipe, pelo sentimento que nos uniu em concepção. A Luna que me ensinou a ser mãe, a Maria que me ensinou a superar, a Miguel que me ensinou a parir. Gratidão a todos que de alguma forma compartilharam e participaram comigo na construção desse parto e repartiram comigo a alegria dessa experiência. E finalmente agradeço a Vida, por tudo e por cada coisa, obrigada!</span>
</div>
Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4217096822033546369.post-90339476776410116802011-12-16T21:12:00.004-03:002011-12-16T21:21:54.657-03:0019 dicas para evitar uma cesárea desnecessária<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://farm3.static.flickr.com/2505/3946129346_85996dac97.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="213" src="http://farm3.static.flickr.com/2505/3946129346_85996dac97.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="background-color: #fefefe; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 15px; text-align: left;">Hospital Sofia Feldman BH - Foto: Eduardo Rocha/RR</span>
</td></tr>
</tbody></table>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span><br />
<div style="text-align: left;">
<b style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Antes do Parto:</b></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Leia e se informe, freqüente cursos e palestras tanto dentro quanto fora do hospital.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Pesquise e prepare um plano de parto. Discuta este plano de parto com seu médico e mande uma cópia para o hospital ou casa de parto.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Faça entrevistas com mais de um profissional. Faça algumas perguntas chave e veja como eles respondem. Perceba se adotam uma atitude defensiva ou parecem contentes com seu interesse.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Pergunte ao seu médico se há um limite de tempo pré-estabelecido para o trabalho de parto e para a fase de expulsão. Veja quais são os fatores que na opinião de seu médico interferem com o processo fisiológico do parto.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Visite mais de um hospital ou casa de parto. Fique atenta às diferenças entre eles e pergunte sobre suas taxas de cesárea etc.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Informe-se sobre seus direitos de mulher grávida.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Escolha um(a) acompanhante de parto ou doula. Faça entrevistas com mais de uma. Um artigo recente publicado numa revista médica mostrou que uma doula pode diminuir significativamente os riscos de uma cesárea.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Se seu bebê está sentado (pélvico), procure descobrir exercícios que ajudam o bebê a virar, pergunte a seu médico sobre a versão externa (manobra para fazer o bebê virar) e sobre o parto vaginal de um bebê sentado. Pode ser necessário buscar uma segunda opinião.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Se você já teve uma cesárea, pense seriamente num parto normal desta vez. Segundo o American College of Obstetricians & Gynecologists, VBAC é mais seguro, na maioria dos casos, do que uma segunda cesárea. Até 80% de mulheres com uma cesárea prévia pode dar à luz normalmente.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Durante o trabalho de parto:</b></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Fique em casa o máximo possível. Caminhe e mude de posição quando precisar. Fique na posição que for mais confortável para você.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Continue a comer e beber alimentos leves, especialmente durante o começo do trabalho de parto, para repor as energias.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Se sua bolsa d´água romper não permita que ninguém faça um exame vaginal (toque) sem indicação médica bem específica. O risco de infecção aumenta a cada exame. Discuta com seu médico como monitorar os sinais de infecção.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Peça que o monitoramento eletrônico fetal seja intermitente, ou que um fetoscópio seja usado. As pesquisas mostram que monitoramento contínuo aumenta o risco de uma cesárea sem melhorar o estado geral do bebê ao nascer.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Evite a anestesia. As pesquisas mostram que anestesias de parto podem diminuir o ritmo das contrações e causar complicações para mãe e bebê. Se você quiser a anestesia e não conseguir fazer força na hora da expulsão, peça para descansar um pouco, espere o efeito da anestesia passar e aí volte a fazer força.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Não chegue cedo demais ao hospital. Se você ainda estiver bem no começo do seu trabalho de parto quando chegar lá, não aceite ser internada. Em vez disso, dê uma caminhada ou vá para casa descansar.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Descubra os riscos e benefícios de procedimentos de rotina e de emergência antes que se depare com eles. Quando se deparar com qualquer procedimento, procure saber porque ele está sendo usado em seu caso, quais são os riscos a curto e a longo prazo para você e para seu bebê, e quais são as outras opções à sua disposição.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Lembre-se de que nada é preto e branco. Se você tiver dúvidas, confie no seu instinto. Não tenha medo de se colocar. Assuma responsabilidade pelas suas decisões.</span><br />
<br />
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Por: </span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><a href="http://www.ican-online.org/" target="_blank">ICAN - International Cesarean Awareness Network</a></span></div>
<br />
<br />Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4217096822033546369.post-91815719738537430222011-11-22T10:11:00.001-03:002011-11-22T20:55:33.179-03:00PNAC: Mudando nossa história como mulheres e mães<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-AJhcXRV8EdE/TsufapeiWaI/AAAAAAAADdQ/2eCPgLtZwhU/s1600/csec2.gif" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="color: black; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><img border="0" height="320" src="http://3.bp.blogspot.com/-AJhcXRV8EdE/TsufapeiWaI/AAAAAAAADdQ/2eCPgLtZwhU/s320/csec2.gif" width="244" /></span></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: black; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: small;">Cesarean art</span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-eQJz9PPK1G0/Tswyf1YX14I/AAAAAAAADdY/7r6Q-gKjo_Y/s1600/amandag.png" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://4.bp.blogspot.com/-eQJz9PPK1G0/Tswyf1YX14I/AAAAAAAADdY/7r6Q-gKjo_Y/s320/amandag.png" width="252" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><a href="http://www.amandagreavette.com/">www.amandagreavette.com</a></td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-cWaJf1qjfn4/TsufP-j4fRI/AAAAAAAADdI/bBzNyq0kIPc/s1600/cesa.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="color: black; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"></span></a></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><div style="text-align: left;">
<br /></div>
</span><br />
<div style="text-align: left;">
<span style="color: black; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><strong>PNAC-VBAC é muito mais do que parto vaginal após cesárea!</strong><br />É uma chance de auto superação, de provar que nosso corpo é perfeito, que nossos filhos podem nascer através dele, literalmente! É se doar integralmente ao filho, em todas as dores e amores, deixando a natureza vencer a tecnocracia das cesáreas assépticas. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Não é por quê não foi possível parir uma vez que não será nas próximas!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Toda mulher merece ser informada, acolhida e apoiada para lutar pelo seu VBAC. A luta é grande pois alguns médicos ainda acreditam no velho jargão "uma vez cesárea, sempre cesárea". É necessário um médico que apóie, um ambiente favorável (sem pressão para a cesárea e com possibilidade de um TP ativo), e muito carinho e suporte (de uma doula, uma amiga, um "maridoulo", uma parteira, etc) para conseguir.<br /><br /><b>Em VBAC o "V" significa "vitorioso"</b><br /><br />Por isso em VBAC o "V" significa "parto vitorioso" após uma, duas, três cesáreas.<br />Segundo estudos, mais de 60% das mulheres que tentam um VBAC (passam pela prova de trabalho de parto) conseguem efetivamente parir. A taxa de ruptura é mínima, 0,2% no Brasil contra 0,5% nos EUA (onde se usa aceleradores químicos). Invertamos: 99,8% de entrar e sair com útero íntegro! <br /><br />Quem não teve seu Parto Normal, não desista! Vale a pena tentar!<br />Rebeca, Doula e Mãe de Breno (Cesárea) e Alice (VBAC)</span></div>
<span style="color: black; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"></span>Unknownnoreply@blogger.com0